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2. Considerações sobre a formação de professores para a diversidade

5.3 Caracterizando a formação de professores no Brasil

Até pouco mais de uma década a formação inicial de professores da educação infantil e dos anos iniciais do ensino fundamental no Brasil ocorria em nível de ensino médio. Essa realidade só foi modificada com a LDB 9.394/96 que instituiu a preferência por uma formação em nível superior, apesar do curso de Pedagogia já existir a muitos anos.

O curso de Pedagogia nasceu em 1939 por meio de Decreto-Lei que regulamentou o seu funcionamento e a sua estrutura. Esse decreto determinava que a formação do professor para atuar no ensino primário (hoje os anos iniciais do ensino fundamental – do 1º ao 5º ano) deveria ser realizada nos Cursos Normais (em nível médio) e a formação do professor para atuar no ensino secundário (hoje, ensino médio) ocorreria após três anos de Bacharelado com um ano de Didática, no ensino superior. O bacharel em Pedagogia era reconhecido como “técnico em educação” (Oliveira, 2006).

Durante a ditadura militar houve uma reformulação da educação gerando novas diretrizes para a educação brasileira. A Lei 5.540/68 reformulou o ensino superior e a 5.692/71, os ensinos de 1º e 2º graus (hoje, ensinos fundamental e médio). A Lei 5.540/68, também conhecida como reforma universitária, estabeleceu um processo de racionalização de recursos e centrou-se na formação de técnicos e especialistas que correspondiam aos interesses do mercado de trabalho da época. No curso de Pedagogia houve um fracionamento do curso pelo conceito de cursos semestrais, sistema de créditos e o estabelecimento das habilitações.

A Lei 5.692/71 fixou as diretrizes e bases para o ensino de 1º e 2º graus, fundindo o ensino primário com o ginasial no 1º grau e estendendo a sua obrigatoriedade para oito anos147. O 2º grau passou a ter um caráter de profissionalização, podendo ser o término dos estudos ou requisito para sua continuidade. Para a formação de professores esta lei estabeleceu que para atuar no ensino de 1ª à 4ª série seria necessária a habilitação específica de 2º grau (ou

147 A partir da Lei 10.172/2001 – que instituiu o Plano Nacional de Educação – o Ensino Fundamental

de nove anos passou a ser uma prioridade na educação brasileira, intensificando o processo de ampliação do atendimento à educação, já que a educação infantil ainda não é obrigatória, não tendo, portanto, uma garantia legal da sua oferta para todas as crianças. Antes da LDB 9.394/96 o ginásio correspondia ao ensino de 5ª a 8ª série.

seja, o magistério no ensino médio); para atuar no ensino de 1º grau, da 1ª à 8ª série, habilitação específica em grau superior, com licenciatura de 1º grau obtida em curso de curta duração; e para atuar em todo o ensino de 1º e 2º graus, habilitação específica obtida em curso superior com licenciatura plena.

Com a promulgação da Constituição Federal do Brasil, em 1988, uma série de medidas políticas foi tomada com relação à formação de professores como a LDB 9.394/96; a criação do FUNDEF148; as Diretrizes Curriculares para o Ensino Médio e para o Ensino Superior; o Exame Nacional dos Cursos (Provão) e do Ensino Médio (ENEM); as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica; as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia, entre outros.

Partindo desta breve contextualização histórica é possível perceber que na década de 1990, até meados dos anos 2000, período delimitado para estudo neste trabalho, a formação de professores passou por um processo de intensas mudanças tanto de qualidade como de oferta. Dessa forma, tentando demonstrar essas mudanças abordarei separadamente a formação inicial e a formação continuada de professores no Brasil.

Formação Inicial

Retomando um pouco as determinações legais do final dos anos 1960 e início dos anos 1970, que perduraram até 1996, para o professor atuar nas primeiras séries do ensino fundamental (foco desta pesquisa), precisava ter cursado o magistério normal em nível médio (exigência mínima para exercer a função docente) ou no ensino superior – no curso de Pedagogia – cursar a habilitação específica que lhe concedia o direito de exercer o trabalho docente nesta área. Apesar dessas duas possibilidades, a formação do professor das séries iniciais do ensino fundamental era prioritária e abundante em nível de ensino médio.

