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5.6 Teste de Usabilidade ou Análise Empírica

Este método de avaliação de usabilidade é também conhecido como método de verbali- zação do pensamento, sendo o procedimento mais usual de análise de usabilidade. Este método pode ser usado em qualquer fase de projeto e em simultâneo com outras meto- dologias de teste.

Esta análise tem como objetivo a identificação de problemas de usabilidade ou funcionais antes de a aplicação ser disponibilizada para o público.

Segundo Krug (2006) “(…) num teste de usabilidade, a um utilizador de cada vez, é mos- trado algo (seja uma página Web, um protótipo, ou alguns esboços) e é-lhe pedido para (a) descobrir do que se trata ou (b) tentar utilizá-lo numa tarefa típica.”29

O teste de usabilidade tradicional é conduzido num laboratório de usabilidade, por um avaliador especializado, com recurso a um grupo de oito ou mais utilizadores seleciona- dos para representar o público-alvo. Apresenta grande rigidez e elevados custos devido ao planeamento necessário e reserva do laboratório, pela preparação do protocolo de teste e pelo seu carácter único, pois com este nível de custos, provavelmente, só poderá ser feito uma vez. (Krug, 2006)

Segundo Cooper (2007), o teste de usabilidade “(…) exige um artefacto de design bastante completo e coerente para ser testado, (…) significando que a altura apropriada para os testes de usabilidade é muito tardia no ciclo de projeto (…)”30.

Uma alternativa a esta formalidade é proposta primeiramente por Nielsen (1994) e apri- morada por Krug (2006). Esta alternativa refere o uso de qualquer grupo de no mínimo três utilizadores comuns para que, informalmente, o designer teste a usabilidade do seu sistema.

29 Tradução livre do Autor, no original Inglês: “In a usability test, one user at a time is shown something (whether it’s a

Web site, a prototype of a site, or some sketches of individual pages) and asked to either (a) figure out what it is, or (b) try to use it to do a typical task.”

30 Tradução livre do Autor, no original Inglês: “(…) requires a fairly complete and coherent design artifact to test

Nielsen (1994) determina que o método simplificado de verbalização do pensamento31 é

normalmente conduzido por grupos de três a cinco elementos, mantendo praticamente a mesma efetividade de um teste em larga escala.

O teste de usabilidade proposto por Krug (2006), que denomina como teste de usabilidade em saldo32, é um estudo onde um grupo de três a quatro utilizadores são escolhidos para

testar uma aplicação. (Krug, 2006)

Com esta designação, o autor afirma que este método requer poucos recursos monetários, de tempo e de logística, podendo ser efetuado em qualquer escritório ou sala de conferên- cias, com qualquer utilizador que esteja à vontade com sistemas similares ao testado, com pouca preparação e em qualquer altura do desenvolvimento.

5.6.1 Processo

Segundo Krug (2006), cada teste deve ser procedido com uma preparação mínima, esta- belecendo objetivos, áreas de foco e os cenários a serem testados. Deve também ser prepa- rada uma listagem das questões gerais a serem respondidas ao longo do teste e elaborado um questionário final para recolher mais feedback do utilizador.

As entrevistas, para proceder à análise empírica de usabilidade, devem ser conduzidas de modo informal. Este tipo de entrevista não deve seguir um modelo rígido, adaptando-se à personalidade de cada entrevistado a fim de identificar mais facilmente frustrações e dificuldades sem necessidade da sua oralização.

Devido a esta observação privilegiada da interação, um dos aspetos mais importantes a ser retido prende-se com a atenção às reações dos entrevistados, bem como as suas expressões faciais e comportamentos dentro da aplicação. Desta forma poder-se-ão identificar os ele- mentos causadores de dificuldade numa interface.

Qualquer informação prévia acerca do sistema deve ser evitada para que o entrevistador percecione mais facilmente se os utilizadores percebem o sistema, bem como o seu fun- cionamento. (Krug, 2006)

31 Tradução livre do Autor, no original Inglês: “simplified Thinking Aloud test”

Krug (2006) refere a necessidade da existência de um facilitador junto ao entrevistado para que sentimentos nefastos, como a frustração, sejam minimizados. O facilitador deve ser paciente e empático. É importante que os utilizadores entendam que o foco do teste é o sistema, e não o utilizador, e que a crítica que efetuarem, não será recebida negativamente, será importante para o desenvolvimento do produto.

