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CAPÍTULO V. Apresentação e discussão de Resultados relativos aos projetos

5.2. Discussão dos resultados

5.2.1. Caraterização do público-alvo (Bloco B)

Com vista à recolha de dados acerca dos participantes nos projetos em estudo, recorreu-se à direção do CER, e ao orientador do projeto Alvo, apresentado-os de seguida.

TABELA 12 – Participantes no atelier

Atelier de Pintura – CER Projeto alvo

Participantes

29 participantes (4 grupos) 23 mulheres e 6 homens Média de idades: 67.7 anos (mulheres) / 70.8 (homens),

5 participantes (1 grupo) 4 mulheres e 1 homem

Média de idades: 43 anos de idade

Limite de

idades para frequentar o atelier

A partir dos 50 anos A partir dos 16 anos

Fonte: Dados disponibilizados pela direção do CER e pelo orientador do projeto Alvo, via e- mail, 2019

As entrevistas, possibilitaram um retrato/ perfil dos participantes em ambos os projetos, proporcionando uma visão mais clara da pertinência destes, na vida dos adultos envolvidos.

TABELA 13 - Testemunhos dos entrevistados quanto ao perfil dos

participantes

Atelier de Pintura – CER Projeto Alvo

Quem frequenta a Academia Sénior em princípio tem de ter mais de cinquenta anos, não tem de ser sócio do Cer, pois embora seja uma associação permitimos que uma pessoa que não queira ser sócia possa participar (…)

A maior parte das pessoas que temos estudaram. Temos de todo o tipo de formação académica, mas temos realmente um grupo bastante significativo de pessoas que estudaram, que tiveram uma atividade profissional relacionada com a educação também. (…) Mas nós temos realmente de todo o tipo de pessoas com todo o tipo de formação. Não há nenhum tipo de limitação da nossa parte.

Presidente da direção do CER

Lidamos com pessoas que vêm de diversas vertentes profissionais em que este bocadinho de sábado é tipo um refúgio de libertar e energías e receber energias novas.

Eu não faço um pré requisito ou entrevista para entrarem no projeto e quem permanece é porque também têm uma relação especial com quem cá está.

O objetivo não é serem artistas mas fazer algo que lhes preencha o dia a dia. São pessoas mais sensíveis. Sabes que o mundo da arte é para um leque de pessoas mais sensíveis e é por aí.

Tenho este projeto que me faz bem, e que não passa só pela parte da pintura mas da parte social. Há aqui um grupo

87 Temos gente desde a antiga quarta

classe a graus académicos. Ninguém se sente mais do que ninguém. As pessoas unem-se por objetivos e sabem até onde podem ir. Estas aprendizagens novas são muito ricas para nós, nem que seja aprender uma palavra por dia, há desenvolvimento.

Coordenadora da Academia Sénior

As pessoas que lá estão são pessoas fantásticas, eu nunca saí de lá minimamente aborrecido ou chateado, é gente boa, bem formada, educada umas pessoas gostam mais e trabalham mais, outras divertem-se só por lá ir, o que eu acho interessante e depois há uma liberdade total.

As conversas com essas pessoas são extremamente interessantes. E depois há um ambiente de camaradagem que me cativa.

(…) embora a maioria tenha formação académica, temos algumas pessoas que não e estão bem integradas. Eu também não tenho formação académica.

Orientador do Atelier de Pintura do CER

de amigos que se junta no trabalho.

Orientador do projeto Alvo

5.2.2. O projeto/ formação no âmbito das artes plásticas: história; dinâmicas; participantes (Bloco C)

Os instrumentos de recolha de dados, focaram-se nos projetos de estudo, no sentido de conhecer a oferta existente: necessidades que levaram à criação do projeto; método de trabalho; capacidade de resposta face ao público interessado, bem como as práticas do projeto educativo, no âmbito da EAA. Deste modo, serão apresentadas as descrições dos mesmos pela voz dos intervenientes.

TABELA 14 - Testemunhos dos entrevistados – Fundamento do projeto

Atelier de Pintura-CER Projeto Alvo

No fundo um dos aspectos mais interessantes tem sido a flexibilidade que nós efetivamente, não é retórica, realizamos. Por exemplo, uma outra opção muito interessante é a de que evitamos grupos grandes.

(…) E as pessoas, o grupo gosta disso. Gosta desse espaço. Às vezes podemos correr o risco de se tornar íntimo demais

Iniciou-se em 2003, numa conversa de café entre em amigos. Tinha terminado a Faculdade de Belas artes em 1999 (…) Isto foram vários cafés e organizei um pequeno grupo de amigos, durante 3/4 anos em Caminha. Encerrei e reabriu. Viana era um pólo que eu queria abrir e funcionou no convento do Carmo com o Frei João.