No entanto, a nova LDB 9.394/96 propôs algumas mudanças à formação inicial de professores no Brasil sugerindo uma formação preferencialmente em

148 FUNDEF – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e Valorização do

nível superior, ampliando a formação dos professores com apenas o magistério de ensino médio. Para mim, essa mudança representa uma melhoria na qualidade da formação dos professores, pois amplia o tempo de formação e permite um aprimoramento para o exercício da profissão. No entanto, a palavra “preferencialmente” ainda não garante que todos os professores que estão atuando nos anos iniciais do ensino fundamental tenham uma formação mais sólida em nível superior.

Assim, no Título VI que estabelece as diretrizes para a formação dos profissionais da educação, a LDB 9.394/96 estabelece que:

Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far- se-á em nível superior, em cursos de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal (BRASIL, 1996, p. 22).

Esta Lei cria um novo local para a formação de professores, os Institutos Superiores de Educação, colocados no mesmo nível das universidades gerando muitas críticas no meio acadêmico. Além disso, a Lei cria o Curso Normal Superior para a formação de docentes de educação infantil e primeiras séries do ensino fundamental.

Art. 63º. Os institutos superiores de educação manterão:

I - cursos formadores de profissionais para a educação básica, inclusive o curso normal superior, destinado à formação de docentes para a educação infantil e para as primeiras séries do ensino fundamental;

II - programas de formação pedagógica para portadores de diplomas de educação superior que queiram se dedicar à educação básica; III - programas de educação continuada para os profissionais de educação dos diversos níveis (BRASIL, 1996, p. 23).

A formação inicial de professores em nível médio foi regulamentada pela Resolução nº 2/99 da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, de abril de 1999, que instituiu as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Docentes da Educação Infantil e dos anos iniciais do Ensino Fundamental, em nível médio, na modalidade Normal.

De acordo com essa Resolução, a proposta pedagógica de cada escola deve assegurar a constituição de valores, conhecimentos e competências gerais e específicas necessárias ao exercício da atividade docente e o compromisso com a qualidade da educação escolar para crianças, jovens e adultos. Para tanto, o curso normal em nível médio deve estar organizado em áreas ou núcleos curriculares, ou seja, um conjunto de conhecimentos, valores e competências para assegurar a formação básica, geral e comum, a compreensão da gestão pedagógica no âmbito da educação escolar contextualizada e a produção de conhecimentos a partir da reflexão sistemática sobre a prática. Sua duração será de no mínimo 3.200 horas, distribuídas em 4 anos letivos, admitindo-se a possibilidade de cumprir a carga horária em 3 anos numa jornada diária de tempo integral, e o aproveitamento de estudos realizados no ensino médio para cumprimento da carga horária mínima (Conselho Nacional de Educação, 1999b).

As escolas podem oferecer, de acordo com sua proposta pedagógica, preparação docente para as seguintes áreas de atuação, conjugadas ou não: educação infantil; educação nos anos iniciais do ensino fundamental; educação nas comunidades indígenas; educação de jovens e adultos; e educação de portadores de necessidades educativas especiais149.

Com relação à regulamentação dos cursos de formação inicial em nível superior, o Conselho Nacional de Educação deliberou a Resolução nº 1/02, do Conselho Pleno, de 2002, que instituiu Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, curso de licenciatura, de graduação plena. Essas diretrizes são destinadas à formação de professores da Educação Infantil, do Ensino Fundamental e do Ensino Médio, que formam a modalidade da Educação Básica.

Essas diretrizes formam um conjunto de princípios, fundamentos e procedimentos norteadores da organização institucional e curricular de cada estabelecimento de ensino. Dessa forma, a partir dessas diretrizes, a organização curricular das instituições de formação de professores em nível superior deverá propiciar:

149 Essa Resolução ainda será analisada no Capítulo 7 deste trabalho porque apresenta uma

Art 2º [...]

