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5 Resultados e Discuss˜ ao

5.3 Caracteriza¸ c˜ ao do licor de pr´ e-tratamento hidrot´ ermico

O licor resultante dos ensaios de pr´e-tratamentos realizados na planta-piloto foi sub- metido `a an´alise composicional (Tabela 5.3). Verifica-se que a maior parte dos carboidratos solubilizados ´e constitu´ıda de xilose, e, em menores propor¸c˜oes, glicose e arabinose. O que confirma o alto grau de solubiliza¸c˜ao das hemiceluloses (compostas de arabinoxilanas e gli- coxilanas) durante o pr´e-tratamento.

Tabela 5.3: Composi¸c˜ao do licor de pr´e-tratamento hidrot´ermico concentrado (valores totais de monˆomeros e oligˆomeros para os a¸c´ucares).

A¸c´ucares Concentra¸c˜ao Teor de oligˆomeros Produtos de degrada¸c˜ao Concentra¸c˜ao + ´acido ac´etico

(g·L−1) % (g·L−1)

Xilose 49,00 77,2 Furfural 0,24

Glicose 7,78 89,3 HMF 0,03

Arabinose 3,59 76,3 Acido f´´ ormico 0,65

A¸c´ucares totais (C5+C6) 60,37 78.7 Acido ac´´ etico 1,24

Com rela¸c˜ao `a propor¸c˜ao entre oligˆomeros e monˆomeros presentes no licor, parˆametro importante para a verifica¸c˜ao da efetividade da hidr´olise ´acida, verifica-se que cerca de 80% dos a¸c´ucares (glicose, xilose e arabinose) presentes em solu¸c˜ao est˜ao na forma oligom´erica.

5.4

Estudo da p´os-hidr´olise ´acida do licor

Os sete ensaios de hidr´olise com ´acidos dilu´ıdos foram realizados para trˆes ´acidos (sul- f´urico, maleico e ox´alico ) nas condi¸c˜oes da Tabela 4.1, que mostra a matriz do planejamento fatorial 22 com triplicata no ponto central. Os resultados fornecidos pelos ensaios com ´acido sulf´urico serviram como base de compara¸c˜ao para as p´os-hidr´olises ´acidas feitas com ´acidos orgˆanicos dicarbox´ılicos (maleico e ox´alico). A hip´otese era de que os ´acidos dicarbox´ılicos apresentavam maior seletividade quando comparado ao ´acido sulf´urico.

5.4.1 Determina¸c˜ao do pH das amostras

Uma vez que o pH das amostras n˜ao apresentou altera¸c˜oes relevantes ao longo da p´os- hidr´olise ´acida, os resultados de medidas de pH foram apresentados como pH final ap´os a

adi¸c˜ao do ´acido. O ´acido sulf´urico, ´acido de Bronsted mais forte que o maleico e o ox´alico, apresentou medidas de pH mais baixas. O abaixamento do pH proporcionado pela adi¸c˜ao dos ´

acidos culmina na hidr´olise dos XOS, precipita¸c˜ao da lignina e degrada¸c˜ao dos monˆomeros em inibidores de fermenta¸c˜ao alco´olica. Os trˆes processos ocorrem com taxas proporcionais `

a concentra¸c˜ao de ´acido e temperatura. A Tabela 5.4 mostra o resultado das medidas do pH final das amostras para o estudo com ´acido sulf´urico, maleico e ox´alico.

Tabela 5.4: Medida de pH final das amostras ap´os os ensaios de estudos cin´eticos com ´acidos sulf´urico, ox´alico e maleico dilu´ıdos. O valor dos desvios foi calculado com base na triplicata do ponto central do planejamento fatorial 22. O valor do pH inicial do licor ´e de 3,60 ± 0,05.

