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Fonte: Prefeitura da Cidade do Recife49, 2019, (editado pela autora).

De acordo com o Projeto Centralidades, o bairro da Encruzilhada tem uma superfície de 102 hectares, o que significa 0,47% da totalidade do Recife e até 2010 possuía uma população de 11.940, correspondente a 0,78% da população do município. Economicamente, até 2015 o

bairro empregava 0,6% dos trabalhadores formais da cidade e contava com 1467 unidades mercantis, 1,5% do total operado no município.

Diante destes dados, percebemos que a sua centralidade secundária, já consolidada na cidade, tem grande influência para o perfil geral da Encruzilhada que possui uma grande disponibilidade de serviços e comércio principalmente para os bairros do entorno. Segundo o Projeto Centralidades, tais bairros são considerados de média e alta renda criando assim uma elevada demanda por bens e serviços. No entanto, ao analisarmos uma pesquisa promovida pelo mesmo projeto com os usuários do bairro, percebemos que sua origem é variada, o que representa o grande alcance territorial da localidade diante da cidade e de outros municípios.

A Encruzilhada recebe pessoas vindas principalmente de dez bairros da cidade, incluindo o próprio bairro. Estas localidades possuem características distintas, sendo que em algumas delas seus habitantes possuem nível de renda alto como Rosarinho, Espinheiro, Aflitos e Parnamirim. No que se refere ao alcance da população que trabalha na Encruzilhada e reside em outras localidades, o Projeto Centralidades se baseando em uma pesquisa de Origem- Destino, afirma que 20% dos entrevistados moram em Beberibe, Água Fria e nas cidades de Olinda e Jaboatão.

Ao focarmos na atratividade do mercado em relação ao bairro de origem de seus frequentadores, por meio da aplicação dos formulários, constatamos que 55% são originários dos bairros do entorno, inclusive da Encruzilhada, e 45% de localidades secundárias. Ao visualizarmos o gráfico 4, onde se mostra a relação bairro de origem (entorno) e modais utilizados pela população, concluímos que deste total de 55%, um pouco mais da metade das pessoas (54%), caminham até o equipamento.

Gráfico 4 - Bairro de origem (entorno) x meios de transporte

Em termos gerais, ao analisarmos a relação bairro de origem (localidades secundárias e entorno) versus meio de transporte, por meio do gráfico 2, verificamos que quase um terço da população chega ao destino caminhando. Estes dados são importantes, visto que as pessoas que moram nas redondezas e que preferem ir a pé à localidade são as principais promotoras de vitalidade do entorno do mercado. Contudo, em primeiro lugar está o automóvel (35%), com um valor muito superior à bicicleta, por exemplo (6%).

Ao nos depararmos com este fator, nos questionamos sobre o desestímulo estabelecido no Recife ao deslocamento por meio de veículos não motorizados. De acordo com entrevista realizada pelo Projeto Centralidades com ciclistas usuários das centralidades estudadas, muitas são as reclamações, dentre as quais se destacam: a falta de respeito por parte dos motoristas de carros e ônibus, a insegurança (falta de iluminação e vias exclusivas para bicicletas) e a carência de infraestrutura (falta de manutenção das ciclofaixas e ausência de sinalização). Com a implementação de novas vias cicláveis na Encruzilhada e entorno acreditamos no aumento de ciclistas circulando pela localidade, mesmo que este aumento ainda não seja o ideal.

Predominantemente a população visitante, principalmente na centralidade da Encruzilhada, é atraída pela vasta oferta de comércio e serviços existente na localidade. Constituem a estrutura física do seu terciário primeiramente o seu mercado público, que assume o papel de concentrar uma gama de atividades nestes ramos. Para além da disponibilidade de estabelecimentos dedicados ao comércio tradicional e aos serviços especializados, observamos um avanço no interior do equipamento de negócios voltados para o ramo gastronômico, os quais se dedicam à promoção de eventos diversos, principalmente nos finais de semana. Assim, o equipamento vem se tornando um importante espaço de lazer, principalmente para a Encruzilhada e os bairros do entorno.

