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Capítulo III O Projeto Institucional na Perspectiva do Projeto Ético Político Profissional

3.2. A Organização Local do REABILITA na Gerencia Executiva do INSS do São José

3.2.2. Caracterização do Usuário

O usuário é a principal pessoa da equipe de reabilitação e sujeito ativo do processo, que se apresenta com grandes chances de dar certo, se sua iniciativa se mantiver, graças a sua motivação, esse é o parecer de estudiosos sobre o tema aqui tratado, e, em especial do autor espanhol MORAGAS citado nesse trabalho, concepção essa, da qual partilha a pesquisadora.

Para isso é fundamental que o assistente social entenda a realidade regional, municipal, da qual faz parte esse usuário. O importante é entender quem é o mesmo, o que sente e como vive.

Inicialmente existe a distância entre o profissional e o usuário, o assistente social coloca-se como estranho ao mesmo, como representante do capital diante da população, esse é o parecer de IAMAMOTO, que ainda reforça:

O nosso desafio, portanto, é cuidar para que não sejamos um estranho diante do usuário. Isso nos exige conhecer o perfil em torno do usuário, pois facilita a

viabilização do nosso compromisso com o mesmo. Compromisso com seus direitos, mas conhecendo suas reivindicações, sua individualidade, sua limitação, e o seu modo de vida. Temos que conhecer o usuário com o qual estamos interagindo, como ele vive seu momento único de incapacidade, de doença. Essa proximidade nos privilegia muito no sentido de transformar nosso conhecimento em informações para o usuário. O que vamos fazer com o uso político dessas informações (II Fórum, p.16/17).

Os usuários encaminhados pela Perícia Médica ao programa são beneficiários em percepção de auxilio doença (acidentário ou previdenciário), aposentado por tempo de contribuição ou idade, que permanece em atividade laborativa, aposentado por invalidez, beneficiário sem carência para auxílio doença, dependente ou pensionista maior de dezoito anos portador de deficiência, dependente maior de dezesseis anos portador de deficiência e pessoas portadoras de deficiência sem vínculo com a Previdência (mediante convenio de cooperação técnico-financeira com Entidades e Instituições da comunidade).

Os problemas e as necessidades apresentadas pelos usuários da Previdência Social, são expressões de seu cotidiano vivenciado na sua realidade imediata, que se configuram nas diversas relações que o mesmo estabelece no trabalho, com a família, amigos, vizinhos em várias atividades: econômicas, políticas, sociais, culturais as quais são realizadas em lugares concretos: associações, sindicatos, comunidades, bairros, empresas.

Nessa realidade se delineia o principal quadro de referência para elaboração do seu pensamento e da sua ação, estando conectada com o contexto econômico, político, ideológico e histórico mais amplo, que constitui a estrutura de uma determinada configuração social.

Remete à compreensão das relações sociais de produção de cada estágio do desenvolvimento econômico e da correlação de forças sociais presentes em cada momento histórico de uma determinada sociedade38.

Dados vivenciados pela prática profissional, permitem delinear um perfil geral dos usuários: parcela significativa da população com baixa escolaridade (até a 4ª série do ensino fundamental), afastados da rede de ensino à longos anos, principalmente vindos de outros Estados (a procura de melhores condições de vida e de trabalho), com experiências em profissões predominantemente braçais, com restrições físicas que impedem o exercício de atividades com essas características. Trata-se de um segmento da população, em situação vulnerável, num determinado momento de sua vida em função de sua incapacidade, com dificuldades de se expressar, se articular na busca e defesa de seus direitos. Nem sempre se

apresenta motivado pelo encaminhamento à reabilitação profissional, apresenta-se tímido, inseguro, sem motivação diante de seu sofrimento.

A presença do usuário no serviço, cria um momento inicial de tensão pela presença do que é diferente, ou seja, a incapacidade.

Nessa etapa do processo de reabilitação, por meio da percepção e reflexão da situação, emergem possibilidades de se lidar com valores e sentimentos de dimensões mais subjetivas.

O usuário depara-se com uma situação na qual, não foi informado do motivo de estar na presença do profissional, o que dificulta inicialmente sua participação.

Torna-se, portanto, um desafio para a equipe, trabalhar o processo de reabilitação e qualificar ou requalificar esse usuário para voltar a compor a força de trabalho na sociedade.

É necessário priorizar ações, que invistam na escolarização, formação profissional e treinamento, inclusive na área digital para que o mesmo possa ter condições de competir no mercado de trabalho.

Soma-se a essa situação, o paradoxo da Instituição quanto ao sistema informacional que exige tempo de permanência no programa pré estabelecido pelo COPES – Controle Operacional da Perícia Médica, fator que dificulta muito a atuação técnica permeada por especificidades e peculiaridades de cada usuário.

A atuação do assistente social, volta-se para uma ação sócio-educativa, dirigida para mudanças na maneira de ser, de ver e de agir do usuário em relação a sua situação, envolvendo-o no cotidiano da Instituição, ampliando com isto, o seu espaço de participação, dirimindo dúvidas, incertezas, através de esclarecimentos.

Os usuários e a sociedade em geral não têm acesso ou domínio do conhecimento sobre seus direitos previdenciários e a lógica de como estes se estruturam, cuja raiz se encontra nas relações de produção capitalista da sociedade brasileira resultando na exclusão e na desigualdade, no usufruto dos bens e serviços socialmente produzidos (Matriz Teórico-Metodológica da Previdência Social, 1995, p.23).

38 Cf. Matriz Teórico-Metodológica do Serviço Social na Previdência Social – MTM: 1994 p. 22.

3.3. A Prática Profissional do Assistente Social na Reabilitação