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4. RESULTADOS

4.3 Avaliações Biomecânicas

4.3.1 Caracterizações do incremento de temperatura

As variáveis referentes à avaliação do incremento de temperatura com o uso do calçado foram consideradas de interface mecânica e biomecânica e serão apresentadas primeiramente nesta etapa dos resultados.

Os dados referentes à temperatura superficial do pé no teste de corrida estão dispostos na Tabela 10.

Tabela 10 - Média (X ) e desvio padrão (dp) da temperatura inicial (T.i) e temperatura final (T.f) da superfície do pé, a variação de temperatura do pé ( p), o incremento percentual (%)para os modelos de calçado A(n=10), B(n=10) e C (n=10) avaliados.

MODELOS T.i (ºC) T.f (ºC) p (ºC) Incremento Percentual (%) (X ) dp (X ) dp (X ) dp (X ) dp A 29,4 33,7 4,3 14,6 ±1,2 ±1,1 ±0,9 ±1,1 B 29,7 34,7 5,0 16,8 ±1,1 ±1,2 ±1,5 ±1,3 C 29,9 34,9 5,0 16,7 ±0,9 ±1,2 ±0,7 ±1,1

Para todos os modelos foi identificada diferença significativa entre as T.i e T.f

(F(1,29)=658,06, p 0,01), indicando que para os calçados avaliados o incremento de

temperatura registrado na superfície do pé ao final do ensaio foi significativo, conforme ilustra-se na FIGURA 41.

Figura 41 - Temperaturas inicial (T.I) e final (T.F) da superfície do pé para os três modelos de calçados avaliados.

Ao comparar a variação de temperatura ( p) entre os calçados não foi observada diferença. A diferença de temperatura do pé com o uso do modelo A em relação aos modelos B e C foi de 0,7°C (14%).

Visto que não foi apontada diferença estatística entre os modelos de calçado, a média geral de temperatura do pé dos voluntários antes do teste foi de 29,7±1,0ºC e ao final de 34,5±1,2ºC, apontando um incremento da temperatura na superfície do pé de 4,8ºC, com um acréscimo percentual de 16,2%.

A emissão de radiação térmica do sistema pé-calçado também foi investigada. Optou-se por verificar tanto a região frontal quanto à região lateral dos calçados. Os valores foram determinados através do mapeamento termográfico do sistema pé-calçado.

As imagens termográficas do sistema pé-calçado para os três modelos avaliados estão ilustrados nas FIGURAS 42, 43 e 44.

Figura 42 - Imagem termográfica de um voluntário utilizando o modelo A, sendo vista frontal inicial (a), e final (b) e vista lateral inicial (c) e final (d).

(a) (b)

Figura 43 - Imagem termográfica de um voluntário utilizando o modelo B, sendo vista frontal inicial (a), e final (b) e vista lateral inicial (c) e final (d).

Figura 44 - Imagem termográfica de um voluntário utilizando o modelo C, sendo vista frontal inicial (a), e final (b) e vista lateral inicial (c) e final (d).

(d) (b) (a) (c) (d) (b) (a) (c)

A variação de radiação térmica medida através do mapeamento termográfico do sistema pé-calçado antes e depois do teste encontra-se na Tabela 11.

Tabela 11 - Média (X ), desvio padrão (dp) da variação de radiação térmica do sistema pé-calçado ( c) e variação percentual para as regiões frontal e lateral nos modelos de calçado A(n=10), B(n=10) e C (n=10) avaliados.

MODELOS c(°C) Frontal Variação (%) c(°C) Lateral Variação (%) (X) dp (X) dp (X) dp (X) dp A 3,8 17,9 3,5 16,3 ±0,9 ±4,8 ±0,8 ±3,8 B 2,9 13,3 3,4 15,6 ±1,1 ±5,5 ±0,6 ±3,7 C 2,7 12,6 3,0 13,9 ±1,2 ±5,6 ±0,7 ±3,1

Pelos resultados da análise de variância não foi apontada diferença significativa na c entre os modelos analisados e entre as regiões frontal e lateral do calçado. Na comparação entre os valores de radiação térmica inicial e final do teste foi identificada diferença significativa (F(1,119)=772,33, p 0,01), apontando uma

emissão de radiação térmica significativa pelo sistema pé-calçado ao final do teste. A variação de radiação média do sistema pé-calçado foi de 3,3±1,1°C, com um incremento percentual significativo de 15,4%. A c na região frontal foi de 3,1±1,2°C e para a região lateral de 3,3±1,1°C.

