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4. DEFINIÇÃO DE DIRETRIZES

4.2. Cenários

Irá ser tratado dois tipos de cenários para o objeto de estudo deste trabalho: um, o que poderia acontecer se não houver intervenção na área e a sua consequência para a região; e o outro, se houvesse uma intervenção seguindo as análises, metodologia e anseios da população descritos nos capítulos anteriores. O estudo de cenários é uma estratégia de pensar a partir de prospecções traçando cenários para se saber como ficará uma determinada situação. Esse método de prospecção de cenários é comum na administração de Empresas. Na prospecção é importante se pensar nas incertezas, assim é necessário ter escolhas estratégicas.

Para intervenções em áreas degradadas é de fundamental importância se pensar quais são os cenários que teremos: se nada for feito (como ficaria?), ou se fizer um projeto para a população (qual será o resultado?). Essa é uma forma de se pensar no futuro de uma determinada área. Pode-se prever o crescimento populacional no município e na região em estudo e deduzir em cima de um cenário de retração no sentido econômico e problemas de moradia, a ocupação de favelas em áreas de risco na pedreira, sendo necessário a prevenção com soluções e diretrizes que evitassem a produção da imagem urbana degradada e abandonada.

A prospecção de cenários é estudar o caso de diferentes formas. No caso da área em estudo que é a área da antiga Pedreira de Laranjeiras é necessário pensar nos cenários de como a área poderá ficar no futuro se não for feita nenhuma intervenção e como será a mesma área caso haja alguma intervenção. Esse método de cenários foi observado talvez pela primeira vez na arquitetura da paisagem quando o Central Park foi projetado na área com o resultado de se pensar a necessidade de implantação de uma grande área verde em Nova Iorque.

Para a concepção dos cenários do Parque da Pedreira de Laranjeiras, tem-se como referência a proposta do Central Park em Nova Iorque, realizada por Frederick Law Olmsted, e representações para desenho paisagístico do livro Residential Landscape Architecture: design profcess for the private residence (Arquitetura paisagística residencial – Processo de design para residências privadas) de Norman K. Booth e James E. Hiss, 2012. A imagem a seguir demonstra a proposta para o plano conceitual no projeto paisagístico do Central Park.

Figura 84 – Plano conceitual com propostas de cenários para o Central Park em Nova Iorque.

Fonte: http://40.media.tumblr.com, acessado em 25 de abril, 2016.

Frederick Law Olmsted foi um arquiteto paisagista, jornalista e botânico norte- americano que ficou conhecido por ser o vencedor do concurso, em parceria com Calvert Vaux, para conceber o parque urbano Central Park na cidade de Nova Iorque, no distrito de Manhattan. Pode-se dizer que esse parque foi uma façanha da arquitetura paisagística e da engenharia, pois não foi um espaço natural e sim uma arte paisagística fenomenal feita pelo próprio homem, pois até o mesmo o sistema de água das cascatas é controlado. A falta de um parque fez com que os líderes das comunidades na época reivindicassem uma extensa área verde na cidade, cerca de 340 hectares, não só para promover o dever cívico como também competir com os parques da Europa, sendo que poucos habitantes foram retirados ou desapropriados que habitavam a área antigamente.

O arquiteto segue uma linha orgânica no desenho do parque, com caminhos sinuosos para possibilidades de perspectivas visuais de quem passa pelo local e para quem permanece nos jardins ao ar livre. Vale destacar que houve a preocupação das conexões viárias com os carros que atravessam o parque de um lado ao outro transversalmente, com um nível da rua mais baixo que a do parque minimizando efeitos de poluição sonora.

Figura 85 – Masterplan do Central Park em Nova Iorque, com detalhe ampliado, modificado pelo autor.

Fonte: https://upload.wikimedia.org, acessado e modificado pelo autor em 25 de abril, 2016.

A proposta visava uma série de vistas pitorescas como cenas de quadros, como um visitante passa por uma galeria, passando de uma paisagem à outra com um desenho sinuoso em seus caminhos. Conseguiram transformar um lugar ermo em um livro de pintura, com a criação de cascatas e riachos, colinas e planícies. Segue abaixo fotografia de uma área antes da criação do parque e ao lado como os paisagistas propuseram trabalhar o espaço formando possíveis cenários para a futura paisagem.

Figuras 86 e 87 – Cenário da paisagem antes da intervenção e depois da intervenção proposto por Olmsted.

4.2.1 Cenário sem intervenção

Para se pensar na área do parque da Pedreira de Laranjeiras fazendo prospecção de cenários é importante se pensar em duas possibilidades do que pode acontecer com a área se não fizer nada ou se fizer. Se nada for feito, a imagem a seguir demonstra o que pode ocorrer com a área da Pedreira de Laranjeiras.

