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Casos de Inimputabilidade

No documento Apostila- Teoria Geral do Crime(1).pdf (páginas 34-39)

→ 1º DISPOSITIVO – art. 26, caput, do CP

Art. 26 - É isento de pena o agente que, por doença mental ou desenvolvimento mental incompleto ou retardado, era, ao tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou

de determinar-se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984).

Redução de pena

Parágrafo único - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, em virtude de perturbação de

saúde mental ou por desenvolvimento mental incompleto ou retardado não era inteiramente capaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento

O art. 26 traz três situações de inimputabilidade:

→ Doença mental,

→ Desenvolvimento mental incompleto e → Desenvolvimento mental retardado.

Doença mental

Doença mental é aquela que afeta as funções do intelecto e da determinação da vontade do agente. Não é necessário que a doença retire ambas as funções, bastando a perda total de apenas uma delas. Tal prova biopsicológica será diagnosticada por um perito.

Ex: demência senil, esquizofrenia, arteriosclerose cerebral, todos os tipos de psicose, sífilis cerebral, etc. Obs. - pessoas que estão em nível avançado de dependência química podem ser diagnosticadas com embriaguez patológica ou intoxicação patológica (espécie de psicose tóxica)

Obs. Embriaguez significa intoxicação

Obs.: Epilepsia não é doença mental, não é retardo mental e não é desenvolvimento mental incompleto. Mas, nos momentos de crise da doença a pessoa pode perder totalmente a capacidade volitiva e/ou intelectual. O CP não previu essa condição do epilético. A jurisprudência tem manifestado pela aplicação do art. 26, caput do CP por “analogia in bonam partem”, exigindo-se sempre a prova biopsicológica.

Desenvolvimento mental incompleto e desenvolvimento mental retardado.

Ambos não têm sua capacidade mental plena. No desenvolvimento mental incompleto há chances da pessoa atingir a plenitude mental via tratamento. Mas, no desenvolvimento mental retardado a medicina ainda não conseguiu desenvolver tratamentos para dar a estas pessoas chances de alcançar a plenitude mental.

Exemplos de casos de retardo: oligofrênicos, idiotice e imbecilidade, todos estão relacionados com o

baixo índice do coeficiente intelectual.

Exemplos de casos de desenvolvimento mental incompleto: surdo-mudo incapacitado mentalmente

em razão da deficiência, silvícolas (pessoa inadaptada socialmente – índio, esquimó).

Atenção: Nem todos surdos-mudos são inimputáveis, mas somente os que, pela doença, têm a capacidade mental afetada (perda total da capacidade intelectual ou volitiva).

SANÇÃO tratamento.

O Estado baseado na ideia de prevenir a sociedade de atos perigosos criou para os inimputáveis do art. 26, caput, do CP uma sanção terapêutica, denominada, medida de segurança. Neste tipo de sanção, ao invés de aplicar uma pena retributiva/castigo, aplica-se uma pena tratamento.

Medida de segurança é a sanção tratamento aplicável aos inimputáveis do art. 26, caput, do CP. Existem duas espécies de Medidas de Segurança:

- Internação em hospital de custódia e tratamento psiquiátrico. Em geral é aplicada ao inimputável do

art. 26, caput, do CP, que praticou fato injusto, cuja pena cabível em lei seria reclusão.

- Tratamento ambulatorial – Aplica-se em geral ao inimputável que praticou injusto previsto em lei com qualquer outra pena que não seja reclusão. Neste caso, pode o juiz decidir pela internação se julgar necessário. (ver art. 97, c/c art. 96,I, II, ambos do CP).

Prazo das Medidas de Segurança:

O prazo mínimo da Medida de Segurança é de 1 a 3 anos, mas o limite máximo é 30 anos ( há inúmeras posições sobre tal tema – esta é nossa posição – atual posição do STF - procure pesquisar outras posições), porque não pode haver nenhuma pena perpétua no Brasil, nem os efeitos da condenação podem ser perpétuos (art. 5

, XLVII, da CF/88)

. O artigo 75 do CP estabelece o limite da pena no Brasil (30 anos).

