• Nenhum resultado encontrado

CAPÍTULO 4 — TEORIAS DA CAUSALIDADE

4.3. Causalidade e a jurisprudência

Em função do grande número de teorias criadas no intuito de fixar a melhor forma de definir o nexo causal, não há nos tribunais brasileiros, hoje, uma homogeneidade no que diz respeito à qual corrente é a mais coerente e alcança os melhores resultado.

No intuito de esclarecer a questão e os motivos que levam às diversas interpretações, analisar apenas as teorias não basta.

No Supremo Tribunal Federal, a teoria aplicada na maior parte das vezes é a Teoria do Dano Direto e Imediato, nos moldes do que fora decidido no RE nº 130.764/PR44:

44 Responsabilidade civil do Estado. Dano decorrente de assalto por quadrilha de que fazia parte preso foragido

No caso apresentado, a omissão do Poder Público ocasionou a fuga de um preso que se envolveu em um assalto. No entanto, como a omissão do Estado no caso concreto não poderia pressupor, necessariamente, a ocorrência de um dano, não sendo, portanto, um efeito necessário por não haver ligação direta, não se responsabilizou o Estado pois não verificou-se o resultado como um dano direto e imediato. Não restou configurando, pois, o nexo causal necessário à responsabilização.

Trata-se de um mero exemplo do que representa a posição do Supremo Tribunal Federal, que entende que o artigo 403 do Código Civil prevê a aplicação da Teoria do Dano Direta e Imediato em nosso ordenamento jurídico.

O Superior Tribunal de Justiça, da mesma maneira, sustenta que a Teoria da Equivalência das Condições é uma das mais absurdas e só admite a relação causal quando o dano é um efeito necessário da causa, e não mera probabilidade, presunção, adequação.

No Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro, no entanto, o posicionamento é diferente. A Teoria da Causalidade Adequada foi utilizada em diversos julgados como fundamento para imputação da responsabilidade civil. Um exemplo é o julgado da Apelação Cível nº 38.079/85 45exposto por Cavalieri:

Diz o acórdão: “Ação objetivando ressarcimento de prejuízos consistentes na queda de um muro, por pressão decorrente do afluxo de águas pluviais. Comprovado que a causa adequada do evento foi a construção de um muro em prédio vizinho, sem Emenda Constitucional n; 1/69 (e, atualmente, no parágrafo 6. do artigo 37 da Carta Magna), não dispensa, obviamente, o requisito, também objetivo, do nexo de causalidade entre a ação ou a omissão atribuída a seus agentes e o dano causado a terceiros. – Em nosso sistema jurídico, como resulta do dispositivo no artigo 1.060 do Código Civil, a teoria adotada quanto ao nexo de causalidade e a teoria do dano direto e imediato, também denominada teoria da interrupção do nexo causal. Não obstante aquele dispositivo da codificação civil diga respeito à impropriamente denominada responsabilidade contratual, aplica-se ele também à responsabilidade extracontratual, inclusive a objetiva, até por ser aquela que, sem quaisquer considerações de ordem subjetiva, afasta os inconvenientes das outras duas teorias existentes: a da equivalência das condições e a da causalidade adequada. No caso, em face dos fatos tidos como certos pelo acórdão recorrido, e com base nos quais reconheceu ele o nexo de causalidade indispensável para o reconhecimento da responsabilidade objetiva constitucional, é inequívoco que o nexo de causalidade inexiste, e, portanto, não pode haver a incidência da responsabilidade prevista no artigo 107 da Emenda Constitucional nº1/69, a que corresponde o §6º do artigo 37 da atual Constituição. Com efeito, o dano decorrente do assalto por uma quadrilha de que participavam um dos evadidos da prisão não foi o efeito necessário da omissão da autoridade pública que o acórdão recorrido teve como causa da fuga dele, mas resultou de concausas, como a formação de quadrilha, e o assalto ocorrido cerca de vinte e um meses após a evsão. Recurso extraordinário conhecido e provido (STF – RE 130764/PR, Rel. Min. Moreira Alves, Primeira Turma, julgado em 12.05.1992, DJ 07.08.1992 – grifou-se.).

abertura para passagem das águas, confirma-se a sentença que condenou o dono do muro que, servindo de anteparo, desviou as águas. A indenização, porém, há de corresponder ao custo de reprodução do muro que ruiu, e não ao de outro muro, de custo mais elevado, que a autora resolveu construir. (...) Assim não procedendo, criou um anteparo ou obstáculo ao curso das águas, que, não tendo por onde escoar, afluíram para o muro da autora, fazendo pressão sobre ele, que acabou por não resistir e desabou em grande parte. Dúvida não há, assim, de que a causa adequada para a queda do muro da autora foi a construção, sem vazadouro para as águas, do muro da ré. Tivesse essa demandada deixado abertura no muro, por onde as águas pudessem passar, não haveria o afluxo para o lote da autora, apesar do aterro do lote 14.”46.

