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2.10 – Previsões, cenários e proximidade com outros métodos

CAPÍTULO 3: CENÁRIOS EM MICRO E PEQUENAS EMPRESAS

As micro e pequenas empresas (MPE`s), especialmente as de base tecnológica, estão sujeitas a mudanças rápidas. Estas empresas podem ser afetadas positivamente ou negativamente pelas tecnologias. Novas forças motrizes que nunca existiram podem estar presentes nesta nova conjuntura. Assim, o planejamento estratégico poderá prevenir problemas futuros. Neste ambiente, os métodos de planejamento por cenários podem ser uma sistemática de apoio adequada para empresas de pequeno porte que atuam em ambientes com inovações tecnológicas (BROCHETTO E SILVA, 2006).

3.1 Cenários como instrumento de apoio à decisão em MPE`s

de base tecnológica

Alguns autores como Schwartz, Schnaars, Ziamou e Van Der Heijden têm uma visão ampla de que cenários quanto ao porte da empresa onde podem ser aplicados. Há uma tendência em salientar as características gerais.

Para Schwartz (2006) o processo de construção de cenários é uma arte e não uma ciência, não importando se destinado a um pequeno negócio ou grande empresa. Tipicamente, se percorre um processo de cenários por várias vezes, de forma a aprimorar uma decisão, procurando outros elementos-chave, tentando novos enredos e ensaiando as implicações outra vez.

Schnaars e Ziamou (2001) alertam que, em empresas de todos os portes, a vantagem- chave na construção de cenários está em garantir o posicionamento de mercado em situações que envolvam tecnologias emergentes. Por meio de rotas alternativas, as empresas podem evitar muitos riscos associados a empreendimentos agressivos, enquanto crescem suas chances de retorno financeiro.

Van Der Heijden (2004, p.36) se referindo às contribuições que os cenários podem dar para as pequenas e grandes empresas:

[...]as grandes organizações se prendem mais a comportamentos do que as pequenas empresas. Elas precisam organizar as coisas de forma mais detalhada. Os procedimentos e métodos, uma vez implantados, tornam-se cada vez mais difíceis de mudar. Premissas subjacentes são esquecidas e são impossíveis de questionar.

Alguns autores como Holstius e Malaska (2004, p.44), se referindo a métodos que incluem os cenários, observam que “o gerenciamento visionário não é somente para grandes empresas”. Eles complementam que “o gerenciamento de estratégias avançadas e lideranças também são aplicáveis a companhias de tamanho médio”.

Observa-se que estes últimos autores não chegam a mencionar sobre o uso em MPE`s. Por outro lado, não colocam impedimentos para empresas de menor porte.

Existem autores como Bianchi et al. (1998) que salientam características específicas para a utilização de cenários em empresas de menor porte. Estes autores consideraram o estudo de cenários para pequenos e médios empreendimentos como uma sistemática de orientação do aprendizado. Eles identificaram que as empresas de pequeno porte têm uma excessiva relutância em aplicar métodos para o planejamento. Para as pequenas empresas, o método de cenários é uma ferramenta de orientação de aprendizado. A curto prazo, estas empresas passam a conhecer melhor a dinâmica do dinheiro a qual estão envolvidas. A longo prazo, as pequenas empresas têm ganho na aprendizagem organizacional.

No entanto, a pesquisa para cenários em MPE`s indica a necessidade de se entender o contexto das empresas deste porte. Isto pode apontar as compatibilidades, as incompatibilidades e contribuições que os cenários possam fazer.

3.2 O contexto das Micro e Pequenas empresas

Para este estudo, serão abordados os temas sobre a classificação das empresas quanto ao porte, a importância deste tipo de empresas e, finalmente, suas características. Através das características somadas aos elementos encontrados no objeto de pesquisa, deseja-se chegar aos critérios para a escolha de um método de cenários a ser implementado.

3.2.1 Classificação de empresas quanto ao porte

O IBGE (1994) classifica o porte das empresas através do número de funcionários, como visto no quadro 3.1 . Esta classificação também é adotada pelo SEBRAE (2005).

