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4. DEFINIÇÃO DA METODOLOGIA

4.1. Categorias analíticas

A análise dos dados foi de natureza predominantemente qualitativa, cuja característica principal é não ter o objetivo de enumerar ou mensurar eventos, mas sim descrevê-los, tendo o ambiente como fonte de dados e o pesquisador (interessado no significado que as pessoas conferem às coisas) como instrumento fundamental, não cabendo, nesse contexto, aplicar análises estatísticas aos dados (GODOY, 1995; NEVES, 1996; Gil, 2002). Segundo Gil (2002), este tipo de tratamento de dados envolve observações, reflexões e interpretações. À medida que a análise evolui, leva a um aumento gradual da complexidade e da ordenação lógica do trabalho.

Complementarmente, Gaskell (2002) afirma que a pesquisa qualitativa oferece os dados primários que permitem a compreensão das relações entre os atores sociais e determinada situação. Ela traz luz às crenças, atitudes, valores e motivações pessoais frente a contextos específicos, expondo as visões dos sujeitos da pesquisa. Assim, os dados obtidos nesse tipo de estudo são descrições de fatos, comportamentos, experiências pessoais, análise de trechos de documentos, registros, correspondências, gravações ou transcrições de entrevistas e discursos, dados com grande riqueza de detalhes e profundidades, e as interações entre indivíduos, grupos e organizações (GODOY, 1995; GLAZIER e POWELL, 2011).

No caso deste estudo, a estrutura metodológica de análise dos dados considera dois universos distintos e relacionados: os 14 municípios paulistas que possuem CETAS e CRAS, e os 16 centros existentes nessas cidades. As categorias analíticas aplicadas às cidades selecionadas foram divididas em três grupos: 1. Instrumentos normativos de políticas públicas; 2. Estruturas administrativas dos órgãos ambientais municipais; 3. Percepções dos seus responsáveis acerca da gestão da fauna e do enfrentamento ao tráfico de animais silvestres.

Os aspectos considerados nas análises do primeiro grupo foram a existência de políticas públicas que envolvam gestão de fauna e/ou o enfrentamento ao tráfico de animais silvestres nos municípios. Sobre as estruturas administrativas municipais, foram considerados os aspectos ligados à existência de setores ou departamentos nos órgãos ambientais municipais que trabalhem com gestão de fauna silvestre, os recursos humanos, materiais e financeiros disponíveis para esses trabalhos, as estratégias de comunicação usadas para divulgar as atividades desenvolvidas e as parcerias existentes. As percepções acerca da problemática do tráfico de animais silvestres foram analisadas com base nos aspectos referentes às suas origens, contextualizações e soluções.

Os procedimentos metodológicos utilizados na obtenção dos dados referentes aos instrumentos normativos de políticas públicas municipais foram a pesquisa documental e a entrevista semiestruturada. Este segundo método foi utilizado também no levantamento das informações sobre as estruturas administrativas municipais e as percepções dos responsáveis pelos órgãos ambientais das cidades acerca da gestão de fauna e do tráfico de animais silvestres, conforme ilustrado no diagrama abaixo.

As análises das forças e fraquezas como aspectos das três categorias analíticas foi feita com base na matriz de análise SWOT (sigla formada a partir dos termos “Strenghts”, “Weaknesses”, “Opportunities” e “Threats”), ou FOFA (tradução para o português das palavras “Forças”, “Fraquezas”, “Oportunidades” e “Ameaças”). Segundo Ansoff e McDonnel (1993), esta consiste em uma ferramenta de gestão, utilizada no desenvolvimento de estratégias organizacionais, sendo considerada bastante adequada para análises de instituições, na medida em que aponta seus aspectos positivos e negativos internos e externos. Para Oliveira (2004), as forças e fraquezas referem-se a aspectos internos de determinada organização (de qualquer natureza jurídico-administrativa), e as oportunidades e ameaças, são fatos externos. As análises enfocadas internamente devem levantar os pontos fortes (vantagens estruturais controláveis) e os pontos fracos (desvantagens estruturais controláveis). E a avaliação externa deve envolver a relação entre a organização e seu ambiente.

