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HISTORICIDADE MOVIMENTO

4.3 PROCESSO DE PESQUISA

4.3.1 Pressupostos éticos da pesquisa e coleta das informações

Esta pesquisa foi desenvolvida com base nos pressupostos éticos necessários para a qualidade da coleta e posterior análise das informações e dados. Faz-se necessário a postura ética na produção de conhecimento científico, de modo que os sujeitos que foram entrevistados tenham reservados os seus direitos, como o sigilo, a preservação da identidade, o direito de não querer participar do estudo, a obtenção do retorno da produção após a sua finalização, entre outros. Para isto, anteriormente às realizações das entrevistas com os trabalhadores das experiências de Economia Popular Solidária, e também à aplicação dos questionários aos profissionais vinculados às Instituições que estão assessorando estes empreendimentos coletivos, foi apresentado o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A), juntamente com as informações que foram transmitidas.

Esse Termo de Consentimento Livre e Esclarecido foi utilizado para esclarecer os sujeitos sobre a finalidade do estudo, bem como sobre o sigilo profissional. O mesmo também reforça a importância da participação e colaboração dos trabalhadores nas entrevistas, e da devolução dos questionários respondidos pelas instituições, objetivando suas autorizações para a realização da pesquisa. Para que este estudo fosse concretizado, foi encaminhado, num primeiro momento, à Comissão Científica do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social da PUCRS, o projeto de pesquisa, e, posteriormente, após a aprovação no Programa, o mesmo foi encaminhado ao Comitê de Ética da PUCRS.

Como a coleta de campo envolveu sujeitos entrevistados e instituições que responderam um questionário, fez-se necessário, para que a pesquisa fosse desenvolvida com base nos pressupostos e orientações éticas, os encaminhamentos para a sua viabilização, sempre preservando os sujeitos participantes do estudo.

A coleta das informações e dados ocorreu entre janeiro de 2008 e março de 2009. Primeiramente, porém, anteriormente ao processo de entrevistas e encaminhamento dos questionários às instituições, foi desenvolvido um resgate de materiais já produzidos e/ou pesquisados sobre o tema, como livros, artigos, Dissertações, Teses, documentos, programas e políticas sociais, informações on line

via Internet, entre outros. Salienta-se que durante a efetivação da revisão literária foi

feita a releitura de materiais já pesquisados anteriormente pela doutoranda durante o Mestrado - só que acrescidos pelas novas experiências profissionais vivenciadas ao longo do processo de doutoramento -, bem como leitura de novas produções e materiais existentes sobre a Economia Popular Solidária e seu respectivo Programa Social no Brasil publicado recentemente. Assim, com enfoque qualitativo, foi realizado um aprimoramento da revisão bibliográfica ou literária do tema, visando compreendê-lo na sua historicidade, totalidade e contradições existentes.

Num segundo momento da pesquisa foi estabelecido um contato telefônico e

via e-mails com a Senaes para adquirir materiais relativos ao Programa de

Economia Solidária167; bem como para fornecimento de informações referentes as instituições que possuem ou já tiveram algum vínculo estabelecido com a Senaes por meio do Programa de Economia Solidária, entre o período de 2003 e 2009 no Estado do Rio Grande do Sul. Conforme referido anteriormente, este vínculo vem ocorrendo por meio de recursos financeiros, divulgação, apoio técnico e cursos de formação disponibilizados pelo governo federal.

O terceiro momento da pesquisa envolveu a análise documental de documentos que envolvem o Programa de Economia Solidária em Desenvolvimento, objetivando averiguar qual é o procedimento previsto por este Programa para contribuir para a viabilidade das experiências coletivas, mediante um roteiro pré- elaborado (Apêndice B). Já num quarto momento, foi desenvolvido a análise documental do Mapeamento de Economia Popular Solidária, realizado entre 2005 e 2007 pela Senaes, que caracterizou as experiências coletivas e seus integrantes no Brasil e no Rio Grande do Sul. Este levantamento teve como guia norteador, para a coleta das informações, um segundo roteiro pré-elaborado para a realização da análise documental (Apêndice C). Esta análise teve como intencionalidade caracterizar a demanda que justifica a criação e implantação do mencionado programa social.