O teste deve ser registado em vídeo e as ações do utilizador devem ser registadas por soft-

ware de captura de ecrã, para ser cruzado com a análise feita por um observador externo. É

importante que o teste conte com a presença de um observador, preferencialmente numa outra sala, que registe extensivamente toda a experiência. Deste modo, evita-se perda ou lapsos de informação e são registadas notas cruciais acerca das reações dos utilizadores. Os registos podem ser livres ou seguir um modelo previamente criado para o efeito que aborde as questões iniciais relativas aos cenários de utilização. Deve ser usada uma abor- dagem híbrida entre registo livre e no modelo, para que não seja esquecido nenhum ponto importante, e para uma livre adição de qualquer informação relevante. (Ribeiro, 2012) Um ponto crítico deste tipo de análise é que o entrevistador não deve pedir opções de resolução do problema encontrado ao entrevistado, dado que este precisa de ser livre e comportar-se como um utilizador, a fim de se identificar problemas propensos a ocorrer a um utilizador.

No final de um teste, o entrevistador deve fazer um questionário, previamente elaborado, com a finalidade de recolher opiniões, se gostou ou não, “que funcionalidades esperariam de uma aplicação semelhante e como/se a iriam utilizar no futuro.” (Ribeiro, 2012)

Após a concretização das entrevistas, a revisão dos dados deve ser uma prioridade. Krug (2006) recomenda que a elaboração de três a quatro testes numa manhã e posterior revi- são nessa tarde.

Reunidos todos os dados obtidos pelo teste, deve ser executada uma triagem para ser pro- cedida uma análise de importância baseada na ocorrência e pertinência. Após este passo, deve ser discutida a forma de resolução desses problemas.

5.6.2 Vantagens e Desvantagens

Este tipo de teste de usabilidade é executado com utilizadores reais, pelo que os resultados são mais realistas, concretos e inequívocos. Krug (2006) refere-se ao teste de usabilidade como um processo iterativo, pelo que não é executado de uma vez, mas numa sequência de teste, retificação do sistema, novo teste, e assim sucessivamente.

Este tipo de abordagem de análise é muito rápido na identificação de erros, gastando pou- cos recursos e recorrendo a poucos utilizadores.

O facto de não necessitar de especialistas e de poder ser efetuado em qualquer fase do projeto, apresentam-se como fatores muito vantajosos. Krug (2006) refere que “testar um utilizador é 100 por cento melhor do que não testar de todo.”33 e que “Testar um utilizador

no início do projeto é melhor do que testar cinquenta perto do fim.”34.

Este teste depende dos utilizadores, na medida em que, a motivação, o estado mental ou a ocorrência de um erro por parte do utilizador, obriga a um direcionamento eficaz da sessão por parte do entrevistador.

33 Tradução livre do Autor, no original Inglês: “Testing one user is 100 percent better than testing none.”

34 Tradução livre do Autor, no original Inglês: “Testing one user early in the project is better than testing 50 near the

6. PROJETO

O projeto proposto visa a aplicação no aLIVE Panoramics, da estratégia de design cen- trado no utilizador, com o objetivo de melhorar a plataforma e consequentemente a ex- periência dos utilizadores. Deste modo, ao longo deste capítulo, serão postas em prática várias estratégias de criação para definir os pontos essenciais para a conceção da interface de utilizador da nova versão da aplicação.

A análise heurística tem como objetivo a definição dos pontos gerais a melhorar na apli- cação. A análise empírica encarrega-se da procura e circunscrição dos pontos críticos a corrigir. Para a criação da aplicação é crucial a sintetização de personas, cenários e requi- sitos para definir as várias categorias de público-alvo e adequar a experiência aos seus objetivos e requisitos funcionais.

Assim, neste capítulo serão descritas as metodologias de design centrado no utilizador aplicadas, ao projeto, e as suas descrições detalhadas.