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Caracterização do Município de Verê

No documento POLÍTICAS PÚBLICAS E PEQUENOS MUNICÍPIOS: (páginas 177-184)

4. UM PEQUENO MUNICÍPIO: O EXEMPLO DE VERÊ

4.2 Caracterização do Município de Verê

A caracterização do município de Verê, sob os aspectos de políticas públicas, foi realizado a partir dos dados da “Pesquisa de Informações Básicas Municipais”

(IBGE, 2000). Quanto à melhoria de qualidade de vida, além de avaliar a estrutura de educação e saúde, a caracterização se deu a partir da avaliação da evolução do IDH -M (ONU/PNUD, 2000) do município de Verê.

A caracterização de Verê quanto ao desenvolvimento local, foi realizada a partir da evolução do valor adicionado dos setores agropecuário, industrial, serviços e administração pública, que são os principais elementos formadores do PIB do município (IBGE, 2002).

4.2.1 Quanto às Políticas Públicas

Considerando as políticas públicas voltadas ao planejamento, o município de Verê possui a Lei Orgânica do Município, o Plano Plurianual, a Lei de Diretrizes Orçamentárias e a Lei de Orçamento Anual. Como a maioria dos municípios do Sudoeste, não possui de forma institucionalizada um Plano de Governo ou mesmo um Plano Estratégico.

Ao se observar as políticas voltadas à gestão territorial, verifica -se que, segundo o IBGE (2000), o município possui apenas a Lei do Perímetro Urbano, não possuindo Plano Diretor, Lei de Parcelamento do Solo, Lei de Zoneamento, bem como Legislação para Áreas de Interesse Especial ou Social. Isso pode refletir a falta de valorização por parte das administrações públicas, de instituir os instrumentos que permitam uma melhor gestão territorial.

Através do Decreto Nº 2581, de 17/02/2004, o município de Verê viu-se obrigado, entretanto, a elaborar seu Plano Diretor. Este instrumento será fruto de avaliação neste estudo no que se refere às políticas de melhoria de qualidade de vida e desenvolvimento local.

Com relação às políticas voltadas à gestão social, o município de Verê possui estabelecido o Código de Obras e o Código de Posturas, não tendo ainda estabelecido o Código de Vigilância Sanitária. Considerando que a principal atividade do município está no setor agropecuário, a inexistência de Código de Vigilância Sanitária é uma lacuna que deve ser resolvida, a partir de um instrumento que oriente e fiscalize tais atividades.

Não há nenhum instrumento estabelecido voltado à gestão urbana, como IPTU Progressivo, Operações Interligadas, Operações Urbanas e Lei de Transferênci a de Potencial Construtivo. Os consórcios de prestação de serviço estão presentes apenas na área de saúde. Contudo, diante da temporalidade recente desses instrumentos, é compreensível que um pequeno município ainda não os tenha estabelecido ou mesmo não os tenha considerado imprescindível para a sua gestão urbana.

A modernização da máquina administrativa, a partir do processo de informatização e terceirização de alguns serviços, ocorreu com a informatização das áreas de saúde e educação, bem como da arreca dação do IPTU. Na área de arrecadação do ISS, bem como na área de planejamento, principalmente com a inexistência de mapeamento digital, ainda não há uma modernização destes instrumentos através do processo de informatização.

Na área de terceirização de serviços, o setor de coleta de lixo domiciliar, hospitalar e industrial, bem como o abastecimento de água e esgoto não são realizados pela iniciativa privada, sendo que a única área atingida foi a de transporte escolar.

Estes processos de terceirização, entretanto, dependem da demanda existente e da viabilidade desta terceirização.

Ao se analisar as políticas voltadas para a melhoria da qualidade de vida, o principal processo verificado é a participação da sociedade, a partir dos conselhos municipais. Nesse sentido, o município de Verê apresenta uma participação significativa da sociedade, pois verificamos a existência de conselhos nas áreas de saúde, assistência social, emprego e renda, todos paritários e com reuniões mensais.

