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Capítulo I – A Prática Supervisionada

2. A Prática Supervisionada no 1.º Ciclo do Ensino Básico

2.3. Contextualização

2.3.4. Caraterização da turma

Cada grupo turma é o reflexo de um conjunto de fatores determinantes, entre os quais: a dimensão da turma, a existência de diferentes faixas etárias, o maior ou menor número de crianças de cada sexo, e as características individuais de cada uma das crianças.

A nossa turma é constituída por um total de 26 crianças, sendo 13 do sexo feminino e 13 do sexo masculino, nascidas todas no ano 2005, com exceção de uma criança que nasceu em 2004. Ainda assim, e apesar de a diferença de idades ser pouco significativa, existem diferenças bastante notórias entre as crianças a nível cognitivo, comportamental e físico, bem como ao nível da maturidade. Importa também referir que não existe nenhuma criança com NEE, apesar de existirem crianças com grandes dificuldades de aprendizagem (sobretudo ao nível da Língua Portuguesa e da Matemática) e com elevado défice de atenção.

No seu todo formam uma turma muito heterogénea, sobretudo no que se refere aos diferentes ritmos de aprendizagem. Já no que se refere à sua conduta, revelam, de um modo geral, um bom comportamento e um grande respeito pelas regras definidas. De um modo geral são um grupo de crianças alegre, dinâmico, divertido, comunicativo e interessado. Possuem uma boa relação com a professora, a quem respeitam muito e com quem parecem gostar de partilhar vivências, esforçando-se por chamar a sua atenção.

Já no que se refere à relação entre pares, parecem manter uma boa relação entre si (embora por vezes surjam pequenos conflitos), partilhando brincadeiras e vivências. No entanto, e talvez como consequência do estádio de desenvolvimento em que se encontram, as meninas parecem preferir brincar apenas entre si, acontecendo o mesmo com os meninos.

No que diz respeito às Áreas Curriculares Disciplinares, as Expressões, nomeadamente a Expressão Plástica, parecem ser aquelas que mais as cativam e divertem. No entanto, de um modo geral parecem ser alunos aplicados e motivados para a aprendizagem e para a realização das tarefas propostas.

Os alunos são todos de nacionalidade Portuguesa, mas a naturalidade do grupo varia entre Castelo Branco, Escalos de Baixo, Lisboa e Alcains. Todos os alunos são residentes na zona do estabelecimento de ensino, com a exceção de dois que vivem, respetivamente, em Escalos de Baixo e em Benquerenças. Com a exceção de uma das crianças, todas frequentaram a Educação Pré-Escolar pelo menos durante dois anos.

Caraterização do agregado familiar:

Para que conheçamos as nossas crianças, torna-se também imprescindível que conheçamos algumas das características do seu agregado familiar, sendo importante analisar aspetos como as habilitações académicas e as profissões dos pais, ou até mesmo o número de irmãos.

As famílias das crianças são, na sua maioria, biparentais (com a exceção de três crianças que vivem apenas com a mãe) e pertencem, de uma forma generalizada, à chamada classe média. De um modo geral, são as mães a desempenhar a função de encarregado de educação.

Quanto à situação profissional do pai/mãe, a grande maioria trabalha por conta de outrem, embora existam também alguns trabalhadores por conta própria. Há, ainda, um número significativo de pais que desempenham cargos importantes como: enfermeiros, gestores de clientes, professores, advogados, delegados de informação médica, técnicos farmacêuticos, entre outros. No entanto, verifica-se também uma grande percentagem de pais/mães desempregados (11 no total).

Já no que se refere às habilitações literárias dos pais/mães estas são muito diversificadas, como podemos observar pelos gráficos apresentados nas figuras 1 e 2:

Figura 2 – Habilitações literárias das mães dos alunos (gráfico)

Como podemos observar pelos gráficos das figuras 1 e 2, existe uma grande disparidade ao nível das habilitações literárias dos pais das crianças, sendo de destacar que treze pais têm o 12.º ano de escolaridade ou mais; contudo, existe também um elevado número de pais com habilitações inferiores ao 12.º ano (dez no total). Por sua vez, dezanove das vinte e seis mães possuem habilitações literárias equivalentes ou superiores ao 12.º ano, enquanto apenas sete mães revelam habilitações literárias inferiores ao 12.º ano. Assim, podemos afirmar que as mães possuem habilitações literárias um pouco superiores às dos pais.

Já em relação ao número de irmãos, metade das crianças (13 no total) tem apenas um irmão, havendo mesmo 4 crianças que nem sequer têm irmãos, como podemos observar pelo gráfico da figura 3:

Análise dos últimos registos de avaliação:

A avaliação deve ser encarada como um instrumento regulador do processo de ensino/aprendizagem, como um orientador do percurso escolar da criança e certificador das suas aprendizagens. A avaliação além de ser contínua e individualizada, também deve ser global, ou seja, valorizar cada criança na sua globalidade e nas suas aprendizagens parciais.

