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54 Planejamento e Organização Interna

A primeira coisa a se fazer em qualquer projeto de pesquisa é o planejamento para que a execução posterior seja adequada. A equipe de Engajamento Comunitário teve um longo período de preparo e estudo antes de qualquer ação dentro dos bairros, a fim de ter uma base forte e direcionada, com um ponto de partida bem estabelecido.

Em documento entitulado “Projeto para Controle Alternativo de Dengue” de 2012, é escrito que a primeira etapa do projeto contará com “diagnóstico da comunidade e desenvolvimento de estratégias para estabelecimento de um canal de comunicação e um vínculo de confiança entre a população e os envolvidos no projeto”. Já em um segundo momento, com as informações levantadas serão desenvolvidas ações “de acordo com as metodologias de construção compartilhada do conhecimento (Valla e Stotz, 1993), do processo educativo como pedagogia da autonomia (Paulo Freire) e da educação como fonte para participação social e cidadania (Boaventura de Souza Santos)” (Apêndice 4, Doc.01).

A base teórica do Engajamento Comunitário é, portanto, pautada na valorização do sujeito, em seu conhecimento e na criação conjunta de estratégias que representem aquela comunidade específica, e não em ações pré estabelecidas antes de se chegar no território.

“Ouvir e valorizar o que a população conhece sobre o território, sobre a dengue, sobre prevenção, sobre cuidado de si, dentre outros aspectos, é de suma importância para desenvolver estratégias sustentáveis. (…) Será por meio desse olhar criterioso para o território, dessa escuta cuidadosa do outro e da abertura para um aprendizado conjunto que um novo sentido orientará a produção de estratégias de informação e comunicação sustentáveis, configurando-se como uma robusta estratégia de inovação social” (Apêndice 4, Doc.01).

Com essa linha de pensamento, a equipe de Engajamento Comunitário iniciou suas atividades de maneira bastante cuidadosa, buscando conhecer mais sobre os territórios antes de entrar neles e buscando artigos e teorias sobre EC, participação social e educação em saúde, além de estudar bastante os aspectos científicos do projeto.

Em entrevista com Ricardo, um dos antigos membros da equipe de engajamento (Apêndice 3, Entr.2), é explicado que durante todo o primeiro ano foi importante recolher alguns dados de campo e desenhar a melhor forma de realizar o trabalho, que era algo ainda muito novo. O objetivo inicial era de “operacionalizar propostas teóricas e

55 metodológicas”, que estavam sendo estudadas na época. Para o entrevistado, o engajamento comunitário relacionado a um tipo inovador de pesquisa com dengue é algo que ainda falta na literatura e ressalta que há uma interação muito diferente no Eliminar a Dengue, pois nesse caso, diferente do que normalmente se encontra nos estudos em saúde, o engajamento não vem para um tratamento, como é o caso muitas vezes com Aids e Tuberculose, mas propõe uma prevenção de doença, que é ainda a longo prazo. Ou seja, como os resultados são coletivos e não sentidos instantaneamente, é mais difícil uma participação ativa e constante da população, pois o benefício pessoal é menos óbvio.

Durante esse período de estudo e pesquisa, as áreas em que o Eliminar a Dengue atuaria ainda estavam sendo delineadas. No nascimento do projeto brasileiro, foram 28 os bairros considerados para receberem os mosquitos com Wolbachia. Entre os critérios para a escolha pensou-se em áreas que tivessem casos de dengue, que fossem diferentes socioeconomicamente entre si, áreas de preferência isoladas geograficamente de alguma forma para que se pudesse facilitar o estudo dos mosquitos locais e na maioria das áreas a Fiocruz já tinha alguma atuação, o que facilitava a entrada.

Muitas foram as etapas até que se chegasse nas quatro áreas finais, sendo que variados critérios, tanto de entomologia como de engajamento, foram considerados. Diversas informações foram levantadas sobre as áreas cogitadas, como análise dos censos com perfis da população, histórico dos últimos anos de casos de dengue, segurança e acesso, formas de organização social e outros. Na etapa final, entre abril e maio de 2012, havia 9 localidades a serem escolhidas e ambas as equipes fizeram visitas para contatar os moradores e estudar de perto a área, como mostra relatório:

“As duas equipes foram em conjunto para as nove áreas pré-selecionadas, contando com o auxílio dos agentes de saúde. Como metodologia conjunta de trabalho, foi acordado previamente que os agentes abordariam as residências estabelecendo o primeiro contato com os moradores, apresentando as equipes da Fiocruz. A equipe da Entomologia fez a instalação de ovitrampas e mosquitraps9 para a coleta de ovos / mosquitos, e a equipe do

Engajamento Comunitário aplicou um questionário por domicílio. As duas ações foram simultâneas, pois enquanto os agentes e entomólogos faziam a instalação das armadilhas um pesquisador do Engajamento Comunitário aplicava o questionário” (Apêndice 4, Doc. 02).

