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Capítulo IV – Enquadramento da investigação

2. Caraterização da organização acolhedora

A Cooperativa Sol Maior é uma Cooperativa de Solidariedade Social, sita em Oliveira do Douro, Vila Nova de Gaia. Fundada em 2007 e constituída como Instituição Particular de Solidariedade Social desde 2008, pretende contribuir para o desenvolvimento local, dinamizando e apoiando iniciativas individuais e/ou coletivas que visem a promoção da igualdade e da solidariedade através da criação, rentabilização e aproveitamento das estruturas locais existentes e pela promoção de prestação de serviços de apoio e assistência a pessoas e grupos potencialmente vulneráveis.

Atualmente, a organização é composta por Atividades de Tempos Livres (ATL), um Gabinete de Psicologia, um programa “Escolhas”, uma Equipa de Acompanhamento de Beneficiários do Rendimento Social de Inserção e um Gabinete de Inserção Profissional (GIP). No sentido em que o estágio curricular irá decorrer através de uma parceira entre estes dois últimos, será sobre eles que me irei debruçar em seguida.

A equipa de acompanhamento de beneficiários é composta por uma equipa multidisciplinar, constituída por uma Assistente Social, uma Psicóloga, uma Socióloga (coordenadora da equipa) e duas técnicas auxiliares de ação direta. Esta equipa iniciou o seu trabalho na cooperativa em Setembro de 2008 e tem por objetivo um acompanhamento de proximidade junto dos beneficiários do RSI. O seu trabalho consiste no desenvolver de estratégias com vista à (re)integração social dos beneficiários na sociedade, assim como, a sua inserção laboral e comunitária. Junto dos beneficiários, pretende contribuir para a intervenção nas carências sociais e económicas dos mesmos, desenvolvendo ações de acompanhamento quer através de atendimentos, quer por visitas domiciliárias aos beneficiários.

O território de acompanhamento afeto a esta equipa é o concelho de V. N. Gaia, nomeadamente as freguesias de Oliveira do Douro, Mafamude, Vilar de Andorinho, Avintes, Canidelo, Pedroso e Sta. Marinha, sendo que estes últimos apenas com um processo em acompanhamento em cada, acompanhando um total de 180 processos.

O Gabinete de Inserção Profissional (GIP), a funcionar na Junta de Freguesia de Oliveira do Douro desde o ano de 2009, tem por objetivo apoiar jovens e adultos desempregados na definição ou desenvolvimento do seu percurso de inserção ou reinserção no mercado de trabalho, em estreita cooperação com os Centros de Emprego do Instituto de Emprego e Formação Profissional (IEFP). De referir que antes do

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formato de GIP, este mesmo gabinete existia no formato de UNIVA (Unidade de Inserção na Vida Ativa) nas mesmas instalações, desde 1998, com o mesmo sentido de apoiar a população desempregada na sua inserção profissional.

O GIP pode desenvolver as seguintes atividades:

a) Informação profissional para jovens e adultos desempregados;

b) Apoio à procura ativa de emprego;

c) Acompanhamento personalizado dos desempregados em fase de inserção ou reinserção profissional;

d) Captação de ofertas de entidades empregadoras;

e) Divulgação de ofertas de emprego e atividades de colocação;

f) Encaminhamento para ofertas de qualificação;

g) Divulgação e encaminhamento para medidas de apoio ao emprego, qualificação e empreendedorismo;

h) Divulgação de programas comunitários que promovam a mobilidade no emprego e na formação profissional no espaço europeu;

i) Motivação e apoio à participação em ocupações temporárias ou atividades em regime de voluntariado, que facilitem a inserção no mercado de trabalho;

j) Controlo de apresentação periódica dos beneficiários das prestações de desemprego;

k) Outras atividades consideradas necessárias aos desempregados inscritos nos Centros de Emprego.

Por último, o público-alvo deste tipo de gabinetes engloba desempregados, jovens e adultos, que necessitem de apoio na resolução do seu problema de inserção ou reinserção profissional.

De acordo com os dados registados no Sistema de Informação e Gestão da Área do Emprego (SIGAE III) e uma consulta efetuada a 2 de maio de 2012 apenas sobre a

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Freguesia de Oliveira do Douro, foi possível verificar que 488 indivíduos encontravam- se a beneficiar do Subsídio Social de Desemprego, isto é, 488 indivíduos foram por nós considerados potenciais beneficiários do Rendimento Social de Inserção. De notar que 99 destes indivíduos beneficiam já, em simultâneo, do RSI.

Dos 488 indivíduos apurados nesta consulta, verifica-se que 192 são do sexo masculino e 296 do sexo feminino. A faixa etária predominante é dos 45 aos 54 anos de idade (160), seguida dos 35 aos 44 anos (150). Com menor peso regista-se a faixa etária até aos 25 anos de idade, com 14 indivíduos. Cerca de 80 dos indivíduos considerados constituem uma tipologia familiar monoparental.

Relativamente às habilitações literárias, foi possível observar que 149 indivíduos tinham o 4º ano de escolaridade, seguido de 116 indivíduos com o 9º e 114, com o 6º ano. Registam-se 76 indivíduos com o 12º ano de escolaridade e 10 com um curso de nível superior. Em menor número, surgem 13 indivíduos sem escolaridade, mas que sabem ler e 3 que não sabem ler e/ou escrever.

