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Controle do uso das drogas na empresa

No documento Controle dos trabalhadores do sexo feminino (páginas 130-136)

2. REVISÃO DE LITERATURA

2.5 PROGRAMAS MÉDICOS PREVENTIVOS ESPECIAIS

2.5.3 Drogas

2.5.3.1 Controle do uso das drogas na empresa

Salienta-se aqui que nas empresas o uso de drogas não é observado somente entre os trabalhadores. Também o é e, com alguma freqüência, entre os seus executivos. Os trabalhadores, de um modo geral, dado o pequeno poder aquisitivo que possuem, não usam as drogas, caras (por exemplo cocaína ou heroína) e, raramente, o LSD. O uso mais freqüente é o da maconha e, não raramente, certos solventes (tricloroetileno, benzeno, acetona, thinner, etc.) utilizados em grande escala nas indústrias metalúrgicas como desengraxantes.

De qualquer forma, o uso de drogas na empresa é uma das causas da queda da produtividade do aumento das doenças e dos acidentes do trabalho e de absenteísmo.

Não obstante as dificuldades em se estabelecer um efetivo sistema para coibir ou controlar na empresa o uso de drogas, ao médico do trabalho se sugere

iniciar o controle pelo exame médico de admissão, cujo valor neste caso é relativo. Porém, pela detecção de alguns sinais clínicos, poder-se-á pelo menos suspeitar estar frente a um usuário de drogas. Assim é que sob o ponto de vista prático, nos ensina o especialista mexicano Ernesto L. Ruiz, pesquisar os seguintes sinais clínicos:

a - alterações da mucosa nasal, atrofia do epitélio da mucosa nasal, a anosmia ou rinites atróficas, que podem ser ocasionadas pelo uso da cocaína;

b - presença de ansiedade, alternada com estados depressivos e alterações das funções cerebrais, podem ser provocadas por psicotrópicas;

c - ansiedade, hipertensão arterial, náuseas, transpiração profusa, podem ser devidas à morfina e heroína;

d - hepatites viróticas podem ser ocasionadas por injetáveis (comum entre os viciados);

e - bronquite, conjuntivites, euforia anormal, olhos avermelhados, podem ser causados pela maconha;

f - pupilas dilatadas são um dos efeitos do LSD e da mescalina;

g - pupilas contraídas, bradicardia e bradipnéia levam a suspeitar de morfina e de heroína;

h - euforia discreta com alteração da percepção, da coordenação e do juízo, podem levar à suspeita de uma intoxicação por colas ou solventes (benzeno, tricloetileno. thinner, etc.);

i - exaltação dos reflexos, taquicardia e respiração irregular, fazem suspeitar de cocaína;

j - a presença de fIebite, trombofIebite das veias dos membros superiores (antebraços), é freqüente entre os viciados.56

A par destes fatos deve-se suspeitar de toxicomania quando existe uma disparidade acentuada entre os dados reais e aqueles que a pessoa informa sobre si mesma Geralmente são pacientes vaidosos, contam vantagens. alardeiam amizades com personalidades que estão fora de seu círculo de relações e, dirigem-se ao médico, com uma intimidade não autorizada.

Nestes casos, a colaboração da psiquiatria se faz necessária para identificar efetivamente o suspeito toxicômano.

Por outra parte, os efeitos imediatos de determinadas drogas se traduzem por alterações que ao exame clínico do paciente poderão orientar na verificação do provável viciado, como também da droga que é utilizada.

Senão veja-se:

1 - Maconha

 Tamanho pupilar normal

 Reação lenta ou ausência de reação pupilar à luz  Ausência de convergência  Esclerótica avermelhada  Nistagmo horizontal  Edema palpebral  Iacrimejamento  Olhos "vidrados" 56 Id.

2 - Heroína

 Miose

 Ausência de reação pupilar à luz  Ptose palpebral

 Reflexo corneano diminuído  Edema palpebral

 Olhos "vidrados"

3 - Benzodiazepínicos

 Pupila normal

 Pouca ou ausência de reação pupilar à luz  Presença de nistagmos  Esclerótica avermelhada  Ausência de convergência  Olhos "vidrados" 4 - Cocaína  Midríase

 Pouca ou ausência de reação pupilar à luz  Diminuição do reflexo corneano

Além do referido exame médico, recomenda-se submeter o candidato ao teste do PMK, cujo resultado deve ser comunicado, previamente, ao médico do trabalho antes mesmo de realizar o exame clínico.

Em última instância e em face de evidentes suspeitas clínicas, pode-se lançar mão de análises químicas toxicológicas no sangue ou na urina (alto custo e necessidade de laboratório especializado), considerando-se sempre que a obrigatoriedade da realização desses exames exige anuência do paciente por escrito, devido às controvérsias legais que suscita.

O controle deve prosseguir por ocasião dos exames médicos periódicos e de demissão cuja orientação e sistemática obedecem aos mesmos critérios e parâmetros do exame médico admissional.

2.5.3.2 Conduta do médico do Trabalho na empresa

Surpreendido um empregado durante a jornada de trabalho fazendo uso de qualquer droga, ou mesmo ao ser encaminhado ao Médico do Trabalho com simples suspeita de estar drogado, o mesmo deverá ser encaminhado para orientação psiquiátrica, uma vez confirmado o diagnóstico ou a suspeita, e para programas anti-drogas oficiais e/ou particulares. Nestes casos, a colaboração do Serviço Social é indispensável.

Ao mesmo tempo, o empregado deve ser incluído no rol daqueles que exigem controle médico específico (exame médico especial), cuja periodicidade deverá ser mensal.

2.5.3.3 Programa de prevenção na empresa

A mesma fonte supra citada revela que o estabelecimento e a implantação de um programa anti-droga no âmbito da empresa exige, fundamentalmente, para alcançar êxito três fases básicas.

A primeira consiste em sensibilizar e conscientizar a Direção da empresa envolvendo todos os escalões intermediários, ou seja, os gerentes e os supervisores. Obtido o beneplácito, segue-se procurando incutir entre todos os empregados a noção clara, exata e objetiva dos malefícios causados pelas drogas e a necessidade em evita-las. Ainda nesta fase inicial organizar e pôr em prática treinamentos para as diferentes operações, procurando identificar entre os grupos de trabalhadores aqueles que sobressaem e que manifestam interesse e maior participação sobre os assuntos discutidos. A estes se fará uma reciclagem e aprofundamento dos assuntos pertinentes.

Pode-se organizar palestras e treinamentos envolvendo todos os componentes da empresa, sendo instrutores os profissionais da Segurança e da Medicina do Trabalho e do Serviço Social.

Em uma seguinte e última fase, devem ser programadas reuniões com a presença de familiares do "grupo de risco" (identificados como usuários de drogas), aplicando sempre que possível a dramatização de situações reais detectadas entre os empregados da empresa.

O referido programa deverá ser complementado por freqüentes informações aos empregados a respeito do assunto, utilizando-se de todos os meios de comunicação e informação disponíveis que, se não existentes, deverão ser criados.

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