I – o ensino visando à aprendizagem do aluno; II – o acolhimento e o trato da diversidade;

III – o exercício de atividades de enriquecimento cultural; IV – o aprimoramento em práticas investigativas;

V – a elaboração e a execução de projetos de desenvolvimento dos conteúdos curriculares;

VI – o uso de tecnologias da informação e da comunicação e de metodologias, estratégias e materiais de apoio inovadores;

VII – o desenvolvimento de hábitos de colaboração e de trabalho em equipe (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2002b, p. 1).

Os princípios norteadores dessa formação são definidos na resolução como: a) competência como concepção nuclear na orientação do curso; b) coerência entre teoria e prática; c) a pesquisa como foco no processo de ensino e aprendizagem. O princípio metodológico para aprendizagem é a ação-reflexão-ação embasada na resolução de situações-problemas como estratégia didática privilegiada.

A prática em estágios de observação e ação direta deverá ser iniciada na segunda metade do curso e avaliada pela escola formadora e, também, pela escola campo de estágio. Dessa forma, na Resolução 2/02 do Conselho Pleno, fica estabelecida a duração e a carga horária dos cursos de licenciatura de formação de professores da Educação Básica da seguinte forma:

Art. 1º A carga horária dos cursos de Formação de Professores da Educação Básica, em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, será efetivada mediante a integralização de, no mínimo, 2.800 (duas mil e oitocentas) horas, nas quais a articulação teoria-prática garanta, nos termos dos seus projetos pedagógicos, as seguintes dimensões dos componentes comuns:

I – 400 (quatrocentas) horas de prática como componente curricular, vivenciadas ao longo do curso;

II – 400 (quatrocentas) horas de estágio curricular supervisionado a partir do início da segunda metade do curso;

III – 1.800 (mil e oitocentas) horas de aulas para os conteúdos curriculares de natureza científico-cultural;

IV – 200 (duzentas) horas para outras formas de atividades acadêmico-científico-culturais.

Parágrafo único. Os alunos que exerçam atividade docente regular na educação básica poderão ter redução da carga horária do estágio curricular supervisionado até o máximo de 200 (duzentas) horas (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2002c, p.1).

A continuidade da legislação sobre a formação inicial de professores pode ser encontrada no Parecer 5/2005 do Conselho Nacional de Educação, por meio de seu

Conselho Pleno, que estabeleceu, em 2005, as Diretrizes Curriculares Nacionais para o Curso de Pedagogia150. Assim, no curso de Pedagogia serão formados

professores para atuarem, em especial na Educação Infantil e anos iniciais do Ensino Fundamental, assim como em cursos de Educação Profissional para o Magistério e para o exercício de atividades que exijam formação pedagógica e estudo de política e gestão educacional.

Segundo estas diretrizes a formação de professores para os anos iniciais do Ensino Fundamental teria início na graduação, no curso de Pedagogia, com a articulação de conhecimentos do campo educacional com práticas profissionais e de pesquisa e, após o início da profissão, seria imprescindível a formação continuada. Isso demonstra que a profissão docente exige, como todas as profissões, uma constante e contínua formação.

Essas Diretrizes definem como estrutura do curso de Pedagogia, respeitadas a diversidade nacional e a autonomia pedagógica das instituições: a) um núcleo de estudos básicos; b) um núcleo de aprofundamento e diversificação de estudos; c) um núcleo de estudos integrados; contabilizando 3.200 horas de efetivo trabalho acadêmico, sendo 2.800 horas de atividades formativas (aulas, seminários, participação em pesquisas, estudos, entre outros), 300 horas de Estágio Supervisionado e 100 horas de atividades teórico-práticas.

Essas diretrizes possibilitam, ainda, que o Curso Normal Superior, também regido por elas, modifique sua proposta pedagógica podendo até se transformar em curso de Pedagogia.

Uma inovação nos cursos de Pedagogia é a extinção das habilitações. Segundo o artigo 10, “as habilitações em cursos de Pedagogia atualmente existentes entrarão em regime de extinção, a partir do período letivo seguinte à publicação desta Resolução” (CONSELHO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 2005, p. 23).

Essas deliberações legais demonstram as grandes modificações que os cursos de formação inicial de professores vêm sofrendo no país após a LDB 9.394/96, num processo a longo prazo de transformações e adaptações.

