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Caracterização geral do jardim de infância

9. Caracterização do contexto de estágio

9.1. Caracterização geral do jardim de infância

O jardim de infância situa-se num espaço rural-urbano e as atividades predominantes da população local são as indústrias (cerâmica, madeiras e extrusão de alumínio), o comércio em geral (setor de mobiliário), serviços (bancos, farmácias, hotelaria e restaurantes) e a agricultura que, para muitas famílias, funciona como uma segunda ocupação, com vista ao equilíbrio do orçamento familiar.

O jardim de infância acolhe dois grupos de educação pré-escolar, encontrando-se alojado num edifício construído de raiz, com uma arquitetura contemporânea, contendo amplas janelas que conferem uma maior dimensão e abertura para o espaço exterior, assim como uma excelente luminosidade. Encontra-se em funcionamento desde maio de 2004, reunindo boas condições para a ação educativa.

Em termos físicos, o espaço interior encontra-se equipado de modo a proporcionar às crianças conforto e bem-estar e, ao mesmo tempo, oferece-lhes amplas oportunidades de aprendizagem. Este encontra-se bem organizado, havendo preocupação na forma como os diversos materiais e recursos estão dispostos. O mobiliário é adequado ao tamanho das crianças e os materiais estão ao dispor e ao alcance das crianças, promovendo a sua autonomia. A sala é bem iluminada, com vista e acesso para o exterior (Cf. Ilustração 2).

Tanto no interior da sala (Cf. Ilustração 3) como no exterior da mesma (Cf. Ilustração 4), existe uma parede composta por um placard onde estão expostos os vários trabalhos realizados pelas crianças.

A parede da sala comum com a do WC (Cf. Ilustração 5) tem uma pequena janela que permite ter acesso visual ao que as crianças estão a fazer, possibilitando assim que estas possam ir ao WC sem o acompanhamento do adulto (Cf. Ilustração 6).

O contexto é rico e diversificado, estando todas as áreas equipadas com uma quantidade e qualidade significativa de materiais e equipamentos, entre os quais jogos diversificados, adequados e estimulantes; alguns livros de diversos géneros e temáticas que a educadora vai colocando na biblioteca à medida que os explora; variados utensílios de cozinha, bonecos, roupas (Cf. Ilustração 7), comida de plástico, entre outros. Tudo isto se

Ilustração 4 - Placard do exterior Ilustração 3 - Placard do interior

Ilustração 6 – Casa de banho da sala A Ilustração 5 - Banca da sala

traduz, assim, num espaço agradável, aconchegante, onde as crianças se sentem perfeitamente à vontade.

O espaço exterior (Cf. Ilustração 8) é circundado por uma vedação, existindo uma zona cimentada e outra térrea, utilizada como recreio e para realização de atividades no exterior com as crianças. Trata-se de um espaço amplo mas com poucas áreas cobertas o que dificulta os recreios em dias de chuva.

O espaço exterior tem à disposição das crianças alguns materiais que estimulam o desenvolvimento da motricidade e equilíbrio (ex. balancés, pneus, escorregas, triciclos, trotinetes, entre outros) (Cf. Ilustrações 9, 10 e 11). Contudo, estes materiais não existem em número suficiente para todas as crianças, uma vez que os dois grupos de pré-escolar

Ilustração 7 - Área da casinha

fazem o recreio ao mesmo tempo. Para colmatar esta insuficiência de recursos no exterior, as crianças, por exemplo, quando querem andar de bicicleta pedem ao colega que a está a utilizar se podem ser a seguir. Caso as duas crianças não consigam entender-se, o adulto intervém de maneira a facilitar o entendimento entre as duas.

O clima relacional é acolhedor, descontraído e de colaboração entre todos os profissionais, permitindo a elaboração conjunta de projetos que envolvem as famílias e ligam as crianças à comunidade envolvente1. Percebe-se o investimento que no jardim de infância se faz com vista a trabalhar-se em conjunto com as famílias, correspondendo ao enunciado nas Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (Ministério da Educação, 1997, p. 22) “incentivar a participação das famílias no processo educativo e

1 A título de exemplo, referimos o projeto de elaboração das coroas de Natal pelas famílias de cada criança, coroas estas que, posteriormente foram expostas para que as pessoas da comunidade pudessem apreciar o trabalho realizado.

Ilustração 10 - Recursos do exterior (b) Ilustração 9 - Recursos do exterior (a)

estabelecer relações de efetiva colaboração com a comunidade”. Também parece ser significativa a ligação com a valência do 1.º Ciclo do Ensino Básico, situada ao lado do edifício do jardim de infância, nomeadamente no festejo de datas importantes, por exemplo o São Martinho ou o Natal, como também no recreio. Nestes momentos de brincadeira, as crianças mais pequenas têm a oportunidade de brincar com as crianças do 1.º Ciclo do Ensino Básico, sendo que muitas são familiares (irmãos e primos) ou já frequentaram o jardim de infância.

Os adultos parecem demonstrar atitudes de cooperação e de escuta. São gentis, demonstram carinho e respeito pelas crianças e estimulam o desenvolvimento de relações de respeito mútuo entre si e as crianças. Assim, pode dizer-se que as crianças se sentem bem recebidas e pertencentes àquele contexto, transmitindo, em relação ao adulto, um sentimento de confiança, companheirismo, afetividade, segurança e respeito.

A educadora privilegia os momentos de diálogo, sendo dada a possibilidade às crianças de se exprimirem e partilharem a sua opinião.

As crianças têm várias oportunidades para escolherem aquilo que vão fazer. Apesar de as áreas de interesse estarem limitadas a um certo número de crianças, isso não parece condicionar a organização e dinâmica dentro da sala, pois as crianças quando veem que já estão muitas numa certa área já não vão para lá brincar, optando por outra área.

A planificação das atividades parece ser, geralmente, decidida pela educadora que procura incluir os interesses que possam surgir nas crianças nos momentos de diálogo. Algumas atividades são realizadas com o intuito de todos participarem e costumam ser feitas em grupos de crianças divididas de acordo com a idade. Contudo, caso alguma criança demonstre desagrado em realizar uma determinada atividade poderá continuar com a sua brincadeira e não participar naquela atividade sugerida pela educadora, realizando-a mais tarde.

Os momentos de rotina são bem explícitos e já conhecidos por todas as crianças, sendo que estas circulam autónoma e espontaneamente. A sala está organizada segundo uma rotina diária explícita e bem estruturada, suficientemente flexível para ser alterada consoante as necessidades das crianças. Por exemplo, na marcação do dia no calendário ou na contagem das crianças, que fazem parte da rotina, caso as crianças queiram falar de outros temas, estas atividades realizam-se ou noutra altura do dia ou não se realizam. A sequência temporal dos acontecimentos é conhecida das crianças, que sabem sempre o que

se sucede ao longo do dia (ex. sabe quando é hora de comer). A educadora e a assistente operacional vão intervindo de forma a facilitar as transições entre as atividades.

Na organização do dia, a nosso ver, seria importante que algumas crianças pudessem dormir depois da hora de almoço. Uma vez que o contexto não tem uma área criada para este momento, algumas crianças depois da refeição ficam cansadas e inquietas, situação que se prolonga pela tarde.