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Os sujeitos do presente estudo foram constituídos pelos coordenadores de CRAS (em número de quatro sujeitos) e dirigentes das Entidades Sociais (em número de doze sujeitos). As OSC foral eleitas a partir dos critérios pré- estabelecidos no projeto de pesquisa, sendo três instituições e um CRAS por região,

totalizando dezesseis sujeitos. Abaixo os Quadros 8 – caracterização dos Dirigentes entrevistados e 9 – caracterização das Coordenações de CRAS pesquisadas.

Quadro 8 - Caracterização dos Dirigentes

Sujeito Abrev. Gênero Idade Atuação na Assistência Social

(anos)

Formação Cargo

Dirigente 1 D1 F 46 17 Serviço Social

incompleto

Diretor

Dirigente 2 D2 M 52 14 Filosofia/

Teologia

Diretor

Dirigente 3 D3 M 38 13 Filosofia Gestor

Dirigente 4 D4 F 61 22 Enfermagem Diretor

Dirigente 5 D5 M 56 18 Filosofia Diretor

Dirigente 6 D6 M 48 16 E. Médio Diretor

Dirigente 7 D7 F 55 25 E. Médio Diretor

Dirigente 8 D8 F 34 11 Serviço Social Diretor

Dirigente 9 D9 M 33 8 Administração Gestor

Dirigente 10 D10 F 49 17 E. Médio Diretor

Dirigente 11 D11 M 44 16 Pedagogia Gestor

Dirigente 12 D12 M 59 19 Filosofia Diretor

Fonte: Informações coletadas na pesquisa (Entrevista). Dados organizados pela autora (2013).

Quadro 9 - Caracterização das Coordenações de CRAS

Sujeito Abrev. Gênero Idade Vínculo FASC Formação Tempo Atuação Coordenação 1 C1 F 36 Estatutária Serviço Social 4 anos

Coordenação 2 C2 F 39 Estatutária Psicologia 4 anos

Coordenação 3 C3 F 44 Estatutária Serviço Social 13 anos

Coordenação 4 C4 F _____

42

Estatutária Serviço Social 11 anos

Fonte: Informações coletadas na pesquisa (Entrevista). Dados organizados pela autora (2013).

Em relação ao Quadro 8, podemos destacar que 5 pesquisados são mulheres e 7 homens, contrastando com o quadro 9, onde a totalidade das coordenações de CRAS são mulheres.

No que tange à idade, entre os Dirigentes existe um predomínio de faixa etária de 40 a 55 anos, com atuação na Assistência Social entre 15 a 20 anos. Dividimos o cargo entre diretores e gestores, onde é considerado diretor o dirigente não remunerado, que constitui a diretoria da entidade. Chamamos gestor, o funcionário remunerado que faz parte da equipe diretiva como profissional, respondendo pelo dirigente na entidade.

As coordenações de CRAS por sua vez tem a faixa etária entre 35 a 45 anos, com uma atuação que varia entre perfis mais recentes (até 5 anos) a 13 anos de atuação. Uma observação importante é que todas as coordenações de CRAS entrevistadas são concursadas, ou seja, compõe a equipe própria da FASC, o que constitui um padrão desta gestão, possuindo todas as coordenações pesquisadas, nível superior, sendo três assistentes sociais e uma psicóloga interina.

Os dirigentes (Quadro 8), em sua maioria, apresentam nível superior ou estão cursando; são profissões variadas, dentre elas: serviço social, administração, enfermagem e pedagogia.

Todas as OSC que fizeram parte da pesquisa têm convênio com a FASC, e frequência em mais de 50% na CORAS, com sua documentação em dia em relação a sua inscrição no CMAS.

Para a coleta dos dados, os instrumentos utilizados foram: entrevistas semiestruturadas, gravadas, aplicadas através de formulário conforme APÊNDICE A, diário de campo, além de amplo estudo bibliográfico e consulta em sites institucionais e governamentais. Para Gil (2009) a entrevista é definida:

Como a técnica em que o investigador se apresenta frente ao investigado e lhe fórmula perguntas, com o objetivo de obtenção dos dados que interessam à investigação. A entrevista é, portanto, uma forma de interação social. Mais especificamente, é uma forma de diálogo assimétrico, em que uma das partes busca coletar dados e a outra se apresenta como fonte de informação (GIL, 2009, p.109).

Além das técnicas descritas acima, foi utilizada também a Observação Participante que, segundo Gil (2009), traduz a participação real do pesquisador na vida da comunidade, grupo ou situação determinada, assumindo, até certo ponto, o

papel de membro do grupo, sendo essa técnica uma referência na aproximação ao conhecimento do cotidiano e da vida de um grupo.

