Caracterização geral das produções

Nesta seção vamos analisar o cenário das produções analisadas oriundas dos Programas de Pós-graduação em Educação no Brasil sobre o tema conflitos e violências escolares. A análise apresenta a configuração das 64 teses escolhidas, considerando as categorias: sexo, região, instituição vinculada e ano de produção.

4.1.1.2 Produção por sexo

Os resultados mostram que 70% das teses foram produzidas por pesquisadoras e apenas 30% por pesquisadores.

TABELA 1- PRODUÇÃO POR SEXO

Nível / Área de Formação Nº Produção %

Feminino (Autora) 45 70%

Masculino (Autor) 19 30%

Base 64 100%

Fonte: dados retirados das teses indexadas na plataforma da Capes

A produção de teses pelas pesquisadoras foi predominante nos dados analisados, se compararmos com a temporalidade de 17 anos, em que percebemos que as pesquisadoras mantiveram produções em todos os anos (Vide Apêndice E).

Os resultados também destacam que, no período de 2011 a 2015, as pesquisadoras foram as que mais produziram sobre a temática. Se compararmos com a produção por ano, verificamos que, nos anos de 2011 a 2015, as pesquisadoras produziram 23 teses, enquanto os pesquisadores produziram 12 teses (Vide Apêndice E).

De certa forma esses dados vêm ao encontro das pesquisas baseadas em evidências apresentadas pela editora holandesa Elsevier15 _{sobre a participação das mulheres na produção}

científica no mundo. Os resultados dessa pesquisa identificaram que, no intervalo de tempo entre 2011 e 2015, o Brasil e Portugal durante o último período de coleta “as mulheres

15 _{Veja também: - Gênero no Cenário Global de Pesquisa. Editora Elsevier, 2017. Disponível em:} https://www.elsevier.com/__data/assets/pdf_file/0008/265661/ElsevierGenderReport_final_for-web.pdf.. Acesso Março de 2018

constituem 49% da população pesquisadora, tornando esses países particularmente dignos de nota por alcançar a paridade entre os pesquisadores” (ELSEVIER, 2017, p. 17)”.

4.1.1.3 Produção por região

A região que mais produziram teses sobre a temática foi a região Sudeste.

TABELA 2- PRODUÇÃO X REGIÃO

Região Nº Produção % Sudeste 42 66% Sul 8 13% Centro-Oeste 7 11% Nordeste 7 11% Norte 0 0% Base 64 100%

Fonte: dados retirados das teses indexadas na plataforma da Capes

Identificamos que os dados da produção se concentram na região Sudeste com 42 trabalhos, porém, existem produções pontuais na maioria das regiões do país. Apenas na região Norte que não foi possível identificar nenhuma tese relacionada com a temática de estudo.

A produção sobre a temática conflito e violência no contexto escolar se configura em uma heterogeneidade espacial na maioria das regiões brasileiras. A ausência de produção na área de educação na região Norte não significa que não exista produção em outras áreas de conhecimentos ou modalidades dissertativas nas universidades do Norte.

Ao argumentar sobre a importância da pesquisa em educação, Castro (2012) argumenta que

as pesquisas em educação, tem implicações diretas na formação do pesquisador e do professor do ensino superior, nas perspectivas futuras da nossa universidade e na legitimação do conhecimento novo que deve ser capaz de propor novos olhares sobre os problemas educacionais brasileiros. (CASTRO, 2012, p. 284)

Analisamos que a ausência de publicações ou a invisibilidade delas sobre a temática na região Norte, em suma, pode ter implicações sociais, políticas e culturais para a superação da violência na Educação Básica e para a criação de políticas públicas com as especificidades

da região, na medida em que falta um diagnóstico coerente, sistemático e planejado das reais situações dos estudantes, professores e suas subjetividades, no contexto da educação.

4.1.1.4 Produção por instituição pública

Dentre as instituições públicas, aquelas que produziram mais teses sobre a temática, foram a UNESP, USP, UNICAMP, UFSCar, UEM, UFF e UFMG.