Condi¸c˜ao pHacido sulf´urico pH´acido maleico pH´acido ox´alico 120°C e 0,5 % 1,21 ± 0,01 2,22 ± 0,05 1,30 ± 0,02 120°C e 2,0 % 0,59 ± 0,01 1,41 ±0,05 2,03 ±0,02 150°C e 0,5 % 1,24 ± 0,01 2,10 ± 0,05 1,59 ± 0,02 150°C e 2,0 % 0,64 ± 0,01 1,42 ± 0,05 1,32 ±0,02 135°C e 1,25 % 0,84 ± 0,01 1,68 ± 0,05 2,05 ± 0,02

5.4.2 P´os-hidr´olise com ´acido sulf´urico

Os perfis de concentra¸c˜ao de xilose e furfural para os sete ensaios do planejamento fatorial 22 com o ´acido sulf´urico s˜ao mostrados na Figura 5.1. Com rela¸c˜ao `a produ¸c˜ao de xilose monom´erica (Figura 5.1(a)), verifica-se a tendˆencia de forma¸c˜ao de um patamar pr´oximo `a concentra¸c˜ao m´axima de xilose poss´ıvel de ser obtida (monˆomeros e oligˆomeros), 49 g·L−1. O patamar — formado rapidamente entre 15 e 20 minutos de rea¸c˜ao (exceto para a condi¸c˜ao mais branda, 120 °C e 0,5% m/m) — indica a deple¸c˜ao de XOS pass´ıveis de serem hidrolisados e mostra que tal hidr´olise ´e em geral de cin´etica r´apida.

A Figura 5.1(c) indica que a arabinose monom´erica formada oscilou entre 2 e 3 g.L-1 e que seu padr˜ao de hidr´olise n˜ao foi semelhante ao da xilose/´acido ac´etico. J´a a Figura 5.1(d) mostra que o processo de hidr´olise de XOS ´e acompanhado da libera¸c˜ao de ´acido ac´etico, como tamb´em constatado por AGUILAR e colaboradores em um estudo cin´etico da hidr´olise ´

acida do baga¸co da cana-de-a¸c´ucar (AGUILAR et al., 2002).

A condi¸c˜ao mais severa do planejamento, 150°C e 2,0% (m/m), n˜ao teve forma¸c˜ao de patamar devido `a r´apida degrada¸c˜ao da xilose e arabinose (5.1(c)) em furfural, cuja forma¸c˜ao na Figura 5.1(b) ´e mostrada claramente. Concentra¸c˜oes de at´e 10 g·L−1 de furfural nessas

Figura 5.1: Perfis de (a) xilose, (b) furfural, (c) arabinose e (d) ´acido ac´etico em fun¸c˜ao do tempo de p´os-hidr´olise para as seguintes condi¸c˜oes do planejamento fatorial 22 com ´acido sulf´urico: () 120°C e 0,5%; () 120°C e 2,0%; (N) 150°C e 0,5%; (N) 150°C e 2,0% e () 135 °C e 1,25%. O desvio padr˜ao dos experimentos foi calculado em fun¸c˜ao da triplicata no ponto central do planejamento (135◦C e 1,25% m/m).

condi¸c˜oes s˜ao alcan¸cadas. Considerando as p´os-hidr´olises que ocorreram `a 120 °C, pela Fi- gura 5.1(a), verifica-se que o patamar de xilose foi alcan¸cado rapidamente com a condi¸c˜ao de maior concentra¸c˜ao de ´acido (2% m/m), o que n˜ao ocorre com a outra condi¸c˜ao, cujo patamar ´e alcan¸cado ao final da dura¸c˜ao do experimento.

As convers˜oes de xilose s˜ao apresentados na Tabela 5.5. Os valores se mostraram altos, acima de 90%, devido `a facilidade de hidr´olise dos XOS pelo ´acido sulf´urico, um ´acido de Arrhenius forte. As condi¸c˜oes mais brandas de temperatura apresentaram convers˜oes um pouco maiores que as condi¸c˜oes mais severas, embora tenham exigido tempos reacionais mais longos. Isso decorre do fato de que a cin´etica de degrada¸c˜ao ´e mais r´apida conforme o aumento de temperatura. Em termos de processo, condi¸c˜oes mais severas de temperatura exigiriam um controle mais rigoroso do tempo reacional, pois uma vez atingido o tempo ´otimo, ocorre r´apida degrada¸c˜ao de xilose monom´erica a furfural (Figura 5.1(b)).

Tabela 5.5: M´aximos de convers˜ao de xilose e gera¸c˜ao de furfural obtidos do planejamento fatorial com ´acido sulf´urico. FSC corresponde ao fator de severidade combinado. O desvio padr˜ao foi calculado com base na triplicata do ponto central (135◦C e 1,25% m/m).

