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Cenário nacional

No documento LIDINEI ARUEIRA JÚNIOR (páginas 48-50)

1. INTRODUÇÃO

2.4 CONTEXTUALIZAÇÃO DA AUDITORIA AMBIENTAL COMPULSÓRIA NO

2.4.1 Cenário nacional

O crescente aumento na conscientização da necessidade de conservação do meio ambiente levou, segundo Souza (2002), as entidades não governamentais, entidades de classes e outras parcelas da sociedade a exercerem pressão para que fossem estabelecidos dispositivos legais, de modo a assegurar que as empresas sejam responsáveis pelas conseqüências das interações de seus processos produtivos com o meio ambiente, o que levou o Estado a nível estadual e federal, a legislar em favor de dispositivos legais para exercer um controle sobre estes riscos.

A primeira citação de uma auditoria, em algum tipo de requisito ambiental, que se tem registro na legislação brasileira, foi em uma resolução do CEPRAM – Conselho Estadual de Proteção Ambiental, de nº 270, emitida em 24/04/1990, por ocasião da emissão da Licença de Operação da Klabin Fabricadora de Papel e Celulose S.A., no Município de Camaçari – BA, onde, no seu artigo 1º, item I, estabelece a realização de auditoria para verificação do cumprimento das condicionantes da licença.

Em 1990, a Lei nº 118 do Distrito federal, de 02/08/1990 dispõe sobre a realização de Auditoria Ambiental no Distrito Federal, onde ficou estabelecida a possibilidade de auditoria ambiental, mas o foco não foi nas atividades potencialmente poluidoras de uma empresa, e sim na identificação de espaços e ecossistemas desgastados na Área geográfica do Distrito Federal.

Somente em 1991, no estado do Rio de Janeiro, através da lei 1898/91, é estabelecida uma sistemática de auditorias ambientais periódicas, de modo a avaliar as fontes de poluição das empresas, seus níveis de prevenção e a sua conformidade legal com a legislação ambiental.

A partir deste momento, a legislação brasileira vem adotando a auditoria ambiental como instrumento da política nacional do meio ambiente, cuja realização deve ser determinada, periodicamente, pelo Poder Público. Assim, o caráter obrigatório caracteriza o instrumento na forma como este está sendo adotado no Brasil, apesar de não ser esta a posição na maioria dos países que adotam este instrumento. Segundo La Rovere et al (2000), a

utilização da auditoria ambiental como instrumento de política pública, como vem ocorrendo inclusive em vários estados brasileiros, está contribuindo para uma melhor gestão pública e empresarial do meio ambiente:

A auditoria ambiental legal surge como um instrumento de caráter preventivo, fundamental na gestão ambiental pública, inclusive para suprir algumas lacunas. É um instrumento auxiliar a fiscalização que é procedida pelo órgão de controle ambiental, esta última um ônus para o poder público, pago pelos contribuintes. A auditoria ambiental aparece como um instrumento cujos custos são de responsabilidade do empreendedor.

As auditorias ambientais legais constituem-se em uma forma de dar às empresas não só o bônus decorrente de sua exploração econômica, mas também o ônus pelos impactos causados ao meio ambiente (LA ROVERE et al, 2000).

Esta situação fica evidente pelo papel que o estado do Rio de Janeiro desempenhou no estabelecimento de auditorias ambientais compulsórias, através da elaboração da Lei 1898/91, onde ficou estabelecida a necessidade de auditorias ambientais independentes, e pela atuação da FEEMA, através da emissão de diretrizes específicas (DZ-56), para a realização destas auditorias ambientais.

A legislação do Estado do Rio de Janeiro sobre auditorias ambientais se tornou a base para a elaboração das legislações posteriores, elaboradas pelos outros estados, e que em sua maior parte, contemplam dispositivos similares ao contido na Lei nº 1.898, de 26 de novembro de 1991.

Esta atuação do poder legislativo sobre a economia do país se faz necessário, pois a maioria das empresas não era auditada por nenhum tipo de organismo, com exceção das empresas que apresentam sistemas de gestão certificados, pois na prática, segundo Martini e Gusmão (2003), a auditoria ambiental voluntária é exercida, em sua maioria, pelas empresas que possuem um sistema de gestão ambiental conforme a ISO 14001.

Os benefícios resultantes das auditorias ambientais públicas são similares as das auditorias ambientais privadas, tais como: prevenção da poluição, redução da potencialidade de causar dano ambiental e minimização do risco de incidência de penalidades administrativas, civis e penais, por parte dos órgãos de fiscalização ambiental.

Uma cuidadosa atenção deve ser dada a proliferação de legislações estabelecendo a obrigatoriedade das auditorias ambientais e ao risco de sobreposições destas legislações, pois tanto a União, bem como os Estados e Municípios, tem competência para legislar sobre temas como o meio ambiente, e pode haver em determinado momento, uma sobreposição de legislações, como seria o caso de um empreendimento no estado do Espírito Santo, localizado

na cidade de Vitória, onde ambos os níveis apresentam legislações específicas para a realização de auditorias ambientais compulsórias, sendo que neste caso, o empreendedor deverá atender a ambas as legislações.

Em 12 de junho de 2003, foi apresentado no congresso, o projeto de lei 1254/2003, que visava tornar a auditoria ambiental compulsória obrigatória em todo o país, inserindo-a como um dos instrumentos da Política Nacional de Meio Ambiente:

Propomos, com o presente projeto de lei, incluir entre os instrumentos da Política Nacional do Meio Ambiente a realização periódica de auditoria ambiental nas instituições públicas e privadas cujas atividades possam causar significativo impacto ambiental. Para isto, propomos a inclusão de um inciso no artigo 9º e de um artigo 11-A na Lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, a qual “dispõe sobre a Política Nacional do Meio Ambiente, seus fins e mecanismos de formulação e aplicação, e dá outras providências” (PL 1254/2003).

Atualmente este projeto de lei se encontra em tramitação na Comissão de Meio Ambiente e Desenvolvimento Sustentável, do Congresso Nacional. A proposta na prática estende a sistemática de auditorias ambientais compulsórias, conforme estabelecida na resolução CONAMA nº 306/02, para todas as atividades potencialmente poluidoras no país, gerando grande impacto no setor industrial do país, pois os custos destas auditorias, a semelhança das demais legislações, ficarão a cargo do empreendedor.

Neste projeto, não está definido uma periodicidade para estas auditorias ambientais, ficando a cargo da CONAMA, a definição deste quesito e de outros itens que se farão necessário para a regulamentação destas auditorias.

No documento LIDINEI ARUEIRA JÚNIOR (páginas 48-50)

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