TABELA 3 - PRODUÇÃO POR INSTITUIÇÃO PÚBLICA

Instituição Nº Produção % UFF 1 2% UFBH 1 2% UFPB 1 2% UFMS 1 2% UFSM 1 2% UFRGS 2 5% UFSCar 2 5% UFPR 2 5% USP 5 12% UFMG 5 12% UFC 5 12% UNICAMP 6 15% UNESP 9 22% Base 41 100%

Fonte: dados retirados das teses indexadas na plataforma da Capes

As instituições públicas se configuram com a maior produção, entre elas: UNESP, USP, UNICAMP, UFSCar, UEM, UFF e UFMG possuem 28 publicações do quantitativo de 41 publicações, com percentual de 68%. Se relacionarmos com a Tabela 2 - Produção X Região, verificamos que a região Sudeste possui maior produção, na qual estas instituições estão localizadas.

O que os dados nos revelam é que uma maior aglomeração de instituições de Ensino Superior Pública está localizada na região Sudeste. Dados analisados pela Fundação de Amparo à Pesquisa do Estado de São Paulo (FAPESP)16, no ano de 2010, destacam que a região Sudeste, nas publicações científicas em periódicos especializados, “está associado à maior presença de instituições de ensino superior e pesquisa, à maior disponibilidade de recursos humanos e financeiros e à infraestrutura instalada” (LANDI, 2005, p. 64).

16 _{Ver: Indicadores de ciência, tecnologia e inovação em São Paulo. Disponível em:}

Esta assimetria de concentração de alguma forma nos revela inicialmente que as universidades do Sudeste ainda possuem mais espaços de divulgação científica, financiamentos e articulações colaborativas científicas entre si.

4.1.1.5 Produção por instituição privada

Dentre as instituições privadas, aquelas que produziram mais teses sobre a temática foram PUC/SP e UCB.

TABELA 4 - PRODUÇÃO POR INSTITUIÇÃO PRIVADA

Instituição Nº Produção % PUC/RS 1 4% PUC/PR 1 4% UCG 1 4% UNISINOS 1 4% UNINOVE 1 4% PUC/RJ 3 13% UCB 5 22% PUC /SP 10 43% Base 23 100%

Fonte: dados retirados das teses indexadas na plataforma da Capes

Na Tabela 4, as instituições privadas que possuíam maior produção foram as de origem católicas: PUCs e UCs, computando um total de 21 publicações. Verificamos que na região Sudeste concentra-se o número de 14 trabalhos do total de 23 publicações oriundas de instituições privadas.

A região Centro-Oeste possui o segundo maior quantitativo de produção, com 6 teses, sendo a Universidade Católica de Brasília com expressividade de produção. Acreditamos que um dos fatores que contribuíram para este percentual foi o fato de que a Universidade Católica de Brasília (UCB)17 _{tem uma parceria com a Unesco para desenvolver o projeto}

“Observatório de Violências nas Escolas”, o que pode ter consolidado uma rede de ações e de pesquisas sobre o tema violência e convivência na universidade. Na região Norte, são integrantes do observatório a Universidade Federal do Pará/UFPA (Campus Santarém-PA) e a Universidade da Amazônia/UNAMA. Porém no período de 1999 a 2016, a compilação de dados não evidenciou teses sobre a temática na região Norte.

4.1.1.6 Produção por biênio

Com relação ao período de 1999 a 2016, por volta de 59% das teses da amostra foram escritas entre os anos de 2011 a 2016.

TABELA 5 - PRODUÇÃO BIENAL

Ano Nº Produção % 1999-2000 0 0% 2001-2002 3 5% 2003-2004 5 8% 2005-2006 2 3% 2007-2008 6 9% 2009-2010 10 16% 2011-2012 9 14% 2013-2014 16 25% 2015-2016 13 20% Base 64 100

Fonte: dados retirados das teses indexadas na plataforma da Capes

No biênio de 2013-2014, obtiveram-se 16 publicações relacionadas com a temática de estudo do que em anos anteriores e posteriores, sendo que seis (06) produções são de Universidades privadas e dez (10) de Universidades Públicas. A região Sudeste possui o maior quantitativo de publicações com 7 teses nesse período. As teses compiladas no período de 1999-2000 foram excluídas da análise, por não termos acesso ao trabalho, por isso a ausência de dados sobre elas. (Vide Apêndice E).

Contextualizada a produção analisada neste trabalho, passamos agora à apresentação e à análise da produção em si.