• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO II – Metodologia

2. Apresentação do contexto de investigação

2.1. Caraterização da escola

A Escola Secundária Dr. Joaquim Gomes Ferreira Alves, pertencente ao concelho de Vila Nova de Gaia,localiza-se na confluência de Valadares e de Vilar do Paraíso, freguesias de onde provém a maioria dos seus alunos, servindo ainda uma vasta área suburbana que congrega as freguesias de Arcozelo, Madalena, Gulpilhares, Mafamude, Santa Marinha e Vilar de Andorinho.

Do ponto de vista económico, a indústria, os serviços e o comércio são as áreas de maior relevo e em processo de crescimento, em detrimento da agricultura que tem vindo a perder a sua importância. No que concerne o domínio sociocultural, a zona de influência da escola é caracterizada pela heterogeneidade, evidenciando-se uma clivagem entre a população residente na área litoral, com elevado capital económico e cultural, e áreas do interior, de maior densidade populacional, com baixos níveis de escolaridade e vulneráveis a novas formas de precariedade, em resultado da fragilidade dos vínculos de emprego, que se tem vindo a acentuar na área e que afeta um número crescente das famílias dos alunos.56 Por outro lado, assinala-se, entre a população do ensino secundário, a existência de discentes que têm encontrado colocação em atividades profissionais a tempo parcial, sobretudo em serviços de restauração e áreas comerciais de estabelecimentos de zonas circunvizinhas.

segundo determinadas regras, ao serviço da sua compreensão para lá do que a apreensão de superfície das comunicações

permitiria alcançar.» (2006:107) (o sublinhado é nosso).

55

A caraterização da escola aqui traçada tem por base os seguintes documentos: PEE (2010-14), PCE, PAA e Relatório da IGE (2011).

56 A nível de qualificações, a população da zona apresenta ter maioritariamente o nível básico (60%), seguindo-se a qualificação a nível secundário (13%) e, só depois, de nível superior (9%), havendo ainda a considerar uma faixa de população sem qualquer qualificação.

61 Os aspetos acima enunciados têm tido reflexo na estrutura sociológica da escola e no seu funcionamento. Em primeiro lugar, a oferta educativa: no terceiro ciclo do EB, além do currículo regular normativo, com oferta de francês e espanhol em LE2 e educação visual e tecnológica na área artística, a escola tem aberto, desde 2005, Cursos de Educação e Formação (EB) como uma das medidas de combate ao insucesso e ao abandono escolares, assim como de aproximação à realidade local; no ES, além dos Cursos Científico- Humanísticos em todas as áreas, a oferta educativa passou a incluir também uma diversidade de Cursos Profissionais e Tecnológicos (Técnico de Animador Sociocultural, Técnico de Turismo e Técnico de Multimédia). No regime noturno, têm funcionado na escola os Cursos EFA, RVC, desde 2007, e o CNO, instituído em 2006 e recentemente extinto por despacho ministerial. Em segundo lugar, a gestão do tempo letivo e não letivo: todas as turmas do terceiro ciclo têm a mancha horária organizada em turno normal (8:30-15:15/16:15), sendo que as do secundário, iniciando as aulas à mesma hora, têm os horários preenchidos predominantemente de manhã. Após o final das aulas (que não ultrapassa, em norma, as 16:15), decorrem atividades de enriquecimento curricular: aulas de apoio, tutorias, projeto “GFA” (para consolidação de aprendizagens em anos com exame nacional), apoio aos trabalhos de escola (Sala de Estudo57), Clube de Artes Performativas e Gabinete de Apoio ao Aluno - Projeto de educação para a saúde. Desta forma, a escola tem procurado responder às necessidades da população escolar, atenuando assim a já mencionada heterogeneidade socioeconómica e cultural das famílias, produtora de desigualdades educativas com reflexos nos diferentes pontos de partida dos alunos, particularmente no que concerne o grau de desenvolvimento de competências cognitivas e sociais.

