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IV. MAGISTÉRIO E PREOCUPAÇÕES PASTORAIS MAIS MARCANTES DE D FRE

4.1 Pastoral de proximidade e revitalização da diocese

4.1.3. Catequese, ensino católico e estabelecimentos de ensino priorizam a formação cristã

4.1.3.1. A catequese

A catequese487 surge na antiguidade, entre os séculos I-IV e é feita por Jesus Cristo, os apóstolos e os padres da Igreja; esta é a primeira etapa de quatro etapas de catequização488. A

487

O termo catequese surge da palavra grega κατήχησις que significa ensino oral; a catequese é a segunda fase do processo de fé. A catequese «ilustra a fé com as verdades da revelação e educa a vontade e o coração para as viver, celebrar e testemunhar, preparando para os sacramentos» (FALCÃO, D. Manuel Franco,

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Idade média marca o início da segunda etapa de catequização, de seguida o século XVI ao século XIX marca o terceiro período de catequização e o século XX assinala a quarta etapa de catequização489. No século XX o movimento catequístico começou a aparecer duma forma lenta; distinguem-se quatro fases. Primeiramente procurou-se publicar textos e fixar instâncias; seguidamente procurou-se consciencializar a Igreja da catequização através de iniciativas como o Concílio Plenário Português em 1926, o primeiro congresso Nacional de catequese em 1932, congressos diocesanos e jornadas e/ou semanas de estudos490. Numa terceira fase, de procura de consolidação, é fundado o Secretariado Nacional da Catequese em 1950 e estabelecem-se os secretariados diocesanos. Com a publicação das Bases da catequese elementar em Portugal, em 1961, os secretariados diocesanos marcaram o passo mais importante para o crescimento do apostolado catequístico em Portugal491. Entre 1953 e 1956 aparece o Catecismo Nacional. A quarta etapa é influenciada pela dinâmica do segundo concílio ecuménico do Vaticano.

A acção pastoral de D. Frei David de Sousa insere-se nesta terceira etapa do movimento catequístico em Portugal. O prelado ao considerar a revelação divina como um tesouro, que Ela nos manifesta Deus e que é seu dever dar a conhecer este património aos seus diocesanos houve por bem fundar o secretariado diocesano de Catequese no dia 6 de Agosto de 1959492. O bispo funchalense dividiu a diocese em 10 regiões nomeando um delegado regional para cada região, nomeadamente região da Sé, de S. António do Funchal, de Câmara de Lobos, da Ribeira Brava, da Ponta do Sol, da Calheta, do Porto Moniz, da Ponta Delgada, de Santana e de Santa Cruz493. Esta medida teve como finalidade criar maior proximidade entre cada região

488 Cf. C

RISTÓVÃO, António Francisco da Silva, Catequese e Catecismos, in AZEVEDO, Carlos Moreira,

Dicionário de História Religiosa de Portugal, vol. 1, Círculo de leitores CEHR-UCP, Lisboa, 2000, p. 302.

489 Ibidem, p. 310. 490

Ibidem.

491

Ibidem.

492 Cf. Provisão de D. Frei David de Sousa sobre a Catequese de 20 de Novembro de 1959, p.1, in

Biblioteca da Província Portuguesa da OFM, Arquivo pessoal de D. Frei David de Sousa.

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e o bispo diocesano. Além disto, D. Frei David nomeou delegados do Secretariado diocesano da catequese junto das ordens e congregações religiosas, dos colégios e escolas (Lisbonense, Nuno Álvares, Bom Jesus, Escola Industrial e Comercial, Magistério, Liceu Nacional do Funchal) e da Liga Escolar Católica do Funchal. Adianta o prelado que se estavam a efectuar reuniões para «estudar, preparar e apresentar propostas em relação às Bases do Ensino e Formação Catequística, ao regulamento do ensino e formação catequística e aos estatutos da Associação da Doutrina Cristã»494. Isto vai concretizar-se com o decreto de aprovação da legislação da catequese pelo Bispo D. Frei David a 28 de Abril de 1960495.

O antístite conclui afirmando que a obra da catequese para ser uma realidade concreta necessita do empenho e colaboração de todos os diocesanos da Madeira e Porto Santo. No decreto de aprovação da legislação da catequese – composta pelas Bases do Ensino e Formação Catequística, pelo regulamento do ensino e formação catequística e pelos estatutos da Associação da Doutrina Cristã – o prelado considera que a catequese ao transmitir a mensagem e a vida divina aos homens, torna-os autênticos Filhos de Deus e legítimos herdeiros da glória496. Neste sentido o prelado aprova esta legislação no sentido desta entrar e ser assumida pela diocese no ano catequístico 1960-1961. Por outro lado o prelado recomenda

«vivamente aos pais e aos filhos a aquisição, estudo, ensino e amor ao Catecismo Nacional, como livro de inestimável preço para a aceitação, posse e vivência da mensagem divina, ao Missal dos Fiéis, como meio eficaz para a participação activa na vida litúrgica da Igreja, e à Sagrada Escritura, designadamente o Novo Testamento, como fonte inexaurível da sua Fé Católica»497.

Segundo testemunha Tomé Velosa, na legislação da catequese tratava-se das bases do ensino e formação catequística com a definição da missão catequística498. Na primeira parte do

494 Ibidem, p. 2. 495 Cf. D

IOCESE DO FUNCHAL, Legislação sobre a catequese, edição do secretariado diocesano da catequese, 1960, pp. 3-4.

496

Cf. Ibidem, p. 3.

497 Cf. Ibidem, p. 4. 498 Cf. V

ELOSA, Cónego Tomé, Traços Históricos da Catequese (1966-2000), Diocese do Funchal, Funchal, 2005, p. 26.

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documento, esta legislação definia no capítulo III o Secretariado Diocesano da Catequese e tratava no capítulo IV da missão dos delegados da catequese (que foram elencados acima); os restantes capítulos abordavam o papel das paróquias, párocos e sobre a organização da catequese499. Na segunda parte da legislação estava o regulamento do ensino e formação catequística com a estrutura e orgânica da Catequese.

Nos anos de 1960 a 1962, o padre Pita Ferreira, primeiro secretário diocesano da catequese, realizou cursos inter-paroquiais a partir do Catecismo Nacional.

A catequese foi uma preocupação constante de D. Frei David e prova disto é facto de apontar a catequese como um dos problemas pastorais aquando da partida para o segundo concílio ecuménico do Vaticano:

«Cristo reclama as crianças e estas reclamam Cristo. Uma e outra reclamação urge o recrutamento, formação e mobilização de catequistas pelas igrejas, capelas, escolas e outros centros paroquiais, a fim de distribuírem o Evangelho em pequeninos pelos pequeninos. Aos pais, porém, cabe a missão de serem os primeiros catequistas dos seus filhos»500

Neste sentido, o prelado mostra a necessidade de novos catequistas e ao mesmo tempo defende que os pais devem ser os primeiros catequistas como primeiros transmissores da fé aos seus filhos. Todos são necessários para a obra da catequese.