461 questionários foram realizados e também a marcação de pontos no GPS para a produção de mapas das localidades. O questionário continha perguntas sobre

56 conhecimentos de dengue e sobre o apoio em uma possível nova forma de controle. As respostas coletadas na primeira parte mostraram que os moradores apresentavam bom conhecimento sobre a arbovirose e sua prevenção e também tinham preocupação em contrair dengue, sendo que mais da metade já havia tido a doença. Sobre apoiar uma nova forma de controle, quase a totalidade das pessoas respondeu positivamente e 93% gostaria de receber informações sobre a estratégia, sendo os principais meios através de reuniões (49%), palestras (45%) e TV (41%). (Apêndice 4, Doc. 02)

Alguns indicadores de campo foram estabelecidos pela equipe de Engajamento Comunitário para que diferenças quanto ao potencial de engajamento nas áreas fossem melhor percebidas:

• Atitude da população em relação ao trabalho de campo: humor / recepção;

• Fácil identificação das lideranças comunitárias; disseminadores de informações; aglutinadores da população local;

• Verticalidades sócio-territoriais (Milton Santos): difusão de informações no território (espaços / artefatos que promovem a dinâmica social);

• Estruturas formais de organizações comunitárias: exemplo: associações de moradores - relevância legitimidade / papel desempenhado na vida comunitária;

• Vida cotidiana em comum (amizade, pontos de encontro) - conhecidos / amizade / bairro / trabalho na própria área de residência.

Além disso, também houve a distinção das áreas em dois grupos: “reativas”, em que “não há tanto questionamento inicial, os moradores aceitam passivamente as iniciativas de fora, sem demandar muitas informações” e “pró-ativas”, locais onde “a população é participativa, colocando questões em todas as interações com a equipe do projeto”. Dessa forma, a demanda era que se escolhessem áreas dos dois tipos para que fossem desenvolvidas estratégias diversificadas. O relatório segue dizendo que:

“A partir desses indicadores, foram atribuídas notas de 1 a 5, do muito ruim ao muito bom, para cada área, e ao final do somatório chegamos às quatro áreas com maior pontuação. Como estratégia inicial para o engajamento comunitário, ficou estabelecido que a atuação em áreas diferentes deve ser acompanhada de estratégias distintas, observando as características específicas e percepções para construir o trabalho de campo ao longo do tempo, sendo o primeiro passo para o envolvimento da comunidade que ela nos permita entrar” (Apêndice 4, Doc. 02).

Assim, cada localidade deve seguir um modelo próprio de engajamento, estabelecido em conjunto com a comunidade e suas necessidades específicas, o que é a base do Engajamento Comunitário. De acordo com a organização social de cada área,

57 como presença de instituições ou de indivíduos representativos, pontos de encontro, formas de difusão da informação, o trabalho é moldado e construído.

Após avaliação das notas e conceitos das áreas de entomologia e engajamento comunitário sobre cada localidade, chegou-se ao consenso de três áreas na cidade do Rio de Janeiro: Tubiacanga, Urca e Vila Valqueire e uma em Niterói: Jurujuba, Ponto Final.

Figura 15: Quatro áreas escolhidas para iniciar os trabalhos do ED Brasil. Imagem retirada dos arquivos do projeto. Tubiacanga apresenta uma bandeira por ser o primeiro bairro a receber liberação.