A análise de dados se constituiu da análise textual discursiva, fundamentada nos estudos de Moraes (2003). Esta análise é compreendida através da seguinte metodologia: unitarização, categorização, captação do novo emergente e auto-organização.

A etapa de unitarização, também denominada desmontagem dos textos, implica, segundo Moraes (2003, p. 192), uma incursão no significado da leitura e os sentidos diversificados que esta permite construir, pois todo texto “possibilita uma multiplicidade de leituras, leituras essas relacionadas com as intenções dos autores, com os referenciais teóricos dos leitores e com os campos semânticos a que se inserem”.

Importante, ao realizar a análise, é dialogar com o ponto de vista do outro, pois é imprescindível a valorização da opinião dos pesquisados no processo da pesquisa, aliada à perspectiva teórica do pesquisador. O “corpus”43 da pesquisa é

constituído por produções textuais que, na análise textual discursiva, devem ter como objetivo a saturação a ponto que novas inserções de textos não modifiquem os resultados. Este processo de análise acontece de forma auto-organizada, onde se desconstroem os textos do corpus em estudo, fragmentando-os e examinando-os em detalhes para, em seguida, estabelecer relações entre as unidades formadas.

A segunda etapa de análise é o processo de categorização das unidades, resultantes da desmontagem do texto, este processo é definido como uma comparação constante entre as unidades definidas incialmente na análise, objetivando o agrupamento de elementos semelhantes (MORAES, 2003).

A categorização, além de reunir elementos semelhantes, também implica nomear e definir as categorias, cada vez com maior precisão, na medida em que vão sendo construídas. Essa explicitação se dá por meio do retorno cíclico aos mesmos elementos, no sentido da construção gradativa no significado de cada categoria. Nesse processo, as categorias vão sendo aperfeiçoadas e delimitadas cada vez com maior rigor e precisão (MORAES; GALIAZZI, 2007, p.23).

43 A análise textual discursiva concretiza-se a partir de um conjunto de documentos denominado

“corpus”. Este representa as informações da pesquisa e para a obtenção de resultados válidos e confiáveis e requer uma seleção e delimitação rigorosa (MORAES; GALIAZZI, 2007, p.16).

Foram elencados três níveis de categorização (inicial, intermediário e final), porém apenas os níveis intermediário e final estão explanados na pesquisa. Importante reiterar que cada nível, a partir do inicial, contém todas as análises reflexivas dos níveis anteriores, onde a culminação em uma categoria traz um histórico de entrevistas já analisadas.

Existem duas maneiras de se chegar às categorias, através do método dedutivo, ou do geral para o particular, chegando às categorias antes mesmo de examinar o corpus do texto, e o método indutivo, ou seja, as categorias são produzidas a partir das unidades construídas pela análise do corpus. Estes dois métodos podem ser combinados num processo de análise misto (MORAES; GALIAZZI, 2007)44, opção da análise apresentada nesta dissertação.

Por fim, ao se realizar o processo de categorização, vão sendo criados metatextos, que auxiliam o pesquisador a criar argumentações que possam expressar “insights” em relação às categorias que vão sendo construídas; são produções parciais que irão fazer parte do texto final e neste momento pode ocorrer o aparecimento do novo emergente, que, ao ser captado pelo pesquisador, qualifica sobremaneira a pesquisa.

Para Moraes (2003), este processo analítico é comparado a uma tempestade de luz, a luz vinda do “caos" para iluminar o fenômeno investigado. Minayo (2010) cita Limoeiro Cardoso em seu poético esclarecimento do processo de pesquisa.

O conhecimento se faz à custa de muitas tentativas e da incidência de muitos feixes de luz, multiplicando os pontos de vista diferentes. A incidência de um único feixe de luz não é suficiente para iluminar um objeto. O resultado dessa experiência só pode ser incompleto e imperfeito, dependendo da perspectiva em que a luz é irradiada e da sua intensidade. A incidência, a partir de outros pontos de vista e de outras intensidades luminosas, vai dando formas mais definidas ao objeto, vai construindo um objeto que lhe é próprio. A utilização de outras fontes luminosas poderá formar um objeto inteiramente diverso, ou indicar dimensões inteiramente novas ao objeto (CARDOSO, 1977 apud MINAYO, 2010, p.172).

Após a análise dos dados coletados, foram elencadas as categorias emergentes dispostas no Quadro 10: as categorias finais “Assistência Social”, e “Sociedade Civil”, e as categorias intermediárias: Implementação, Articulação,

Tipificação, Participação, Usuário e Controle Social.