Paralelamente, várias instituições implantadas na zona ou dela circunvizinhas têm vindo a interagir com a escola nas áreas da cultura, do desporto, da saúde e da segurança; referimos, a título exemplificativo, a Academia de Música de Vilar do Paraíso, a Estação Litoral da Aguda, o Parque Biológico, em Avintes, o Museu da Imprensa, no Porto, a Unidade de

57

A “Sala de Estudo”, iniciada em 2010-11, revelou-se um projeto inovador pela metodologia utilizada: funcionando de segunda a sexta-feira, das 14h às 18h, é frequentada por alunos do terceiro ciclo (150 no corrente ano), voluntariamente inscritos ou indicados pelos seus diretores de turma, aos quais colegas do ensino secundário (os seus monitores), em regime de voluntariado e em pequenos grupos de trabalho, facultam apoio na realização dos trabalhos escolares e na aquisição ou no desenvolvimento de métodos e técnicas de estudo e de pesquisa. Os monitores são apoiados por uma equipa de professores das várias áreas disciplinares e estes são supervisionados pela coordenadora da sala de estudo. Com este projeto, integrado no programa “Criativos”, a escola candidatou-se ao concurso nacional promovido pelo Torrence Center, em cujo Festival Nacional obteve o 1º prémio. Este acontecimento permitiu que a escola estivesse representada no encontro internacional realizado nos Estados Unidos da América. Refira-se ainda que no relatório-síntese da Inspeção Geral de Educação, com data de 11 de fevereiro de 2011, enviado à escola, se lê “como um dos aspetos que merecem referência” no que concerne a

estratégias para a melhoria das aprendizagens e dos resultados escolares a “implementação do Projeto ’Sala de Estudo’,

onde é proporcionada aos alunos do 3.º CEB orientação escolar, desenvolvimento de métodos e técnicas de estudo e aperfeiçoamento da autonomia, por monitores voluntários dos 10.º, 11.º e 12.º anos.”

62 Cuidados na Comunidade do Centro de Saúde de Valadares e a GNR local, no âmbito do projeto Escola Segura.

Outras valências da escola têm sido, por um lado, a localização no seu espaço físico do Centro de Recursos em Conhecimento - Gaia-Sul e do Centro de Formação de Associação de Escolas – Aurélio da Paz dos Reis, dedicado à formação de professores e de pessoal não docente, e, por outro lado, a aproximação a instituições de ensino superior, dando resposta a estágios profissionais nas áreas disciplinares de Matemática, Educação Física, Português / Espanhol e História /Geografia.

A população discente é composta, no ano 2011-12, por 1094 alunos do regime diurno, integrando o EB e o ES, e por cerca de 80 discentes adultos nos cursos EFA e RVC. O grupo de docência da escola tem vindo a revelar-se estável há já alguns anos, contando atualmente com 117 professores do quadro e 10 contratados. Adistribuição de serviço tem proporcionado a manutenção de equipas educativas, centradas em grupos comuns de alunos, que são acompanhados ao longo do ciclo pelo mesmo grupo de docentes, criando-se assim condições para centrar a ação educativa no desenvolvimento de planos individuais de aprendizagem. Paralelamente, as decisões pedagógicas decorrem de conclusões e recomendações de equipas de trabalho (Comissões) interdepartamentais, constituídas em média por cinco ou seis professores, designados pelos Coordenadores de Departamento, e, sempre que aconselhável, por outros profissionais e parceiros educativos, que têm vindo a desenvolver estudos, análises e aconselhamento de práticas em círculos de estudo, em modalidades de projeto de formação ou em grupos de trabalho, abrangendo, entre outras, as seguintes áreas: revisão de documentos estruturantes da escola (PEE, PCE, PAA, RI, Guias de procedimentos); reflexos em sala de aula da avaliação interna e externa; aplicação dos critérios de avaliação: planeamento, instrumentos e práticas; incidentes disciplinares: categorização, incidências e respetivas causas; elaboração de um código de conduta; melhoria dos sistemas de comunicação com as famílias. As conclusões e recomendações destas equipas de trabalho são objeto de reflexão e aprovação em Conselho Pedagógico e posteriormente apresentadas a todos os departamentos pelos elementos que delas fizeram parte. Por sua vez, a Direção da escola reúne semanalmente com os Coordenadores de Departamento, visando o desenvolvimento de práticas intra e interdepartamentais de identificação, encorajamento e apoio a lideranças educativas, partilha de boas práticas, implementação de dispositivos de ação para generalizar práticas de alto rendimento, bem como o desenvolvimento de rotinas de coavaliação permanente, quer de práticas, quer de resultados. Todas estas ações são alvo de

