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Cessação do Dever de Fornecer os Alimentos aos Filhos

Conforme mencionado, a obrigação alimentar dos pais em relação aos filhos pode

surgir quando o filho menor atinge a maioridade civil, pois nesse momento deixa de existir o

dever de sustento e, se presente os pressupostos da obrigação alimentar, poderá surgir a

obrigação alimentar.

Ocorre que a obrigação de prestar alimentos também pode cessar, conforme veremos a

seguir:

Uma das causas que pode cessar essa obrigação será, devido a sua natureza pessoal, a

morte do alimentando. Porém, ocorrendo o óbito do devedor de alimentos, decorrentes do

parentesco, de casamento ou união estável, fará com que haja a transmissão da obrigação de

prestá-los aos seus herdeiros até as forças da herança (DINIZ, 2006, p. 570). Essas hipóteses

estão previstas nos artigos 1.700 e 1.792 do atual Código Civil, conforme podemos observar a

seguir:

Art. 1.700. A obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694.

Art. 1.792. O herdeiro não responde por encargos superiores às forças da herança; incumbe-lhe, porém, a prova do excesso, salvo se houver inventário que a escuse, demostrando o valor dos bens herdados.

Outra motivo que capaz de cessar a obrigação alimentar será o desaparecimento de um

dos pressupostos previstos no artigo 1.695 do Código Civil. Portanto, desaparecendo um dos

dois pressupostos desta obrigação, ou seja, a necessidade do alimentário ou a capacidade

econômico-financeira do alimentante, causará o fim da obrigação alimentar.

A terceira causa que poderá cessar a obrigação de prestar alimentos é o casamento,

união estável ou procedimento indigno do credor de alimentos. Desse modo, se o credor vier a

convolar núpcias, passar a viver em união estável ou concubinato ou se tiver procedimento

indigno em relação ao devedor por ter praticados os atos arrolados no artigos 1.814 e 557 do

Código Civil, o devedor de alimentos deixará de ter tal obrigação em relação ao credor. Vale

dizer que, em todos esses casos, o devedor de alimentos deverá pedir judicialmente sua

exoneração do encargo (DINIZ, 2006, p. 570/571).

Vale dizer que, devido à característica de irrenunciabilidade presente aos alimentos,

mesmo que haja inércia do credor, conforme já estudado, não ensejará na cessação ou

exoneração dos alimentos devidos.

No mais, Cahali (2006, p. 698) entende que há mais uma possibilidade de cessar a

obrigação alimentar, devido a possibilidade dos alimentos serem fornecidos pelos pais aos

filhos através da hospedagem. Assim, caso o filho abandone a casa paterna sem justa causa,

recusando-se a voltar ao lar, é um sinal de que está apto a manter-se sozinho, sem a

necessidade da prestação alimentar.

Portanto, conforme visto, para doutrina, baseada em nosso ordenamento jurídico,

existem várias hipóteses que ensejam com que o devedor de alimentos não possua mais esse

encargo, sendo: a morte do alimentando, o desaparecimento de um dos pressupostos

necessários previstos no artigo 1.695 do Código Civil, o casamento, união estável ou

procedimento indigno do credor de alimentos, e, por fim, no caso do abandono do lar por

CONCLUSÃO

Com o presente trabalho de pesquisa, através do estudo realizado, foi possível adquirir

diversos conhecimentos acerca do Direito de Família, principalmente a respeito da obrigação

pertencente aos pais em relação aos filhos, de prover-lhes o necessário à sua subsistência

quando não estão aptos a suprir suas necessidades sozinhos.

Desse modo, primeiramente foi feito um estudo sobre a origem histórica da família,

bem como de sua evolução, e alterações sofridas, desde o seu surgimento, pois a família

deixou de ser uma entidade ampla e hierarquizada e passou a ter como característica a forma

mais limitada. Em relação ao instituto dos alimentos no âmbito familiar, não há uma precisão

histórica para definir seu surgimento, sendo considerado como ponto de partida a época do

Justiniano.

O Código Civil de 1916 disciplinou a obrigação alimentar apenas como um dos efeitos

jurídicos do casamento, sendo aos poucos, através de legislações posteriores, alterada sua

regulamentação.

Assim, a doutrina não diverge a respeito do conceito de alimentos, possuindo um

sentido muito amplo, pois compreende tudo aquilo que é necessário para atender às

necessidades da vida, de forma a abranger o indispensável ao sustento, vestuário, habitação,

assistência médica, instrução e educação, possuindo como finalidade suprir as necessidades de

quem não pode provê-la sozinho.

Sobre a classificação dos alimentos, a doutrina os dividem em várias espécies, a

depender da natureza, da causa jurídica, da finalidade e do momento da prestação. Quanto às

suas características, se trata de um direito personalíssimo, pois visa assegurar a subsistência e

integridade física do alimentando. Além dessa, existem outras diversas características, a

saber: a reciprocidade, prevista no artigo 1696 do Código Civil; a transmissibilidade, disposta

no artigo 1700 do Código Civil; a divisibilidade. O artigo 1707 do Código Civil ainda prevê

como características dos alimentos a irrenunciabilidade, inacessibilidade, a

incompensabilidade e a impenhorabilidade. Por fim, se trata de prestação irrestituível e

periódica.

