• Nenhum resultado encontrado

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.4 PROGRAMAS MÉDICOS PREVENTIVOS ESPECÍFICOS

2.4.5 Carcinoma de Mama

a) Generalidades.

O Câncer de mama é prevalente em países desenvolvidos e em lugares mais ricos do Brasil (regiões sudeste-sul), representando, nestes casos, a maior causa de morte por neoplasia entre mulheres.49

Indubitavelmente, pela freqüência e morbiletalidade, constitui afecção altamente preocupante, já que determina alta incidência de morte. Tal neoplasia acompanha-se também de fatores psicológicos extremamente importantes, pois envolve órgão feminino extremamente delicado, símbolo de feminilidade e beleza.

Aproximadamente 10% da população feminina pode ser considerada de alto risco para câncer de mama. A faixa etária de acometimento situa-se preferentemente entre 41 e 50 anos, não obstante, pode ocorrer em qualquer idade após 20 anos. O fator epidemiológico mais característico é o antecedente familiar (especialmente mãe e irmã).

Antecedentes menstruais e/ou reprodutores podem alterar o risco de uma mulher desenvolver câncer de mama. Este risco é quase duas vezes maior em mulheres que menstruam pela primeira vez antes dos 16 anos. Da mesma maneira, quanto mais tarde surgir a menopausa, tanto maior o risco calculado. Quanto à paridade, sabe-se que a incidência da doença é mais elevada nas

nuligestas e nulíparas, e em mulheres cuja primeira gravidez ocorreu depois dos 28 anos. Estes fatores de risco estão relacionados com o estado endócrino da paciente, mais especificamente com os níveis circulantes de "estrogênio disponível". Dietas ricas em gorduras também podem estar relacionadas com a incidência aumentada de câncer de mama.

Atenção especial deve ser dada para o fato de que o câncer de mama às vezes surpreende. Ele geralmente ocorre em uma mama, mas pode afetar as duas simultaneamente ou em tempos diferentes. Pode ocorrer durante a gravidez e período de lactação e se manifestar mimetizando ou acompanhando uma infecção. Portanto, sintomas nas mamas devem ser bem investigados e valorizados durante a gravidez e a lactação.

Estes dados, combinados com o fato de que a expectativa de vida da mulher está aumentando, causando um aumento significativo de pessoas idosas e, em conseqüência, do número de casos de câncer de mama, alertam para a necessidade de programas especiais que incluam a identificação de grupos de alto risco e o ensino de técnicas de auto-exame das mamas, visando ao diagnóstico precoce.

b) Clínica

Cita-se que o sintoma clássico é a presença de um nódulo indolor, geralmente de consistência endurecida, contornos irregulares, de crescimento constante, na maioria das vezes descoberto ao acaso. Outros achados comuns são a assimetria da mama com retração cutânea ou da papila, endurecimentos e alterações de contorno. Dor mamária, derrame papilar e sinais inflamatórios estão menos relacionados com a presença de carcinoma, enquanto ulcerações, edema, infiltração e nódulos cutâneos satélites constituem sinais de doença avançada. Na

presença de metástases à distância, a queixa depende da localização. Dor contínua e de forte intensidade nas regiões lombo-sacra, cervical e membros inferiores sugere metástase óssea.

No carcinoma inflamatório associa-se eritema e edema da pele.

O carcinoma de Paget é caracterizado por ulceração de mamilo, sendo o prurido na região do complexo aréolo-mamilar, um sintoma precoce.

c) Diagnóstico

O diagnóstico precoce do câncer de mama pode prolongar a sobrevida dos pacientes, diminuindo a mortalidade em 30%. O ideal seria a descoberta de tumores de no máximo um centímetro de diâmetro.

O exame físico minucioso da mama é fundamental para fazer a diferenciação de tecido mamário normal com nódulos anômalos.

A mamografia vem se constituindo há anos exame subsidiário de valia, conseguindo detectar lesões de câncer mínimo da mama, propiciando uma melhora do prognóstico. A norma internacional recomenda uma mamografia de base para comparações futuras em mulheres entre 35 e 40 anos; uma a cada dois anos entre40 se 50 anos, e uma anualmente depois dos 50 anos.

A ultra-sonografia é um exame em geral complementar da mamografia. Ambos associados aumentam a sensibilidade para diagnosticar nódulos que podem passar despercebidos em mamas densas.

O diagnóstico do câncer de mama é histológico, podendo ser por biópsia excisional, incisional ou por retirada de fragmentos da área suspeita.

Propedêutica subsidiária fundamental, pois o câncer de mama, ao contrário das neoplasias do colo, é essencialmente sistêmico, metastisando-se a distância em ossos, pulmões, fígado e ovários.

Em muitos casos é necessário a avaliação de enzimas hepáticas, sobretudo a fosfatase alcalina; além de radiografia de tórax, cintilografia óssea e ultra-sonografia hepática, abdominal e pélvica .

e) Auto-Exame das Mamas (AEM)

O auto-exame da mama, quando feito de maneira correta é de extrema importância, pois leva a mulher a procurar auxílio médico precocemente, caso encontre alguma alteração.

Cerca de 90% dos nódulos de mamas são encontrados pela própria paciente. Portanto, parece óbvio que as mulheres sejam motivadas a examinar e detectar alterações significativas. O uso de panfletos explicativos e cartazes não é suficiente para induzir uma nova atitude das mulheres em relação às soas mamas, sendo necessário discussões, demonstrações e prática guiada. A melhor abordagem é aquela do ensinamento prático, usando terminologia apropriada, que ressalva a necessidade de efetuar o auto-exame de modo regular, cuidadoso e completo.

O auto-exame deve ser feito uma vez por mês. As mulheres em idade fértil devem efetuá-lo uma semana após o início da menstruação (mamas menos sensíveis); as outras, no mesmo dia, todos os meses.

Os sinais alarmantes na inspeção são assimetria, veias evidentes de um só lado, discromias, pele em casca de laranja, depressões e retrações da papila, presença de crosta ou lesões na pele.

As mamas devem ser examinadas uma a uma, usando a palma e os dedos da mão contrária, movendo-os em sentido circular, da periferia para o centro. É necessária particular atenção ao quadrante súpero-externo já que 50% das neoplasias aí se localizam. Examina-se, então, as regiões axilares e claviculares em busca de nódulos (adenopatias). Os sinais alarmantes da palpação são qualquer nódulo, nodularidade, zona de espessamento ou dor unilateral em região mamária ou axilar, qualquer mudança de dimensões, estrutura ou forma em relação a auto-exames anteriores.

Por sua importância o auto-exame das mamas deve ser altamente discutido ensinado e divulgado pelos profissionais de saúde.

No documento Controle dos trabalhadores do sexo feminino (páginas 108-112)

Documentos relacionados