Embora não tenha sido observada diferença entre os modelos, buscou-se um maior detalhamento dos dados obtidos através da interação entre os fatores considerados para análise, sendo eles os diferentes modelos, as duas regiões do calçado e os instantes do teste.

Para cada modelo analisado houve diferença entre os valores inicial e final da emissão de radiação (F(1,59)=51,46, p 0,01), sendo que no modelo A observou-se

uma variação de 3,7±1,4°C , no modelo B de 3,1±1,3°C e no modelo C de 2,9±1,5°C. A c para o sistema pé-calçado no modelo A foi 19,3% superior em relação ao modelo B e 27,6% superior em relação ao modelo C.

Ao analisar as regiões termografadas e os instantes de teste para cada modelo de calçado avaliado, foi possível constatar diferenças significativas

(F(1,59)=17,48, p 0,01) entre a radiação emitida pelo sistema pé-calçado ao final do

tese em comparação ao início deste para os três modelos analisados, tanto na região frontal quanto na região lateral, conforme ilustrado na FIGURA 45.

Figura 45 - Ilustração da Temperatura inicial (T.i) e final (T.f) para os três modelos analisados de cabedal na região frontal e na região lateral.

A variação de emissão de radiação térmica na região frontal do modelo A foi 31,0% superior em relação ao modelo B e 40,7% em relação ao modelo C. E na região lateral foi 1,0% superior em relação ao modelo B e 16,6% em relação ao modelo C, cujos valores de c encontram-se expostos na FIGURA 46.

Figura 46 - Ilustração da variação de radiação térmica para os três modelos analisados (A, B e C), para as regiões frontal e lateral do calçado.

Verifica-se pelos dados da FIGURA 46 e pelas imagens termográficas dos calçados, que para os Modelos B e C a emissão de radiação foi mais destacada na região lateral do sistema pé-calçado, enquanto para o Modelo A foi na região frontal.

Ao se fazer a relação entre o incremento de temperatura do pé e a emissão de radiação térmica do sistema pé-calçado constatou-se que em média o calçado de futsal permitiu 68,75% de troca de calor entre o pé e o meio externo através de emissão de radiação térmica.

Para cada modelo em separado os valores de incremento de temperatura do pé e da radiação térmica são apresentados na FIGURA 47.

Figura 47 - Ilustração da comparação da variação de temperatura do pé e da variação de radiação do sistema pé calçado para os modelos avaliados.

Pelos dados observa-se que a troca de calor por radiação, tendo como base no incremento de temperatura do pé foi de: 88,4% (frontal) e 81,4% (lateral) no Modelo A, no Modelo B de 58,0% (frontal) e 68,0% e no Modelo C de 54%(frontal) e de 60% (lateral) em comparação a temperatura interna do pé.

As massas dos pares de meias utilizadas também foram aferidas, afim de investigar o acúmulo de umidade na meia. As medidas foram realizadas antes da corrida e ao final dela e os valores estão dispostos na Tabela 12.

Tabela 12 - Média (X ), desvio padrão (dp) da massa antes e depois do teste, variação da massa ( meia) e incremento percentual (%) para a massa das meias dos modelos de calçado A(n=10), B(n=10) e C (n=10) avaliados.

MODELOS Massa Pré-teste (g) Massa Pós-teste(g) meia (g) Incremento (%) (X) dp (X) Dp (X) Dp (X) Dp A 42,1 47,7 5,6 13,3 ±1,3 ±3,8 ±2,8 ±6,5 B 41,8 47,7 5,9 14,4 ±1,0 ±4,1 ±3,8 ±7,2 C 41,8 46,6 4,8 11,7 ±1,3 ±2,4 ±2,2 ±4,5

A análise dos resultados não apontou diferenças significativas para variação de massa das meias entre os modelos. Verificou-se apenas diferença significativa entre a massa da meia antes do teste (41,9±1,2g) e após o teste (47,3±3,5g) indicando um incremento de 12,8% (5,4±2,6g) de massa.