Condi¸c˜ao M´aximo de xilose Furfural FSC Convers˜ao de

(◦C, % m/m e min) (g·L−1) (g·L−1) xilose (%) 120, 0,5 e 70 46,2 ± 2,0 0,7 ± 0,15 1,28 ± 0,15 94,2 ± 0,02 120, 2,0 e 20 47,7 ± 2,0 0,8 ± 0,15 1,30 ± 0,15 97,3 ± 0,02 135, 1,25 e 20 46,8 ± 2,0 1,6 ± 0,15 1,36 ± 0,15 95,5± 0,02 150, 0,5 e 15 44,7 ± 2,0 1,1 ± 0,15 1,41 ± 0,15 91,2 ± 0,02 150, 2,0 e 15 45,0 ± 2,0 4,0 ± 0,15 2,01 ± 0,15 91,8 ± 0,02

5.4.3 P´os-hidr´olise com ´acido maleico

Os perfis de concentra¸c˜ao de xilose e furfural para os sete ensaios do planejamento fatorial 22 com o ´acido maleico s˜ao mostrados na Figura 5.2. Tamb´em verifica-se a tendˆencia de forma¸c˜ao de patamares de m´aximo de xilose produzida, contudo, devido `a cin´etica mais lenta de hidr´olise, os patamares s˜ao alcan¸cados com longos tempos reacionais (com exce¸c˜ao da condi¸c˜ao mais severa do planejamento, 150°C e 2,0% m/m).

A Figura 5.2(b) mostra que os perfis de furfural apresentaram concentra¸c˜oes bem infe- riores quando comparados aos da Figura 5.2(b). Da mesma forma que a faixa de arabinose monom´erica formada na Figura 5.2(c) foi mais estreita que na Figura 5.2(c). Os perfis de ´

acido ac´etico (Figura 5.2(d)) indicam que houve libera¸c˜ao completa de ´acido ac´etico para as condi¸c˜oes de 150°C e 2,0% m/m e 135°C e 1,25% m/m, embora a ´ultima n˜ao tenha alcan¸cado o patamar de xilose, portanto, a hidr´olise dos grupos acetila deve seguir uma cin´etica mais r´apida que a hidr´olise de XOS.

O ´acido maleico mostrou-se mais seletivo que o ´acido sulf´urico, uma vez que hidrolisou XOS com menor degrada¸c˜ao de xilose monom´erica. Consideremos as condi¸c˜oes mais seve- ras de temperatura e concentra¸c˜ao de ´acido (150°C e 2,0% m/m), com o ´acido maleico, a localiza¸c˜ao do patamar de concentra¸c˜ao de xilose ´e evidente, embora haja um leve grau de degrada¸c˜ao dada a inclina¸c˜ao negativa da curva; com o ´acido sulf´urico, esse patamar j´a n˜ao ocorre, havendo apenas a localiza¸c˜ao do m´aximo de xilose produzida seguida de sua curva de decaimento.

Figura 5.2: Perfis de (a) xilose, (b) furfural, (c) arabinose e (d) ´acido ac´etico em fun¸c˜ao do tempo de hidr´olise para as seguintes condi¸c˜oes do planejamento fatorial 22com ´acido maleico: () 120 °C e 0,5%; () 120 °C e 2,0%; (N) 150 °C e 0,5%; (N) 150 °C e 2,0% e () 135°C e 1,25%. O desvio padr˜ao dos experimentos foi calculado em fun¸c˜ao da triplicata no ponto central do planejamento (135◦C e 1,25% m/m).

vezes mais hemiceluloses da palha de milho do que o ´acido maleico. Ainda de acordo com LU e MOSIER (2007), a energia de ativa¸c˜ao (Ea) para a degrada¸c˜ao da xilose a furfural pelo ´

acido maleico ´e 2,8 vezes maior que a Ea para a mesma rea¸c˜ao pelo ´acido sulf´urico. Eles levantaram a hip´otese de que o ´acido maleico estabiliza a xilose durante a hidr´olise dos XOS, desse modo, mimetizando o papel do s´ıtio ativo das enzimas hemicelulases na natureza.