Na sequência do trabalho de campo, após as etapas preliminares da pesquisa, foi encaminhado por e-mail aos profissionais vinculados as 20 instituições existentes no Rio Grande do Sul - que possuem na atualidade ou já tiveram algum

167 Durante o trabalho de campo, também se estabeleceu um contato via-email com o Secretário

Nacional da Economia Solidária, que apoiou a pesquisa e forneceu algumas informações sobre o Programa de Economia Solidária.

vínculo estabelecido com o Programa de Economia Solidária em Desenvolvimento por meio da Senaes168 -, um questionário estruturado com questões abertas, fechadas e de múltipla escolha (Apêndice D). Por meio deste questionário objetivou-se desvelar o trabalho de assessoria e/ou incubação que vem sendo realizado por estas instituições aos empreendimentos coletivos de geração de trabalho e renda no RS, por intermédio do apoio da Senaes, pretendendo-se contribuir para a viabilidade das experiências de Economia Popular Solidária no Estado e no mercado. Menciona-se ainda que foi encaminhado, juntamente com o questionário, o Termo de Consentimento Livre e Esclarecido (Apêndice A), que posteriormente foi reenviado à doutoranda. Salienta-se que a quantidade reduzida de instituições que tiveram ou possuem convênio com a Senaes no Rio Grande do Sul, bem como no Brasil - segundo informações obtidas pela Senaes -, deve-se à incipiência deste Programa Social, fato este que acentua a relevância deste estudo, pois o mesmo objetiva dar visibilidade a esta realidade, com vistas a aprimorá-lo.

A amostra utilizada para a coleta das informações realizada com as instituições é Intencional. “O tipo mais comum de amostra não probabilística é denominada de intencional. Nesta o pesquisador está interessado na opinião [...] de determinados elementos da população” (GIL, 1999, p. 52). Utilizou-se este tipo de amostragem, pois se buscou tentar contemplar a totalidade das instituições existentes que possuem ou já tiveram algum vínculo com a Senaes no Rio Grande do Sul, porém foram pesquisadas as instituições que se colocaram à disposição para participar da pesquisa. Assim, este estudo abrangeu enquanto delimitação espacial, 11 municípios do Rio Grande do Sul, sendo eles: Ijuí, Cruz Alta, Santa Maria, Porto Alegre, Santana do Livramento, São Lourenço do Sul, Pelotas, Rio Grande, Santa Vitória do Palmar, Passo Fundo e São Leopoldo - nos dois últimos municípios citados foi realizada somente a análise de instituições pesquisadas.

Constituem as instituições que já tiveram algum vínculo com o Programa de Economia Solidária desde 2003 pela Senaes, mas no momento não possuem convênio: Centro de Educação Popular - Camp - Porto Alegre; Associação Casa da Economia Popular Solidária do Rio Grande do Sul - Aceps - Porto Alegre; Centro de Apoio à Economia Popular Solidária - Caeps - Passo Fundo; Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico-

Eletrônico da Grande Porto Alegre - STIMMMEPA - Porto Alegre; Escola de Trabalhadores 8 de Março - Novo Hamburgo; Centro Público de Economia Solidária de São Leopoldo; Centro Público de Economia Solidária de Caxias do Sul169 - Caxias do Sul; Centro Público de Economia Solidária de Gravataí170 - Gravataí; Superintendência Regional do Emprego e Trabalho - SRTE/RS (vinculada ao MTE) - Porto Alegre; e Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade Católica de Pelotas - Intecoop/UCPel - Pelotas.