Uma visão da distribuição das atividades da localidade, bem como de seu entorno, é apresentada no mapa da figura 22. Ao observarmos a imagem, percebemos uma predominância do uso residencial na periferia da Encruzilhada que se espraia para os bairros contíguos. Concentrações de atividades no ramo terciário também foram estabelecidas ao longo das décadas neste segmento da cidade. Existe uma concentração dos usos diversos na centralidade que se alastram ao longo das principais vias, Av. Norte, Av. Beberibe, Estrada de Belém e Av. João de Barros.

Figura 22 - Mapa de usos da Encruzilhada

Fonte: Projeto Centralidades.

No que se refere aos números de pavimentos das edificações na Encruzilhada, bem como dos bairros contíguos, podemos dizer que estes são bastante variados a depender da localidade. No caso do bairro de nosso objeto de pesquisa, nos últimos anos tem se observado uma reconfiguração espacial no que diz respeito à ampliação da altura do gabarito de suas edificações. A mesma dinâmica, pode ser observada no bairro fronteiriço do Rosarinho. No caso dos Aflitos e Espinheiro, a verticalização é um pouco mais antiga. Ao visualizarmos a Figura 23, observamos o crescimento dos condomínios residenciais principalmente ao longo da Avenida Norte. Esta expansão nos dá a impressão de que o Mercado público será engolido por um “mar” de edifícios verticais em um futuro próximo. O contraste é enxergado quando observamos os bairros do Hipódromo e Ponto de Parada, onde predominam as edificações com gabarito baixo de um, dois ou três pavimentos.

CAMPO GRANDE HIPÓDROMO

ROSARINHO

Figura 23 - Panorâmica da Encruzilhada e bairros do entorno

Fonte. Google Earth, 2019, (editado pela autora).

Ao indagarmos sobre as circunstâncias pelas quais o processo de verticalização vem se impondo nos últimos anos nos bairros da Encruzilhada e Rosarinho, pensamos em quais dinâmicas externas podem ter provocado esta nova configuração nas localidades. Acreditamos na grande influência da Lei dos 12 Bairros50, promulgada em novembro de 2001 como também do Plano Diretor de 2008.

A Lei dos 12 Bairros, tem sido considerada uma grande conquista não apenas para os moradores destas localidades, como também para os recifenses, pois limita a atuação do setor imobiliário em alguns bairros de alta renda, cujas infraestruturas se encontram no seu limite de carga, impedindo o remembramento de lotes e reduzindo parâmetros como coeficientes de aproveitamento e número de pavimentos. Ao analisarmos o mapa 5, percebemos que dois destes bairros fazem limite com a Encruzilhada, Aflitos e Espinheiro, e dois outros fazem limite com o Rosarinho, Tamarineira e Graças. Há de se convir que após a restrição da construção nestes 12 bairros, o setor imobiliário procuraria outras localidades da cidade para investir e produzir, sendo elas no entorno do perímetro da ARU ou não.

50 A lei n° 16.719/2001, mais conhecida como Lei dos 12 Bairros cria a Área de Reestruturação Urbana (ARU) onde em 12 bairros da capital pernambucana, considerados de grande valor histórico e ambiental, são impostos limites de altura nas construções. Alguns dos objetivos da legislação são requalificar o espaço urbano, harmonizar os diversos usos por meio de estabelecimento de limites às suas inserções e proteger as áreas consideradas passíveis de tratamento especial. Os bairros inseridos nesta lei são: Derby, Espinheiro, Graças, Aflitos, Jaqueira, parte do bairro da Tamarineira, Parnamirim, Casa Forte, Santana, Poço da Panela, Monteiro e Apipucos (LACERDA, et al., 2018).

AV. BEBERIBE AV. NORTE EST. DE BELÉM AV. JOÃO DE BARROS

LEGENDA HIPÓDROMO ROSARINHO AFLITOS PONTO DE PARADA M. Encruzilhada ENCRUZILHADA