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4. OBRAS PARA INTERVENÇÃO OU FECHAMENTO

4.1. MEMORIAL DESCRITIVO

4.1.1. Obra civil

4.1.1.1. BM0514

Essa BMA trata-se de uma embocação em corte de encosta. Para o fechamento da mesma foi projetado um muro de contenção em concreto armado com dimensões de 2,50 m x 2,50 m, que está detalhado no projeto executivo (APÊNDICE D)

Após seu fechamento a mesma irá receber cobrimento com aterro para homogeneização da topografia. O volume desse aterro deve ser de 110 m³, considerando um empolamento de 30%.

4.1.1.2. BM0819

Essa BMA trata-se de uma embocação em corte de encosta similar a BM0514. Assim como esta BMA foi projetado para seu fechamento um muro de contenção em concreto armado com dimensões de 2,50 m x 2,50 m, que está detalhado no projeto executivo (APÊNDICE E).

Após seu fechamento a mesma irá receber cobrimento com aterro para homogeneização da topografia. O volume desse aterro deve ser de 173 m³, considerando um empolamento de 30%.

4.1.2. Projeto de resgate de espécies da quirepterofauna

4.1.2.1. BM0514

A partir do diagnóstico realizado, verificou-se a importância das bocas para a manutenção das espécies da quiropterofauna, sendo interessante ressaltar a influência dos quirópteros de forma indireta na restauração de ambientes degradados através da dispersão de sementes. Este grupo também é protegido pela Lei de Conservação da Fauna Brasileira indicada no Artigo 1º da Lei nº 5197, de janeiro de 1967.

Como esta boca de mina será fechada de forma definitiva recomenda-se a utilização do método de retirada das espécies do local. Este deve ser realizado preferencialmente na estação mais fria do ano onde alguns grupos migram para outros estados sendo menor o número de indivíduos a serem retirados das bocas. Esta atividade deve ser realizada por meio de um projeto de captura e marcação com acompanhamento de um especialista da área e autorização do órgão ambiental competente (IBAMA).

Este resgate contará com a utilização de redes de capturas colocada por três dias consecutivos na entrada da boca, capturando, marcando e soltando os animais sendo a boca fechada provisoriamente após cada dia de captura. O fechamento provisório da boca servirá para que as espécies capturadas não entrem novamente e que as estejam dentro da boca sejam retiradas, podendo realizar o fechamento definitivo.

4.1.3. Projeto de revegetação

4.1.3.1. BM0514 e BM0819

Este projeto de revegetação será aplicado apenas nos locais onde será realizada alguma intervenção ambiental visando o fechamento de bocas de minas que estejam localizadas em APP ou que apresentem vegetação florestal nativa. A abrangência do projeto será a área onde serão realizadas atividades de intervenção na boca de mina, especialmente nos casos em que esta atividade inclua a supressão ou algum outro impacto a vegetação já existente.

São consideradas áreas de preservação permanente (APP) e protegidas pelo Código Florestal (BRASIL, 1965; Lei 4771/65, já alterada pela Lei nº 7.803/89 e pela Medida Provisória nº 2.166-67, de 24/08/01). Nesta Lei constam os seguintes itens aplicáveis às matas ciliares:

Artigo 2º - Consideram-se de preservação permanente, pelo só efeito desta Lei, as florestas e demais formas de vegetação natural situadas:

a) ao longo dos rios ou de qualquer curso d'água desde o seu nível mais alto em faixa marginal cuja largura mínima seja:

1) de 30 (trinta) metros para os cursos d'água de menos de 10 (dez) metros de largura;

(...)

c) nas nascentes, ainda que intermitentes e nos chamados "olhos d'água", qualquer que seja a sua situação topográfica, num raio mínimo de 50 (cinquenta) metros de largura;

(...).

Tratamento do substrato

Será implantado projeto de revegetação nos onde forem realizadas intervenções visando o fechamento da boca de mina, portanto o solo será reconstruído, com adição de argila, ou apenas conformado de acordo com o projeto executivo de cada boca de mina. Inicialmente o solo deverá ser caracterizado a partir da realização de uma análise básica de fertilidade a fim de estabelecer a

necessidade de correções químicas (adubação e incorporação de calcário). Após a finalização do tratamento do solo deverá ser adicionada uma camada (aproximadamente 2 cm de espessura) de turfa ambiental, com a finalidade de adicionar um banco de sementes que originará a cobertura herbácea diversificada.

O coveamento deverá ser realizado obedecendo-se o método de plantio, que é em linhas com espaçamentos de 2 m x 2 m. As covas deverão ter dimensões mínimas de 0,40 m x 0,40 m x 0,40 m, devendo conter, com folga, as raízes com a terra que vem junto com a muda, sendo que a muda deve ficar centralizada. A fim de auxiliar o desenvolvimento da muda em cada cova devem ser adicionados, no mínimo 300 g de substrato orgânico. Este substrato pode ser composto orgânico, turfa ambiental, humossolo ou cama de aviário, esta ultima é rica em nitrogênio, elemento essencial para o desenvolvimento de plantas. O solo de preenchimento da cova deve ser adequado sem evidencias de compactação, caso o solo seja muito compactado deve ser substituído por substrato próprio para o plantio das mudas, com estrutura e permeabilidade adequadas ao bom desenvolvimento da muda plantada.