150 Essas Diretrizes Curriculares serão analisadas no capítulo 7 desta Tese, pois trazem uma

preocupação explícita com a formação de professores para lidar com a multiculturalidade presente nas escolas brasileiras.

Formação Continuada

A formação continuada de professores no Brasil é ampla e, por isso, várias ações são enquadradas nesta categoria de formação. Não há no país uma política específica para a formação continuada como há na formação inicial, nem um órgão regulador específico para validar ou certificar as ações realizadas; ao contrário, há autonomia tanto das instituições de ensino, dos sistemas estaduais, municipais e federal de educação e até mesmo de outras organizações (como ONGs, fundações, empresas e consultorias privadas) em propor, desenvolver e certificar as ações propostas, pois não há a necessidade de credenciamento ou reconhecimento de nenhum órgão fiscalizador.

Assim, devido a essa autonomia, há na formação continuada de professores inúmeras situações que se enquadram nesta categoria de formação, indo desde cursos estruturados e formalizados após a graduação, como especializações, até cursos e atividades que são realizados após o início da carreira docente compreendendo qualquer tipo de atividade que venha a contribuir para o desempenho profissional.

Esse tipo de formação não tem um tempo predeterminado, qualquer tipo de reunião pode ser considerada uma formação, por isso, a formação continuada pode ter uma contagem de tempo de algumas horas até perdurar alguns anos, no caso dos cursos de especialização.

A formação continuada de professores no Brasil se apresenta em várias modalidades podendo ser realizadas em formato presencial, a distância ou misto:

œ Cursos de Especialização: podendo ser uma especialização genérica ou uma especialização que legitima o exercício especializado em uma área específica.

œ Programas Compensatórios: ações com o objetivo de suprir necessidades e falhas na formação inicial buscando sanar a precariedade do ensino oferecido em nível de graduação.

œ Projetos de Intervenção nas escolas: as ações neste sentido são apoiadas por secretarias municipais e estaduais de ensino com o objetivo de promover estudos, melhorar os processos de alfabetização dos alunos, o ensino de diversas disciplinas, a gestão escolar etc.

œ Cursos Especiais: com oferta de formação em serviço a professores leigos em nível médio. No Brasil ainda há regiões do país em que pessoas sem nenhuma formação exercem a profissão. Para suprir essa realidade o governo federal vem oferecendo alguns cursos neste sentido:

ƒ O PROINFANTIL é um programa de formação a distância de professores, oferecido em nível médio, modalidade normal, com habilitação em Educação Infantil e duração de dois anos. Destina-se aos professores que atuam em creches e pré-escolas e que não possuem a formação exigida pela legislação vigente.

ƒ O PROFORMAÇÃO também é um programa de formação a distância, oferecido em nível médio, com habilitação ao magistério. Destina-se aos professores que ainda atuam nos anos iniciais do ensino fundamental, classes de alfabetização ou na educação de jovens e adultos das redes públicas de ensino do país.

ƒ O PRÓ-LICENCIATURA é outro programa de formação a distância, oferecido aos profissionais que exerçam a função docente nos anos finais do ensino fundamental e no ensino médio e que não possuam habilitação específica na área de atuação (licenciatura) 151.

Apesar de não haver no país uma política clara sobre como deve ocorrer a formação continuada de professores, há uma legislação que incentiva a expansão de oferta desse tipo de formação. A primeira delas é a LDB 9.394/96 que demonstra em vários de seus artigos a importância da formação de professores e o papel dos sistemas de ensino e do poder público em promovê-la, por exemplo, nos artigos 40, 67, 80 e 87:

Art. 40 – A educação profissional será desenvolvida em articulação com o ensino regular ou por diferentes estratégias de educação

continuada, em instituições especializadas ou no ambiente de

trabalho.

