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Nível federal

No documento LIDINEI ARUEIRA JÚNIOR (páginas 50-54)

1. INTRODUÇÃO

2.4 CONTEXTUALIZAÇÃO DA AUDITORIA AMBIENTAL COMPULSÓRIA NO

2.4.2 Nível federal

A lei nº 6.938, de 31 de agosto de 1981, que estabeleceu a Política Nacional do meio Ambiente no Brasil, não cita a auditoria ambiental como um dos instrumentos da política ambiental do Brasil. A legislação posterior, que fala do Licenciamento ambiental no país, a resolução CONAMA nº 23, de 7 de dezembro de 1994, também não cita a auditoria ambiental no seu artigo sexto, que trata dos instrumentos que seriam utilizados para utilização nos processos de licenciamento ambiental no Brasil.

Um grande avanço pode ser observado no estabelecimento da resolução CONAMA nº 237, de 19 de dezembro de 1997, onde consta em suas premissas, a necessidade de incorporar instrumentos de gestão ambiental ao processo de licenciamento ambiental, sem introduzir,

entretanto, a ferramenta da auditoria ambiental neste processo. Esta resolução outorgou ao órgão ambiental competente, a autonomia de acrescentar exigências específicas de acordo com as atividades a serem licenciadas, bem como estabelecer processos simplificados de licenciamento, de acordo com critérios estabelecidos na resolução,

A primeira referência à auditoria ambiental, na legislação federal, ocorre no estabelecimento da resolução CONAMA nº 265/00, em 18 de janeiro de 2000, em razão do vazamento de óleo ocorrido na Baía de Guanabara, onde se determinou que, no prazo de 6 meses, a Petrobras deveria realizar auditoria ambiental em todas as suas instalações industriais, marítimas e terrestres de petróleo e derivados, localizadas no Estado do Rio de Janeiro:

Determinar à PETROBRAS a realização, no prazo de 6 meses, de auditoria ambiental independente em todas as suas instalações industriais, marítimas e terrestres, de petróleo e derivados, localizadas no Estado do Rio de Janeiro (art. 2º).

Para todas as outras empresas do setor petrolífero, foi estabelecida a obrigatoriedade de apresentar no prazo máximo de cento e oitenta dias, a contar de sua publicação, um cronograma para a realização de auditorias ambientais independentes em suas instalações no território nacional:

A PETROBRAS e as demais empresas com atividades na área de petróleo e derivados deverão apresentar para análise e deliberação do CONAMA, no prazo máximo de 180 dias, programa de trabalho e respectivo cronograma para a realização de auditorias ambientais independentes em suas instalações industriais de petróleo e derivados localizadas no território nacional (art. 3º).

A resolução tratou ainda, da necessidade de revisão dos planos de contingência e emergência para acidentes ambientais causados pela indústria de petróleo:

Determinar às autoridades competentes que sejam elaborados ou revistos, no prazo de 12 meses, o plano de contingência nacional e os planos de emergência regionais, estaduais e locais para acidentes ambientais causados pela indústria de petróleo e derivados (art. 4º).

Deve-se ressaltar que esta legislação foi uma medida pontual, publicada ao calor de um acidente ambiental de grandes proporções, que gerou grande consternação na sociedade brasileira, devido ao grande impacto ambiental provocado na baía de Guanabara.

A Lei nº 9966, promulgada em 28 de Abril de 2000, ficou conhecida como “A lei do Óleo”, e dispôs sobre “a prevenção, o controle e a fiscalização da poluição causada por

lançamento de óleo e outras substâncias nocivas ou perigosas em águas sob jurisdição nacional”.

Esta lei estabeleceu a necessidade das entidades exploradoras de portos organizados e instalações portuárias e os proprietários ou operadores de plataformas e suas instalações de apoio, de realizar auditorias ambientais bienais, independentes, com o objetivo de avaliar os sistemas de gestão e controle ambiental em suas unidades:

As entidades exploradoras de portos organizados e instalações portuárias e os proprietários ou operadores de plataformas e suas instalações de apoio deverão realizar auditorias ambientais bienais, independentes, com o objetivo de avaliar os sistemas de gestão e controle ambiental em suas unidades (art. 9º).

Em 2002, em 5 de julho, é publicada a Resolução CONAMA nº 306/02, que buscou orientar o disposto na Resolução CONAMA nº 265, no que se refere a auditorias ambientais e disciplinar o atendimento ao art. 9º, da Lei nº 9.966, de 28 de abril de 2000, que trata da obrigatoriedade da realização de auditorias ambientais independentes, através do estabelecimento

dos requisitos mínimos e o termo de referência para realização de auditorias ambientais, objetivando avaliar os sistemas de gestão e controle ambiental nos portos organizados e instalações portuárias, plataformas e suas instalações de apoio e refinarias, tendo em vista o cumprimento da legislação vigente e do licenciamento ambiental.

No 7º artigo desta resolução, foi estabelecido também que o relatório de auditoria ambiental e o plano de ação deveriam ser apresentados, a cada dois anos, ao órgão ambiental competente, para incorporação ao processo de licenciamento ambiental da instalação auditada.