Para além destas 10 instituições referidas sem convênio na atualidade, existem 10 instituições que possuem convênio com o Programa de Economia Solidária pela Senaes entre 2008 e 2009, sendo elas: Incubadora de Economia Solidária e Desenvolvimento Sustentável - Unijuí - Ijuí; Centro Público de Economia Solidária de Cruz Alta (Feira de Economia Solidária) - Cruz Alta; Projeto Brasil Local - Porto Alegre e Santana do Livramento171; Centro Público de Economia Solidária de São Lourenço do Sul - São Lourenço do Sul; Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares - Intecoop/FURG - Rio Grande; Guayí: democracia, participação e solidariedade (OSCIP) - Porto Alegre; Projeto Esperança/Cooesperança (Cooperativa Mista dos Pequenos Produtores Rurais e Urbanos) - Santa Maria; Centro Público Economia Solidária de Santa Vitória do Palmar - Santa Vitória do Palmar; Associação do Trabalho e Economia Solidária - Ates (ONG) - Pelotas; e Incubadora da Unisinos.

Destas 20 instituições apresentadas que possuem na atualidade algum tipo de vínculo com o Programa de Economia Solidária pela Senaes, ou que já possuíram desde 2003, destaca-se que das 10 instituições que possuem convênio na atualidade apenas 3 responderam e retornaram os questionários enviados172, sendo elas: Centro

169 O projeto do centro público foi aprovado em 2008 pela Senaes, mas estão esperando a liberação

dos recursos.

170 O centro público foi uma iniciativa da prefeitura, com o apoio da Senaes, entretanto, atualmente,

não possui convênio com a Senaes por meio do Programa de Economia Solidária em Desenvolvimento.

171 O Projeto Brasil Local corresponde à atividade de Promoção do Desenvolvimento Local e da

Economia Solidária por meio da Atuação de Agentes de Desenvolvimento Solidário que está prevista pelo Programa de Economia Solidária em Desenvolvimento. O Projeto Brasil Local já apoiou 687 empreendimentos, situados em 199 municípios, com a participação de 42 mil trabalhadores. Dentre as cidades do RS que possuem agentes de desenvolvimento local do Projeto, estão: Alegrete, Santo Antônio da Patrulha, Santa Vitória do Palmar, São Lourenço do Sul, Santa Maria, Pelotas, Ijuí (Disponível em: <http://www.brasilocal.org.br/search/ label/Rio%20Grande%20do%20Sul>. Acesso em: 5 mar. 2009). Foi realizada, porém, a pesquisa em Porto Alegre e Santana do Livramento devido à delimitação geográfica e à possibilidade de acesso para a realização da pesquisa.

Público de Economia Solidária de Cruz Alta (Feira de Economia Solidária) - Cruz Alta; Guayí: democracia, participação e solidariedade (OSCIP) - Porto Alegre; e Projeto Esperança/Cooesperança173 (Cooperativa Mista dos Pequenos Produtores Rurais e Urbanos) - Santa Maria. As demais instituições disponibilizaram material para a realização da análise documental, ou alegaram que não possuíam disponibilidade de tempo para participar da pesquisa no momento.

Já em relação às 10 instituições apresentadas que não possuem alguma forma de vínculo com o Programa de Economia Solidária pela Senaes desde 2008, apenas 4 instituições responderam e retornaram os questionários enviados. São elas: Superintendência Regional do Emprego e Trabalho - SRTE/RS (vinculada ao MTE) - Porto Alegre; Incubadora Tecnológica de Cooperativas Populares da Universidade Católica de Pelotas - Intecoop/UCPel - Pelotas; Centro de Apoio à Economia Solidária - Caeps; e, Centro Público de Economia Solidária de São Leopoldo. Neste caso também as demais instituições sem convênio alegaram que não possuíam disponibilidade de tempo para participar da pesquisa.