Através desta pesquisa foi ainda possível apurar a data de inscrição dos indivíduos no Gabinete de Inserção Profissional em questão (ou no subsídio?), sendo que o ano de 2009 é o que regista mais entradas (110), seguido do ano de 2010, com um maior número de inscritos (90).

De acordo com o relatório elaborado no 1º trimestre do ano corrente, inscreveram-se no Gabinete de Inserção Profissional da Junta de Freguesia de Oliveira do Douro, 62 indivíduos. Destes, 10 tinham idades compreendidas entre os 16 e os 23 anos, procurando essencialmente um primeiro emprego, 9 tinham entre 24 a 30 anos de idade, inscritos para procura de um novo emprego, ainda com registo de casos residuais de procura de primeiro emprego, 40 situavam-se na faixa etária dos 21 aos 54 anos, inscritos unicamente para procura de novo emprego e, 3 tinham mais de 55 anos de idade, igualmente em procura de um novo emprego.

Dos novos inscritos, 8 tinham escolaridade inferior ao 6 ano, 7 tinham entre o 6º e o 9º ano de escolaridade, 16 entre o 9º e o 12º ano e, 31 tinham o 12º ano de escolaridade.

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Relativamente às atividades desenvolvidas pelo Gabinete, registaram-se:

Atividades Objetivos

Contratualizados

Nº de Utentes Abrangidos

Informação profissional para jovens e adultos desempregados

Contratualizado mas sem objetivos quantificáveis

515

Apoio à procura ativa de emprego

Contratualizado mas sem objetivos quantificáveis

182

Acompanhamento personalizado dos desempregados em

fase de inserção ou reinserção profissional 50/mês 455

Captação de ofertas junto de Entidade Promotoras 12/mês 11

Divulgação de Ofertas de Emprego e Atividades de

Colocação 80/mês 56

Encaminhamento para ofertas de qualificação 50/mês 238

Divulgação e encaminhamento para medidas de apoio ao emprego, qualificação e empreendedorismo

Contratualizado mas sem objetivos quantificáveis

4

Divulgação de Programas comunitários que promovam a mobilidade no emprego e na formação profissional no espaço europeu

Não Se Aplica 5

Motivação e Apoio à participação em ocupações temporárias ou atividades em regime de voluntariado, que facilitem a inserção no mercado de trabalho

Contratualizado mas sem objetivos quantificáveis

18

Controlo de apresentação periódica dos beneficiários das

prestações Não Se Aplica 6082

Outras atividades:

- Apoio às atividades do CTE Não Se Aplica 780

Como é possível observar no quadro exposto anteriormente, as atividades desenvolvidas pelo GIP encontram-se registadas e, a coluna dos objetivos contratualizados, define-se pelas metas a atingir por estes gabinetes. Estas metas exigem

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dos técnicos responsáveis um trabalho contínuo que pode ter o seu lado positivo, pelo que os faz estar constantemente a apostar nos mecanismos para fazer chegar aos inscritos ofertas de emprego ou encaminhamento para formações. Contudo, por outro lado, estas contratualizações, nomeadamente as que são quantificáveis, podem levar ao exagero da procura do objetivo de atingir metas. Os objetivos estipulados a cada gabinete, assim como os seus números elevados, podem originar uma descoordenação no trabalho dos técnicos e um descontrolo no exercer da verdadeira essência de um GIP.

Pela ânsia de querer alcançar os objetivos que lhe são estipulados, o técnico, preocupado em garantir também o seu posto de trabalho, pode acabar por fazer encaminhamentos descontrolados para ofertas de emprego, assim como, de formação, apenas com o objetivo da busca de números e não efetivamente do sucesso desses encaminhamentos. Posto isto, é evidente que a quantidade não é qualidade e que a criação de metas, cada vez mais apertadas e exigentes, pode comprometer o trabalho final de um técnico.

Relativamente aos relatórios trimestrais ou anuais dos dados de cada gabinete, que cada técnico tem a responsabilidade e o dever de elaborar, estes não significam o sucesso desse mesmo gabinete ou do trabalho desse mesmo técnico porque, de encontro com o explanado no parágrafo anterior, através dos objetivos que são contratualizados com cada GIP, estes relatórios podem traduzir-se na busca de alcançar essas mesmas metas, sem que isso signifique que cada encaminhamento tenha tido sucesso. Outra falha que pode ser apontada e que foi observada durante a presente investigação, passa pela elaboração destes mesmos relatórios. Existe um formulário (como o quadro acima apresentado) em que cada técnico regista as atividades, os objetivos contratualizados e os respetivos números alcançados, no entanto, não há uma regra de preenchimento estabelecida, isto é, cada técnico preenche este quadro e elabora estes relatórios da forma como entende que é a melhor ou a mais correta. Como exemplo de assimetrias na elaboração de relatórios trimestrais temos técnicos que preenchem o quadro anteriormente exposto com dados apenas referentes ao trimestre em questão e, outros, que o preenchem somando os números com os meses anteriores. Não é uma situação que, bem explicada pelos técnicos, possa criar dúvidas sobre os dados que se encontram a registar, mas o que importa salientar é a ausência de formação para tratar da burocracia que precede ao trabalho de um técnico, sendo que se pode considerar que

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este tipo de registos é fundamental para avaliar a importância de determinado GIP,

assim como, o trabalho elaborado pelo seu próprio técnico.