Semi-imputável – art. 26, parágrafo único: Agente que possui um dos fatores biológicos definidores da incapacidade, mas não demonstra a perda total das capacidades intelectual ou volitiva. Terá como conseqüência uma pena reduzida, que pode vir a ser substituída por medida de segurança, se necessária (art. 98 do CP).

→ 2º DISPOSITIVO – art. 27, caput, do CP - Menores de dezoito anos.

Segundo o dispositivo acima os menores de 18 anos são penalmente inimputáveis/incapazes. Os menores de 18 anos não praticam crimes e por isso estão sujeitos a uma legislação especial por eventual ato infracional análogo a crime que por ventura praticarem. Essa legislação especial é o Estatuto da Criança e do Adolescente - ECA – lei nº 8069/90 – Estatuto da Criança e do Adolescente.

A menoridade é um caso de inimputabilidade que só exige prova biológica, ou seja, é a inimputabilidade absoluta do sujeito.

Quando um menor de 18 anos pratica um fato típico e ilícito, ele não pode ser criminalizado, pois não goza de capacidade de ser culpável, de ser imputável. O que determina a incapacidade do agente de acordo com o artigo 27 do CP é imaturidade do agente.

De acordo com o ECA, criança é aquela que tem de 0 a 12 anos incompletos, e adolescente o que tem de 12 a 18 incompletos.

Há 2 tipos de medidas no ECA:

- Medidas protetivas ou de proteção (art. 101, ECA)

São utilizadas nos casos em que a criança e o adolescente precisarem de proteção dos seus direitos, mesmo se não praticarem atos infracionais. Crianças que praticam atos infracionais não podem sofrer medidas socioeducativas, só podem sofrer as medidas do art. 101, ECA.

Exemplo de medidas protetivas: - Adoção; Colocação em abrigo; Matrícula e freqüência obrigatória em escola; Tratamento de desintoxicação; Tratamento psicológico e psiquiátrico; etc.

- Medidas socioeducativas (art. 112, ECA) Somente se aplicam aos adolescentes que praticam ato infracional.

O juiz da Vara de Infância e Juventude poderá aplicar cumulativamente uma medida socioeducativa com alguma protetiva. Poderá também aplicar mais de uma socioeducativa pelo mesmo ato infracional. As

medidas socioeducativas são: advertência, reparação do dano, liberdade assistida, prestação de serviços à comunidade, regime de semiliberdade e internação.

Casos de internação do adolescente:

Art. 122. A medida de internação só poderá ser aplicada quando:

I - tratar-se de ato infracional cometido mediante grave ameaça ou violência a pessoa; II - por reiteração no cometimento de outras infrações graves; -

III - por descumprimento reiterado e injustificável da medida anteriormente imposta. –

§ 1º O prazo de internação na hipótese do inciso III deste artigo não poderá ser superior a três meses. § 2º. Em nenhuma hipótese será aplicada a internação, havendo outra medida adequada.

→ 3º DISPOSITIVO – art. 28,§ 1º – Embriaguez Acidental e Completa

Art. 28 § 1º - É isento de pena o agente que, por embriaguez completa, proveniente de caso fortuito ou força maior, era, ao

tempo da ação ou da omissão, inteiramente incapaz de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-se de acordo com esse entendimento

Este dispositivo traz a questão da embriaguez acidental e completa, último caso de inimputabilidade do CP. Também exige a prova biopsicológica, sem esta não haverá declaração da inimputabilidade do agente. No momento do fato típico e ilícito, há de se fazer prova de que o agente perdeu TOTALMENTE (devido à questão biológica) a capacidade intelectual (entender o que é certo ou errado) ou a capacidade volitiva (autodeterminação da vontade).

A prova biológica da embriaguez do art. 28 § 1º, é a prova que houve embriaguez e que esta foi acidental e completa. Embriaguez é uma intoxicação aguda, profunda, porém transitória, causada por álcool ou por substâncias análogas, como remédios, drogas etc.