Também nesta resolução, no art. 8º, ficou estabelecido que o Ministério do Meio Ambiente deveria no prazo máximo de cento e oitenta dias, os requisitos mínimos para o credenciamento dos auditores ambientais:

O Ministério do Meio Ambiente, por meio de Portaria, irá definir, no prazo de até cento e oitenta dias, contados a partir da publicação desta Resolução, os requisitos mínimos quanto ao credenciamento, registro, certificação, qualificação, habilitação, experiência e treinamento profissional que os auditores ambientais deverão cumprir (art. 8º).

Percebe-se que os objetivos destas auditorias não se restringem apenas ao atendimento à legislação ambiental, avançando para o campo da gestão ambiental, como pode ser visto no

anexo II desta Resolução, onde se buscou definir um conteúdo mínimo para estas auditorias ambientais, contemplando inclusive, requisitos e terminologias específicas de um sistema de gestão ambiental, conforme previsto na ISO 14001:

As auditorias ambientais têm o objetivo de verificar o cumprimento da legislação ambiental aplicável e avaliar o desempenho da gestão ambiental das atividades definidas no Artigo 1º desta Resolução (Anexo II, item 1).

A Portaria do Ministério do Meio Ambiente – MMA, de nº 319, publicada em 15 de agosto de 2003, veio estabelecer os critérios para o credenciamento de auditores ambientais, conforme previsto na resolução CONAMA nº 306/02:

os requisitos mínimos quanto ao credenciamento, registro, certificação, qualificação, habilitação, experiência e treinamento profissional que os auditores ambientais deverão cumprir para executarem as auditorias ambientais, de sistemas de gestão e controle ambiental nos portos organizados, instalações portuárias, plataformas e suas instalações de apoio, dutos e refinarias, conforme disposto na Resolução (CONAMA nº 306, de 5 de julho de 2002 - art. 1°).

Merecem destaque, os seguintes artigos:

O Art. 3°, que define os requisitos de qualificação para os auditores ambientais, tais como a escolaridade necessária e os cursos de especialização, a experiência profissional exigida, incluindo a experiência em gestão ambiental e em auditorias.

No Art. 4°, são definidos a validade da certificação destes auditores, e os critérios para a manutenção da certificação dos auditores.

Merece destaque a condição temporária estabelecida no Art. 6°, no prazo máximo de dezoito meses após a promulgação da portaria, onde foram definidos alguns critérios para que os auditores ambientais credenciados em sistemas de avaliação de conformidade pudessem realizar estas auditorias ambientais compulsórias, até a completa implementação do sistema de credenciamento de auditores:

Os profissionais certificados como auditores de sistema de gestão ambiental, por entidades credenciadas no Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade - SBAC ou por entidades de outros países que assinaram o Acordo de Reconhecimento Multilateral da International Auditor and Training Certification Association - IATCA para organismo de certificação de auditor (EUA - RAB, Inglaterra - IRCA, Japão - JRCA, Austrália - QSA, China - CNAT e Singapura - SAC), por um prazo máximo de nove meses, a contar da data de publicação desta Portaria (art. 1°, Item I).

Por um prazo de 12 meses a contar da data de publicação desta Portaria: os profissionais certificados como auditores de sistema de gestão ambiental por

entidade acreditada no âmbito do SBAC e que tenham participado de Curso de Interpretação da Resolução CONAMA nº 306, de 05 de julho de 2002, promovido pelo Ministério do Meio Ambiente (art. 1°, Item II).

Após o 12º mês a contar da data de publicação desta Portaria: somente os profissionais certificados por entidade acreditada no âmbito do SBAC e em total conformidade com o art. 3º estabelecido na Portaria nº 319, de 2003 (art. 1°, Item III).

Vale ressaltar, que a estrutura de qualificação, citada no art. 6°, já se encontra atualmente implementada, com o credenciamento de alguns organismos para ministrar o curso de auditor ambiental, previsto no art. 3° desta portaria:

Especialização: o auditor deve ter sido aprovado em um curso de formação de auditores ambientais com duração de, no mínimo, 40 horas, credenciado ou reconhecido no âmbito do Sistema Brasileiro de Avaliação da Conformidade – SBAC (art. 3°, Item III).

Em 2005, o IBAMA através de seu escritório de licenciamento das atividades de petróleo e nuclear, estabeleceu uma diretriz com orientações adicionais para a realização de auditorias ambientais em plataformas de petróleo, conforme competência estabelecida no sétimo artigo da resolução CONAMA nº 306/02, sendo que já em 2005, estas orientações foram contempladas por ocasião da realização do ciclo de auditorias de 2005. Estas orientações foram referentes principalmente aos prazos de envio do plano de auditoria e do envio do relatório, bem como estabeleceu os itens a serem contemplados no relatório de auditoria.

A última legislação de nível federal, referente a esta área, foi à aprovação da resolução CONAMA nº 381/06, que alterou o artigo 4º da resolução CONAMA nº 306/02, com a restrição do atendimento a legislação vigente, a área ambiental apenas. Também foram feitas algumas alterações no Anexo II da referida resolução, onde foram melhores detalhados os conteúdos mínimos destas auditorias ambientais compulsórias, sem alterar significativamente os critérios estabelecidos na resolução CONAMA nº 306, de 2002.

No documento LIDINEI ARUEIRA JÚNIOR (páginas 50-54)

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