Paralelamente à etapa de envio de questionários às instituições, buscou-se também realizar a análise documental com as instituições que em 2008 e 2009 possuíam vínculo com a Senaes (Apêndice E). Optou-se por analisar os documentos das instituições que possuem convênio na atualidade pelo fato delas constituírem a metade da quantidade de instituições conveniadas, e também por possuírem materiais e documentos atualizados sobre o Programa de Economia Solidária em Desenvolvimento. Buscou-se desvelar a vinculação destas instituições com o referido Programa ou com a Senaes e sobre as metodologias de incubação utilizadas durante os processos de assessoria. Constituem estes documentos: projetos, relatórios, atas, ofícios, sites, material on line, entre outros. Salienta-se que se tentou abranger pela pesquisa para esta análise documental, todas as instituições existentes que atualmente possuem convênio com a Senaes.

Das 10 instituições referidas anteriormente que possuem convênio na atualidade com o Programa de Economia Solidária pela Senaes, somente 3 não disponibilizaram materiais para a realização da análise documental. As mesmas, porém, disponibilizaram

173 O Projeto Esperança/Cooesperança está vinculada a Cáritas de Santa Maria/RS – portanto, à

Igreja Católica. O trabalho das instituições religiosas em relação às demandas da questão social, não será aprofundada nesta pesquisa por não se constituir na centralidade da mesma. Somente se referencia que a Cáritas possui no Rio Grande do Sul um importante papel de estímulo e potencialização das experiências coletivas de geração de trabalho e renda.

as informações necessárias para que fossem entrevistados sujeitos inseridos em experiências coletivas que são assessoradas por estas instituições e que foram pesquisadas neste estudo.

Constituem as instituições que não disponibilizaram materiais para a análise documental: Centro Público de Economia Solidária de São Lourenço do Sul - São Lourenço do Sul; Centro Público de Economia Solidária de Santa Vitória do Palmar - Santa Vitória do Palmar; e Incubadora da Unisinos. As três instituições também não reenviaram o questionário respondido, de forma que não participaram de ambas as formas de coleta para a pesquisa. Estas instituições alegaram que não teriam disponibilidade de tempo para fornecer os materiais necessários para a análise. As demais 7 instituições com convênio, disponibilizaram o material para a realização da análise documental.

Com base nestas informações, destaca-se que das 20 instituições que possuem ou possuíram algum vínculo com o Programa de Economia Solidária em Desenvolvimento, por meio da Senaes174, 11 instituições participaram da pesquisa, constituindo uma amostra de 55% das instituições. Foram realizadas análises documentais, com 7 instituições que possuem convênio na atualidade (totalizando 70% das instituições com convênio, das 10 instituições do total que possuem convênio entre 2008 e 2009).

Já em relação aos questionários enviados para as 20 instituições com ou sem convênio na atualidade com o Programa de Economia Solidária em Desenvolvimento pela Senaes, 7 retornaram os questionários, totalizando 35% das instituições. Quanto às instituições que possuem convênio na atualidade (10), apenas 3 retornaram os questionários respondidos, totalizando 30%; informa-se que 4 instituições que não possuem convênio na atualidade também retornaram os questionários respondidos - de um total de 10 instituições, constituindo 40% destas sem convênio. Visando a demonstrar estas informações relacionadas às instituições que integraram a pesquisa, foi elaborada o seguinte Quadro.

174 Para além destas 20 instituições apresentadas, existem 4 incubadoras que tiveram seus projetos

de implantação de incubadoras aprovados pela Senaes-Finep-Proninc, e estão aguardando o convênio e a liberação dos recursos para 2009 e 2010, sendo elas: a Incubadora da Unipampa – Campus São Borja; a Incubadora da URI – Santo Ângelo; a Incubadora da Unilassalle – Canoas; e a Incubadora da UFRGS – Porto Alegre.

INSTITUIÇÕES COM CONVÊNIO ANALISE DOCUMENTAL E