Como já mencionado, este trabalho terá como foco somente no subconjunto das MPE`s de base tecnológica.

Enquadramento Indústria Comércio/Serviços

Microempresas Até 19 Até 9

Pequena De 20 a 99 De 10 a 49

Média De 100 a 499 De 50 a 99

Grande acima de 500 acima de 100

Quadro 3.1: Classificação das empresas por porte.

Fonte: Censo cadastro IBGE (1994)-raiz/1997 e SEBRAE (2005)

3.2.2 Características de pequenas empresas

Oliveira e Bertucci (2003) fizeram uma revisão da literatura sobre algumas características e relações de empresas de menor porte com a tecnologia. As características levantadas por estes autores estão mostradas no quadro 3.2.

As MPE´s de base tecnológica podem ser beneficiadas ou prejudicadas com inovações. Neste sentido, Jugent et al. (2005,p.7) fizeram uma síntese da literatura no que tange a elementos apresentados por pequenas e médias empresas em relação a gestão da inovação, como mostrado no quadro 3.3. A pesquisa concluiu que:

[...] são empresas mais centralizadas, possuem uma estrutura simples que necessita de menor número funções administrativas; tem menor controle sobre o ambiente externo e tendem a personalizar a gestão na pessoa de seu proprietário-dirigente.[...] Porém, observou-se que estes empreendedores, normalmente, têm como principal problema a falta de conhecimento e experiência na área gerencial, fator este que pode limitar o desenvolvimento de produtos inovadores por estas empresas, criando, dessa forma, obstáculos para a sobrevivência e competitividade dessas pequenas e médias empresas frente ao ambiente em que atuam.

Características Vantagens Desvantagens

Ambiente externo

• Estrutura simples;

• Reagem rapidamente ao mercado.

• Falta de informações;

• Dificuldade de acesso à tecnologia.

Gestão e estrutura

• Ausência de burocracia; • Ciclo decisório curto.

• Processo produtivo empírico; • Processo decisório com pouca

atenção ao ambiente externo.

Recursos humanos

• Proprietários assumem várias atribuições simultaneamente.

• Falta pessoal especializado para atender a todas as necessidades internas.

Recursos financeiros

• Não mencionados. • Escassos;

• Critérios pouco favoráveis.

Crescimento • Agilidade, flexibilidade, inovação e difusão de novas tecnologias.

• Dificuldades de capital;

• Lideranças com pouca experiência com situações complexas.

Quadro 3.2: Características de pequenas empresas. Fonte: Oliveira e Bertucci (2003)

Características inovadoras presentes em empresas de pequeno e médio porte

• Inovação voltada para o desenvolvimento de produtos; • Foco em pequenos nichos de mercado;

• Informalidade organizacional;

• Atendimento de necessidades imediatas do mercado.

Dificuldades para a gestão da inovação em empresas de pequeno e médio porte

• Carência de recursos financeiros; • Falta de habilidade gerencial;

• Dificuldade em atrair e reter trabalhadores qualificados; • Pouca ousadia dos empresários;

• Limitada interação com outras empresas;

Benefícios para a gestão da inovação em empresas de pequeno e médio porte

• Maior suporte prestado pela alta administração da empresa; • Maior autonomia dos funcionários;

• Multifuncionalidade dos funcionários.

Quadro 3.3: Síntese dos elementos presentes em pequenas e médias empresas em relação a inovação.

Fonte: Jugend et al. (2005)

Estas características devam ser consideradas na utilização de um método de cenários e poderão gerar impactos positivos ou negativos. Se empresas de menor porte têm características diferentes com relação às empresas de maior porte, parece lógico dizer que alguns métodos de cenários podem ser qualitativamente mais atraentes para as pequenas empresas, na visão de seus administradores. Esta idéia leva à dedução de características desejáveis aos métodos de cenários aplicados às MPE`s.

3.3- Características desejáveis para métodos de cenários em