• Nenhum resultado encontrado

Caraterização do ambiente educativo

Relativamente às rotinas diárias, a sala de atividades propunha ao grupo de crianças três momentos distintos: rotinas, realização das atividades e momento de áreas.

Nas rotinas o grupo de crianças iniciava a manhã com a canção dos bons dias, seguindo com a marcação das presenças, contagem das crianças ausentes e presentes, identificação do numeral correspondente ao número de crianças ausentes e presentes no friso numérico, registo do numeral de crianças ausentes e presentes no quadro de giz, marcação do dia que ocorria no calendário mensal e observação e registo do estado do

12

tempo, no quadro do tempo. Em seguida eram implementadas as atividades planeadas, até à hora do lanche e posteriormente as crianças tinham o momento de áreas e ou cantinhos, até à hora do almoço. Antes de irem almoçar, organizavam-se em comboio, para procederem à sua higiene pessoal. De seguida almoçavam e no final deslocavam-se para o recreio onde brincavam, até à hora de regressarem para a sala de atividades. Da parte da tarde, terminado o recreio, o grupo de crianças procedia novamente à sua higiene pessoal e dirigia-se para a sala de atividades, onde retomavam as atividades planeadas, iniciadas na parte da manhã. Finalizada a implementação das atividades, as crianças tinham novamente o momento de áreas, até à hora do lanche. Posteriormente lanchavam e aguardavam a hora de participarem nas atividades do prolongamento. De salientar que nem todas as crianças deste grupo integravam a Componente de Apoio à Família (CAF), referido como prolongamento, uma vez que os familiares as vinham buscar. De acordo com as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (OCEPE, 1997), a função das rotinas é apresentada como:

“A sucessão de cada dia ou sessão, tem um determinado ritmo existindo, deste modo, uma rotina que é educativa porque é intencionalmente planeada pelo educador e porque é conhecida pelas crianças que sabem o que podem fazer nos vários momentos e prever a sua sucessão, tendo a liberdade de propor modificações. Nem todos os dias são iguais, as propostas do educador ou das crianças, podem modificar o quotidiano habitual” (OCEPE, 1997,p.40).

Na mesma linha de pensamento, Hohmann e Weikart, (2009) defendem que: “A rotina diária é como um guião para uma peça de teatro, com um certo número de atos em cada dia. (…) As crianças cuja linguagem de origem é diferente da linguagem predominante do contexto educativo encontram na consistência da rotina diária uma ajuda fundamental para a compreensão do programa e daquilo que é esperado delas” (p. 236).

No que diz respeito às áreas, esta sala de atividades encontrava-se organizada da seguinte forma: área da casinha (fig. 22), área da TV e rádio (fig. 23), área dos jogos de mesa (fig. 24), área dos jogos de construção (fig. 25), área das expressões plásticas (fig. 26), área do computador (fig. 27) e cantinho dos aniversários.

Autores como Zabalza (1998) quando avaliam a qualidade da educação infantil referem que é importante que em todas as salas do jardim-de-infância estejam presentes diferentes áreas ou cantinhos, uma vez que as crianças precisam de um espaço para

13

brincar, ao mesmo tempo que existe intencionalidade educativa, fundamental para o seu desenvolvimento

Tal como referem as Orientações Curriculares para a Educação Pré-Escolar (OCEPE, 1997), “a intencionalidade educativa decorre do processo reflexivo de observação, planeamento, ação e avaliação desenvolvida pelo educador, de forma a adequar a sua prática às necessidades das crianças” (p. 14).

Esta perspetiva é muito defendida pelo modelo High/Scope da autoria do autor Weikart, uma vez que este modelo promove a aprendizagem ativa das crianças, determinante para a capacidade das crianças construírem e compreenderem o mundo que as rodeia, assim como ganhar sentido de controlo e satisfação pessoal.

O facto de as crianças explorarem livremente as áreas, permite-lhes adquirir conhecimentos acerca de uma realidade através do brincar, ao mesmo tempo que possibilita ao educador e a outros intervenientes educativos, a observação dos comportamentos individuais de cada criança, de modo a conhecer o grupo e a possibilitar-lhe novas aprendizagens.