Uma das primeiras atitudes para se aproximar dos territórios e praticar a escuta e a troca foi com os Agentes de Vigilância em Saúde (AVS), iniciando um trabalho conjunto. Os AVS são responsáveis da prefeitura (alguns eram cedidos de órgãos diferentes) por ir até as casas e realizar o trabalho com os moradores de prevenção, evitando focos de mosquitos com água parada e muitas vezes utilizando larvicidas para impedir a proliferação dos transmissores de arboviroses. Em relatório de 2012, é possível perceber em diversos momentos que houve grande dificuldade de trabalhar com os agentes na instalação das armadilhas e aplicação dos questionários, que não ficaram satisfeitos de seguir o cronograma da equipe. Assim, juntar esses agentes e iniciar o engajamento por eles, foi essencial.

Em outubro de 2012, a equipe de Engajamento organiza um grupo focal com os AVS, para que todos possam se conhecer e entender melhor o trabalho a ser construído. No dia anterior à reunião, o grupo havia tido também uma conversa com a equipe de entomologia, obtendo mais detalhes sobre a parte científica do projeto. Em fala inicial com

58 esse grupo, Maria Cristina Guimarães, a primeira coordenadora de Engajamento Comunitário, apresenta a proposta de engajamento incentivando um trabalho inovador e delineando melhor uma visão voltada para a escuta e saberes do outro no território:

“E é impossível, literalmente impossível de pensar qualquer estratégia de combate à dengue que não passe por gente, pela primeira vez a gente tá começando um projeto e dizendo, de base, que nós temos que olhar pro vetor e que nós temos que olhar pras pessoas. (…) A expectativa é de que no olhar do conjunto de pessoas mais o vetor, a gente tenha a possibilidade de fazer um trabalho mais duradouro e mais sustentável” (Apêndice 4, Doc. 3).

A noção de sustentabilidade, inclusive já citada anteriormente, é muito importante aqui. Tanto do ponto de vista entomológico, em que a bactéria Wolbachia é passada da fêmea para a prole de forma a ser uma estratégia autossustentável a longo prazo, assim também deve ser o engajamento. Pensar em uma estratégia que envolva de facto as pessoas e que haja troca de aprendizados e experiências é algo essencial e se bem-sucedido, esse tipo de intervenção não se perde, é algo duradouro.

A coordenadora continua, destacando a importância de ter ciência e sociedade juntos, pois ela é, em si, uma coisa só:

“O que é engajar? O que significar ir pra esse projeto? O que supostamente nós vamos fazer no território que é diferente daqui, do que a gente tá fazendo? (…) O que este projeto traz, em uma perspetiva internacional, é que não é possível abraçar qualquer perspetiva de futuro, ou de uma ciência, ou de uma produção de conhecimento, que é a ponte do futuro, sem que a sociedade vá junto com o mesmo. Então, o convite é que nós... Nós, somos Estado, ciência e política pública. Todos nós. Nós estamos juntos nisso. E o grande desafio pra nós é como nós vamos interagir com a sociedade, que somos nós também” (Apêndice 4, Doc. 3).

O cientista, o pesquisador, deve sempre entender que, além de fazer algo pela sociedade, ele também é a sociedade. Mais adiante, Cristina segue aprofundando no significado de engajar, que define, de maneira ampla, como “uma forma de dizer ´estamos juntos´”. Para ela, “o sentido de engajamento é, fundamentalmente, fazer com que cada uma dessas pessoas no território tenham uma decisão e saibam, tenham uma tomada de posição em relação a alguma coisa.” Assim, o que se leva para as pessoas é a possibilidade de participar de um projeto de pesquisa em que elas, detendo todas as informações que são passadas e construídas coletivamente, têm o poder de decisão, de dizer que apoiam ou não o projeto.

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“Tudo que a gente vai levar pro território nesses quartorze ou dezasseis meses é uma potência. Pode ser que a gente vai soltar um mosquito e pode ser que a gente não vá soltar um mosquito. Mas o que é importante construir ao longo desses meses? É importantíssimo que a gente entenda não só da qualidade dos vetores e essa coisa toda que vocês são especialistas, mas é fundamental que cada uma das comunidades entenda o que a gente vai fazer. Cada uma dessas comunidades tem o direito de dizer: ´Eu não quero. Não quero que solte o mosquito aqui na minha casa´” (Apêndice 4, Doc. 3).

