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Como evitar danos causados por fenômenos de colapso e subsidência? Existem alguns métodos científicos e/ou tecnológicos que permitem evitar a

No documento DesastresNaturais (páginas 94-101)

COLAPSO E SUBSIDÊNCIA DE SOLOS

6.5. Como evitar danos causados por fenômenos de colapso e subsidência? Existem alguns métodos científicos e/ou tecnológicos que permitem evitar a

ocorrência de danos causados por fenômenos de colapso e subsidência. Entre eles destacam- se os métodos de identificação prévia, como mapeamentos geológicos-geotécnicos, mapeamentos geoestatísticos de variáveis geotécnicas associadas aos fenômenos de colapso e subsidência, elaboração de cartas de risco de colapso de solos e cartas do potencial de colapso de solos (Mendes e Lorandi, 2002, 2006 e 2008; Oliveira, 2002). Também são importantes os métodos de prevenção de recalques diferenciais, como compactação/adensamento prévio da camada de solo colapsível/compressível e adoção de fundações profundas. A seguir são comentados alguns desses métodos.

Como prevenir

É necessário aplicar métodos de identificação prévia, como mapeamentos geológicos-geotécnicos, mapeamentos geoestatísticos de variáveis geotécnicas associadas aos fenômenos de colapso e subsidência, elaboração de cartas de risco de colapso de solos e cartas do potencial de colapso de solos.

Também são importantes os métodos de prevenção de recalques diferenciais, como compactação/adensamento prévio da camada de solo colapsível/compressível e adoção de fundações profundas.

Identificação prévia de solos colapsíveis ou compressíveis. Pode ser realizada a partir da

elaboração de cartas de risco ou de potencial de colapso/subsidência de solos colapsíveis ou compressíveis, respectivamente. As cartas de risco e do potencial de colapso e subsidência de solos permitem indicar regiões onde possam ocorrer solos colapsíveis ou compressíveis podendo, desta

Figura 6.8 - Modelo de analogia mecânica para o fenômeno de adensamento do solo, segundo conceituação de

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Figura 6.9 - Carta de risco de colapso de solos para a área urbana de Ilha Solteira – SP. (Fonte: modificado de

Oliveira, 2002).

forma, orientar adequadamente a ocupação de áreas urbanas. Desta forma, pode-se evitar danos significativos causados por recalques indesejáveis em diversos tipos de construções.

A Figura 6.9 apresenta a carta de risco de colapso de solos para a cidade de Ilha Solteira – SP, onde a área urbana foi divida em regiões e classificadas de acordo com o grau de risco esperado (Alto-vermelho, Médio-amarelo e Baixo-verde) para a ocorrência de recalques causados por colapso de solos. Na Figura 6.9 também são indicadas algumas ocorrências de danos estruturais em residências registradas durante atendimentos emergenciais realizados em janeiro de 2009, no âmbito dos Planos Preventivos de Defesa Civil – PPDC (Mendes et al., 2009). Observa-se que as ocorrências registradas estão situadas em regiões classificadas como “zona com alto e médio grau de risco”, sugerindo que tal documento cartográfico é capaz de orientar satisfatoriamente a ocupação de terrenos em áreas urbanas e, consequentemente, auxiliar o poder público municipal na prevenção de colapso de solos.

A Figura 6.10 apresenta a carta do potencial de colapso dos solos de São José do Rio Preto-SP, onde a área urbana foi dividida em regiões e classificadas segundo a possibilidade de ocorrência de danos para as edificações: a) Favorável: regiões onde praticamente não há possibilidade de ocorrer colapso de solo; b) Moderada: pode haver colapso de solo, porém de baixa magnitude, e eventualmente ocorrer algum dano para as edificações; c) Severa: o colapso de solo pode ser alto e haver possibilidades concretas de ocorrência de danos para as edificações; d) Restritiva: o colapso de solo pode atingir magnitude muito elevada, inviabilizando a implantação de edificações nestas regiões.

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A Figura 6.11 apresenta uma maneira prática de utilizar as informações de cartas do potencial de colapso de solos para a identificação de regiões com maior ou menor probabilidade de ocorrência de solos colapsíveis. Por exemplo, ao analisar as imagens superiores da Figura 6.11, observa-se uma região com baixa taxa de ocupação onde não há possibilidade de ocorrer colapso de solo, indicada pela área verde – lado esquerdo. Já nas imagens inferiores da Figura 6.11, nota-se uma região com elevada taxa de ocupação urbana, onde há possibilidade concreta de ocorrência de colapsos de solos de elevadas magnitudes (área vermelha – lado esquerdo), e que não só inviabiliza a implantação de novas edificações como também indica a possibilidade de ocorrência de graves danos estruturais às edificações já implantadas nestas regiões.

Prevenção de recalques diferenciais. Pode ser realizada a partir da compactação prévia

da camada de solo colapsível ou, no caso de camada de solo compressível (solo argiloso mole), a partir do adensamento prévio das camadas de baixa resistência. Além disso, pode- se adotar fundações profundas em ambos os casos, conforme apresentado na Figura 6.12. Os objetivos principais dos métodos preventivos de compactação e adensamento prévio das camadas de solo menos resistentes são: diminuir a porosidade, elevar a resistência e, no caso dos solos colapsíveis, minimizar os recalques primários abruptos (imediatos) e, no caso dos solos argilosos moles, diminuir os efeitos nocivos dos recalques secundários (de estabilização mais prolongada) aos sistemas estruturais das edificações.

Ressalta-se, porém, que tais métodos preventivos não dispensam, em hipótese alguma, a etapa de investigações detalhadas do maciço de solos, sendo imprescindível a realização de sondagens de simples reconhecimento SPT para o dimensionamento adequado dos elementos de fundação e para garantir um desempenho satisfatório dos mesmos.

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Figura 6.11 - Utilização das informações da carta do potencial de colapso de São José do Rio Preto-SP para

identificação de regiões com maior (em vermelho) ou menor (em verde) probabilidade de ocorrência de solos colapsíveis (Fonte: Mendes e Lorandi, 2004a).

Figura 6.12 - Adoção de fundações profundas para prevenir a ocorrência de recalques diferenciais em solo

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Bibliografia recomendada

ALONSO, U.R. 1998. Previsão e controle das fundações. São Paulo: Editora Edgard Blücher Ltda., 142p.

CINTRA, J.C.A. 1998. Fundações em solos colapsíveis, José Carlos A. Cintra, São Carlos: Serviço Gráfico da EESC/USP, 116p.

RODRIGUES, R.A., LOLLO, J.A. 2004. Características estruturais, fisiográficas e mecânicas de dois perfis de solos colapsíveis de Ilha Solteira-SP, Brasil. Solos e Rochas, São Paulo, 27 (2):131-146.

CAPíTULO 7

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