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3 ECONOMIA POPULAR SOLIDÁRIA E INSTITUIÇÕES DE APOIO: COMO UMA DAS ALTERNATIVAS AOS TRABALHADORES NO BRASIL DE GERAR

3.2 APOIO DA SOCIEDADE CIVIL E DAS INCUBADORAS UNIVERSITÁRIAS À ECONOMIA POPULAR SOLIDÁRIA

4.1.2 Categorias Teórico-Metodológicas

Compreende-se as categorias como “formas de conscientização nos conceitos dos modos universais da relação do homem com o mundo, que refletem as propriedades e leis mais gerais e essenciais da natureza, da sociedade e do pensamento” (TRIVIÑOS, 1987, p. 55). No Método Dialético-Crítico, é pelas categorias teórico-metodológicas que se pode entender a realidade, com o olhar do pesquisador mais direcionado ao seu tema de estudo, ou seja, observando cada dado e informação coletada, sob a luz da Historicidade, da Totalidade e da Contradição - as categorias eleitas à análise desta pesquisa.

A primeira categoria teórico-metodológica integrante do método dialético- crítico, aplicada neste estudo é a de Historicidade. Por ela, pode-se apreender o movimento e a transição dos sujeitos, dos fenômenos, dos objetos e dos processos sociais que constituem a realidade, sempre em forma de espiral. A Historicidade demonstra que o movimento e as transformações, na realidade, são processuais e contínuos. Este movimento advém da categoria de Contradição.

O historicismo pode ser resumido nas seguintes proposições: a) todos os fenômenos culturais, sociais ou políticos são históricos e podem ser compreendidos por meio de sua historicidade; b) existem diferenças fundamentais entre os fatos naturais e os fatos históricos e, consequentemente, entre as ciências que os estudam; c) não é somente o objeto da pesquisa que está imerso no fluxo da História, mas, também, o sujeito, o próprio pesquisador, com sua perspectiva, seu método, seu ponto de vista, seu posicionamento, sua concepção de homem e de mundo (LÖWY, 1998).

Pode-se detectar como um fenômeno social o fato histórico que, na medida em que é examinado, por meio da observação de uma parte do todo, desempenha uma função dupla: de um lado define a si mesmo e, de outro, define a Totalidade. Na História, as partes sempre se interconectam, mas dialeticamente, ou seja, mediante o conflito, visando a transformação do real (KOSICK, 2002). A visão dialética da História é realista porque é fundada no conflito. Toda formação histórica é suficientemente conflituosa, por isso deve ser superada (DEMO, 1999).

Para o Método Dialético-Crítico, a realidade social pode ser compreendida na sua concreticidade quando se verifica a natureza e a realidade como uma unidade dialética e o homem como sujeito incluso num coletivo histórico-social. O sujeito é caracterizado como ser social e histórico, que é determinado por contextos econômicos, políticos, sociais, ideológicos e culturais anteriores a ele (KOSICK, 2002). Também é entendido, entretanto, como conceptor das transformações desses contextos, gerados anteriormente. Nesta perspectiva, o método está vinculado a uma concepção de realidade, de homem, de mundo e de vida no seu conjunto, em sua Totalidade, em que o movimento de transformação se faz presente (GADOTTI, 1992).

Outra categoria teórico-metodológica preponderante que integra o Método Dialético-Crítico é a de Totalidade, que está inclusa na natureza e nos processos sociais. “A totalidade é uma categoria concreta. É própria da constituição do real. É a essência constitutiva do real; por isso, ontológica” (PONTES, 2002, p. 70). A Totalidade é composta, então, por todas as partes/unidades da realidade, dos fenômenos, objetos e processos sociais. Não existe um fenômeno social que não tenha um caráter de Totalidade, ou seja, que não implique relações com outros fenômenos (VASCONCELOS, 1995).

O princípio metodológico que constitui a investigação Dialética da realidade social é o ponto de vista da totalidade concreta, que, a priori, significa que cada fenômeno pode ser compreendido como um momento ou uma etapa do todo. A compreensão Dialética da Totalidade exige o estabelecimento de relações entre as partes, unidades da realidade (CURY, 2000). Tendo-se o estabelecimento da relação entre o todo e as partes, apreende-se a totalidade. A Totalidade é considerada, então, não como a soma das partes, mas como um todo estruturado, dialético, no qual um fato ou parte do real pode ser compreendido.

A compreensão dialética da totalidade significa não só que as partes se encontram em relação de interna interação e conexão entre si e com o todo, mas também que o todo não pode ser petrificado na abstração situada por cima das partes, visto que o todo se cria a si mesmo na interação das partes (KOSICK, 2002, p. 42).

A Totalidade justifica-se no momento em que o sujeito não busca apenas uma compreensão particular do real, mas almeja ser capaz de conectar dialeticamente processos particulares, singulares, com outros processos, para, enfim, transformá-lo numa síntese explicativa e cada vez mais totalizadora do real.

Percebe-se a Totalidade não como um todo já determinado e nem determinante das partes, pois isso não é algo simples. Não é simples porque não existe uma Totalidade acabada, mas um processo de totalização a partir das relações, fenômenos, objetos e de suas próprias Contradições (CURY, 2000). Cada parte possui o seu próprio movimento interno de transformação, advindo da contradição. As transformações das partes constituíram o todo, que também desenvolve o movimento processual de mudança.

Por último, explicita-se uma das categorias fundamentais à Dialética, caracterizada pela categoria teórico-metodológica da Contradição que possui como finalidade captar a interconexão entre as unidades, o movimento que engendra os contraditórios. Além desta categoria, interpretar a realidade, também está inserida no movimento do real, uma vez que se refere ao desenvolvimento dos processos sociais. “A categoria da Contradição é a base de uma metodologia dialética [...] reflete o movimento mais originário do real [...] A racionalidade do real se acha no movimento contraditório dos fenômenos pelos quais esses são provisórios e

superáveis” (CURY, 2000, p. 27). A Contradição sempre expressa uma relação de conflito no devir do real. É destruidora, mas também criadora, pois determina a transposição do conflito.

“Termos contrários são especificamente dialéticos, porque constituem os componentes essenciais das totalidades históricas. Desenvolvimento é o contrário de subdesenvolvimento” (DEMO, 1995, p. 98) e um depende do outro para sua existência e superação. A Contradição pode ser percebida, assim, sob uma forma mais abrangente do que a negação ou a manifestação do real; ela está contida na conexão entre a Totalidade e a particularidade do real, pelo movimento que gera a superação dialética (LEFEBVRE, 1995). Como exemplo disso, pode-se mencionar o modo de produção capitalista em relação ao modo de produção socialista; a superação existiria no momento em que a divisão social do trabalho e as classes sociais fossem eliminadas.

A Contradição está contida na realidade e o Método Dialético-Crítico demonstra como as contradições podem ser observadas concretamente. Imerso às Contradições, existe seu caráter conflituoso, porém esse conflito diz respeito à existência da unidade de contrários (LEFEBVRE, 1995). Nesse sentido, pode-se pensar que o conflito é originário da própria realidade social. Com a intencionalidade de ilustrar o movimento dialético e suas sucessivas transformações por meio das categorias de Totalidade, Historicidade e Contradição, elaborou-se a seguinte Figura.

HISTORICIDADE