Os gráficos da figura 4 foram construídos a partir da análise do relatório síntese elaborado pela professora cooperante no final do ano letivo passado, dando-nos uma imagem do nível em que se encontram cada uma das crianças tanto no que se refere às áreas curriculares disciplinares, como no que se refere ao seu comportamento. No entanto, importa salientar que estes dados abrangem apenas vinte e quatro crianças das vinte e seis que presentemente constituem a turma.

0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10

Avaliação - Língua Portuguesa

Número de alunos 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 Avaliação - Matemática Número de alunos 0 1 2 3 4 5 6 7 8 9 10 11 12 13 14 15

Avaliação - Estudo do Meio

Número de alunos 0 2 4 6 8 10 12 Avaliação - Expressões Número de alunos

Figura 4 – Avaliação das crianças referente ao ano letivo anterior (áreas curriculares disciplinares, comportamento e apreciação global)

 Língua Portuguesa: Doze alunos que revelam um nível Bom ou Muito Bom (metade). Contudo, quatro dos vinte e quatro alunos apresentam um nível Insuficiente.

 Matemática: Mais de metade dos alunos (catorze no total) revela um nível Bom ou Muito Bom. Por sua vez, são três os alunos que revelam uma avaliação Insuficiente.

 Estudo do Meio: Nenhuma das crianças revela uma avaliação inferior ao Suficiente, sendo vinte e uma as crianças que apresentam uma classificação igual ou superior ao Bom.

 Expressões: Também não se verificam notas negativas (iguais ou inferiores ao Insuficiente), sendo que dezassete das vinte e quatro crianças se encontram entre o nível Bom e o nível Muito Bom.

 Comportamento: Apenas metade (doze no total) apresenta um nível Satisfaz Bem, enquanto a outra metade se encontra no nível Satisfaz.  Apreciação global da turma: Existe o mesmo número de crianças no

nível Suficiente e no nível Bom (sete crianças em cada nível). Por sua vez, são dez as crianças que atingem o nível Muito Bom. Importa ainda referir que nenhuma criança se encontra no nível negativo.

Caracterização da faixa etária (7 anos):

Cada criança é única, tal como é única cada uma das etapas do seu desenvolvimento. Assim, enquanto futuras professoras e recordando o que aprendemos na unidade curricular de Psicologia do Desenvolvimento, não podemos deixar de compreender o quão importante é conhecer cada estádio de

0 2 4 6 8 10 12 14 Não Satisfaz Satisfaz Satisfaz Bem Avaliação - Comportamento Número de alunos 0 2 4 6 8 10 12

Avaliação - Apreciação Global

Número de alunos

desenvolvimento e respetivas características, de modo a que possamos propor atividades que, além de irem ao encontro do nível de desenvolvimento das nossas crianças, também proporcionem a sua evolução, o seu crescimento, e o aprender novas coisas! Assim, e segundo Piaget, as nossas crianças encontram-se na fase inicial do estádio operatório-concreto (estádio que ocorre entre os 7 e os 12 anos).

O desenvolvimento observado por volta de sete/oito anos de idade estende-se a um grande número de comportamentos e a criança é capaz de: classificar os objetos segundo critérios explícitos, seriar os objetos de um conjunto, estabelecer equivalências numéricas, relacionar o tempo e o espaço percorridos ao compreender as noções de velocidade, explicar os fenómenos físicos de forma objetiva. Neste estádio, sob o ponto de vista da função simbólica de Piaget, ocorre também um declínio do simbolismo lúdico, o qual cede lugar aos jogos de regras. Observa-se também um desenvolvimento nas construções, trabalhos manuais e desenhos, os quais se tornam cada vez melhores e mais adaptados ao real.

Ao longo deste período de desenvolvimento, por meio da socialização e de uma coordenação cada vez mais estreita dos papéis, a criança passa a abandonar o jogo egocêntrico e a participar em jogos de regras, os quais envolvem a cooperação entre os participantes e favorecem a importante adaptação social (Sprinthall & Sprinthall, 1993).

Já segundo Papalia, Olds e Feldman (2001), o período que decorre entre os 6 e os 11 anos pode ser denominado por período escolar, sendo que no decorrer deste período são várias as transformações que ocorrem nas crianças a força e as competências atléticas progridem, há uma diminuição do egocentrismo, o pensamento torna-se mais concreto, ocorre um elevado desenvolvimento cognitivo, a memória e a linguagem desenvolvem-se, o autoconceito torna-se mais complexo (afetando a autoestima), e os pares assumem uma importância central.

2.4. Desenvolvimento da Prática Supervisionada no 1.º Ciclo do