Para o agente provar que é inimputável por esta embriaguez, o legislador exigiu que essa embriaguez tivesse duas características: acidental e completa; caso contrário, não será declarado inimputável.

Embriaguez ACIDENTAL:

Quando proveniente de caso fortuito ou força maior. A pessoa não teve intenção de se intoxicar, não foi um ato voluntário, nem no caso fortuito nem na força maior.

Força Maior: ocorre quando algo externo (outra ação humana) ao agente, o obriga, impõe, determina sua intoxicação.

Ex: colocam uma arma na cabeça e obrigam o agente a ingerir a substância; “boa noite cinderela” também é um caso.

Caso Fortuito: Neste o agente também não quer ficar intoxicado. Há duas hipóteses de caso fortuito: 1º CASO: O agente não tem conhecimento que está ingerindo a substância embriagante. Não há ação externa de outra pessoa,

Ex: Tomar uma medicação pensando que é outra substância.

2º CASO: Ocorre quando a pessoa sabe que está ingerindo a substância, mas não conhece o efeito

embriagante que a substância produzirá nele. Normalmente ocorre com medicamentos.  Embriaguez COMPLETA:

Para saber se a embriaguez ocorreu ou não de forma completa é preciso estudar as fases da embriaguez. São três as fases (conforme a doutrina e a jurisprudência estabelecem):

1º fase: EXCITAÇÃO – Nesta fase o agente não perde a capacidade de entendimento, apenas tem

diminuído sua autocrítica, portanto neste caso não há embriaguez completa ainda.

2º fase: DEPRESSÃO – Desta fase em diante a embriaguez já é completa, pois já possibilita a perda

total das capacidades intelectuais e volitivas da pessoa, não podendo faltar prova psicológica confirmando tal fato.

As características da pessoa nesta fase - Perda de coordenação motora e dos reflexos; - Excesso de agressividade e irritabilidade;

3º fase: LETARGIA – Esta fase se dá com o coma embriagante, com o sono, o desmaio.

Requisitos para ser inimputável do art. 28 § 1º:

Requisitos biológicos (prova biológica)

1º – provar que a embriaguez foi acidental (caso fortuito e força maior) 2º - e completa (na 2ª ou 3ª fase da embriaguez)

Requisito psicológico – Estabelecer prova de que no ato a pessoa perdeu toda capacidade de entendimento intelectual ou a capacidade de autodeterminação da vontade, neste caso é declarado inimputável pelo art. 28 § 1º. A consequência jurídica da embriaguez acidental por caso fortuito ou força maior é a isenção de pena.

Art. 28,§ 2º, do CP: Redução de Pena

Art. 28 - § 2º - A pena pode ser reduzida de um a dois terços, se o agente, por embriaguez, proveniente de caso fortuito ou força

maior, não possuía, ao tempo da ação ou da omissão, a plena capacidade de entender o caráter ilícito do fato ou de determinar-

se de acordo com esse entendimento. (Redação dada pela Lei nº 7.209, de 11.7.1984)

Semelhante ao semi-imputável, ou imputável com culpabilidade diminuída do art. 26, PÚ. O agente não perde toda a capacidade intelectual ou volitiva, mas por conta da embriaguez ter sido acidental o legislador estabeleceu um tratamento diferenciado ao agente, que é a redução de sua pena de 1/3 a 2/3.

IMPORTANTE:

Embriaguez patológica (voluntária) = doença mental ≠

Embriaguez acidental (involuntária).

POTENCIAL CONSCIÊNCIA DA ILICITUDE

Para uma pessoa ser culpável ela deve ter a consciência do seu ato, ou ao menos possibilidade de alcançar.

O legislador torna culpável quem tem a consciência da ilicitude e quem poderia ter alcançado a

consciência. A única maneira de não ser culpável é não ter a real consciência e nem a possibilidade de

alcançá-la.

No documento Apostila- Teoria Geral do Crime(1).pdf (páginas 34-39)

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