Art. 67 – Os sistemas de ensino promoverão a valorização dos profissionais da educação, assegurando-lhes, inclusive nos termos dos estatutos e dos planos de carreira do magistério público:

[...] II – aperfeiçoamento profissional continuado, inclusive com licenciamento periódico remunerado para esse fim;

151 Mais informações sobre esses programas de formação poderão ser adquiridas no site do MEC:

Art. 80 – O Poder Público incentivará o desenvolvimento e a veiculação de programas de ensino a distância em todos os níveis e modalidades de ensino e da educação continuada.

Art. 87 [...]

§ 3º Cada Município e, supletivamente o Estado e a União, deverá: [...] III – realizar programas de capacitação para todos os

professores em exercício, utilizando também, para isto, os recursos

da educação a distância (BRASIL, 1996, p. 16, 22, 28, 30; grifo meu).

Dessa forma, nos últimos anos é possível verificar um grande volume de ações de formação continuada no país, buscando responder tanto a essas disposições legais, como às iniciativas de gestões estaduais e municipais, às pressões das redes e sindicatos, às propostas de instituições, além da delimitação federal de recursos financeiros para esse fim como o FUNDEF, criado pela Lei 9.424/96, estabelecia que 60% dos recursos deste Fundo fossem destinados à remuneração do magistério e os 40% restantes fossem aplicados em ações variadas de manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental público, dentre as quais a formação (inicial e continuada) dos professores e a capacitação de pessoal técnico- administrativo. Posteriormente, em 2006, o FUNDEF foi substituído pelo FUNDEB152, quando passou a subsidiar toda a Educação Básica, da Educação Infantil ao Ensino Médio.

Outro documento legal acerca da formação continuada de professores é a Portaria Ministerial nº 1.403 do MEC, de 2003, que instituiu o Sistema Nacional de Certificação e Formação Continuada de Professores da Educação Básica, compreendendo:

I – o Exame Nacional de Certificação de Professores com a intenção de avaliar os conhecimentos, competências e habilidades dos professores e demais educadores em exercício, dos concluintes dos cursos normais de nível médio e dos cursos de licenciatura oferecidos em nível superior;

II – os programas de incentivo e apoio à formação continuada de professores com entes federados;

III – a Rede Nacional de Centros de Pesquisa e Desenvolvimento da Educação, com o objetivo de desenvolver tecnologia educacional e ampliar a oferta de cursos e outros meios de formação de professores (Brasil, 2003).

152 FUNDEB – Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos

Esta portaria foi bastante criticada pelos educadores na época porque cria um Exame Nacional de Certificação de Professores que apenas avaliaria as ações e não as orientaria. Em Portugal há uma regulamentação maior com relação à formação continuada. Naquele país, existe um Conselho, escolhido pelo Ministério da Educação e formado por profissionais e intelectuais reconhecidos da área educacional, que analisa as propostas de formação continuada antes, durante e depois de ocorrem153.

A partir de 2005 o MEC começou a apresentar uma preocupação, a partir de algumas portarias e decretos, com a qualidade dos cursos de especialização e formação a distância oferecidos no país, além de uma preocupação com a qualidade dos formadores que desenvolvem esses cursos de formação continuada, mas esta discussão ainda está sendo iniciada.

Apesar do MEC apresentar algumas indicações para a certificação dos cursos de formação continuada no país, há uma ausência do poder público em avaliar e regular essas ações para garantir uma qualidade maior nesse tipo de formação. Além disso, considero necessária uma caracterização melhor do MEC sobre esse tipo de formação, não é possível considerar um curso de especialização como formação continuada no mesmo sentido de um curso de 30 horas, por exemplo.

Essa caracterização da formação de professores no Brasil, tanto inicial como continuada, demonstra que a partir da década de 1990 a formação de professores vem sendo considerada, do ponto de vista oficial, como um mecanismo importante para a qualificação do ensino, fato observado pelo grande número de ações na área de formação de professores, inclusive aquelas que já destaquei como ações do MEC que buscam atender a uma questão da diversidade cultural brasileira. No capítulo 7 voltarei a analisar algumas dessas ações de formação de professores.

No próximo item deste capítulo, ainda verificando a atenção multicultural na formação de professores no Brasil, apresento os dados da pesquisa bibliográfica dos trabalhos aceitos nas Reuniões da ANPEd, no período de 2000 a 2005, e os dados