44 Os autores falam de um terceiro método que denominam intuitivo, possível apenas quando se

chega a integrar-se a um processo de auto-organização, em que, a partir de um conjunto complexo de elementos, emerge uma nova ordem (MORAES; GALIAZZI, 2007).

Quadro 10 - Categorias emergentes da Pesquisa

Categorias Intermediárias Finais

Implementação Assistência Social Articulação Tipificação Participação Sociedade Civil Usuário Controle Social

Fonte: Elaborado pela autora (2013).

A partir das categorias intermediárias e sua interface com os dados empíricos buscamos realizar as análises, procurando atender as questões norteadoras e os objetivos específicos da pesquisa.

Para maior clareza de exposição foi elaborado o Quadro (11), articulando as categorias com as Questões Norteadoras e os Objetivos Específicos.

Quadro 11 - Articulação entre Questões Norteadoras, Objetivos Específicos e Categorias

Questões Norteadoras Objetivos Específicos Categorias

Como ficam as relações nos territórios entre o gestor público e as instituições socioassistenciais privadas locais, em relação à execução dos Programas, serviços e benefícios socioassistenciais, a partir da implementação da Política de Assistência Social, através do SUAS?

Compreender a dinâmica relacional entre gestor público e rede socioassistencial privada, no que tange a execução dos Programas, serviços, projetos e benefícios socioassistenciais, a partir da implementação do SUAS nos territórios.

Participação Articulação

Qual o ordenamento das instituições socioassistenciais após a implementação do SUAS e como estas se adequaram às tipificações dos serviços socioassistenciais?

Investigar a configuração das instituições sociais, após implementação do SUAS, examinando as modificações incididas na rede socioassistencial privada para a adequação à nova tipificação dos serviços socioassistenciais.

Implementação Tipificação

Como se dá a participação das instituições socioassistenciais em espaços de Controle Social, garantidos pela Constituição Federal, com ênfase na fiscalização dos serviços socioassistenciais, mobilização social na indicação de prioridades na garantia da efetivação da assistência social como direito pela sociedade?

Avaliar a participação das instituições socioassistenciais em espaços de Controle Social, consolidando o necessário caráter democrático e transparente da política.

Usuário Controle Social

A articulação representada pelo Quadro (11) culmina nos capítulos de análise. No capítulo cinco buscaremos atender ao objetivo de compreender a dinâmica relacional entre CRAS e OSC, articulando com as categorias Participação

e Articulação; no capítulo seis propomos investigar a configuração das entidades

após a nova tipificação dos serviços socioassistenciais, dialogando com as categorias Implementação e Tipificação; por fim, propomos, no capítulo sete, avaliar a participação das OSC em espaços de controle social, objetivando consolidar a política em seu caráter democrático e transparente, articulando com as categorias Usuário e Controle social.

Um dos aspectos a serem destacados nesta dissertação é o sigilo garantido aos participantes da pesquisa, em cumprimento ao Código de Ética, que regulamenta o exercício do Serviço Social, e do Código de Ética, que orienta a realização de pesquisas com seres humanos do Ministério da Saúde, mediante assinatura do Termo de Consentimento Livre e Esclarecido – TCLE (APÊNDICE B). Os pesquisados foram diferenciados através de um número, ficando os Dirigentes das entidades numerados de 1 a 12, e as Coordenações de CRAS de 1 a 4.

Além do Termo de Consentimento, outro procedimento da pesquisa foi a coleta da assinatura do chefe do setor responsável pelo local da pesquisa (ANEXO A), em relação aos coordenadores de CRAS, pois estes têm uma chefia direta que é a Coordenação da Proteção Básica do município. Os Dirigentes ao assinarem o TCLE, já aderiram à pesquisa, pois eles são a chefia final da Organização da Sociedade Civil que representam.

O Projeto de Pesquisa foi aprovado na Comissão Científica da Faculdade de Serviço Social da PUCRS, em junho de 2012 (ANEXO B), e pelo Comitê de Ética em Pesquisa via Ministério da Saúde – Plataforma Brasil, em agosto de 2012, com o parecer de nº 73575 (ANEXO C).

Por fim, encerraremos a Capítulo 4 com o histórico do processo de implementação do SUAS, em Porto Alegre, resultado de uma revisão bibliográfica, além de destacar a participação das OSC neste contexto, garantindo subsídios para a posterior análise dos dados coletados nas entrevistas com os atores pesquisados.

4.4 A IMPLEMENTAÇÃO DO SUAS EM PORTO ALEGRE E A REDE