As convers˜oes da p´os-hidr´olise da xilose foram tamb´em resumidas na Tabela 5.6 abaixo. Os valores foram em geral mais baixos que os respectivos valores para a p´os-hidr´olise com ´

acido sulf´urico no intervalo de dura¸c˜ao do experimento. Contudo, para a condi¸c˜ao mais severa (150°C e 2,0%), cujo m´aximo de xilose foi alcan¸cado durante o experimento, verifica-se que a convers˜ao foi quase quantitativa (99,8%), o que mostra a maior seletividade desse ´acido em rela¸c˜ao ao ´acido sulf´urico, apesar de ser necess´ario usar as condi¸c˜oes mais dr´asticas de temperatura e concentra¸c˜ao de ´acido.

Com rela¸c˜ao `a degrada¸c˜ao t´ermica do ´acido maleico reportada por KIM et al. (2013), as an´alises de CLAE reportaram que n˜ao houve degrada¸c˜ao consider´avel ao longo das p´os- hidr´olises realizadas neste trabalho. De fato, KIM et al. (2013) realizaram p´os-hidr´olises com longos tempos reacionais (at´e 30 h), o que causou a degrada¸c˜ao do ´acido maleico para seus subprodutos (´acido m´alico e fum´arico).

Tabela 5.6: M´aximos de convers˜ao de xilose e gera¸c˜ao de furfural obtidos do planejamento fatorial com ´acido maleico. FSC corresponde ao fator de severidade combinado. O desvio padr˜ao foi calculado com base na triplicata do ponto central (135◦C e 1,25% m/m).

Condi¸c˜ao M´aximo de xilose Furfural FSC Convers˜ao de

(◦C, % m/m e min) (g·L−1) (g·L−1) xilose (%) 120, 0,5 e 104 20,4 ± 1,4 0,3 ± 0,03 0,39 ± 0,02 41,2 ± 0,02 120, 2,0 e 95 44,0 ± 1,4 0,6 ± 0,03 1,16 ± 0,02 89,8 ± 0,02 135, 1,25 e 95 47,4 ± 1,4 1,5 ± 0,03 1,38 ± 0,02 97,6± 0,02 150, 0,5 e 50 42,2 ± 1,4 1,8 ± 0,03 1,06 ± 0,02 86,1 ± 0,02 150, 2,0 e 20 48,9 ± 1,4 1,4 ± 0,03 1,53 ± 0,02 99,8 ± 0,02

5.4.4 P´os-hidr´olise com ´acido ox´alico

Os perfis de concentra¸c˜ao de xilose e furfural para os sete ensaios do planejamento fatorial 22 com o ´acido ox´alico s˜ao mostrados na Figura 5.4. Analogamente, verifica-se a tendˆencia de forma¸c˜ao de patamares (condi¸c˜oes 150°C e 2,0%; 150% e 0,5% e 135°C e 1,25% m/m) de m´aximo de xilose produzida. Os perfis de furfural, arabinose e ´acido ac´etico (Fi- guras 5.4(b) a (d)) s˜ao semelhantes aos produzidos pela p´os-hidr´olise com ´acido maleico, portanto as mesmas considera¸c˜oes feitas para a p´os-hidr´olise com ´acido maleico s˜ao v´alidas o ´acido ox´alico tamb´em. . Deveras, ambos s˜ao ´acidos dicarbox´ılicos e diferem apenas pelo tamanho da cadeia de carbonos e grau de insatura¸c˜ao. A Tabela 5.7 resume as convers˜oes de xilose da p´os-hidr´olise.

O ´acido ox´alico ´e um ´acido de Arrhenius mais forte que o ´acido maleico (pKa1´acido ox´alico = 1,2 e pKa1´acido maleixo = 1,9), e apesar disso o ´acido maleico apresentou convers˜oes su- periores aos obtidos pela p´os-hidr´olise com ´acido ox´alico. Uma poss´ıvel explica¸c˜ao ´e que no ´

acido maleico a configura¸c˜ao dos dois grupos carboxila est´a r´ıgida devido `a dupla liga¸c˜ao,tal rigidez pode conferir uma maior semelhan¸ca estrutural com o s´ıtio ativo das enzimas hemice- lulases, enquanto que no ´acido ox´alico as carboxilas tˆem livre conforma¸c˜ao (Figura 3.13). Um

Tabela 5.7: M´aximos de convers˜ao de xilose e gera¸c˜ao de furfural obtidos do planejamento fatorial com ´acido ox´alico. FSC corresponde ao fator de severidade combinado. O desvio padr˜ao foi calculado com base na triplicata do ponto central (135◦C e 1,25% m/m).