No grupo focal com os AVS, houve uma longa discussão para que todos se conhecessem e entendessem a importância do diálogo no campo. Assim, as perguntas foram direcionadas para entender como cada agente percebia seu trabalho no campo, como os moradores correspondiam e até que ponto se interessavam. Os agentes compartilharam experiências e histórias muito interessantes, mas que por uma questão de privacidade e ética serão preservadas. O grupo serviu para que se compreendesse melhor a dinâmica das áreas em que o projeto atuaria e para que se mostrasse o que estava sendo planejado. A equipe do projeto pôde entender o trabalho dos AVS e estes puderam entender o trabalho do ED, construindo um diálogo que gerou apoio real dos agentes, que passaram a ver a importância do projeto e seu papel nele, não enxergando apenas como uma função extra que a prefeitura dava a eles. Além disso, as contribuições foram importantes, nesse e em outros encontros, para construir os primeiros materiais de divulgação, pensando conjuntamente as melhores formas de abordagem, as melhores palavras para se utilizar e a maneira como isso deveria chegar em cada comunidade, já que cada uma apresentava um perfil diferente, que os agentes conheciam com propriedade.

Os primeiros passos do Engajamento Comunitário foram bastante medidos, estudados, pautados em literaturas, mas ainda pouco arriscados no sentido de tentar atividades e alcançar mais pessoas. Em entrevista com o coordenador geral do projeto (Apêndice 3, Ent.1), nos dois primeiros anos de EC quiseram entender “muito a parte teórica” e uma parte do projeto acreditava que o grupo estava sendo muito acadêmico, burocrático e pouco prático, o que mais tarde ocasionaria em uma mudança de perfil da equipe. Relembramos Freire (2011) que nos fala sobre a importância da práxis, ação e reflexão em conjunto, para que não caiamos em ativismos nem verbalismos, que impedem a educação libertadora voltada para o diálogo.

Nas próximas secções a teoria será aplicada à prática com os primeiros contatos e atividades da equipe com os territórios.

60 Entrada na Comunidade: Primeiro Contato

O primeiro contato com a população ocorreu no mesmo período nas 4 áreas selecionadas, em 2012. O primeiro contato de facto foi relatado na última secção, com os AVS e equipe de entomologia instalando armadilhas e a equipe de Engajamento aplicando os questionários. No entanto o diálogo foi algo mais aberto, comunicando ainda como um “estudo de nova forma de controle da dengue” e ainda não um aprofundamento sobre o projeto em si, embora se o morador perguntasse mais a fundo, não seria negada explicação. Com os bairros escolhidos oficialmente, ficaram cerca de 30 armadilhas em cada, as quais recebiam manutenção semanal, geralmente de um membro da equipe de entomologia ou agente de vigilância em saúde com um membro do Engajamento Comunitário. Assim, enquanto a armadilha era inspecionada, o morador também podia passar qualquer comentário, sugestão ou reclamação ou mesmo conversar e ser ouvido.

O primeiro contato para além das armadilhas foi um pouco depois, quando algumas pessoas ou instituições de referência já haviam sido mapeadas. Cada comunidade tinha uma dinâmica diferente, portanto o primeiro contato poderia ser com uma associação de moradores, uma escola, algum local religioso, um posto de saúde ou mesmo com um indivíduo muito envolvido na comunidade. Não foram encontrados registos que marcam precisamente as primeiras conversas com moradores, mas nas entrevistas essa foi uma questão, portanto o registo aqui será de memória dessas pessoas, que são as que permanecem engajadas no projeto até hoje.

Tubiacanga

Em Tubiacanga, a associação de moradores não era muito representativa na época, em 2012, então os primeiros contatos não surtiram muito efeito, havendo maior diálogo logo após com a escola e com comerciantes locais. Em entrevista com grupo de moradores (Apêndice 3, Ent. 4, p.40), Cristina relembra que seu primeiro contato foi em um encontro da comissão “Não à Remoção”, no início de 2014. Nessa época, o engajamento passava por uma troca de coordenação e a figura marcante do novo coordenador é muito falada a todo momento. Sônia relembra que, no entanto, antes de 2014 já havia movimentação do projeto no bairro: “Mas bem antes…o pessoal já andava gente da Fiocruz aqui dentro, mas sem o Jorge. Aí quando começamos com o Não à Remoção, que nós tivemos mais contato, até teve uma reunião que eles participaram e tudo, aí o Jorge já estava” (Sônia, Apêndice 3,

61 Ent. 4, p.40). Marilea concorda e acrescenta: “Foi… teve várias reuniões com os moradores, sempre lá no clube… mostrando…o porquê do projeto…explicando como ia ser o funcionamento do mosquito… tudo isso foi explicado bem antes” (Marilea, Apêndice 3, Ent. 4, p.40). O primeiro contato desses moradores então foi logo no início das ações do projeto no bairro, entre o final de 2012 e 2013.

