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Caso-Prático: Abi Feijó e Regina Pessoa

Álvaro Graça de Castro Feijó (1956-presente), conhecido como Abi Feijó e nascido em Braga, e Regina Maria Póvoa Pessoa Martins (1969-presente), conhecida como Regina Pessoa e nascida em Coimbra, são um casal de

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realizadores portugueses que se dedicam à arte dos desenhos animados.

Licenciado em Arte Gráfica e Design pela Escola Superior de Belas-Artes do Porto, Abi Feijó tornou-se realizador, produtor, professor e formador, tendo realizado a título individual os filmes Oh que Calma! (1985), A Noite saiu à Rua (1987), Os Salteadores (1993), Fado Lusitano (1995) e Clandestino (2000). Regina, licenciada em Pintura pela Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto, tornou-se realizadora, animadora e professora, tendo realizado a título individual A Noite (1999), História Trágica com Final Feliz (2005), Kali, O Pequeno Vampiro (2007) e o mais recente filme Tio Tomás, A Contabilidade dos Dias (2019).

Uma das três salas da Casa-Museu de Vilar é dedicada ao trabalho de Abi Feijó e Regina Pessoa. Nesta sala, os visitantes encontram numa parte central um monitor com excertos dos filmes dos realizadores e em torno de toda a sala desenhos originais que deram origem a esses mesmos filmes. O objetivo é que os visitantes conheçam os filmes, mas que também consigam fazer a ligação entre desenho original e monitor. É interessante percebermos esta sala como uma espécie de making-of dos filmes que se seguem.

Figura 4 – Sala da Arte de Abi Feijó e Regina Pessoa

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Os Salteadores, um filme realizado pelo Abi, baseando-se num conto de Jorge de Sena, é um dos filmes cujos originais estão expostos. A cena passa-se um pouco no rescaldo da Guerra Civil espanhola e dos refugiados que nessa altura vieram para Portugal e que foram apanhados pela polícia de Salazar e entregues às autoridades espanholas. Executado inteiramente em grafite sobre papel, os personagens foram recortados para serem possíveis de animar. Foi neste filme que o Abi e a Regina se conheceram e trabalham juntos desde então.

O Fado Lusitano, a primeira coprodução internacional do Abi Feijó, trata-se de um autorretrato que o realizador fez sobre Portugal. Portanto, este filme pretende ser uma visão de como se sente em ser português e qual é a nossa produzido para o filme Clandestino, um filme baseado no conto de O Viajante Clandestino, de José Rodrigues Miguéis, que foi feito totalmente em areia.

Sempre que foi necessário colocar um segundo personagem num mesmo cenário, o realizador utilizou um segundo vidro para não ter de refazer o cenário.

No caso concreto do filme A Noite, de Regina Pessoa, com exemplares também patenteados nesta sala, foi utilizada a técnica de gravura sobre placas de gesso. Esta técnica consiste em pegar numa placa de gesso feita sobre um vidro e dar-lhe uma textura com uma lixa grossa, sobre essa textura é pintada uma camada de guache e, por fim, com um x-ato a placa é raspada no sentido de retirar o escuro para ficarem as luzes que podem ser vistas no filme. A Animação foi possível através da captação fotográfica de desenho a desenho sobre a placa de gesso; ou seja, sempre que era realizado um desenho novo, o desenho anterior era destruído, portanto, os originais expostos são apenas o último desenho de cada plano do filme.

Em a História Trágica com Final Feliz Regina Pessoa começou por fazer estudos prévios, aliás, um trabalho de Serigrafia que iniciou na Faculdade de Belas-Artes da Universidade do Porto e onde a autora delineou também a história do filme. Mais tarde, fez estudos já pensados, utilizando uma técnica

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muito interessante que é o scraperboard, ou seja, um cartão preto que quando riscado se torna branco. Esta técnica é, de facto, uma maneira muito curiosa de se desenhar, pois estamos habituados a desenhar as sombras partindo de um fundo branco, mas, neste caso, o papel é preto e são as luzes a serem desenhadas. Depois destes estudos, Regina criou um storyboard com bastante detalhe e, de seguida, fez os layouts que, no fundo, são as “maquetas” de um filme onde os personagens são separados dos cenários. Os desenhos foram todos passados a limpo e a partir daqui a realizadora fez uma técnica muito específica: fotocopiou os desenhos, pintou-os com tinta da china e “desenhou”

raspando com um x-ato para tirar a tinta que estava a mais.

42 5.ACERVO DA CASA-MUSEU DE VILAR –AIMAGEM EM MOVIMENTO

5.1.

A

S

C

OLEÇÕES

A “Casa-Museu de Vilar – A Imagem em Movimento” possui um acervo museológico constituído por coleções diversificadas, levadas a cabo por Álvaro Graça de Castro Feijó, sendo elas: a coleção do Pré-Cinema, a coleção da Arte de Abi Feijó e Regina Pessoa, a coleção da Animação Internacional, a coleção de livros, a coleção de cartazes, a coleção de filmes, a coleção de aparelhos e a coleção de prémios. Apenas a coleção do Pré-Cinema, da Arte de Abi Feijó e Regina Pessoa e da Animação Internacional se encontram expostas na casa-museu e são possíveis de serem observadas durante a modalidade de visita-guiada, contudo, existem em reserva algumas peças pertencentes a estes grupos. No que diz respeito às coleções de livros, cartazes, filmes, aparelhos e prémios, estas estão presentes no espaço anexo onde se localiza a receção e a sala multiusos.

A maior parte do mobiliário que encontramos nas salas da exposição permanente da Casa-Museu de Vilar fazia parte da casa antiga, embora tenha sido deslocado de outras partes e adaptado a novas funções. Neste sentido, as peças das coleções existentes na casa-museu estão colocadas em mobiliário expográfico adaptado a partir do mobiliário que existia na casa. Isto significa que, os móveis que agora sustentam os conteúdos da instituição museológica representam a identidade da casa e constituem parte do acervo do museu.

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