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Capítulo 3 – Análise de Conteúdo

3.7 Tema 5: A adolescente mãe

3.7.2 Categoria 9: O pai da criança

As subcategorias compreendidas dentro da categoria “o pai da criança” são dadas a seguir.

A namorada grávida

A tendência inicial da maioria dos parceiros que engravidaram as adolescentes entrevistadas é de surpresa ao saber que irão ser pais, chegam a apresentar sentimentos de culpabilidade no sentido de não ter sido responsável o suficiente e permitir que a namorada fique grávida. Inclusive, em alguns casos eles questionam a paternidade, talvez como uma tentativa de fugir da realidade da próxima paternidade.

Um aspecto que merece destaque é que parte dos namorados não mede as conseqüências e aceitam que as namoradas considerem e recorram ao aborto como alternativa para terminar com a gravidez da namorada adolescente.

decidem que a jovem namorada grávida deveria ter o filho, nesses casos a maioria deles vai se mostrar mais responsável após o nascimento da criança.

Após ser pai da criança

Após o nascimento da criança, uma grande parte desses pais chega a mostrar alguma responsabilidade e tenta ajudar na atenção das crianças, já em outros casos eles simplesmente evitam toda responsabilidade e deixam a adolescente mãe em situação difícil de abandono. Eles evadem a importante função da paternidade.

Os pais das crianças irão apresentar uma mudança de comportamento, isso nos casos em que eles colaboram na criação do recém nascido, também foi possível observar sentimentos de culpabilidade, angústia. Não somente é difícil ser mãe, para esses pais parece ser mais difícil aceitar ser pais, é difícil para eles assumir na prática a paternidade e ajudar e colaborar com o cuidado da criança.

Quando o pai da criança decide morar com a mãe adolescente, a estrutura da nova família é precária nos seus mais diversos aspectos tais como o econômico, sentimental, familiar, por citar alguns.

Parece que todos esses pais concordam em que a paternidade responsável não é um assunto tão simples e exige maturidade, dedicação e esforço por parte dos pais das crianças, talvez como a melhor evidência de uma gravidez não desejada.

A seguir alguns trechos das entrevistas em que ficam em evidência os dilemas dos pais das crianças procriadas com as parceiras adolescentes.

Glória

ela já tinha terminado com o outro namorado, muito antes de engravidar. Pelas contas, o filho era do namorado atual.”

[NA] “No mês de março de 2001 novamente se entrou em contato com Glória e se constatou que o pai da criança falou que não era sua filha pela diferença de cor da pele dele (o pai) com a da criança. Já a Glória afirma que o pai é ele, sem dúvida nenhuma, porque ela somente teve relações sexuais com o pai da criança inclusive desde os meses prévios a gravidez.”

[NA] “Atualmente o pai da filha da Glória reconheceu legalmente somente após ameaças de denúncia feitas pela tia da Glória. A tia tem recursos econômicos e possui casa tanto em São Luís como em Fortaleza. O pai da criança está pagando uma mensalidade e a Glória como sua filha estão morando na casa da tia.”

Ele queria que fosse bem-vindo ao mundo

Alina

“[...] pedi para ele (o parceiro) comprar o exame, aquele exame que faz o teste de gravidez, ele comprou e deu positivo. Aí ele pediu pelo amor de Deus, para mim não fazer isso, não era para mim abortar e nem tomar remédio que era o primeiro filho dele e mesmo que fosse homem ou mulher, ele queria que fosse bem-vindo ao mundo. E foi, eu não quis fazer isso, mesmo assim eu sou contra, aí deixei nascer.”

“[...] Ele foi a primeira pessoa que eu falei, ele falou para não abortar, que não era para fazer isso, aí ele pegou e disse para mãe dele. Aí a mãe dele disse que não. Disse que ela me aceitaria na casa dele.”

“[...] ele (o parceiro) comprou um teste na farmácia para saber se eu estava grávida, aí deu positivo. Ele ficou tranqüilo com o resultado.”

“[...] Ele nunca falou de aborto, nem desse (do outro filho) daqui. É já que veio deixa, não de querer, mas já que veio deixa. Ele nunca me falou nada disso de aborto, ele ficou foi contente. Quando ele soube, ele disse para papai: Vai ser avô de novo, ele ficou contente, está dizendo para todo mundo que vai ser homem.”

Gabi

“[...] A partir daí não aconteceu mais. Não vi mais ele. Eu acho que ele soube que eu estava grávida, porque ... não, ele não soube, assim no dia mesmo que aconteceu, mas, ele não apareceu mais.”

“[...] Eu não tive mais contato com ele. Eu acho que ele não sabe que a filha dele nasceu. Acho que não. Ele sabe que eu não abortei, ele sabe.”

“[...] Eu registrei sem o nome do pai. Aqui em casa ninguém sabe quem é o pai da criança”

Cláudia

“[...] A reação dele (do pai da criança) quando soube que eu estava grávida, foi boa.”

Ruth

“[...] Meu parceiro ficou feliz quando eu fiquei grávida. A gente queria ter um filho, mas não agora, né? Queria ter mais para frente.”

[NA] “A mãe depois de saber da gravidez da filha chamou o moço para conversar e conversou com os dois juntos, e o moço falou que queria ter o filho, mas a decisão era dela, depois de um tempo eles terminaram o namoro.”

Paula

“[...] meu namorado aceitou numa boa quando fiquei grávida, ele se juntou antes de nascer a criança”

Carina

“[...] O meu namorado quando ficou sabendo da minha gravidez, ficou um pouco com medo por causa de meus pais, mais ele não falava nada, o único que ele falou para mim era que ele não ia me abandonar ia me apoiar em tudo.”

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