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CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA DA AGRICULTURA

5 RESULTADOS E DISCUSSÕES

5.1 CARACTERIZAÇÃO SOCIODEMOGRÁFICA DA AGRICULTURA

A caracterização sociodemográfica da agricultura familiar de Dilermando de Aguiar teve como objetivo apresentar alguns aspectos importantes relacionados ao ambiente familiar. Permitindo, entre outros aspectos, analisar a dinâmica demográfica de cada família (Tabela 5).

Tabela 5 – Idade do Chefe do Estabelecimento familiar em Dilermando de Aguiar/RS

Idade % 25-36 6 7,5% 37-48 13 16,25% 49-60 41 51,25% 61-72 16 20% 73-84 4 5% Total 80 100%

Fonte: Pesquisa de Campo, 2017. Org.: SACCOL, P.T, 2017.

No que diz respeito à idade do chefe das unidades familiares, os dados da Tabela 5 indicam que 51,25% do total situa-se na faixa etária entre 49 e 60 anos de idade e 20% do total, apresentam idade entre 61 e 72 anos. Portanto, em mais de 50% dos estabelecimentos agrícolas familiares, os chefes têm uma idade considerada avançada, já que apenas 7,5% têm entre 25 e 36 anos de idade e 16,25% entre 37 e 48. A partir destes dados, podemos considerar que não são os jovens que estão à frente das unidades familiares de produção no município, mas sim pessoas de idade mais avançada (49 a 84).

Os dados acima expressam um processo de envelhecimento da população rural do município. Conforme, verificamos in loco, as atividades agrícolas desenvolvidas por esses agricultores, muitas vezes, é feita com auxílio da mecanização, na qual, os produtores mais velhos possuem uma estabilidade maior que os mais novos. Os jovens que não possuem o maquinário adequado para o desenvolvimento da produção agrícola, acabam recorrendo à contratação de serviços de máquinas como forma de compensar a falta de tecnologias e mão de obra no ambiente familiar. O verificou-se que a razão dos chefes de

estabelecimentos terem uma idade relativamente avançada, está relacionado, principalmente à sucessão familiar, uma vez que, na maioria dos casos, os filhos migram para estudar e trabalhar, ficando as atividades rurais vinculadas aos mais velhos, geralmente pais ou irmãos mais velhos.

Outra informação importante sobre as características das unidades familiares de trabalho e produção, refere-se ao número total de membros das famílias. De acordo com o trabalho de campo, a maioria das famílias compõe-se de 2 ou 3 membros. Representando 55%, as famílias de 2 membros e 26,25% de 3 membros. Deste modo, pode-se considerar que a maioria das famílias são pequenas, geralmente compostas pelo casal e mais um filho. Poucas foram as famílias encontradas com mais de 4 membros, representando apenas 6,25% do total. Foi observado que alguns estabelecimentos eram administrados por 1 membro, o qual trabalhava sozinho e, as vezes, com mais algum trabalhador temporário contratado (Tabela 6).

Tabela 6 – Número de pessoas residentes por estabelecimento familiares no município de Dilermando de Aguiar/RS

Nº de pessoas por família Nº de famílias % 1 pessoa 10 12,5% 2 pessoas 44 55% 3 pessoas 21 26,25% 4 pessoas 5 6,25% Total 80 100%

Fonte: Pesquisa de campo, 2017. Org.: SACCOL, P.T., 2017.

Neste sentido, observa-se na Tabela 6, que as famílias menores são as mais dependentes do uso das tecnologias para o desenvolvimento da produção em suas propriedades. Constatou-se pelas entrevistas, que o progresso tecnológico torna-se a expressão da mercantilização da agricultura familiar. Isso nos leva a considerar, que as famílias com baixo número de integrantes conseguem tornar produtivas, áreas cada vez maiores, fazendo uso da mecanização.

Outra informação importante coletada em trabalho de campo, foi o número de responsáveis que administram os estabelecimentos. Ou seja, 55% dos estabelecimentos são administrados por homens, onde os mesmos são

responsáveis pelas atividades agrícolas na propriedade, enquanto que 42,5% são administrados pelo casal, no qual os dois são responsáveis pelas decisões do estabelecimento rural. Apenas 2,5% são propriedades administradas por mulheres. Verificou-se que as mesmas estão se inserindo lentamente nas atividades agropecuárias, o que mostra uma participação muito importante, mas que ainda encontra resistência (Tabela 7).

TABELA 7 – Número de responsáveis que administram os estabelecimentos familiares em Dilermando de Aguiar/RS

Tipo de administrador Nº de pessoas % Homens 44 55% Mulheres 2 2,5% Casal 34 42,5% Total 80 100%

Fonte: Pesquisa de Campo, 2017. Org: SACCOL, P.T., 2017.

Dessa forma, as mulheres presentes no espaço rural de Dilermando de Aguiar, desempenham além dos serviços domésticos e cuidados com a família, atividades agrícolas e não agrícolas, estando também, intimamente ligadas aos costumes, tradições e valores do meio rural. As mulheres envolvem-se na organização de oficinas de trabalho em que são produzidos, geleias, doces e tortas, complementando assim, a renda da família e fazendo com que essas mulheres ganhem cada vez mais destaque dentro da comunidade (Figura 4).

Com base nas observações de campo, compreende-se que, a vida de muitas mulheres trabalhadoras rurais é tida como exemplo nas mudanças ocorridas nos movimentos sociais e na reprodução social da agricultura familiar.

Através dos dados coletados, identificou-se que os agricultores familiares de Dilermando de Aguiar, têm como características principais, os pequenos estabelecimentos e também, o uso de mão de obra, exclusivamente familiar. As famílias são compostas principalmente por duas pessoas, ou seja, o casal. Dessa forma, muitos necessitam de contratação de serviços e de trabalhadores temporários para o desenvolvimento das atividades nos estabelecimentos.

Figura 4 – Cursos disponibilizados para mulheres trabalhadoras rurais em Dilermando de Aguiar/RS

Fonte: Trabalho de campo, 2017. A) Oficina de preparação de geleias; B) Curso de tortas e docinhos ambos promovidos pelo SENAR.

Org: SACCOL, P.T., 2017.

Os agricultores familiares sofrem com as transformações do espaço rural de Dilermando de Aguiar, porém, alguns buscam atividades secundárias para desenvolver e continuar no meio rural, ou seja, lançam diferentes estratégias de reprodução social para obterem seus alimentos básicos e para a mercantilização do excedente, como forma de agregar renda as pequenas unidades produtivas.