Condi¸c˜ao M´aximo de xilose Furfural FSC Convers˜ao de

(◦C, % m/m e min) (g·L−1) (g·L−1) xilose (%) 120, 0,5 e 93 27,7 ± 0,9 0,3 ± 0,05 0,35 ± 0,05 53,5 ± 1,80 120, 2,0 e 93 43,5 ± 0,9 0,8 ± 0,05 1,15 ± 0,05 88,8 ± 1,80 135, 1,25 e 65 45,8 ± 0,9 1,2 ± 0,05 1,06 ± 0,05 93,5± 1,80 150, 0,5 e 40 29,9 ± 0,9 1,1 ± 0,05 1,16 ± 0,05 61,0 ± 1,80 150, 2,0 e 32 43,6 ± 0,9 2,0 ± 0,05 1,65 ± 0,05 89,0 ± 1,80

Figura 5.3: Perfis de (a) xilose e (b) furfural em fun¸c˜ao do tempo de hidr´olise para as seguintes condi¸c˜oes do planejamento fatorial 22 com ´acido ox´alico: (

) 120 °C e 0,5%; () 120°C e 2,0%; (N) 150°C e 0,5%; (N) 150°C e 2,0% e () 135°C e 1,25%. O desvio padr˜ao dos experimentos foi calculado em fun¸c˜ao da triplicata no ponto central do planejamento (135◦C e 1,25% m/m).

estudo mais aprofundado de espectrometria de massas seria necess´ario para a confirma¸c˜ao desta hip´otese.

5.5

An´alise do planejamento fatorial

A an´alise do planejamento fatorial 22 completo com triplicata no ponto central tendo temperatura e concentra¸c˜ao m´assica de ´acido sulf´urico como fatores acabou por demonstrar

que era necess´aria a inser¸c˜ao de um outro fator para melhor compreens˜ao da p´os-hidr´olise: o tempo reacional. Para o novo planejamento, a codifica¸c˜ao do fator temperatura (X1) ´e 120°C, 135°C e 150°C para os n´ıveis -1, 0 e 1. Para o fator concentra¸c˜ao m´assica de ´acido (X2) ´e 0,5%, 1,25% e 2,0% (m/m) para os n´ıveis -1, 0 e 1. E para o fator tempo reacional (X3) ´e 20, 40 e 60 min para os n´ıveis -1, 0 e 1. Somente o estudo com o ´acido sulf´urico gerou efeitos significativos. A Tabela 5.8 mostra a matriz para o novo planejamento fatorial 23 com triplicata no ponto central que foi utilizado.

Tabela 5.8: Matriz de planejamento para o planejamento fatorial completo 23 com triplicata no ponto central para o estudo da p´os-hidr´olise com ´acido sulf´urico.

Ensaios Fator X1 Fator X2 Fator X3 Resposta Temperatura Concentra¸c˜ao Tempo Convers˜ao de

(°C) (% m/m) (min) xilose (%) 1 120 (-1) 0,5 (-1) 20 (-1) 55,2 2 150 (1) 0,5 (-1) 20 (-1) 89,1 3 120 (-1) 2,0 (1) 20 (-1) 95,1 4 150 (1) 2,0 (1) 20 (-1) 79,3 5 120 (-1) 0,5 (-1) 60 (1) 88,4 6 150 (1) 0,5 (-1) 60 (1) 86,0 7 120 (-1) 2,0 (1) 60 (1) 95,3 8 150 (1) 2,0 (1) 60 (1) 45,8 9 120 (0) 0,5 (0) 40 (0) 89,7 10 120 (0) 0,5 (0) 40 (0) 91,1 11 120 (0) 0,5 (0) 40 (0) 92,5

A Tabela 5.9 mostra resultado da estimativa dos efeitos, seus “p” valores e coeficientes do modelo. O fato de o efeito m´edio ser alto (82,51) e significativo indica que a p´os-hidr´olise com o ´acido sulf´urico promove um grande aumento da convers˜ao de XOS em xilose monom´erica. Os “p” valores mostraram que os fatores individuais temperatura, concentra¸c˜ao de ´acido e tempo n˜ao s˜ao significativos. As intera¸c˜oes dois a dois, por outro lado, s˜ao todas significativas e afetam negativamente a convers˜ao de xilose. Podemos concluir que n˜ao se pode analisar os efeitos de maneira individual, uma vez que essas vari´aveis interagem sinergicamente.