Contudo, a inexistência de conselho municipal na área de educação não reflete a mesma valorização dada as outras áreas. A inexistência de conselho na área de desenvolvimento urbano é compreensível pela demanda recente desse instrumento, a partir do Estatuto da Cidade, principalmente ainda voltado para municípios maiores que 20.000 habitantes.

Ao se avaliar as políticas voltadas ao desenvolvimento local, verifica -se que a política de incentivos a partir de benefícios no IPTU e no ISS não é empregada pelo município de Verê. O município informou a existência de outros incentivos para

atrações de novos negócios, como: doação de terras, fornecimento de infra -estrutura e formação de distrito industrial.

A existência de programas de geração de emprego e renda, bem como de capacitação profissional, demonstra uma preocupação do município com o desenvolvimento local sustentável, a partir de suas potencialidades agropecuárias e ecoturísticas.

Com relação ao corpo funcional e sua formação, o município de Verê possui 212 servidores diretos, distribuídos em 82 servidores de nível auxiliar, ou seja, 9 servidores para cada 1.000 habitantes. Dispõe ainda de 116 servidores de nível médio, ou seja, 13 servidores para cada 1.000 habitantes, e, 14 servidores de nível de superior, ou seja, 2 servidores para cada 1.000 habitantes.

Considerando a formação do corpo funcional da mesorregião Sudoeste Paranaense, pode-se verificar que a maioria está concentrada no nível médio. A quantidade de 24 servidores para cada 1.000 habitantes está abaixo da relação dos pequenos municípios do Paraná, com 30 servidores para cada 1.000 habitantes, e muito distante da relação dos pequenos municípios do Brasil, com 49 servidores para cada 1.000 habitantes.

Considerando a população total do município, a quantidade de servidores representa 2% destes, estando entre as mais baixas do estado do Paraná, considerando apenas os pequenos municípios. Se considerarmos a população urbana, esta relação fica entre 6% e 10% da população urbana, considerada baixa dentro da mesorregião Sudoeste e do estado do Paraná.

Não há uma relação de referência que permita avaliar se o corpo funcional de Verê está dimensionado de acordo com as demandas existentes. O que se pode verificar é que o excesso de servidores pode apontar para um custo alto da máquina administrativa, diminuindo os recursos para investimentos em serviços e obras. Por outro lado, um número pequeno de servidores, pode significar uma falta de capacidade em desenvolver projetos e serviços de acordo com a demanda existente.

No caso do município de Verê, a relação não se enquadra em nenhum dos dois extremos, o que se pode considerar que a relação e a formação dos servidores pode estar adequada com as dimensões da administração municipal.

4.2.2 Quanto à Qualidade de Vida

Ao se avaliar a melhoria de qualidade de vida a partir do IDH-M do município de Verê, bem como de seus sub-indicadores, pode-se observar que o IDH-M teve uma evolução de aproximadamente 19% no período de 1991 a 2000 (Figura 83) .

Figura 83

IDHM (1991) IDHM (2000) IDHM-Educação (1991) IDHM-Educação (2000) IDHM-Longevidade (1991) IDHM-Longevidade (2000) IDHM-Renda (1991) IDHM-Renda (2000)

Fonte: ONU/PNUD, 2000. Org.: TAVARES, M. M.

Ao se verificar os sub-indicadores, observa-se que a área de educação já possuía um IDH-M elevado, o que representa o resultado de políticas públicas, à medida que a educação é de responsabilidade do estado. Ao se avaliar o su b-indicador da área de saúde, este apresenta um valor intermediário e obteve uma evolução significativa, o que pode representar o investimento do poder público, a partir de convênios e repasses de recursos pelas esferas estadual e federal. Outro fator que incide diretamente nesta melhoria é o cumprimento das porcentagens de investimento obrigatório, bem como a fiscalização destes investimentos, a partir da Lei de Responsabilidade Fiscal.

