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4. CONCEITOS E TÉCNICAS

5.2 Card-sorting

“Exercícios de card-sorting com utilizadores representativos podem ajudar a descobrir as categorias e os respetivos nomes.”21 (Tidwell, 2005)

Esta metodologia é especialmente importante para afinar a terminologia do sistema e para realizar um agrupamento lógico da informação. (Nielsen and Budiu 2013)

O card-sorting usa um sistema de cartões individuais com terminologia para que o utili- zador agrupe os termos e conceitos. Deste modo, é possível obter uma compreensão mais alargada acerca da forma como os utilizadores interpretam e agrupam a informação, para que esta seja posteriormente utilizada na interface do sistema.

Esta técnica é especialmente pertinente para reestruturar a informação de um sistema, cuja informação seja demasiado técnica ou institucional, adequando-a melhor à perceção do utilizador. (Ribeiro, 2012)

5.2.1 Tipos de Card-sorting

O card-sorting pode decorrer de três formas distintas:

• Card-sorting aberto: é facultado ao utilizador um conjunto de cartões com a termi-

nologia do sistema e um conjunto de cartões em branco. É-lhe pedido que agrupe os termos pela sua lógica e que crie uma descrição genérica para esse conjunto de cartões, escrita num cartão branco. Desta forma, o utilizador reestrutura a arquitetura da in- formação, bem como o agrupamento de funções.

• Card-sorting fechado: são facultados ao utilizador dois conjuntos de cartões, um com

terminologia do sistema e outro como agregador dos termos. É-lhe pedido que agru- pe os cartões da terminologia do sistema com os cartões agregadores. Este tipo de

card-sorting é frequentemente utilizado para validar os resultados de um card-sorting

aberto.

21 Tradução livre do autor, no original Inglês: “Card-sorting exercises with representative users can help you figure out

• Card-sorting invertido: neste tipo de card-sorting são facultados cartões individuais,

cada um contendo terminologia do sistema. É pedido ao utilizador que crie uma hie- rarquia de sistema que concretize uma tarefa específica. O utilizador cria o percurso necessário para cumprir a tarefa, pelo que este tipo de card-sorting, também conhecido como classificação baseada em cartões, é um validador dos dois tipos de card-sorting anteriormente referidos. A sua validação é eficiente para todos os níveis da arquitetura do sistema. (Ribeiro, 2012)

5.2.2 Processo

Para uma melhor eficiência no processo do card-sorting, devem ser garantidos quatro passos: • Entrevistas prévias, que permitam sintetizar os objetivos e necessidades de um utiliza-

dor em relação ao sistema;

• Arquétipos de utilizador na forma de personas;

• Cenários contextuais para construir o percurso referente a uma tarefa;

• Mind map ou outra forma de listagem de funções do sistema;

Esta análise pode decorrer em grupo ou individualmente, e deve ser realizada com pelo me- nos quinze utilizadores de modo a obter 90% de fiabilidade nos resultados. (Ribeiro, 2012) O teste deve ser explicado ao utilizador e deve ser realizada a entrega dos cartões. No caso de card-sorting aberto, devem ser facultados cartões em branco, para que o utilizador possa incluir termos que considere interessantes, e deve ser possível a sua liberdade de manipulação. (Ribeiro, 2012)

Para agilizar o processo de card-sorting tradicional, existem ferramentas de software e fer- ramentas online para esse efeito. É ainda possível realizar um card-sorting simplificado, em papel.

5.2.3 Vantagens e Desvantagens

O card-sorting é uma metodologia rápida, barata e eficiente para estruturação e ajusta- mento da informação do sistema.

Este método tem a desvantagem de necessitar de um analista experiente para realizar a in- terpretação dos resultados, de modo a evitar que estes sejam tendenciosos ou enganadores. Quando utilizado numa fase inicial do projeto, este método é muito eficiente como base de trabalho mas, no entanto, não é uma técnica de análise de usabilidade e, por esse mo- tivo, os seus resultados não devem ser tidos em conta para a usabilidade do sistema, mas sim para o agrupamento de funções.

5.3 Prototipagem

Protótipos são “ (…) artefactos que simulam ou animam alguns, mas não todos, os re- cursos do sistema pretendido.”22 (Dix et al., 1998) Protótipos são representações do sis-

tema com limitações funcionais face ao produto final que podem ser consistidos num

storyboard em papel, representações visuais estáticas ou animadas, numa simulação com

funcionalidade limitada ou primeiras versões de um sistema.

Assim, são a base do processo iterativo de design. Para que um protótipo possa ser usado eficientemente num teste, terá de conseguir efetuar pelo menos uma tarefa requerida pelo utilizador.

5.3.1 Método de Prototipagem

Segundo Dix (et al., 1998), existem três aproximações principais à criação de protótipos:

• Descartável: Método em que o protótipo é criado para testes e após o seu uso é des-

cartado. Posteriormente é criado o produto final.

22 Tradução livre do autor, no original Inglês: “(…) artifacts that simulate or animate some but not all features of the

• Incremental: Neste método o produto é desenhado e particionado em componentes

incrementais. O produto final é uma junção dos vários componentes, sendo atualizado por adição ou substituição dos mesmos.

• Evolucionário: Método em que o protótipo é a base do produto final e que nunca é

descartado. O sistema evolui partindo de um protótipo limitado para um sistema mais completo.

5.3.2 Tipos de Protótipo

“A ideia por trás da prototipagem é reduzir a complexidade de implementação, eliminan- do partes do sistema completo.”23 (Nielsen, 1994)

Segundo (Nielsen, 1994), a redução de complexidade leva a dois tipos fundamentais de protótipo: o horizontal e o vertical.

• Protótipos horizontais são aqueles que reduzem a complexidade ao retirar funcionali- dade, mas mantendo as funcionalidades de primeiro nível. Tem como função a análise da navegação, não contemplando interações mais profundas na interface.

• Protótipos verticais reduzem a navegabilidade, mas implementam a total funcionali- dade de uma função escolhida em toda a sua hierarquia funcional.

5.3.3 Vantagens e desvantagens

A criação de um protótipo permite uma aproximação mais fácil ao utilizador, permitindo uma recolha de feedback mais facilitada, o que acelera o desenvolvimento da usabilidade de um sistema. Alan Dix (et al., 1998) enfatiza que, através da prototipagem de um siste- ma, é possível testar o impacto de uma interface com utilizadores reais.

No entanto uma avaliação dos requisitos do sistema final só pode ser confiável caso as condições de avaliação se assemelhem às previstas para a operação real.

23 Tradução livre do autor, do original inglês: “The entire idea behind prototyping is to cut down on the complexity of

Alan Dix (et al., 1998) refere ainda que existem condicionantes para a gestão do processo de design como:

• Tempo de conceção do protótipo que, caso seja descartável, tem um alto impacto no projeto;

• Planeamento necessário;

• Falta de atributos mais importantes, como a fiabilidade.