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Capítulo 4. Aspectos metodológicos da pesquisa

4.1 Caracterização geral da pesquisa

O trabalho aqui apresentado fundamenta-se nos princípios teórico-metodológicos da pesquisa qualitativa em educação (Cohen, Manion, & Morrison, 2011; Lüdke & André, 2015). Para os autores citados, na pesquisa qualitativa, uma premissa fundamental é que o pesquisador deliberadamente não tente manipular as variáveis ou condições do cenário pesquisado; ao contrário, que a pesquisa busque capturar o ambiente onde ela se processa da forma mais natural possível. Isso porque, a intenção desse tipo de pesquisa é retratar a realidade de situações sociais em seus próprios termos, nas suas configurações naturais ou convencionais.

Nesse sentido, destacamos, especialmente, três características da pesquisa qualitativa, apresentadas pelos autores mencionados:

• O pesquisador deve ser visto como o principal instrumento da pesquisa e ele deve ter contato direto com o ambiente e a situação investigada.

• A preocupação do pesquisador deve ser essencialmente com o processo de investigação ao invés do produto gerado.

• Os dados coletados devem ser predominantemente descritivos e a análise deve seguir um processo indutivo.

Na condução da pesquisa descrita neste trabalho, tivemos como foco entender o processo de aprendizagem dos estudantes envolvidos. Para isso, a pesquisadora, autora do trabalho, esteve completamente envolvida no campo de ação dos investigados, buscando conversar, ouvir e permitir a expressão dos participantes, premissas da pesquisa qualitativa.

Nessa pesquisa, utilizamos dados predominantemente descritivos, o que nos permitiu retratar os acontecimentos de forma mais completa para analisar se e como os estudantes se envolveriam em argumentação durante a criação e crítica de analogias.

A análise seguiu-se de acordo com um processo indutivo, ou seja, foi através dos dados que procuramos perceber como a criação e crítica de analogias pelos estudantes favoreceu o processo argumentativo. Dessa forma, desenvolvemos nossas interpretações a partir de

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padrões encontrados nos dados, em vez de selecionarmos dados para comprovar ou verificar hipóteses (Lüdke & André, 2015).

Apoiamos nas definições de Stake (2000) sobre estudo de caso na seleção da abordagem a ser empregada. Para o autor, o estudo de caso é determinado pelo interesse em casos individuais e não pelos métodos de investigação utilizados. Desse modo, Stake (2000) afirma que o estudo de caso é uma escolha do que deve ser estudado e uma questão fundamental é o conhecimento derivado do caso, ou seja, o que se aprende ao estudar o caso.

Na utilização de qualquer metodologia optamos por um estudo, seja ele um estudo analítico ou holístico, por medições repetidas ou por medidas hermenêuticas e, no estudo de caso, nos concentramos no caso, ou seja, em compreender as complexidades do caso (Stake, 2000).

Em nosso estudo, o caso se tratou de um grupo de estudantes de uma turma de química do ensino médio, com características peculiares, de uma escola da rede pública de um distrito da cidade de Mariana, envolvidos em processos de criação e crítica de analogias. Este estudo se configura em uma tentativa de compreendermos as complexidades envolvidas na relação entre os processos mencionados e o envolvimento dos estudantes em situações argumentativas.

Stake (2000) distingue três tipos de estudo de caso comuns na pesquisa, são eles: estudo de caso intrínseco, estudo de caso instrumental e estudo de caso coletivo. Para o autor, cada tipo de estudo atende a um interesse distinto, podendo demandar diferentes orientações metodológicas. Consideramos que essa pesquisa se trata de um estudo de caso do tipo intrínseco, no qual, o pesquisador tem a intenção de compreender melhor um caso particular e aspectos específicos daquele caso.

Caracterizamos o estudo de caso como intrínseco, porque tínhamos um interesse particular de compreender se e como aqueles estudantes específicos se envolveriam em argumentação a partir da elaboração e crítica de analogias. Mesmo sendo um caso dessa natureza, acreditamos que generalizações naturalísticas do caso estudado para outros contextos possam ocorrer (Cohen et al., 2011).

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Para a elaboração do estudo de caso utilizamos a observação participante como metodologia de coleta de dados. Para Cohen e colaboradores (2011), a observação participante permite o desenvolvimento de relações informais entre o pesquisador e os indivíduos pesquisados e, por isso, contribui para retratar o contexto nas suas configurações naturais. Para esta pesquisa era importante que os estudantes agissem de forma espontânea durante a coleta de dados para que pudéssemos compreender como seria o envolvimento deles durante as atividades.

Para realizar um estudo de caso utilizando a metodologia de pesquisa qualitativa, Stake (2000) ressalta que o pesquisador deve se atentar à alguns passos, destacamos alguns deles a seguir:

1. Delimitar o caso a ser estudado.

2. Selecionar o fenômeno a ser pesquisado e fazer questões sobre o mesmo. 3. Triangular as principais observações para a interpretação.

4. Desenvolver afirmações sobre o caso.

Durante o estudo de caso realizado nesse trabalho nos atentamos aos passos destacados anteriormente. Como descrito, o caso delimitado nessa pesquisa se trata de um grupo de estudantes do primeiro ano do ensino médio de uma escola pública de um distrito da cidade de Mariana. O fenômeno a ser investigado se trata de se e como os estudantes se envolvem em argumentação em situações de criação e crítica de analogias. A investigação do fenômeno nos gerou as questões de pesquisas apresentadas no capítulo 3.

Na caracterização de aspectos metodológicos mais específicos à pesquisa conduzida, os passos 1, 2 e 3 propostos por Stake (2000) encontram-se detalhados nas próximas seções deste capítulo enquanto o passo 4 é derivado da análise dos dados apresentada no capítulo 5.