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5. CONCEPTUALIZAÇÃO DO MODELO DE GESTÃO DE LAMAS

5.3. Modelo Conceptual para Gestão das Lamas de Sintra

5.3.3. Cenários de Gestão de Lamas

Para delinear um cenário de gestão das lamas de ETAR devem ser ponderadas todas as características avaliadas até agora, designadamente, os núcleos de produção de lamas existentes na região, para definição das ferramentas tecnológicas disponíveis para o delineamento do modelo, balizando-se opções de integração de outros tipos de resíduos, nos casos em que a opção seja a gestão conjunta com sistemas complementares de tratamento, ou, em casos onde a gestão individualizada seja a escolha mais adequada, ou, ainda, para opções mistas, face à realidade da região considerada.

Assim, de acordo com a bibliografia referenciada anteriormente no capítulo 2, quando as lamas das águas residuais são manuseadas no local da sua produção, considera-se que as MTD são a utilização de uma ou várias das seguintes opções:

• Operações preliminares;

• Operações de espessamento de lamas; • Estabilização de lamas;

• Condicionamento de lamas;

• Técnicas de desidratação de lamas; • Operações de secagem;

• Oxidação térmica de lamas; • Aterro de lamas in situ.

No caso da subregião de Sintra, considera-se ser correcto avaliar um cenário base de gestão individualizada para as ETAR de menor produção anual de lamas e um cenário alternativo, capaz de conduzir à integração de sistemas de tratamento avançados, para as ETAR de maior capacidade de produção de lamas (Classe 3).

5.3.3.1. Cenário de Base

Num cenário base está implícita a gestão individualizada das lamas geradas em cada ETAR, tal como decorre presentemente, onde a incorporação da quase totalidade das lamas produzidas tem como destino final as culturas extensivas, logo, grandes parcelas. Porém, este aspecto determina a coexistência de aglomerados populacionais muito concentrados, o que, actualmente, só será, ainda, viável na zona situada a Nordeste do concelho de Sintra, onde existem propridedades agrícolas com alguma dimensão, embora, com práticas culturais de domínio predominante hortícola, mas em regime intensivo, como é verificável na freguesia de Almargem do Bispo, e na freguesia de S. João das Lampas, contudo, neste último caso, situada na zona Norte litoral, também, pressionada por avanços urbanísticos de índole habitacional e recreativa ou turística.

Deste modo, considera-se que os factos presentes não são compatíveis para um todo das estações de tratamento existentes, sobretudo, com cenários de aumento da densidade populacional da subregião, pelo menos a médio/longo prazo, em conjunção com uma crescente diminuição da superfície agrícola utilizada, que estaria disponível para essa combinação valorizativa das lamas de ETAR.

Contudo, existe, ainda, a possibilidade de se considerarem áreas de aplicação de lamas depuradas referentes à SAU e às superfícies de espaços verdes públicos de maior dimensão parcelar.

A tecnologia de base a aplicar para estes processos resultará do valor mais favorável da matriz de avaliação explicitada no ponto 2.4.5 deste estudo, depois de ponderados todos os vectores determinantes existentes na região de Sintra.

De um modo geral, e sem atender à ponderação, o processo base que garante uma melhor higienização e estabilização das lamas de modo integrado é a calagem avançada (RDP - calagem com pasteurização em recipiente fechado), conforme o defendido por alguns estudos de autores referenciados no capítulo 2.

5.3.3.2. Cenário Alternativo

Atendendo ao crescimento populacional que se tem vindo a verificar nos últimos anos na subregião de Sintra e ao alargamento do saneamento básico a zonas isoladas, o sistema de saneamento está a sofrer profundas alterações com a construção de novas ETAR, remodelação e ampliação das já existentes, e fecho de algumas pequenas ETAR situadas em zonas próximas dos grandes sistemas.

Face ao exposto, os resíduos mais ricos em matéria orgânica biodegradável, podem e devem ser contabilizados em termos do potencial de produção de biogás por DA.

A opção tecnológica a considerar neste cenário, resultará, também, da avaliação matricial das MTD que se adequem à realidade da região de Sintra depois de ponderadas. É de referir, no entanto, que o processo integrado de hidrólise térmica adicionado de DA mesofílica com co-geração constitui um dos tratamentos melhor avaliados.

A DA aplicada às lamas primárias decantadas e também às lamas secundárias geradas em processos de tratamento secundário, de natureza aeróbia, a que é sujeita a fracção líquida nas ETAR, oferece um meio de redução significativa da carga orgânica do esgoto, com produção de biogás com um valor económico apreciável, se aproveitado para produção de energia eléctrica e/ou térmica.

Como exemplo destas preocupações ambientais na gestão das lamas das ETAR de Sintra, houve uma articulação, desenvolvida pelos SMAS-Sintra, com outras empresas municipais, de natureza pública ou público/privada, para a valorização energética do biogás a produzir na ETAR da Ribeira de Colares (S2).

Trata-se de um projecto desenvolvido pelos SMAS-Sintra, Agência Municipal de Energia de Sintra (AMES), Instituto Nacional de Engenharia e Tecnologia Industrial (INETI) e Gabinete de Estudos Técnicos, Lda (GRADUS), que consiste na reconversão dos dois digestores anaeróbios existentes na ETAR, que funcionam a frio e em regime aberto, para os colocar a funcionar em série, aquecendo o digestor primário e utilizar o biogás produzido num grupo de co-geração de 60 kW constituído por motor-gerador dotado de sistema de recuperação de calor. Ainda em fase preliminar, o projecto pretende, também, fornecer energia eléctrica ao sistema eléctrico de serviço público em regime de autoconsumo e fornecer energia térmica para aquecimento do digestor e estufas.

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