No segundo capítulo foram analisadas as relações de parentesco e o poder familiar. O

parentesco é a relação que vincula entre si pessoas que descendem umas das outras ou de

autor comum, que se aproxima cada um dos cônjuges dos parentes do outro, ou, ainda, que

estabelece entre o adotado e adotante. A Constituição Federal de 1988, em seu artigo 227,

parágrafo 6º, e o artigo 1596 do Código Civil, proíbe qualquer diferenciação em relação aos

filhos havidos fora do matrimônio e os adotados, atribuindo à eles os mesmos direitos e

deveres dos de filiação biológica. O parentesco poderá ser natural ou consanguíneo, afim ou

civil.

A relação de parentesco é base para inúmeras relações no Direito de Família, sendo,

dentre as diversas, para o dever de prestar alimentos, objeto do presente trabalho de pesquisa.

O poder familiar surgiu em Roma, e era chamado de pátrio poder. A Constituição

Federal de 1988, através do artigo 225, parágrafo 5º, igualou os direitos e deveres referentes à

sociedade conjugal entre o homem e a mulher. Assim, em conformidade com o dispositivo

constitucional, o artigo 21 do Estatuto da Criança e do Adolescente, prevê que o poder

familiar, chamado até o ano de 2009 no referido artigo como pátrio poder, será exercido em

igualdade de condições pelo pai e pela mãe, possibilitando ainda, no caso de discordância,

ambos recorrerem ao judiciário para a solução da divergência. Vale dizer que os filhos

enquanto menores estão sujeitos ao poder familiar.

Portanto, o poder familiar é o conjunto de direitos e deveres atribuídos aos pais, em

relação à pessoa e aos bens dos filhos não emancipados, tendo em vista a proteção destes.

Assim, quanto à pessoa do filho menor, o artigo 1.634, inciso I, do Código Civil, prevê que

compete aos pais dirigir-lhes a criação e educação, garantindo à eles meios materiais para sua

subsistência e instrução, de modo que, mesmo no caso de perda ou suspensão do poder

familiar, não ocasionará a exoneração do dever alimentar.

No terceiro capitulo verificou-se que existem diferenças entre a obrigação alimentar o

dever de sustento. O dever de sustento surge do poder familiar, durante a menoridade civil dos

filhos, nos termos do artigo 1566, IV, do Código Civil. A obrigação alimentar possui caráter

geral e decorre da relação de parentesco em linha reta, nos termos do artigo 1694 do Código

Civil.

Desse modo, visualizou-se que a obrigação alimentar possue pressupostos a serem

observados, quais sejam: a necessidade do reclamante e a possibilidade do devedor, bem

como a proporcionalidade entre ambos, buscando-se encontrar um equilíbrio entre eles, ao se

fixar os alimentos, motivo pelo qual poderá ser revisto o valor a ser pago a título de

alimentos, conforme prevê o artigo 1699 do Código Civil.

Prosseguindo, observou-se as diferenças entre o dever de sustento dos pais e a

obrigação alimentar. O primeiro não possui caráter de reciprocidade, por ser unilateral, bem

como será cumprido incondicionalmente, pois independe do estado de necessidade dos filhos

menores, devido a sua presunção, enquanto que o segundo é recíproco e dever respeitar seus

pressupostos. Por fim, o dever de sustento cessa com a maioridade civil, ou emancipação do

filho, sendo que, neste momento, poderá surgir a obrigação alimentar dos pais em relação aos

filhos.

Sobre as formas que o alimentante pode prover os alimentos, o nosso ordenamento

jurídico prevê duas: através do pagamento da pensão alimentícia, em dinheiro ou espécie,

chamada de imprópria, ou dando-lhe hospedagem e sustento, bem como garantindo-lhe o

necessário à sua educação quando menor, chamada de própria. Importante dizer que essa

prerrogativa não é absoluta, podendo o juiz fixar a forma que garantir a melhor qualidade de

vida do menor.

O meio específico para reclamar a outrem o pagamento de pensão será a ação de

alimentos, disciplinada na Lei n. 5478/68, conhecida como Lei de Alimentos. Esta ação

possui rito procedimental sumário especial, sendo concentrado e mais célere, podendo ser

ajuizada a Ação de Alimentos quando houver prova pré-constituída do parentesco, através da

existência da certidão de nascimento, no caso dos filhos reclamando alimentos aos pais.

Por fim, observamos que a obrigação alimentar poderá cessar em quatro hipóteses: 1)

pela morte do alimentando, devido a sua natureza pessoal; 2) com o desaparecimento de um

dos pressupostos previstos no artigo 1.695 do Código Civil, ou seja, a necessidade do

alimentário ou a capacidade econômico-financeira do alimentante; 3) pelo casamento, união

estável ou procedimento indigno do credor de alimentos; 4) no caso do filho abandonar a casa

paterna sem justa causa, recusando-se a voltar ao lar, por ser um sinal de que está apto a

manter-se sozinho, sem necessidade da prestação alimentar.

Portanto, vale dizer que dever dos pais em fornecer os alimentos necessários à

subsistência dos filhos não cessa com a maioridade civil destes, de modo que apenas deixa de

existir o dever de sustento fundamentado no poder familiar, pois poderá surgir a obrigação

alimentar, fundamentada na relação de parentesco. Assim, se presentes os pressupostos

inerentes a esta obrigação, os filhos poderão ajuizar a Ação de Alimentos em face dos pais a

fim de receberem deles, enquanto não poderem prover seu próprio sustento, os alimentos.

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