63 análise pelo Observatório de Supervisão e Avaliação da escola, coordenado pelo Conselho Geral.

Os pais e encarregados de educação, assim como a respetiva Associação (APEVA), têm vindo a colaborar nas dinâmicas escolares, quer atuando junto dos seus pares em situações de absentismo e risco de abandono, quer patrocinando atividades como o “Quadro de Excelência” e o “Quadro de Valor” da escola, quer ainda dinamizando palestras na área da saúde, da orientação vocacional, da psicologia do desenvolvimento, da música, entre outras, rentabilizando a formação académica e profissional dos pais e conglomerando sinergias numa enriquecedora parceria educativa.

Destacamos, pela sua relevância, o PEE, o qual, decorrendo de todos os fatores acima mencionados, traduz a cultura institucional e pedagógica da escola, patente no excerto do seu capítulo “Contexto e identidade da comunidade educativa”, que a seguir se transcreve:

Procura a escola formar um cidadão consciente, informado e responsável, participante na vida social, cultural, política e económica. São, por isso, suas preocupações educativas a qualidade do ensino e das aprendizagens, a formação pessoal, social e cívica, tendo por horizonte um aluno capaz de, pelas suas capacidades, conhecimento e valores, se tornar um cidadão de pleno direito. Propondo-se balizar as práticas pedagógicas, organizacionais e sociabilizantes no aprender a conhecer, no aprender a fazer, no aprender a viver em comum e no aprender a ser, perspetiva a responsabilidade partilhada, a construção conjunta de percursos formativos e o trabalho cooperativo ou em parceria como parâmetros para a sua ação educativa. (PEE – ES Dr. Ferreira Alves, 2010-14: 6)

Centrado portanto na ação educativa, o PEE apresenta três grandes eixos interrelacionados: 1. ensino-aprendizagem/construção do conhecimento, com enfoque no aluno e no professor; 2. desenvolvimento profissional do pessoal docente e do não docente; 3. parceria educativa escola-família-comunidade. Para cada eixo, são definidos, de modo muito pragmático, objetivos, estratégias de atuação e recursos a utilizar. O PEE procura desta forma inscrever a ação educativa como eixo transversal da construção do conhecimento e do desenvolvimento identitário numa perspetiva colaborativa entre todos os agentes educativos, entendendo a escola como “organismo vivo”, habitada por “profissionais do humano”, como se pode ler em duas das epígrafes do PEE, citando Isabel Alarcão e Pasquier, respetivamente.

No final deste ano letivo, a escola viu, uma vez mais, o fruto do trabalho que tem vindo a desenvolver na área da ação educativa, bastando para isso um breve olhar sobre os

64 resultados dos alunos58. Assim, a média da escola no EB (integrando todas as disciplinas) subiu de 3,24 (1º período) para 3,72 (3º período), tendo sido propostos para o Quadro de Excelência 90 alunos (de 7º, 8º e 9º anos), com média igual ou superior a 4,5. Por sua vez, no ES, a média da escola (integrando todas as disciplinas) subiu de 13,54 (1º período) para 15,76 (3º período), tendo sido propostos para o Quadro de Excelência 76 alunos (de 10º, 11º e 12º anos), com média igual ou superior a 17,5 valores.

Documentos relacionados