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5.1 DESCRIÇÃO DOS PROCESSOS: AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL E

5.1.3 Cenários e Ambiente

Finalmente a terceira questão tratará da proposição de Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) enfocando os processos, em estudo, a partir dos cenários e do ambiente onde a UNIVILLE está inserida.

A análise dos dados coletados, incluindo-se as falas dos entrevistados, como também a percepção da pesquisadora, sustentada pelo referencial teórico permitem afirmar que os processos de avaliação institucional e de adaptação estratégica, na UNIVILLE, suas formulações e tomada de decisões nasceram dos cenários e dos nítidos contornos evidenciados pelo ambiente

Este posicionamento evidencia a concepção de avaliação, como estratégia, fruto do momento vivenciado pelas universidades com relação aos cenários e ao seu ambiente, conforme o posicionamento de Maximiano (1985). Nesse sentido, o ajuste entre o sistema organizacional e o sistema ambiental é uma necessidade e se constitui em uma tarefa primordial dos gestores. Esta necessidade não foi identificada pelo grupo responsável pela avaliação institucional, mas pelos gestores, instalando-se, então, o embate entre o pedagógico e o administrativo como expressa um dos entrevistados:

Hoje, a avaliação institucional ainda mantém os mesmos princípios, porque está inserida em um contexto, tem legitimidade em função dos seus objetivos. A administração tem urgência para a tomada de decisão, é uma outra visão, incompatível com os princípios do PAIU. Embora o "locus" seja o pedagógico, está quebrando e rompendo preconceitos. E o que é mais importante, o administrativo tem, agora, outro olhar sobre o pedagógico. É um avanço, uma conquista da avaliação institucional.

Outros entrevistados não negaram o valor e a importância da avaliação institucional. Inclusive defenderam a continuidade do programa. Entretanto, considerando a conjuntura social e econômica, as necessidades emergentes do contexto, o desenho de um novo cenário, discutem os seus princípios, os fundamentos, as práticas e os instrumentos, retomando o discurso anterior, considerando as mudanças estruturais e as novas políticas para a educação superior.

A ênfase na avaliação da graduação justifica-se em função de vários fatores, destacando-se: a abrangência do universo dentro da instituição e seus grandes efeitos multiplicadores e desdobramentos na sociedade; a necessidade de se construir uma cultura institucional participativa da avaliação como instrumento permanente de aperfeiçoamento das universidades. Neste sentido, qualquer identificação e resolução do problema nesta área, acredita-se, terá impacto imediato nas instituições e, por conseqüência, na sociedade, principalmente através de formação de pessoas que passarão a melhor desempenhar os seus papéis profissionais, técnicos ou sociais.

Os depoimentos acima retratam a relação entre o processo de avaliação institucional e o processo de adaptação estratégica na UNIVILLE, conforme Rumett (1980), que se refere à avaliação como parte integrante do processo de formação de estratégias em organizações em constante mutação, citando, como exemplo, as Instituições de Ensino Superior, pela natureza e complexidade.

Apesar da avaliação institucional ter sido considerada fruto de uma crise, foi graças a ela, pois seria impossível ter se isolado da crise global, na década de 80, que, na década de 90, considerada significativa para o ensino superior brasileiro, que a instituição em estudo, encontrou o caminho, como afirma Holanda (1994): a partir dos anos 80 discute-se o papel da universidade brasileira face à falência do projeto nacional e, nos anos 90, a sua reforma adiantando-se a uma perspectiva de modernidade, em sintonia com os paradigmas emergentes, contribuindo significativamente para a formação de massa crítica, mão de obra qualificada, como também relevante produção de conhecimento em diversas áreas.

Esta afirmação é convergente ao pronunciamento de Tousignant (1987): "a avaliação, no meio universitário, se desenvolverá, atingirá altos níveis de qualidade e influenciará a gestão e o planejamento das universidades se as direções, quer dizer, os reitores, os presidentes, os conselhos, as comissões de estudo das universidades, decidirem se comprometer com ela”.

Neste plano, a avaliação proporcionou à UNIVILLE o aprendizado que possibilitou responder com maior rapidez às exigências da sociedade, como fazer leitura de cenários com uma visão prospectiva de futuro. Possibilitou compreender, também, a função de uma instituição de ensino superior, como uma organização estratégica que deve estar à frente, na vanguarda de uma sociedade que vive em “tempos de salto”, para garantir a própria sobrevivência.

Assim, criou e mantém uma cultura que se renova na medida de sua sobrevivência e os interessados em fazer parte dela devem da mesma forma aderir e renovarem-se na medida do próprio espaço e interesses compartilhados, conforme Chauí (1993), quando se refere à avaliação institucional como um elemento capaz de gerar o inter-relacionamento de um conjunto de objetivos, metas e políticas para a reformulação da organização universitária tendo em vista as novas demandas, as exigências de uma organização estratégica, cujo papel é o de entender o mundo, formular propostas e antever a possibilidade de construir o futuro, mantendo a permanente busca de ampliação de horizontes.

Embora tenha ficado explícita a dicotomia entre o pedagógico e o administrativo, como também, a crítica à agilidade do processo avaliativo, classificado como um processo demorado e, de certa forma, lento pelo modelo adotado e pela complexidade do fenômeno exigindo dos gestores a busca de outras fontes de dados para sustentar as estratégias, é impossível negar a inter-relação entre os processos, em que se expressam e se configuram os resultados das relações entre pessoas e grupos, isto é, a exterioridade de interesses individuais e coletivos. Nesse sentido, um entrevistado afirmou:

A avaliação gerou rupturas na FURJ e na UNIVILLE. Sempre orientou as decisões estratégicas. Agora o momento é também de ruptura. É uma decisão estratégica reorientar a avaliação. É também uma decisão política avaliar a avaliação, considerando o que se desenha para a avaliação em nível de sistema. O SINAES (Brasil, 2004), por exemplo, vai gerar uma mudança em toda a sistemática da avaliação no ensino, na pesquisa na extensão e na gestão, conseqüentemente.

Face ao exposto pode-se caracterizar o relacionamento entre o processo de avaliação institucional e adaptação estratégica sob a ótica de Mintzberg, Ahlstrand e Lampel (2000) que defende a análise do ambiente, criando oportunidades para a ação, onde as estruturas das organizações são dinâmicas, inseridas em uma complexa rede de relações, favoráveis à formulação e à adaptação estratégica., sendo possível discutir o processo de avaliação institucional como posição, perspectiva, transcendência consciente e intencional.

A metodologia adotada pelos gestores, na formulação de estratégias e na tomada de decisões, ainda, possibilitou evidenciar os níveis deste relacionamento. A partir destas evidências, foi possível destacar os resultados alcançados.