O grupo também compartilhou seus motivos para apoiar o projeto e Cristina logo responde: “Acreditar no projeto. Confiar, né, saber que isso, a gente ia tá melhorando para a saúde. Foi basicamente isso” (Cristina, Apêndice 3, Ent. 4, p.41). Algo que esteve sempre muito presente em todas as comunidades, inclusive nas próprias equipes do projeto foi a confiança. Confiar na eficácia do projeto e na seriedade das instituições responsáveis. A confiança dos moradores passava tanto pela equipe do projeto, que acreditava totalmente no que estava sendo feito, mas também, e principalmente, por terem disponíveis todas as informações necessárias. Compreender o projeto em sua totalidade e dispor de todas as informações de forma transparente dava uma segurança ao morador do que estava sendo feito. Marilea segue dizendo que a equipe era muito querida no bairro: “As pessoas também, os funcionários, eram maravilhosos (…) É tudo nossa família” (Marilea, Apêndice 3, Ent. 4, p.41). O bom relacionamento sempre foi a base do engajamento e da mesma maneira que a equipe era querida pelos moradores, ela também foi muito bem recebida por estes, que sempre davam apoio e atenção. “É…tanto que as pessoas mesmo elogiavam, a receptividade né, como que o pessoal aceitava… foi muito bem aceito aqui, todo mundo falava a mesma coisa, todos eles. Adoravam chegar em Tubiacanga que eram muito bem recebidos” (Sônia, Apêndice 3, Ent. 4, p.41)

Outro fator de grande importância é o respeito que as pessoas no Rio de Janeiro têm com a Fundação Oswaldo Cruz, como ressalta Marcos:

“Acho que também tem um pouco da credibilidade da Fiocruz né, eu acho que é uma instituição que passa confiança em tudo que faz. A princípio até gerou um pouco de desconfiança dos moradores, projeto novo, piloto, coisa nova, mas depois que o pessoal começou a engajar…as palestras…é…a coisa começou a crescer. Com o apoio da associação, depois teve um apoio muito forte da associação de morador, aí ficou maior ainda. Acho que por aí…projeto bem bacana” (Marcos, Apêndice 3, Ent. 4, p.41).

A confiança que as pessoas têm na Fiocruz, em conjunto com a confiança da Associação de Moradores mais a responsabilidade de levar o projeto de forma acessível, com palestras abertas a toda comunidade, resultou no sucesso do projeto em Tubiacanga.

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Jurujuba

Em Jurujuba, a confiança na Fiocruz também foi citada, sendo a instituição reconhecida por seu trabalho com saúde, principalmente na área de vacinas.

“Então a gente vê que é uma coisa de referência. Você vê lá Fiocruz, quando eu falo lá o projeto, a Fiocruz, a gente enche a bola também, porque, né, a gente vê da Febre Amarela, foi feito esse trabalho todo, essa da criação das vacinas, poxa… é Fiocruz, que tá…” (Maísa, Apêndice 3, Ent. 5, 83-84).

O primeiro contato de Maísa foi logo no início do projeto, em 2012, através da equipe de engajamento que lhe explicou o projeto e pediu apoio e espaço na igreja de São Pedro para poder reunir a comunidade:

“(…) chegaram aqui… como assim, a igreja sempre é um ponto…referencial. E aí, eu como faço parte do…assim, não tenho nada a ver com a Associação, mas porque eu amo Jurujuba e aí eu quero…tudo que tem aí para Jurujuba a gente tá abraçando. Aí teve também a facilidade de abrir o espaço aqui para fazer as primeiras reuniões em relação a isso. Então, aí… a ideia que colocaram para a gente, é que justamente fazer com que…a gente eliminasse a dengue. E como Jurujuba tava bem alto o índice…do mosquito, da doença. E isso foi com o que a gente ficou mais assim…é…esperançosos, né, queria ajudar o projeto” (Maísa, Apêndice 3, Ent. 5, p.65).

Maísa destaca que não pertence a uma instituição, como Associação de Moradores,

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