Contudo, pode-se observar que apesar do sub-indicador referente à renda do IDH-M ser o de menor valor, foi o que apresentou a maior evolução no período. Como este fator está muito mais ligado ao contexto da livre economia, suscetível a fatores

internos e externos, não é possível apontar esta evolução como resultado de investimentos, a partir de políticas públicas.

Entretanto, não se pode deixar de considerar os programas de incentivo à Verê, partiu-se da análise do Valor Adicionado nos setores da agropecuária, indústria, serviços e administração pública.

Desta forma, pode-se verificar que a participação de Verê no Valor Adicionado do Sudoeste não é significativa, assim como a participação do Sudoeste no Paraná também não é significativa. Além desta pequena participação de Verê, no período de 1999 a 2003 (Figura 84) a evolução da participação esteve estável em todos os setores.

Ao se verificar somente os dados do município (Quadro 8), observa-se que o Valor Adicionado do setor agropecuário cresceu mais de 135% no período. O setor da indústria sempre teve pequena participação, porém apresentou no período um crescimento maior que 120%. O setor de serviços apresentou um crescimento maior que 50%, enquanto o setor da administração pública apresentou um crescimento maior que 30%.

Quadro 8

Evolução do Valor Adicionado do Município de Verê (1999-2003) VA Agropecuária (1999) VA Agropecuária (2003)

R$ 25.495,93 R$ 60.234,27

VA Indústria (1999) VA Indústria (2003)

R$ 1.987,77 R$ 4.416,26

VA Serviços (1999) VA Serviços (2003)

R$ 13.867,06 R$ 20.804,63

VA Adm Pública (1999) VA Adm Pública (2003)

R$ 5.770,12 R$ 7.588,69

Fonte: IBGE, 2003. Org.: TAVARES, M. M.

Os dados refletem a base da economia do município na agropecuária, um início de desenvolvimento no setor da indústria, com um crescimento significativo na área de

serviços. Este último deve-se a grande potencialidade de desenvolvimento na área de turismo, a partir da região que compõe o complexo das Águas de Verê. Vale ressaltar ainda a participação do setor da administração pública, que apesar de pequ ena, ainda supera os setores que podem gerar mais emprego e renda.

Figura 84

3,3 3,1

0,4 0,5

1,4 1,5

1,8 1,8

0,0 0,5 1,0 1,5 2,0 2,5 3,0 3,5

%

Evolução do Percentual de Participação do Município de Verê no Valor Adicionado Setorizado do Sudoeste

(1999-2003)

VA Agropecuária (1999) VA Agropecuária (2003) VA Indústria (1999) VA Indústria (2003) VA Serviços (1999) VA Serviços (2003) VA Adm Pública (1999) VA Adm Pública (2003)

Fonte: IBGE, 2003. Org.: TAVARES, M. M.

Apesar da pouca participação e da evolução dessa participação em percentual ser pequena, em valores monetários o PIB do município no mesmo período evoluiu em mais de 100%, enquanto a mesorregião Sudoeste Paranaense evoluiu um pouco menos de 90% (Figura 85). Isso é resultado do aumento significativo no setor agropecuário.

Figura 85

89

105

80 85 90 95 100 105

%

PIB

Comparação da Evolução do PIB de Verê e do Sudoeste (1999-2003)

Sudoeste Verê

Fonte: IBGE, 2003. Org.: TAVARES, M. M.

Podemos observar que a evolução no desenvolvimento e na economia local, se deu a partir dos resultados excelentes na agropecuária do município. O setor de indústria apresentou um percentual de evolução significativo, porém ainda pequeno em valores monetários, por se tratar de um setor pouco desenvolvido no município.

Ressalta-se aqui a participação tanto do setor de serviços como do setor da administração pública, com um percentual significativo de participação na economia, sendo o primeiro resultado do comércio e da área de turismo, e, o segundo da forte participação da administração pública na geração de empregos diretos no município.

No documento POLÍTICAS PÚBLICAS E PEQUENOS MUNICÍPIOS: (páginas 177-184)