Nesta perspetiva, Hohmann, Banet e Weikart, (1995) referem que:

“O espaço da sala de atividades funciona melhor com crianças que fazem as suas próprias opções quando dividido em áreas de trabalho distintas. Estas áreas de trabalho ajudam as crianças a ver quais as opções possíveis, pois cada área apresenta um único conjunto de materiais e de oportunidades de trabalho”. (p. 51)

Segue-se uma breve explicação de cada uma das diferentes áreas que incorporavam a sala de atividades:

Área da casinha: este espaço congregava duas áreas, em apenas uma, sendo composta pelo quarto e cozinha. Deste modo relativamente a estes espaços as crianças usufruíam nos seus momentos de brincadeira, de diversos materiais didáticos relacionados com os mesmos. Nesta área era muito interessante observar os comportamentos das crianças, uma vez que davam asas à sua imaginação, criando situações de acordo com a realidade, com as ações e pronúncias que observam nos adultos.

14

Esta área era muito apreciada pelas crianças do grupo, sendo necessário o controlo do número de crianças na mesma, uma vez que só podiam brincar cinco crianças ao mesmo tempo.

Área da TV e rádio: neste espaço as crianças usufruíam, nos seus momentos de brincadeira, de uma televisão, um rádio, um DVD e diferentes filmes de desenhos animados, adequados à sua faixa etária. Todos os adereços estavam colocados num armário dividido em compartimentos, de modo que cada um estivesse colocado no seu devido lugar. O acesso a estes materiais era condicionado dado que o armário estava colocado a uma altura que impedia o seu acesso, uma vez que alguns dos materiais se encontravam ligados à corrente elétrica. Nesta área foi interessante observar os comportamentos das crianças, dado se tornar num momento de calma e relaxamento para o grupo, uma vez que se dirigiam para esta área depois do almoço.

As crianças escolhiam os filmes que queriam ver e divertiam-se com os mesmos, criando momentos de dança e canto, ao som da banda sonora dos mesmos.

Área dos jogos de mesa: neste espaço as crianças usufruíam nos seus momentos de brincadeira, de jogos de puzzles variados, jogos de encaixe, jogos de associação, jogos matemáticos como: dominó, placar dos padrões, molduras do 5 e moldura do 10. Todos os jogos estavam dispostos numa estante, dividida em prateleiras, de modo que cada um estivesse organizado no seu lugar.

Figura 22. Área da casinha

15

Nesta área as crianças tinham disponíveis jogos ligados à área da matemática, bem como à área do conhecimento do mundo. O grupo de crianças escolhia os jogos e dirigia- se para a mesa de atividades para os explorar. É importante referir que esta área proporcionava às crianças o desenvolvimento do pensamento e do raciocínio lógico- matemático, assim como a aprendizagem de novos conhecimentos.

Esta área não era muito requisitada no início do ano letivo pelo grupo de crianças, no entanto, com o decorrer das semanas começaram a interessar-se mais pela mesma, gostando de explorar os diferentes jogos.

Área dos jogos de construção: neste espaço as crianças usufruíam, nos seus momentos de brincadeira, de jogos de madeiras e legos. Todos os jogos estavam colocados numa estante com prateleiras, organizados dentro de caixas.

Esta área era muito apreciada pelos rapazes do grupo de crianças.

Área das expressões plásticas: neste espaço as crianças usufruíam, nos seus momentos de brincadeira, de variados materiais didáticos relacionados com a mesma. Todos os materiais estavam organizados numa estante e armário, de modo a que as crianças usufruíssem dos mesmos sempre que necessitassem.

Nesta área as crianças utilizavam dois espaços distintos: o cavalete e a mesa de atividades, onde eram desenvolvidas atividades relacionadas com a pintura, modelagem e colagem.

Figura 24. Área dos jogos de mesa

16

Área do computador: neste espaço as crianças usufruíam, nos seus momentos de brincadeira, de um computador com colunas, que continha diferentes jogos didáticos relacionados com o domínio da matemática e a área do conhecimento do mundo.

Esta área era muito apreciada por uma criança do grupo, dado que sempre que surgiam os momentos de áreas, dirigia-se para o computador. Por outro lado, a educadora titular utilizava esta área para momentos de dança, visualização de vídeos e fotos com todas as crianças do grupo.