Caso seja observado que as mudas estão com dificuldade de suporte, deve ser adicionado um tutor para cada muda, fixando-se ele na planta por um cordão em forma de oito deitado, permitindo, certa mobilidade. O uso de tutores geralmente só é necessário se a muda possuir tamanho ≥1 m.

A época recomendada para implantação do projeto é entre o final do inverno e começo do verão durante a primavera, que é o inicio da estação chuvosa e compreende períodos quentes beneficiando o estabelecimento e desenvolvimento inicial das plantas. Deve ser evitado o plantio no inicio do inverno, pois a planta estará se estabelecendo e ao mesmo tempo terá que passar por um período desfavorável, o que diminui a taxa de sobrevivência das mudas. Entretanto, cabe salientar que o conhecimento quanto às taxas de mortalidade e ao sucesso da implantação do projeto em períodos adversos ainda é incipiente.

Escolha das espécies

As espécies a serem introduzidas são pertencentes a diversos grupos ecológicos, sendo diferenciadas em espécies pioneiras (pioneiras e secundárias iniciais) e não pioneiras (secundárias tardias e clímax). A distribuição das espécies em campo deverá ser realizada visando a separação das espécies pioneiras e não- pioneiras em cada linha, alternando entre uma linha de espécies não pioneiras e de espécies pioneiras.

A utilização de espécies pioneiras de crescimento rápido é extremamente importante em projetos de recuperação, pois proporcionam em curto espaço de tempo condições microclimáticas adequadas para o desenvolvimento das demais espécies da comunidade vegetal (DURIGAN; SILVEIRA, 1999). Entretanto espécies de categorias sucessionais mais avançadas (secundárias tardias e climácicas) resistem às condições iniciais que são desfavoráveis para seu desenvolvimento, e após o crescimento das pioneiras e secundárias iniciais as condições tornam-se favoráveis para seu desenvolvimento tendo o tempo do processo otimizado. Portanto a escolha das espécies arbóreas de diversas categorias sucessionais é importante para o estabelecimento da comunidade com interação ecológica entre as espécies implantadas (REIS; ZAMBONIN; NAKAZONO, 1999).

Foram selecionadas 19 espécies nativas florestais de ocorrência regional (Tabela 10) para implantação dos projetos de revegetação, considerando-se os aspectos ecológicos relacionados a categoria sucessional, a forma de dispersão, priorizando-se as espécies zoocóricas, e a disponibilidade das espécies em viveiros.

Tabela 10- Lista florística das espécies florestais arbóreas selecionadas para implantação do projeto de revegetação, onde: G.E – Grupo ecológico, definido como espécies pioneiras (Pio), secundárias iniciais (Sin), secundárias tardias (Sta) e Climácicas (Cli)

Família Nome científico Nome popular G.B. Dispersão

Annonaceae Rollinea sericea R. E. Fr. Cortiça Cli Zoocórica

Arecaceae Euterpe edulis Palmito Cli Zoocórica

Arecaceae Syagrus romanzoffianum Jerivá Sta Zoocórica Bignoniaceae Tabebuia spp. Ipê-amarelo Sin Anemocórica Euphorbiaceae Cronton celtidifolius Sangue-de-drago Pio Zoocórica Euphorbiaceae Alchornea triplinervia (Spreng.) Mull. Arg. Tanheiro Pio Zoocórica Fabaceae Inga marginata Willd. Ingá feijão Sin Zoocórica Fabaceae Inga sessilis Ingá macaco Sta Zoocórica Fabaceae Mimosa scabrella Benth. Bracatinga Pio Anemocórica

Família Nome científico Nome popular G.B. Dispersão Lamiaceae Aegiphila sellowiana Cham. Gaioleiro Sin Zoocórica Malvaceae

Pseudobombax grandiflorum (Cav.) A.

Robyns Embira Cli Anemocórica

Myrtaceae Eugenia involucrata DC. Cerejinha-do-rio-grande Sta Zoocórica Myrtaceae Psidium cattleianum Sabine Araça Sin Zoocórica Primulaceae Myrsine coriacea Capororoca Pio Zoocórica Rutaceae Zanthoxylum rhoifolium Lam. Mamica-de-cadela Pio Anemocórica Sapindaceae

Allophylus edulis (A. St.-Hil., Cambess. & A.

Juss.) Radlk. Chal-chal Sin Zoocórica

Sapindaceae Matayba guianensis Aubl. Camboatá-branco Sin Zoocórica Urticaceae Cecropia glaziovi Snethl. Embaúba Pio Zoocórica Verbenaceae Cytharexylum myrianthum Cham. Tucaneira Sta Zoocórica Fonte: Do Autor

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