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Para a Qualidade de Vida

Ao abordar o tema dos indicadores como um meio para avaliar a qualidade de vida dos municípios, é necessário ter consciência de que este processo deu -se a partir

do momento em que tais indicadores passaram a levar em conta uma relação espaço e meio ambiente com as condições de vida.

Este processo de substituição de indicadores puramente monetários e/ou econômicos, principalmente o PIB (Produto Interno Bruto), ocorreu em meados de 1990. Neste momento foi criado o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) pela Organização das Nações Unidas, através do Plano das Nações Unidas para o Desenvolvimento (ONU/PNUD), levando-se em consideração além dos aspectos econômicos, aspectos relacionados à longevidade e educação.

O IDH é um indicador que varia de zero (nenhum desenvolvimento humano) a um (desenvolvimento humano total). Valores com IDH até 0,499 têm desenvolvimento humano considerado baixo, valores entre 0,500 e 0,799 são considerados de médio desenvolvimento humano e valores de IDH superior a 0,800 têm desenvolvimento humano considerado alto.

A partir dessa primeira proposta, outras passaram a ser construídas e apresentadas com o objetivo de avaliar e caracterizar a qualidade de vida nos países, estados e principalmente dentro dos municípios.

Os chamados indicadores intra-urbanos foram sendo desenvolvidos a partir da metodologia e resultados do IDH, bem como com novas metodologias e dados que pudessem caracterizar de maneira mais clara as desigualdades sociais.

Dentre as principais iniciativas, podemos destacar em âmbito intermunicipal o Índice Social Municipal e os Índices de Gestão Municipal (1995, produzido pelo Instituto Pólis), Desenvolvimento e Condições de Vida e Indicadores Brasileiros e Desenvolvimento Humano e Condições de Vida da Região Metropolitana de Belo Horizonte (1998, ambos produzidos pelo Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas - IPEA/Fundação João Pinheiro/IBGE/PNUD), o Mapa do Fim da Fome (2001, produzido pelo Centro de Políticas Sociais da Fundação Getúlio Vargas - FGV, Rio de Janeiro).

Dentre as principais iniciativas em âmbito intramunicipal estão o Mapa de Exclusão/Inclusão Social da Cidade de São Paulo (1996, produzido pelo Núcleo de Seguridade e Assistência Social da PUC-SP), o Mapa da Pobreza de Curitiba (1997, produzido pela Universidade Federal do Paraná - UFPR/Instituto Paranaense de

Desenvolvimento Econômico e Social - IPARDES/Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano de Curitiba - IPPUC), Mapa da Exclusão Social de Belo Horizonte (1999, produzido pelo governo municipal de Belo Horizonte e PUC -MG), o IQVU (Indicador de Qualidade de Vida Urbana) de Belo Horizonte (1999, produzido pelo governo municipal de Belo Horizonte e PUC-MG), o IDH do Rio de Janeiro (2001, produzido pelo PNUD/IPEA/Prefeitura Municipal do Rio de Janeiro), o IDH do Recife Metropolitano (2000, produzido pelo PNUD/IPEA/Prefeitura Municipal do Recife) e o Índice de Exclusão Social (2000, elaborado pela Universidade de Campinas - UNICAMP/Universidade de São Paulo-USP/ PUC-SP).

Segundo Koga (2003, p.56), "estes indicadores classificados como medidas socioterritoriais e divididos em medidas genéricas urbanas e medidas intraurbanas"

formam o arcabouço de indicadores a serem aplicados, de acordo com o objetivo da avaliação, já que ambos possuem distintas metodologias e enfoques para serem aplicados adequadamente.

As medidas socioterritoriais genéricas, urbanas e complexas são caracterizadas por estarem voltadas à avaliação da qualidade e condições de vida, delimitando setores mais vulneráveis e com alto grau de desigualdade social.

Possuindo um caráter universal, tais medidas podem ser aplicadas às mais variadas realidades, o que muitas vezes pode refletir resultados generalizantes. Nesta classificação, encontra-se o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH), elaborado pelo Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento e o Índice de C ondições de Vida (ICV), que associa ao IDH indicadores de habitação e infância.

Buscando-se adequar o IDH para aplicações no âmbito municipal, foi elaborado pelo PNUD/IPEA/Fundação João Pinheiro o Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDH-M), com metodologia semelhante ao IDH, mas mudando o enfoque para os elementos de avaliação.

Para a avaliação da dimensão educação, o cálculo do IDH municipal considera dois indicadores com pesos diferentes. A taxa de alfabetização de pessoas acima de 15 anos de idade tem peso dois e a taxa bruta de freqüência à escola com peso um. O primeiro indicador é o percentual de pessoas com mais de 15 anos capaz de ler e escrever um bilhete simples, considerados adultos alfabetizados.

O calendário do Ministério da Educação indica que, se a criança não se atrasar na escola, ela completará esse ciclo aos 14 anos de idade, daí a medição do analfabetismo se dar a partir dos 15 anos.

O segundo indicador é resultado de uma conta simples: o somatório de pessoas - independentemente da idade, que freqüentam os cursos fundamental, secundário e superior - é dividido pela população na faixa etária de 7 a 22 anos da localidade.

Estão também incluídos na conta os alunos de cursos supletivos do ensino básico e fundamental, de classes de aceleração e de pós-graduação universitária.

Apenas classes especiais de alfabetização são descartadas para efeito do cálculo.

Para a avaliação da dimensão longevidade, o IDH municipal considera o mesmo indicador do IDH de países: a esperança de vida ao nascer. Esse indicador mostra o número médio de anos que uma pessoa nascida naquela localidade no ano de referência deve viver. O indicador de longevidade sintetiza as condições de saúde e salubridade do local, uma vez que quanto mais mortes houver nas faixas etárias mais precoces, menor será a expectativa de vida.

Para a avaliação da dimensão renda, o critério usado é a renda municipal per capita, ou seja, a renda média de cada residente no município. Para se chegar a esse valor soma-se a renda de todos os residentes e divide-se o resultado pelo número de pessoas que moram no município (inclusive crianças ou pessoas com renda igual a zero).

No caso brasileiro, o cálculo da renda municipal per capita é realizado a partir das respostas ao questionário expandido do Censo - um questionário mais detalhado do que o universal e que é aplicado a uma amostra dos domicílios visitados pelos recenseadores. Os dados colhidos pelo IBGE são expandidos para o total da população municipal e então usados para o cálculo da dimens ão renda do IDH-M.