O que ocorreu no caso apresentado foi a constatação de que apenas a construção do muro que bloqueou a passagem da água foi capaz de causar o acidente. Qualquer outra concausa que tenha colaborado para isso teve papel quase irrelevante se comparado à consequência provocada pela construção do muro e, por isso, não foram determinantes, não podendo ser entendidas como causas.

No Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo, por sua vez, há decisões que são proferidas sem que seja feita menção à qualquer uma das teorias existentes e aqui apresentadas, como ocorreu no julgamento da Apelação Cível nº 576.762-4/8-800/SP 47.

Em uma ação de indenização oriunda de alegado erro cirúrgico na qual o autor argumenta sentir dores em uma vértebra em função de uma cirurgia que o réu realizou, o demandado contestou o nexo de causalidade que supostamente existiria. O Tribunal decidiu no sentido de não ter havido nexo causal fundamentado em nenhuma das duas teorias mais aplicadas – Teoria do Dano Direto e Imediato e Teoria da Causalidade Adequada. No entanto, não se baseou em qualquer teoria para decidir do sentido em que decidiu, apenas usou as duas mencionadas como fonte de exclusão.

Ainda que defenda a aplicabilidade da Teoria da Causalidade Adequada, Cavalieri reconhece que a questão não é pacífica e é, inclusive, uma das maiores divergências existentes entre os julgadores dos diversos graus. Dessa forma, é entendido que as teorias devem ser

46 2015, p. 76

47 Ação de ressarcimento de danos materiais e morais - Trauma na porção TI2 da coluna vertebral do apelado -

Doutrina sobre responsabilidade civil e nexo de causalidade - Teoria da causa direta - Teoria da causalidade adequada - Considerações - Prova dos autos demonstra, pelos informes no prontuário médico, que a herniorrafia inguinal bilateral não é causa de fratura da coluna vertebral T12 - Inexistência de responsabilidade da ré apelante, pois ausente o nexo causai e culpa sua - Decisão reformada - Recurso provido. (TJSP AC 576.762-4/8- 800/SP, 3ª Câmara de Direito Privado, Rel.: Des. Baretta da Silveira, julgado em 29.07.2008),

consideradas “um norte” mas que o bom senso do julgador é indispensável para que seja alcançado um resultado plausível, lógico.

É possível considerar que a partir da dificuldade encontrada pelo tema e a falta de previsão clara sobre qual teoria é respaldada pela legislação – possivelmente pela dificuldade dos próprios legisladores em reconhecer qual seria uma única teoria que bastaria para todos os casos levando a todos soluções razoáveis – o que se tem demonstrado é a necessidade de utilização de uma ou outra teoria de acordo com o caso concreto, tendo como objetivo maior a manutenção da segurança jurídica.

Os casos de responsabilidade civil vem tendo como característica cada vez mais forte a perda do rigor com o qual o nexo causal era avaliado há tempos. Isso porque, a reparação do dano à vítima vem se sobrepondo à necessidade de fazer a análise do liame causal com extremo rigor, o que tem gerado, como consequência, a quantidades de casos nos quais a vítima é reparada pelos danos causados a ela. Trata-se da relativização do nexo causal.

No entanto, ainda que tenha um viés bastante positivo, a liberalidade com a qual tem- se fixado a necessidade de indenização pelos danos gera, de uma maneira ou de outra, certa insegurança no que diz respeito à imputação da responsabilidade. Isto é, ao passo que se torna mais importante indenizar, da forma que for, a vítima, do que responsabilizar o agente pelo dano, a responsabilidade é analisada com menos rigor e, consequentemente, corre risco de ser imputada ao agente incorreto.

O pensamento em questão representa o crescimento de uma conscientização por parte da sociedade no que diz respeito aos direitos aos quais faz jus, e possibilita a responsabilização de agentes que anteriormente – com a análise no nexo causal extremamente rigorosa – passariam imunes. No entanto, a presunção às vezes ocorrida, alcança resultados que não podem ser considerados os mais corretos.

Considerando a problemática final apresentada, entende-se que tanto legisladores quanto o judiciário e os doutrinadores devem atentar-se para a probabilidade da imputação descabida e desgovernada da responsabilidade civil, exaltando, portanto, a necessidade da análise detalhada do nexo causal. Apenas dessa forma poderão ser ressarcidas tantas vítimas quanto for possível, mas com decisões devidamente fundamentadas e delineadas.

