• Nenhum resultado encontrado

3 DA CRISE AMBIENTAL A SUSTENTABILIDADE ORGANIZACIONAL:

4.5 A CESSO AS I NFORMAÇÕES NA R EALIDADE

O pesquisador que opta pelo uso da estratégia de estudo de caso para investigar seus fenômenos, invariavelmente, utiliza-se de três principais métodos: entrevista, observação ou pesquisa documental (MERRIAM, 1985). Para que se possa acessar na realidade os conceitos definidos nas orientações temáticas, opta-se pela utilização da pesquisa documental. Quando a investigação histórica é o objeto de intenção, a pesquisa documental caracteriza-se pela utilização de documentos autênticos, sejam eles de cunho público ou privado.

A pesquisa documental, segundo Cellard (2008, p. 296) “é um método de coleta de dados que elimina, ao menos em parte, a eventualidade de qualquer influência – presença ou intervenção do pesquisador – do conjunto das interações, acontecimentos ou comportamentos pesquisados”. Dessa maneira, essa dissertação norteou-se pela pesquisa documental para acessar as narrativas da, e referentes à, Samarco Minerações S.A. no tocante a identificação e avaliação dos padrões de reprodução da sustentabilidade.

Para Gerhardt e Silveira (2009), os documentos analisados em uma pesquisa documental são tipificados em dois grupos: os de fontes primeira mão, que se caracterizam por não terem recebido ainda qualquer tipo de tratamento analítico prévio, tais como: documentos oficiais, reportagens de jornal, cartas, contratos, entre outros que possuem as mesmas características. E os de fontes de segunda mão, que

se caracterizam por já terem recebido alguma forma de análise, tais como: relatórios organizacionais, pareceres de perito, decisões de juízes, entre outros.

A referida pesquisa baseia-se nos pressupostos onto-epistemológicos da sociologia bourdieusiana, e realizou análises de documentos de primeira e segunda mão, tais como os já mencionados anteriormente, pois, assim foi possível a compreensão da história reificada e da história incorporada.

Para que os objetivos propostos pudessem ser respondidos por meio dos dados coletados, buscou-se levantar diferentes fontes detentoras de narrativas da Samarco Minerações S.A., produzidas pela própria organização ou sobre ela por terceiros. Para tanto, os documentos coletados e analisados foram:

✓ Relatórios de Sustentabilidade publicados nos padrões GRI da Samarco Minerações S.A., entre os anos de 2010 a 2020;

✓ Vídeos institucionais da Samarco Minerações S.A. publicados nos canais do Youtube da empresa, no qual dizem respeito ao tema sustentabilidade, entre os anos de 2010 a 2020;

✓ Publicações realizadas pela Samarco Minerações S.A. em suas páginas de redes sociais (Instagram e Facebook) no tocante ao tema sustentabilidade, entre os anos de 2010 a 2020.

Este intervalo de tempo foi estabelecido para que fossem acessados os relatórios de sustentabilidade, os vídeos institucionais e as publicações nas páginas de redes sociais, referentes aos cinco anos anteriores e posteriores ao ecocídio de Mariana-MG, que ocorreu em 2015, isto é, de 2010 até os relatórios disponíveis no ano de 2020.

A busca de informações para as respostas do objetivo proposto, não selimitouàs informações publicadas somente pela organização-alvo desta pesquisa. Os dados contemplaram as informações que estavam sendo publicadas sobre ela em jornais de circulação nacional. Para tanto, foram selecionados dois jornais, por julgamento do autor, que fossem capazes de representar o tratamento midiático sobre a organização-alvo da pesquisa. Destarte, foram considerados:

✓ Matérias que abordam a sustentabilidade como tema editorial do jornal Carta Capital, e que citam a Samarco Minerações S.A., entre os anos de 2010 a 2020;

✓ Matérias que abordam a sustentabilidade como tema editorial do jornal O Estado de São Paulo (Estadão), e que citam a Samarco Minerações S.A., entre os anos de 2010 a 2020.

Em relação às matérias publicadas, referentes à Samarco Minerações S.A. em ambos os jornais, é válido destacar que elas seguem o mesmo recorte temporal dos relatórios de sustentabilidade, dos vídeos institucionais e das publicações nas páginas de redes sociais, isto é, cinco anos anteriores e posteriores ao ecocídio de Mariana-MG.

O Quadro 2 apresenta de forma sintética os documentos acessados na pesquisa documental, assim como os motivos que os mesmos foram selecionados e qual o espaço temporal estabelecido para utilização.

Quadro 2 – Fontes de Informação

Relatórios Anuais de Sustentabilidade (RAS)

Meio pelo qual a Samarco Minerações S.A. divulga suas ações sustentáveis aos seus

stakeholders e shareholders,

conforme os critérios de elaboração e padronizações da GRI. Este modelo de relatório é utilizado mundialmente pelas empresas com ações nas bolsas de valores.

5 anos antes e 5 anos após o ecocídio de Mariana (MG), ocorrido em 2015. Totalizando 8 relatórios publicados, entre os anos de 2010 e 2020.

Vídeos institucionais publicados no canal da

empresa no Youtube Canal que a organização utiliza para comunicar-se com a sociedade em geral, externalizando suas práticas de gestão e divulgando suas ações sustentáveis no âmbito social, ambiental e econômico.

5 anos antes e 5 anos após o ecocídio de Mariana (MG), ocorrido em 2015. Foram selecionados 104 vídeos publicados pela Samarco Minerações S.A. em seu canal do Youtube, entre os anos de 2010 e 2020.

Publicações (Instagram e Facebook)

5 anos antes e 5 anos após o ecocídio de Mariana (MG), ocorrido em 2015. Foram acessadas 42 publicações produzidas pela Samarco Minerações S.A. no Facebook e Instagram, entre os anos de 2010 e 2020.

Matérias publicadas pela revista Carta Capital

Fonte de informação externa que divulgaram notícias relacionadas com a organização que podem reforçar ou contestar os argumentos da empesa. Com intuito de contrapor os posicionamentos ideológicos e políticos dos dois meios de comunicação acerca de um mesmo tema.

5 anos antes e 5 anos após o ecocídio de Mariana (MG), ocorrido em 2015. Extraíram-se 53 matérias, que citavam a Samarco Minerações, publicadas pela revista entre os anos de 2010 e 2020.

Matérias publicadas pelo Jornal o Estado de São

Paulo (Estadão)

5 anos antes e 5 anos após o ecocídio de Mariana (MG), ocorrido em 2015. