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A proposta pedagógica que apresento neste trabalho foi realizada numa escola pertencente ao concelho de Odivelas, zona que se situa na periferia de Lisboa, na parte norte. De uma forma geral, esta zona é considerada como carenciada, tendo em conta o plano económico e social, pois uma grande parte dos alunos recebe apoio económico escolar, muitas das vezes insuficiente para suprir as suas reais necessidades. Os alunos que constituem a comunidade escolar não são exclusivamente de origem portuguesa, pois muitos deles são naturais de países africanos (cuja língua oficial é o português - PALOP) e do Brasil. Nos últimos anos, também se tem verificado um aumento significativo de alunos oriundos dos países de leste cujas famílias se têm fixado nesta zona para residir. Também se denota a presença de muitos alunos provenientes de famílias itinerantes que, tendo sido desalojados dos bairros onde outrora viviam, foram hospedados na zona em causa constituindo-se, assim, um núcleo de famílias com características e hábitos culturais específicos.

Muitos dos alunos desta escola têm um fraco acompanhamento familiar que se estende a vários níveis: económico, alimentar, realização das tarefas escolares, assiduidade, pontualidade, comportamento, interesse e participação na vida escolar, abandono escolar, entre outros. Os diretores de turma têm sempre grandes preocupações no acompanhamento dos seus alunos tendo em conta as características atrás mencionadas, uma vez que despendem grande parte do seu tempo burocrático na gestão da assiduidade dos alunos e de situações de absentismo e abandono escolar. Assim, neste Agrupamento de Escolas surgem naturalmente ofertas formativas que vão além do percurso escolar regular, como por exemplo, as turmas de Percursos Alternativos; CEF tipo 2 (neste caso, Serralharia Artística) e PIEF (Programa de Inclusão, Educação e Formação). Apesar da organização destes cursos ter em conta caraterísticas muito próprias de seleção, um dos traços comuns a todos eles é o elevado número de retenções que cada aluno destes percursos apresenta. O agrupamento em causa pretende, pois, gerir o absentismo escolar de forma a oferecer formações que possam ir ao encontro das necessidades e perspetivas futuras destes alunos e das respetivas famílias.

Quanto ao pessoal docente, atualmente estão colocados 165 professores com funções letivas, cargos de coordenação e de direção. De uma forma global, a sua distribuição por ciclos/níveis é a seguinte: 13 docentes na educação pré-escolar; 60 no 1º ciclo; 73 no 2º ciclo; 31 no 3º ciclo e 12 na Educação Especial. 36,9% dos docentes

têm idade inferior a 40 anos e cerca de 29,1 % idade superior a 50. No que diz respeito ao tempo de serviço, é de referir que 15,3% dos docentes têm menos de 4 anos de lecionação; 38,6% dos docentes têm entre 10 e 19 anos e 16,6% dos docentes apresentam 30 ou mais anos de serviço. Dentro deste quadro podemos encontrar cerca de 23,4% docentes contratados o que reflete uma tendência de mobilidade de quadro que tem vindo a acentuar-se de ano para ano escolar. No que respeita ao pessoal não docente, neste momento existem 57 assistentes operacionais e 4 assistentes técnicos não existindo, atualmente, um chefe dos serviços de administração escolar tendo em conta que se atravessa um período de remodelação pela entrada em Mega-Agrupamento no início do ano letivo seguinte, ou seja, em 2013/2014. Cerca de 30,3% destes funcionários situam-se numa faixa etária entre os 50 e 60 anos de idade e 14,3% apresentam mais de 60 anos de idade. Quanto ao tempo de serviço, pode verificar-se que aproximadamente 23,2% têm até 4 anos de serviço; 41% têm entre 10 e 19 anos de serviço e 25% têm entre 20 e 29 anos de serviço. Integram o pessoal não docente do Agrupamento, 3 psicólogas, uma do Serviço de Psicologia e Orientação, uma do Gabinete de Apoio Psicológico, outra do Projeto para o Sucesso Educativo e Integração e um TIL – Técnico de Intervenção Local - a desempenhar funções no Programa para a Inclusão e Cidadania (PIEC).

A turma selecionada para a implementação da presente proposta pedagógica é do 5.º ano de escolaridade, da qual sou o professor de Matemática. É constituída por 19 alunos, dos quais 2 são alunos CEI (Currículo Específico Individual) inseridos no Decreto-Lei 3/2008 (adequa o processo educativo às necessidades especiais dos alunos), usufruindo de adaptações na avaliação, nos conteúdos a desenvolver e ao nível das disciplinas que frequentam. Estes alunos CEI não frequentam todas as disciplinas, tal como acontece na disciplina de Matemática. Assim, na realização deste trabalho participam, efetivamente, 17 alunos, dos quais 10 são raparigas e 7 são rapazes. A idade mais frequente, no início do ano letivo 2012/2013, é 10 anos, pois estão pela primeira vez no 5.º ano.

Selecionei esta turma porque os alunos, de um modo geral, gostam da disciplina de Matemática e já desenvolveram, durante o presente ano letivo, alguns trabalhos com recurso à História da Matemática, como por exemplo nos números naturais e inteiros. Os alunos apresentam um espírito matemático crítico desenvolvido e uma boa argumentação matemática que tem vindo a ser desenvolvida desde o início do ano

letivo, tanto oralmente como de forma escrita, com especial incidência quando trabalharam o tópico dos ângulos e dos triângulos na Geometria.

Em termos de comunicação matemática, os alunos têm alguma facilidade em se expressar e, habitualmente, fazem-no de forma correta. Quando a turma foi confrontada com a possibilidade de realizar este trabalho que agora se apresenta, senti uma grande motivação da parte dos mesmos e a partir desse momento era frequente a pergunta acerca de quando tal trabalho iria iniciar-se. Os alunos têm vindo a trabalhar de forma individual e em grupo e, nesta última organização, denotam-se, por vezes, algumas situações de conflito, naturais em alunos desta idade. De qualquer modo, essas situações de altercação têm sido resolvidas sem quaisquer dificuldades através do diálogo e da autorreflexão.

Globalmente, o desempenho da turma é Bom, não só em Matemática mas também nas outras disciplinas.