Figura 6: imagem representativa da matriz FOFA.

PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

No presente trabalho, as forças e oportunidades foram analisadas em conjunto (denominadas de “forças”), assim como as fraquezas e ameaças. As primeiras foram consideradas na medida em que se analisou a existência e o conteúdo dos instrumentos normativos municipais, as estruturas administrativas dos órgãos ambientais locais, as percepções sobre gestão de fauna e tráfico de animais que envolvam a gestão da fauna silvestre e o combate ao tráfico de animais, bem como as relações entre os CETAS ou CRAS e ou órgãos ambientais municipais. As fraquezas e ameaças foram analisadas nessas mesmas categorias (denominadas “entraves”). É importante salientar que a análise desses dois aspectos, embasada na Matriz FOFA, tanto no caso dos municípios, quanto no caso dos CETAS e CRAS, foi feita de modo transversal a todos os aspectos identificados desses órgãos.

Figura 7: diagrama da estrutura metodológica utilizada na análise dos dados dos municípios selecionados.

Fonte: elaborado pela autora.

As categorias analíticas aplicadas aos CETAS e CRAS paulistas foram divididas em três grupos: 1. Perfil geral; 2. Estruturas administrativas; 3. Percepções dos seus responsáveis acerca do tráfico de animais silvestres. Os aspectos analisados acerca do perfil geral desses

ASPECTOS CATEGORIAS ANALÍTICAS UNIVERSO DE ANÁLISE ENTREVISTAS ENTREVISTAS PESQUISA DOCUMENTAL E ENTREVISTAS FO RÇAS FRAQU EZAS

UNIVERSO DE ANÁLISE CATEGORIAS ANALÍTICAS ASPECTOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS

centros foram: a história de criação de cada um deles, os grupos de animais atendidos (aves, répteis, mamíferos), o número médio de animais que chegam por ano nesses centros e as principais origens dos animais. Referentes à segunda categoria analítica, foram analisados os seguintes aspectos: órgão gestor, domínio da área (públicas ou particulares), número e tipo de funcionários que atuam diretamente no manejo dos animais, fontes de recursos e estrutura física. Em relação à percepção dos responsáveis pelos CETAS e CRAS acerca do tráfico de animais, foram analisados os seguintes aspectos: origens, contextualização e soluções para o problema. Também foram feitas as análises das forças e fraquezas. O procedimento metodológico utilizado na obtenção dos dados foi a entrevista semiestruturada.

Figura 8: diagrama da estrutura metodológica utilizada na análise dos dados dos CETAS e CRAS existentes no Estado de São Paulo.

Fonte: elaborado pela autora.

As relações institucionais existentes entre os órgãos municipais ambientais e os CETAS e CRAS paulistas também foram uma categoria analítica deste trabalho, aplicadas tanto aos municípios quanto aos seus centros (unindo assim esses dois universos de análise),

ENTRE VIS TAS FO RÇAS FRAQU EZAS

UNIVERSO DE ANÁLISE CATEGORIA ANALÍTICA ASPECTOS PROCEDIMENTOS METODOLÓGICOS ANÁLISE DOCUMENTAL ENTREVISTAS

cujos aspectos analisados foram: os tipos de parcerias existentes (formais ou informais), as fraquezas e as forças principais destes órgãos existentes para trabalhar a gestão da fauna e o enfrentamento ao tráfico de animais e o desenvolvimento em parceria de políticas públicas locais nesses campos. Os procedimentos metodológicos de análise de seus aspectos foram a pesquisa documental e as entrevistas semiestruturadas com os responsáveis pelos órgãos ambientais municipais e pelos CETAS e CRAS.

Figura 9: diagrama da estrutura metodológica utilizada na análise das relações institucionais existentes entre os órgãos municipais ambientais e os CETAS e CRAS paulistas.

Fonte: elaborado pela autora.