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A pesquisa foi desenvolvida em aulas de Experiências Matemáticas no 6º ano do Ensino Fundamental II de uma escola da Rede Estadual, em que o professor analisou a própria prática pedagógica durante suas aulas. Para Bicudo (1993, p.7)

“quando o professor de matemática interroga o que faz ao estar-com-seus-alunos na sala de aula de matemática e persegue sua interrogação de modo sistemático e rigoroso, está realizando pesquisa”.

O trabalho se deu sob uma ótica dicotômica do pesquisador acerca da sua própria prática enquanto docente, uma vez que o mesmo analisava processualmente o seu fazer pedagógico à luz da teoria estudada, na busca da compreensão de fenômenos/nuances durante a elaboração e desenvolvimento das atividades de acordo com os objetivos pré-estabelecidos.

Com base nos objetivos desta pesquisa, a proposta metodológica estabelecida para esta investigação foi a abordagem qualitativa justamente por permitir ao pesquisador o contato direto e prolongado com a situação a ser investigada, bem como por possibilitar uma discussão abrangente dos dados coletados no campo de configuração do estudo.

Assim, a pesquisa é caracterizada como qualitativa por apresentar características desse tipo de estudo, conforme Lüdke e André (1995, p. 11-13):

ƒ Tem o ambiente natural como sua fonte direta de dados e o pesquisador como seu principal instrumento.

ƒ Os dados coletados são predominantemente descritivos.

ƒ A preocupação com o processo é muito maior do que com o produto. ƒ Os dados são analisados de forma indutiva.

O professor/pesquisador, ao longo do trabalho de campo, construiu a técnica aliada à reflexão sobre a prática, de forma processual, na busca de aproximar a pesquisa científica da vida diária do educador, tornando o conhecimento científico como um instrumento de enriquecimento do seu trabalho. (LÜDKE e ANDRÉ, p. 2, 1995).

Desse modo, todo o processo foi analisado, uma vez que a pesquisa qualitativa “envolve a obtenção de dados descritivos, obtidos no contato direto do

pesquisador com a situação estudada, enfatiza mais o processo do que o produto e se preocupa em retratar a perspectiva dos participantes”. (ibidem, p. 13)

As atividades foram planejadas e desenvolvidas com base nas reações11 dos participantes (os estudantes, no caso) e na relação entre professor e estudantes, já que a investigação qualitativa não tem como ser concebida de modo indiferente às relações entre pesquisador e pesquisados12, conforme Thiollent (1987).

Pensava-se que o sujeito da pesquisa, o pesquisador e o objeto de estudo deveriam estar separados para que seus valores e ideias não influenciassem o ato de conhecer (LÜDKE e ANDRÉ, p. 4, 1995).

A relação entre pesquisador e objeto de estudo baseada no seu conhecimento sobre o assunto investigado foi construída com a tentativa de propor soluções para determinados problemas da escola em que a parte empírica da pesquisa se desenvolveu, por meio de intervenções realizadas pelo professor/pesquisador.

Deste modo, esta pesquisa de caráter qualitativo foi definida como intervencionista, pois a partir do conhecimento do pesquisador sobre os eixos temáticos que norteiam o trabalho – educação matemática e inclusão escolar - foram realizadas intervenções no ambiente da pesquisa a fim de verificar quais estratégias possibilitaram a inclusão de todos os estudantes.

As intervenções foram realizadas durante o desenvolvimento das aulas, com o intuito de propor uma aula contextualizada, por meio de atividades que permitiam a construção do saber conceitual a partir da prática, com resolução de problemas, para que fosse possível a participação e aprendizagem de todos os estudantes.

Nesse sentido, deu-se atenção às ações, à sensibilidade, a estratégias que podem fazer a diferença, buscando um campo de problematização para análise de questões que atravessam a problemática investigada, caracterizando uma pesquisa de intervenção (ROCHA, 2006).

Tem-se, então, que a pesquisa de intervenção é aquela desenvolvida em um campo com um determinado problema com base nas próprias palavras das pessoas para compreender um problema social (BOGDAN e BIKLEN, 1994). Assim, a compreensão do problema, a análise das possibilidades de ações no campo de investigação permite ao investigador intervir de maneira oportuna na tentativa

11 Reação aqui fica entendida como as observações, falas, perguntas, dúvidas, interesses, avanços,

relação com o professor e objetivos dos estudantes.

12 É importante ressaltar que nesse estudo a investigação teve como foco a prática pedagógica do

professor. Entretanto, para a análise da prática foi preciso em toda a pesquisa avaliar os estudantes, observando suas reações às atividades para que fosse possível analisar posteriormente quais estratégias desenvolvidas pelo professor possibilitaram (ou não) a inclusão escolar dos estudantes.

transformar esse ambiente. Esse tipo de pesquisa “aproxima de forma singular pesquisador e pesquisado, numa atividade que ambos conhecem, aprendem e (se) transformam”. (CASTRO, 2008, p.28)

Nessa perspectiva Rocha e Aguiar (2003) afirmam que as estratégias de intervenção têm como alvo a rede de poder e o jogo de interesses que se fazem presentes no campo da investigação colocando em análise as práticas no cotidiano institucional, desconstruindo territórios e facultando a criação de novas práticas.

Na pesquisa-intervenção, a relação pesquisador/objeto pesquisado é dinâmica e determinará os próprios caminhos da pesquisa, sendo uma produção do grupo envolvido. Pesquisa, é assim, ação, construção, transformação coletiva, análise das forças sócio- históricas e políticas que atuam nas situações e das próprias implicações, inclusive dos referenciais de análise. É um modo de intervenção, na medida em que recorta o cotidiano em suas tarefas, em sua funcionalidade, em sua pragmática – variáveis imprescindíveis à manutenção do campo de trabalho que se configura como eficiente e produtivo no paradigma do mundo moderno. (AGUIAR e ROCHA, 1997, p. 97).

Para Rocha e Aguiar (2003) é neste sentido que a intervenção se articula à pesquisa para produzir uma nova relação entre teoria e prática, sujeito e objeto, formação e aplicação.

Os procedimentos adotados nesta investigação qualitativa do tipo intervencionista serão descritos a seguir, clarificando as etapas da pesquisa e os instrumentos utilizados para coleta de dados, seleção e análise dos mesmos.

As fases desta investigação qualitativa do tipo intervencionista serão descritas a seguir, clarificando as os instrumentos utilizados para coleta de dados, seleção e análise dos mesmos.