Se quisermos aumentar a convers˜ao, ´e preciso sempre que os pares temperatura-concentra¸c˜ao, temperatura-tempo e concentra¸c˜ao-tempo estejam com sinais opostos, ou seja, tenhamos pa- res com altos valores de um e baixos valores de outros. Para o par temperatura-concentra¸c˜ao, j´a verificamos que baixas temperaturas com altas concentra¸c˜oes de ´acido d˜ao altas convers˜oes de xilose. Para o par temperatura-tempo, baixas temperaturas e altos tempos de rea¸c˜ao favo-

recem a convers˜ao, contudo, em termos de processo, precisamos de baixos tempos reacionais, nesse caso haver´a uma pequena perda de rendimento se utilizarmos alta concentra¸c˜ao de ´acido (Ensaio 3 da Tabela 5.8, 120°C, 2,0%, 20 min e 95% de convers˜ao). Esse ´ultimo exemplo foi suficiente para mostrar que o par concentra¸c˜ao-tempo precisa ter alta concentra¸c˜ao de ´acido com baixos tempos reacionais para aumentar a convers˜ao.

Tabela 5.9: Efeitos calculados para o planejamento fatorial com seus respectivos erros padr˜ao, “t” de Student, “p” valores e coeficientes do modelo. Em vermelho os valores significativos (p < 0,05). A m´edia quadr´atica dos res´ıduos foi utilizada para o c´alculo dos erros padr˜oes de cada efeito. O valor de R2 para o modelo ´e 0,89.

Efeito Erro padr˜ao t(4) p-valor Coeficientes Erro padr˜ao

M´edia 82,51 2,65 31,17 0,00 82,51 2,65

Temperatura (X1) -8,44 6,21 -1,36 0,25 -4,22 3,10

Concentra¸c˜ao (X2) -0,81 6,21 -0,13 0,90 -0,41 3,10

Tempo (X3) -0,85 6,21 -0,14 0,90 -0,42 3,10

Intera¸c˜ao Temper.-Conc. -24,20 6,21 -3,90 0,02 -12,10 3,10 Intera¸c˜ao Temper.- Tempo -17,49 6,21 -2,82 0,05 -8,75 3,10 Intera¸c˜ao Conc.-Tempo -15,85 6,21 -2,55 0,05 -7,92 3,10

SILVA-FERNANDES et al. (2015) realizaram um planejamento fatorial 22 na p´os- hidr´olise de licores de pr´e-tratamento hidrot´ermico de diversas biomassas (madeira de eu- callipto, palha de trigo e res´ıduos de oliveira) e mostraram que os fatores temperatura e concentra¸c˜ao de ´acido foram significativos apenas para a p´os-hidr´olise do licor da palha de trigo. Entretanto, para as trˆes biomassas, a intera¸c˜ao temperatura e tempo foi considera- velmente negativa e significativa, tal como a ocorrida para o planejamento deste trabalho (Tabela 5.10).

Tabela 5.10: Valores reportados dos coeficientes de regress˜ao para o modelo de aumento de concentra¸c˜ao total de a¸c´ucares na p´os-hidr´olise de licores de pr´e-tratamento hidrot´ermico de trˆes biomassas — madeira de eucalipto, palha de trigo e res´ıduos de oliveira. Em vermelho os valores significativos (p < 0,05). Condi¸c˜oes 121°C, 1-4% (m/m) de ´acido sulf´urico, 1-60 min (SILVA-FERNANDES et al., 2015).

Madeira de eucalipto Palha de trigo Res´ıduos de oliveira M´edia (β0) 20,86 ± 0,19 (0,00) 37,41 ± 0,45 (0,00) 36,76 ± 0,48 (0,00) Temperatura (β1) -0,21 ± 0,21 (0,35) 1,41 ± 0,51 (0,03) 0,74 ± 0,45 (0,21) Conc. m´assica (β2) 0,43 ± 0,21 (0,09) 1,89 ± 0,51 (0,01) 0,95 ± 0,53 (0,12) Intera¸c˜ao Temp.-Conc. (β12) -0,93 ± 0,21 (0,00) -2,71 ± 0,51 (0,00) -1,84 ± 0,53 (0,01)

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