CONCLUSÃO

Chegando ao fim deste trabalho, resta evidenciada a importância do nexo de causalidade para a responsabilidade civil, seja ela qual for a espécie, devendo ser relembrada a possibilidade de imputação da responsabilidade civil sem culpa, mas nunca sem nexo causal ou sem dano.

Fica latente, da mesma forma, a existência de um impasse extremamente vivo no que diz respeito à qual seria a melhor forma para que seja fixada a responsabilidade pelo ocasionamento de um dano. Permanece nebuloso, da mesma maneira, questões como as excludentes de nexo causal, tendo como exemplo os impasses que envolvem as definições de caso fortuito e força maior.

O fato é que o instituto da responsabilidade civil vem passando por inúmeras transformações: Constituição Federal de 1988, Código Civil de 2002 e Código de Defesa do Consumidor — três dispositivos normativos bastante recentes que fizeram com que o assunto passasse a sofrer mudanças constantes.

No entanto, o que se vê, realmente, quando se estuda o tema, é que nem mesmo os três dispositivos de extrema importância foram o suficiente para fazer com que doutrina e jurisprudência se atentassem para a importância que é fixar pilares mais bem fundados sobre a responsabilidade civil e a maneira mais acertada de atribui-la a determinado indivíduo e o que poderia exercer influência sobre essa fixação.

A afirmação se dá a partir de uma análise firme do assunto por meio da qual foi possível concluir não haver qualquer uniformidade entre os tribunais nem mesmo doutrinadores. A discussão e as páginas sobre o assunto são restritas, ainda que a controversa seja patente, motivo, inclusive, que fez com que este trabalho tivesse limitações no que diz respeito às referências bibliográficas.

Quando o nosso judiciário se pronuncia sobre o tema, não o faz com uniformidade, por vezes deixando em dúvida até mesmo a segurança jurídica, aplicando cada teoria em uma situação e, ainda, às vezes mencionando diversas correntes sem especificar qual está sendo aplicada.

A ideia de que se deve usar o bom senso, ainda que possa parecer razoável, dá azo à possibilidade de que sejam proferidas decisões infundadas, descabidas e sem qualquer justificativa, podendo provocar, ainda, a insegurança ao passo de que não necessariamente os precedentes serão usados como base para o julgamento e que situações bastante similares podem ser julgadas de maneiras distintas.

Sendo assim, o que deve ser dito em verdade é que não se pode concluir o estudo do tema com certezas maiores do que a certeza de ainda haver uma série de dúvidas e impasses sobre o assunto e seus subtópicos.

Hoje, se enfrenta ainda o viés da responsabilidade civil com foco não no castigo àquele que agiu de maneira reprovável e causou um dano, mas na reparação da vítima. Referido pensamento, ainda que também possa fazer sentido por um lado, abre margem ao esquecimento de um dos grandes pilares do instituto: um indivíduo só pode ser responsabilizado pelos danos que efetivamente causou e a necessidade de reparar a vítima não poderia se sobrepor a isso.

É necessário que a responsabilidade civil e seus subptópicos sejam delineados de maneira clara e consistente, dando a importância devida para que a segurança jurídica seja vista como prioridade. No entanto, o que restou evidente em relação ao ordenamento jurídico brasileiro, foi justamente o contrário.

É imperioso que as definições alcancem mais do que o simples conceito de nexo causal. É necessário que sejam delineadas – de maneira clara, fundamentada e pacificada – as teorias da causalidade e qual a que deve ser aplicada, as excludentes de causalidade, o conceito de cada e até que ponto a necessidade de reparação da vítima deve ser prioridade para que não se corra o risco de responsabilizar um agente apenas aparente.

Ainda que tenha restado claro que a Teoria da Causalidade Adequada e a Teoria do Dano Direto e imediato têm hoje, grande parte da doutrina e da jurisprudência ao seu lado, a verdade é que a imputação da responsabilidade civil, em nosso país, ainda se dá de forma atécnica, devendo o julgador se valer da própria intuição para fixar quem foi o agente causador do dano.

As excludentes de nexo causal, abordadas neste trabalho, são também de extrema importância e, ainda que seja pacífica a ideia de que quando uma série causal é interrompida por outra que efetivamente provoca o prejuízo, o aparente agente não terá o dever de indenizar, ainda existe nebulosidade no que diz respeito às definições de caso fortuito e força maior, por exemplo.

