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Do problema ao exercício: construção do conhecimento a partir de situações

1.3 Estratégias para o ensino de Matemática em uma perspectiva inclusiva

1.3.2 Do problema ao exercício: construção do conhecimento a partir de situações

Para que ocorra uma aprendizagem significativa, o ensino de Matemática precisa ser baseado em atividades contextualizadas, voltadas à realidade dos estudantes. A resolução de problemas parece ser um caminho possível e necessário para que a Matemática seja reconhecida como uma disciplina útil em atividades cotidianas e por isso aprender seus conceitos e a aplicabilidade dos mesmos é tão importante. As situações de aprendizagem permitem que os estudantes aprendendam pela experiência, desde que sejam mediadas pelo professor que objetiva que os estudantes aprendam conforme suas próprias observações, ações e reflexão. Para Weisz e Sanchez (2011, p. 65)

As situações de aprendizagem consistem em atividades planejadas, propostas e dirigidas com a intenção de favorecer a ação do aprendiz sobre um determinado objeto de conhecimento e, essa ação está na origem de toda e qualquer aprendizagem.

O professor como mediador de informações, pode utilizar a construção de situações de aprendizagens como uma estratégia de ensino que possibilita os estudantes a resolução de um problema a partir de um questionamento, relacionando o conhecimento a uma situação prática. Ao refletir sobre uma situação ou tarefa proposta, a aprendizagem se torna significativa, pois o saber é construído de forma contextualizada.

Em uma situação de aprendizagem, envolvendo a resolução de um problema que surge a partir das experiências dos próprios estudantes ou proposto pelo professor, cada um tem a oportunidade de desenvolver suas potencialidades, pois pode optar por realizar uma das tarefas necessárias na atividade.

Desenhar, recortar, entrevistar, expor ideias, organizar o grupo, medir, contar, realizar cálculos, pesquisar são exemplos de tarefas que podem ser necessárias em uma situação de aprendizagem. Assim, cada um pode escolher o que fazer em

função dos seus interesses, desenvolvendo as habilidades que já possui ao aprimorar o que já sabe fazer e utilizando seus saberes prévios.

Schlünzen (2000); Mantoan (2003) afirmam que é necessário que a escola, em uma perspectiva inclusiva, tenha como perspectiva formar o indivíduo para o exercício da cidadania, preparando-o para a vida em sociedade. Nesse sentido, as situações práticas de aprendizagem mediadas pelo professor que objetiva a inclusão de todos podem contribuir para uma formação em que os estudantes não aprendam apenas conteúdos disciplinares, mas também desenvolvam habilidades relacionadas às atitudes, comportamentos para a convivência e valorização das diferenças.

Nesta pesquisa, o professor/pesquisador buscou desenvolver situações de aprendizagem aproveitando os espaços e materiais disponíveis.

Esperava-se que eles aprendessem os conceitos matemáticos por meio de suas observações e ação para resolver um problema e realizar uma tarefa proposta, relacionando os seus saberes prévios às novas informações contextualizadas de forma que o processo de construção do conhecimento ocorresse de forma contextualizada e significativa.

Propor resolução de problemas, segundo Charnay (2001); Schlünzen (2000); Pais (2006) é uma estratégia que pode ser utilizada pelo professor por permitir ao estudante a construção de conhecimento por meio de sua ação/reflexão, utilizando conceitos que já domina para aprender conteúdos matemáticos diante de situações que para ele exercem sentido. A aprendizagem, nesse sentido, torna-se significativa, de acordo com Ausubel (1982).

Se o método utilizado pelo professor é o aproximativo, ou seja, baseado na resolução de problemas, é preciso que se saiba qual sua definição sobre problema. Echeverría e Pozo (1998) em estudos de Lester (1983) definem como problema uma situação que um indivíduo ou um grupo quer ou precisa resolver e para a qual não dispõe de um caminho rápido e direto que o leve à situação.

Para resolver um problema, nesse sentido, é necessário pensar, agir e refletir sobre a situação, que pode ser real ou fictícia, como aponta Santaló (2001), desde que exerça significado para todos.

Valorizar a ação do estudante na resolução de problemas em situações contextualizadas é imprescindível para construção de conhecimentos, entretanto, é necessário após a compreensão dos conceitos uma sistematização do que foi

aprendido. Para essa finalidade, os exercícios podem ser utilizados. Para Echeverría e Pozo (1998, p. 16)

(...) um problema se diferencia de um exercício, na medida em que, neste último caso, dispomos e utilizamos de mecanismos que nos levam, de forma imediata, à solução. Por isso, é possível que uma mesma situação represente um problema para uma pessoa enquanto que para outra esse problema não existe, quer porque ela não se interesse pela situação, quer porque possuam mecanismos para resolvê-las.

Conforme Smole, et. al. (2000, p.10), o problema deve ser de algum modo desafiante e incentivar que o estudante queira aprender mais, partindo de situações contextualizadas com sua vivência para as representações, ou seja, de forma que haja a sistematização dos conhecimentos construídos.

O ensino da Matemática na escolaridade fundamental consiste em partir de conhecimentos, que envolvem números, medidas, figuras geométricas e outros conceitos que estejam articulados com a vivência do aluno. O desafio didático é criar condições para que essa situação inicial possa ser transformada na direção dos saberes escolares, envolvendo a formação inicial de conceitos e a passagem das expressões espontâneas para as representações. (PAIS, 2006, p. 65)

Em suma, o problema exige do estudante uma ação para resolvê-lo, envolvendo reflexão, comparações, utilização de saberes prévios e tomadas de decisões, ou seja, autonomia do indivíduo para resolver. Isso favorece o desenvolvimento das potencialidades, em uma perspectiva de educação inclusiva, conforme Mantoan (2003); Schlünzen (2000). Tendo em vista a necessidade de partir da realidade do estudante, mas buscando ampliar seu conhecimento, exercícios devem ser propostos para que a turma relacione conceitos aprendidos a novas situações para sistematizar o conhecimento.

Após a compreensão, pode-se, então, trabalhar com exercícios que exijam memorização e que cada estudante poderá utilizar suas próprias estratégias para resolver, como desenhos, cálculos mentais, oralidade, diálogo, saberes prévios, entre outras.

Ao permitir a cada indivíduo utilizar seus próprios conhecimentos e desenvolver mecanismos próprios para resolver uma questão, o professor

desenvolve um trabalho em uma perspectiva inclusiva, uma vez que não precisa propor atividades diferenciadas, ainda que cada um aprenda de uma forma singular, no seu tempo (MANTOAN, 2003).

É necessário desenvolver ações que estejam relacionadas ao que é ideal e possível. Para planejar e desenvolver situações de aprendizagem com resolução de problemas buscou-se utilizar espaços e materiais disponíveis na escola. A escolha desses materiais foi realizadas a partir dos interesses dos estudantes, de modo que as atividades fizessem sentido para todos.