Categoria 1 – Formas de avaliação

Sobre esse aspecto, pode-se destacar que no primeiro dia de observação foram identificadas duas situações avaliativas.

Situação avaliativa 1 – Cópia de um fragmento do livro “Menina bonita do laço de fita” (FIGURA 5).

Figura 5 – Texto com fragmento do livro "Menina bonita do laço de fita"

Fonte: Documento disponibilizado pela escola analisada.

a) Objetivo: exercitar a dimensão 3 da escrita, constante no documento dos Direitos de Aprendizagem (conhecimentos do sistema alfabético, linguísticos e gramaticais que

auxiliam na construção de sentido do texto como pontuação, paragrafação, concordância e coesão textual).

b) Conteúdos avaliados: separação silábica, paragrafação e pontuação.

c) Descrição da metodologia: a professora copiou o fragmento retirado do livro “Menina bonita do laço de fita” no quadro e solicitou que as crianças copiassem em seus cadernos. A cada parágrafo que ela copiava, parava e percorria a sala orientando os alunos: “Não é porque a tia colocou a palavrinha inteira que vocês têm que colocar também, porque aqui no quadro minha letra é maior do que a de vocês. Se não dá, passa pra outra linha”.

Depois dessas orientações, a professora aguardou que os alunos terminassem e realizou a “checagem” da tarefa, indo a cada carteira, verificando a qualidade da cópia das crianças, e aferindo um conceito mediante a aplicação de um carimbo na folha do caderno.

d) Instrumentos utilizados: nenhum.

Situação avaliativa 2 – Aplicação da atividade sobre o texto copiado (FIGURA 6) e o vídeo assistido pelas crianças.

Figura 6 − 4ª questão da atividade – Menina bonita do laço de fita

Fonte: Documento disponibilizado pela escola analisada.

a) Objetivo: exercitar a dimensão 3 da escrita, constante no documento dos Direitos de Aprendizagem (conhecimentos do sistema alfabético, linguísticos e gramaticais que

auxiliam na construção de sentido do texto como pontuação, paragrafação, concordância e coesão textual), bem como a dimensão 2 da leitura (desenvolvimento de estratégias de leitura).

b) Conteúdos avaliados: na escrita, paragrafação e separação silábica. Na leitura, localização de informações explícitas.

c) Descrição da metodologia: a professora entregou as atividades para a turma ao mesmo tempo em que fazia questionamentos sobre o vídeo/história que haviam assistido. Essa atividade era relacionada à história “Menina bonita do laço de fita” que tinha sido tanto assistida como copiada no quadro no início da aula. A professora chamou uma das alunas para fazer a leitura do texto na frente da sala enquanto os outros apenas acompanhavam, sem ler em voz alta. Como as crianças apresentaram dificuldades para fazer a quarta questão (FIGURA 6), segmentar corretamente o texto, a professora solicitou que fizessem a cópia como atividade do “Para Casa”. A professora recolheu a atividade no dia seguinte.

d) Conteúdos trabalhados: paragrafação, segmentação de texto e leitura de textos verbais.

No segundo dia de observação foi realizada a aplicação da Provinha Brasil 2015.22 _de leitura e produção textual. Sobre essa atividade, pode-se destacar os seguintes aspectos:

a) objetivos: de acordo com o Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP), o objetivo da Provinha Brasil é oferecer informações que possam orientar tanto os professores quanto os gestores escolares e educacionais na implementação, operacionalização e interpretação dos resultados dessa avaliação; b) descrição da metodologia: o estado do Piauí é único do Brasil em que a aplicação

da Provinha Brasil ocorre de maneira diferente, pois por orientação do Programa Palavra de Criança, não são os próprios professores que aplicam, e sim aplicadores externos, além disso, os dados são inseridos no sistema Avalia, plataforma própria do Programa para acolher e sistematizar os resultados das crianças na Provinha. No dia da aplicação observou-se a turma da escola urbana A, em Castelo do Piauí, destaca-se desse momento: (1) a aplicação foi feita pela Secretária de Educação do município; (2) faltou o caderno do aplicador, sendo necessário que a direção fizesse uma cópia e entregasse ao

aplicador; (3) falhas na impressão de algumas provas ocorrendo duplicação de itens e supressão de outros, mas que foram solucionadas pela gestão da escola; (4) a professora não ficou em sala, mesmo com a autorização da secretária, pois disse que as crianças lhe fariam questionamentos, mas no decorrer da aplicação entrou em sala e falou para elas: “É do jeito que vocês treinaram no

simulado, vocês sabem”.

c) habilidades avaliadas: as dez habilidades expostas na Matriz de Referência para Avaliação da Alfabetização e do Letramento Inicial foram contempladas da seguinte forma: O descritor3 _{1 – Reconhecer letras, foi contemplado em três} questões; o descritor 2 – Reconhecer sílabas, foi contemplado em uma questão; o descritor 3 – estabelecer relação entre unidades sonoras e suas representações gráficas, foi contemplado em três questões; o descritor 4 – Ler palavras, foi contemplado em três questões; o descritor 5 – Ler frases, foi contemplado em uma questão; o descritor 6 – Localizar informação explícita em textos, foi contemplado em uma questão; o descritor 7 – Reconhecer assunto do texto, foi contemplado em quatro questões; o descritor 8 – Identificar a finalidade do texto, foi contemplado em duas questões; o descritor 9 – Estabelecer relação entre partes do texto, foi contemplado em uma questão e o descritor 10 – Inferir informação, foi contemplado em uma questão.

d) instrumentos utilizados: especificamente na versão 2015.2 (ANEXO J), a provinha foi montada com itens já aplicados anteriormente nas provas de 2012.1, 2012.2 e 2013.1. Tratou-se de um experimento, pois houve também alteração na metodologia de aplicação. Tradicionalmente, a Provinha Brasil é lida pelo aplicador, mas o caderno de 2015.2, montado especialmente para esse teste, trouxe metade da prova lida pelo aplicador e a outra metade pelo aluno. A intenção foi verificar o desempenho das crianças na leitura autônoma. Outra inovação foi o acréscimo do item de produção textual, cuja proposta centrou-se na produção de uma narrativa pela criança a partir de uma sequência de cenas. Esse item foi aplicado na avaliação do 2º ano da Provinha PAIC do ano de 2014 pelo Programa Alfabetização na Idade

3 _{Termo utilizado nas avaliações em larga escala para identificar habilidades que são esperadas dos alunos, portanto,} os descritores são elementos que descrevem essas habilidades.

Certa e sua utilização pelo Palavra de Criança foi autorizada pela Secretaria de Educação do Ceará- SEDUC.

Pelo que foi observado na aplicação da Provinha Brasil, destacam-se os seguintes pontos:

a) é necessário haver maior cuidado durante o processo de impressão das provas para evitar problemas que impactem nos resultados. Felizmente, nessa escola, o problema foi identificado a tempo de ser solucionado e não prejudicou a realização pelo aluno;

b) o manual do aplicador deve ser mais bem estudado e rigorosamente cumprido. Os procedimentos recomendados necessitam ser efetivados sob pena de alterar todo o processo avaliativo. Casos como a interferência da professora na aplicação e a participação da secretária de educação como aplicadora não são recomendados; c) a fala da professora às crianças “É do jeito que vocês treinaram no simulado, vocês

sabem” leva a crer que acontece um treinamento para a prova, procedimento que

não é orientado pelo Programa Palavra de Criança.