Figuras 88 e89 – Situação das invasões na Vila Pedreira, Porto Alegre.

Fonte: http://www.pucrs.br/eventos/chis/, acessado em 25 de abril, 2016.

Um espaço totalmente degradado, acarretando um lugar mais abandonado do que já é, e com surgimento de problemas habitacionais, de saúde e sociais, com a possibilidade de se tornar uma área de invasão. Isso ocorreu na área de uma antiga pedreira abandonada no estado do Rio Grande do Sul, como aparece nas fotos anteriores que são da Vila Pedreira situada no bairro Cristal na cidade de Porto Alegre. Era um antigo local de extração de pedras, que com o tempo e as novas regulamentações foi abandonado. Atualmente mais de mil famílias moram no local, seja sobre ou na base do paredão de pedra, entre eles, muito ex-funcionários da antiga pedreira.

O local se encontra em situação de risco geológico e sem a intervenção adequada das autoridades órgãos competentes. As habitações precárias, os locais de possíveis desabamentos e a falta de urbanismo faz urgir uma reação de projeto no local. Durante três dias, uma equipe organizada pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da PUCRS (Pontifica Universidade Católica do Rio Grande do Sul) e a URBEGO – IFHP (The International Federation for Housing and Plainning) ou ‘A Federação Internacional para Habitação e Planejamento’, composta por jovens profissionais técnicos do poder público e moradores da Vila Pedreira se reuniram com um objetivo específico: propor soluções viáveis de projeto para a Vila Pedreira.

Figura 90 – Situação local da Vila Pedreira, Porto Alegre, Rio Grande do Sul.

Fonte: http://www.pucrs.br/eventos/chis/, acessado em 25 de abril, 2016.

4.2.2 Cenário com intervenção

Cabe demonstrar nesse capítulo as possíveis propostas de cenários da região em estudo, com base nas descrições de Olmsted sobre o parque verde urbano como cenário de uma paisagem idealizada para a recreação e contemplação de todos os indivíduos, assim como as definições das representações no projeto paisagístico. Foi elaborado um plano conceitual, inicialmente com um plano de massas, e zoneamento das atividades e posteriormente a implantação geral, com perspectivas, todas desenhadas e coloridas à mão, conforme Apêndice 02. Mesmo não sendo um anteprojeto, fez-se um estudo preliminar de massa e ocupação do espaço e que toda a fundamentação teórica descrita no trabalho viabiliza para os arquitetos paisagistas e a prefeitura a produção de um trabalho mais elaborado de um projeto paisagístico a nível de projeto executivo como produto final para o local.

Na etapa de análise houve alguns pontos levados em consideração como a direção dos ventos, localização de elementos pré-existentes, vias que passam no local, relações com os vizinhos, áreas planas e íngremes passíveis de serem aproveitadas, vegetação existente, dentre outros. O zoneamento foi a fase onde se experimentou as possibilidades de locação dos elementos dos programas e vegetação, com vista também na relação de acessibilidade, harmonia e funcionalidade entre os espaços, o usuário e a paisagem circundante.

Teve-se o conhecimento de que nem toda a superfície do terreno precisa ser fisicamente utilizada por volumes vegetais e que no paisagismo deve-se ter uma ordem criada quando os elementos são agrupados, por exemplo materiais e espécies vegetais. Essas últimas se forem agrupadas é importante que sejam espécies vegetais similares incorporando um

elemento dominante que chame atenção para um ponto focal, estabelecido por contraste, tamanho, forma, cor e/ou textura.

Assim como um elemento dominante, deve haver também um espaço dominante e que a composição tenha unidade visual, para manter o equilíbrio entre variedade e repetição, formando diferentes espaços conectados ao conjunto. A vegetação das herbáceas podem ser utilizadas como elemento de conexão visual entre o conjunto arbustivo e arbóreo.

Para o zoneamento dos espaços têm-se 3 diretrizes: 1) Elementos de referência visual e paisagística; 2) Elementos de transição entre espaços utilitários; 3) Áreas para receber a vegetação que vai compor o espaço do parque. Com isso fez-se um estudo de manchas, bolhas, setas e croquis para os locais de atividades, padrões de circulação, explorando várias relações e diagramas em formas de círculo. Nesse sentido, demonstra espaços destinados a funções e atividades específicas, as relações entre espaços e funções, fluxos, direções visuais, do vento, do sol, limites e barreiras e pontos focais, com o tema visual constante para estabelecer ordem. A sobreposição de formas e alinhamentos trazem uma força compositiva, evitando-se sempre ângulos agudos. Para BOOTH, 2012, as composições onde as formas individuais se identificam com clareza podem ser lidas como conjuntos fortes, sempre havendo uma forma dominante na composição e a localização dos arranjos que devem estar relacionados com a forma de composição com a qual se trabalhou e os ângulos de visão dos usuários.

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