Conclui-se, por fim, que ainda que três diferentes dispositivos legais tenham fomentado a discussão sobre a responsabilidade civil, muito ainda se tem que estudar e discutir sobre o tema. Ainda há falta de soluções pacíficas, respostas certeiras. A certeza maior é da existência de inúmeras incertezas, tanto no que diz respeito às questões mais superficiais – como qual seria o principal objetivo da responsabilidade civil – quanto de questões mais aprofundadas acerca das teorias aplicáveis e outras definições.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

ALBERTO BEZERRA CURSOS ONLINE. Indenização por danos morais tabela de valores stj. Disponível em: <http://www.albertobezerra.com.br/indenizacao-por-danos-morais-tabela- de-valores-stj/>. Acesso em: 28 jun. 2017.

ÂMBITO JURIDICO. Caso fortuito ou força maior? a hermenêutica responde.

Disponível em: <http://www.ambito-

juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura>. Acesso em: 02 jul. 2017. AMBITO JURIDICO. Nexo causal e excludentes da responsabilidade extracontratual do

estado. Disponível em: <http://www.ambito-

juridico.com.br/site/index.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=2635>. Acesso em: 02 jul. 2017.

AMBITO JURIDICO. Pressupostos da responsabilidade civil: nexo causal. Disponível

em: <http://www.ambito-

juridico.com.br/site/index.php/thumb.php?n_link=revista_artigos_leitura&artigo_id=13531>.

Acesso em: 03 jul. 2017.

BRASIL. Constituição (1988). Constituição da República Federativa do Brasil. Brasília, DF,

5 de outubro de 1988. Disponível em

http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm. Acesso em 12 de maio de 2017.

BRASIL. Lei nº 10.406 de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Brasilia, DF, 10 de janeiro de 2002. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406.htm . Acesso em 12 de maio de 2017.

BRASIL. Lei nº 8.078 de 11 de setembro de 1990. Dispõe sobre a proteção do consumidor e dá outras providências. Brasilia, DF, 11 de setembro de 1990. Disponível em http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8078.htm . Acesso em 12 de maio de 2017.

BRASIL. Supremo Tribunal Federal. Ementa. Recurso Extraordinário nº 130764/PR, Relator Ministro Moreira Alves, Primeira Turma, Brasília, julgado em 12.05.1992, DJ 07.08.1992.

BRASIL. Superior Tribunal de Justiça. Ementa. Recurso Especial nº 64.682/RJ, Relator Ministro Bueno De Souza, Quinta Turma, Brasilia, DJ. 29.03.1999.

BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado do Rio de Janeiro. Acórdão. Apelação Cível nº 38.079/85, 5ª Câmara Cível, Relator Desembargador Narciso Pinto.

BRASIL. Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo. Acórdão. Apelação Cível nº 576.762- 4/8-800/SP, 3ª Câmara de Direito Privado, Relator Desembargador Baretta da Silveira, julgado em 29.07.2008.

CAVALIERI FILHO, Sérgio. Programa de responsabilidade civil. 12. ed. rev. e ampl. São Paulo: Atlas, 2015.

CONSULTOR JURÍDICO. Stj define valor de indenizações por danos morais. Disponível em: <http://www.conjur.com.br/2009-set-15/stj-estipula-parametros-indenizacoes-danos- morais>. Acesso em: 28 jun. 2017.

COSTA JR, Paulo José da. Nexo Causal. 4. ed. Rio de Janeiro: Revista do Tribunais, 2007. CRUZ, Gisela Sampaio da. O problema do nexo causal na responsabilidade civil - Rio de Janeiro: Renovar, 2005.

DIAS, José de Aguiar. Da Responsabilidade Civil – Vol. 1, Rio de Janeiro: Forense, 1997. GONÇALVES, Carlos Roberto, Responsabilidade Civil: doutrina, jurisprudência – 6. Ed. atual. e ampl. – São Paulo: Saraiva, 1995

MORAES, Maria Celina Bodin de. Danos à pessoa humana: uma leitura civil-constitucional dos danos morais. Rio de Janeiro: Renovar, 2009.

MIGALHAS. Stj busca parâmetros para uniformizar valores de danos morais. Disponível em: <http://www.migalhas.com.br/quentes/17,mi92810,41046-

stj+busca+parametros+para+uniformizar+valores+de+danos+morais>. Acesso em: 28 jun. 2017.

PEREIRA, Caio Mário da Silva, Responsabilidade Civil, 2002. Ed. Forense.

RIZZARDO, Arnaldo, Responsabilidade Civil – 5 ed. – Rio de Janeiro: Forense, 2011 RODRIGUES, Silvio, Direito Civil – Vol. 4, 20 ed. – São Paulo: Saraiva, 2003

SUPREMO TRIBUNAL FEDERAL. Redir stf. Disponível em:

<http://redir.stf.jus.br/paginadorpub/paginador.jsp?doctp=ac&docid=207632>. Acesso em: 15 jun. 2017.

Documentos relacionados