88 e de perder-se aqui alguma dimensão

que não queremos que se perca que é: isto faz parte de um conjunto de oferta, e procuramos que não haja um certo isolamento, e fechar-me no meu grupo, o que é bastante negativo.

(…) uma das coisas que pedimos na ficha de inscrição é a formulação de sugestões para novas atividades. E mesmo nos encontros que vamos tendo também estimulamos isso até verbalmente. Às vezes podemos é ter maior dificuldade em pô-la em prática por questões de ordem logística.

Essa flexibilidade acaba por ser muito positiva para o sucesso do projeto pois dá liberdade de escolha, a pessoa no fundo consegue fazer a gestão do seu dia a dia, do seu tempo, sem que realmente sinta que a participação nesta atividade venha a prejudicar o seu quotidiano e aquilo que são as suas outras opções de vida, partir desta idade.

Nunca fizemos um horário naquele sentido clássico e tradicional e escolar. Não se trata de uma formação escolar, embora muitas vezes o acolhimento ocorra num espaço escolar.

Vamos fazer agora quinze anos, mas no princípio a academia não tinha esta dinâmica como é obvio. Isto foi um trabalho muito extenso e duro e difícil e complicado de implantar.

Presidente da Direção do CER

O formador tem é de desenvolver a criatividade o que não é fácil na nossa idade. As pessoas preferem levar um modelo e copiar, mas ele tem a preocupação de desenvolver a criatividade nas pessoas quer no desenho e nas técnicas. Ele leva ao longo do ano obras dele, com diferentes técnicas (…)

Coordenadora da Academia Sénior

Eu faço propostas até mostrando trabalhos de artistas. Também levo trabalhos meus para explicar técnicas. Às vezes a paisagem apaixona. Com

(…)passaram por este atelier dezenas de pesoas. Neste momento o atelier está a desenrolar-se num contexto mais familiar e nem fazemos grande divulgação. Neste momento funciona uma vez por semana porque à semana dou aulas num colégio. Já funcionou ao sábado de manhã e de tarde. Neste momento só temos um grupo. A idade mínima para poder participar é 16 anos e com miúdos mais novos trabalho no ensino.

Aqui o trabalho não implica um programa fechado.

(…)acredito que há muitas pessoas na cidade e arredores que gostava pois não tem acesso: distância, mensalidade, e acredito que se expandisse aumentaria o número de pessoas. Mas não me interessa muito isso, interessa-me trabalhar com pouca gente e bem porque trabalhar individualmente com cada um deles leva tempo e nunca fui a favor de turmas grandes, mesmo no ensino não funciona. Claro que se fizesse mais divulgação aumentava e teria de abdicar da minha arte.

Não faço uma planificação rígida. Dou o exemplo da Miguel Bombarda, em Março se nos der na telha vamos de comboio e numa formação aberta a outras realidades (…)

No contacto com outras obras, artistas cria-se um confronto entre o que eles vêem aqui e o que encontram lá fora. Arte conceptual, por exemplo. Ouvimos coisas do género, o meu trabalho encaixava aqui perfeitamente. E fazemos uma exposição anual, pelo menos uma. (…)Mesmo em Viana quando há uma atividade cultural, vamos assistir. O alvo não se fecha mas abre-se. O problema geral destas escolas é fecharem-se e mostrarem-se e porque não organizar exposições entre estas escolas e cruzarem-se?

Eu mostro muitos vídeos e pesquisas, bem como filmes e cinema. Este tipo de trabalho é importante. São vitaminas que temos e acho que as escolas se deveriam abrir e incentivar os alunos a visitar exposições.

89 frequência ponho à disposição livros para

os incentivar. Às vezes levo e outras vezes são as pessoas que trazem as propostas. Eu aconselho e tento mostrar as opções. Há liberdade total.

Ninguém impõe coisa nenhuma. As pessoas pintam aquilo que lhes apetece pintar. É claro que eu vou tentando levar as pessoas a ser o mais criativas possível e vou conseguindo, mas sem exigências, porque vai ao encontro do que eu penso sobre a pintura.

Orientador do atelier de pintura do CER

frequência, no final. Avaliar arte neste contexto não se justifica. A avaliação informal do trabalho é técnica. Não vou avaliar e distinguir um trabalho mais clássico de um naif. Eu não coloco barreiras. A ideia passa por aí. Cada um escolhe o que fazer e eu dou apoio para que as pessoas não se sintam perdidas, numa fase inicial. No final sou um tutor.

Orientador do projeto Alvo