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6. CONSTRUÇÃO DO MODELO DE ESTÍMULO À CRIAÇÃO DE EMPRESAS

6.8. Apresentação dos Resultados Modelo para o Estímulo à Criação de Spin-offs

6.8.1. Arranjos Institucionais

6.8.1.2. Centro de Empreendedorismo

O Centro de Empreendedorismo é outro arranjo institucional que compõe o ecossistema empreendedor. Este centro é voltado exclusivamente à formação de competências e à difusão da cultura empreendedora.

Esta estrutura é concebida em etapas. No estágio inicial é possível iniciar as atividades conectando professores da própria instituição que possuam perfil empreendedor e estejam interessados pelo tema, independente do curso ou do departamento em que estejam alocados. Não há estrutura formal ou hierarquia e em muitos casos nem o local para se instituir as atividades. Há apenas um grupo de pesquisadores interessados. A liderança nesse caso surgirá de forma espontânea. As atividades geralmente começam com o ensino, podendo estar integradas às disciplinas já existentes e ministradas pelos participantes. Assim, há apenas pesquisadores interessados em se reunir e capacitar novos empreendedores. A partir do

agrupamento desses docentes outros interessados (estudantes ou pesquisadores) se integram ao grupo.

Iniciar essas atividades pode não ser fácil. Precisa-se de uma conscientização de potenciais interessados. Para isso, é comum realizar eventos conjuntos com outros arranjos facilitadores para se tornarem visíveis e conhecidos na instituição. Isso porque em todo tempo estão buscando recrutar interessados em apoiar o processo e propagar o empreendedorismo. Em um estágio intermediário pode-se introduzir as oficinas e treinamentos para os primeiros estudantes, ou seja, a criação de programas de capacitação e também a preparação desses estudantes para a participação em competições e desafios.

No estágio mais maduro o centro também pode fornecer cursos e treinamentos para membros externos à comunidade na modalidade presencial e a distância; a elaboração de competições e desafios que abordem a criação de novos empreendimentos e o desenvolvimento de pesquisas abordando as práticas empreendedoras. Isso porque no Brasil, algumas instituições costumam importar práticas desenvolvidas nos Estados Unidos ou países da Europa que possuam tradição empreendedora. Porém, nem sempre utilizar práticas e ferramentas prontas alcançam resultados positivos, já que em muitos casos não se considera a peculiaridade local. Deste modo, as pesquisas desenvolvidas pelo Centro também poderiam validar ou instituir práticas baseadas na cultura interna.

Lembrando que o centro precisa ser criado com o enfoque diferente no Brasil. Nos Estados Unidos, nos quais eles são comuns, o objetivo é o de instrumentalizar com técnicas, contatos e experiências, enquanto que no Brasil há uma busca por despertar o empreendedorismo como um caminho possível de desenvolvimento econômico e de carreira. Inicialmente trabalha-se mais em um processo de conscientização e disseminação da cultura. Embora a criação dessa estrutura já tenha a sua importância, é preciso ter cuidado também com a operação. As atividades desenvolvidas nessas estruturas precisam ser práticas, baseando-se em vivências e histórias de sucesso. Para isso, estudos de caso poderiam ser uma alternativa. Desenvolvimento de projetos como trabalhos de “mão na massa”, em que o aluno precisa produzir algo também trazem resultados.

Outra ação a construir nesses arranjos seriam os programas de estágio e o Peer Mentoring, que é uma forma prática de se desenvolver competências empreendedoras pelo contato por um período de tempo ao lado de empreendedores bem sucedidos. O ideal seria utilizar ex-alunos que atualmente são empreendedores para que eles possam vivenciar a rotina empresarial. Um programa de Iniciação Empreendedora também poderia ser construído, com bolsas de estudo e treinamento para o desenvolvimento do perfil empreendedor e do negócio,

principalmente para alunos que cursam os anos finais da graduação. Esta modalidade poderia ser desenvolvida em conjunto com spin-offs da região.

Novo e Melo (2003) propõem que os centros realizem estudos sobre o mapeamento local identificando setores, perfis do empresariado, estilo de liderança, entre outros. Esta ação permitiria um estilo de ensino-aprendizagem mais próxima dos fenômenos de cada região, reforçando inclusive a cultura empreendedora de cada uma.

Universidades americanas como MIT, Universidade da Califórnia, Universidade de Stanford e outras, possuem centros de empreendedorismo e eles possuem um papel de destaque na formação empreendedora. A Universidade Politécnica de Valência possui o Instituto Ideas que é o responsável pelo processo de estruturação da empresa, planejamento e apoio na modelagem do negócio, orientações quanto ao acesso às fontes de financiamento e negociações de contratos.

No Brasil, há um menor número dessas estruturas presentes nas ICTs, além delas serem mais recentes. Por exemplo, de acordo com o Sebrae (2013), enquanto nos Estados Unidos um centro possui em média 15,3 anos, no Brasil a idade média é de 3,6 anos. Quanto mais antigo o centro, mas envolvido ele está com a comunidade externa. Além disso, a equipe brasileira também é mais reduzida e eles estão concentrados nos Estados do Sudeste (58%). Outro dado impactante é que naqueles iniciantes a ênfase está no ensino, já que é dessa forma que os CEs começam. Há centros presentes na Unicamp, no Insper, e na FGV. O Centro da Unicamp, o Inova Semente está ancorado como um projeto da Agência de Inovação Inova Unicamp. Instituições de pesquisa que desejem criar um centro de empreendedorismo poderiam utilizar recursos internos, recursos provenientes dos contratos de transferência de tecnologia (royalties), recursos provenientes de cursos, oficinas e palestras e também de empresas patrocinadoras. O Quadro 6.2 resume as ações realizadas nesses Centros de Empreendedorismo.

Quadro 6.2: Evolução das ações empreendedoras do Centro de Empreendedorismo Estágio de

amadurecimento Ações a serem desempenhadas pelo Centro de Empreendedorismo

Inicial - Criação de um grupo de pesquisadores e interessados pelo tema;

- Realização de treinamentos para docentes e pesquisadores para atuarem como multiplicadores;

- Realização de eventos que abordem o Empreendedorismo.

Intermediário - Criação de Programas de capacitação com oficinas e treinamentos para estudantes;

- Elaboração de treinamentos para Pitchs:

- Participação em competições e desafios. Maduro - Elaboração de competições e desafios;

- Inserção de Programa de Iniciação empreendedora - Elaboração de treinamentos de empreendedores externos; - Criação de programa de estágio em spin-offs;

- Criação de programas de mentoria;

- Desenvolvimento de pesquisas e melhoria ∕ adaptação das práticas para a realidade local.

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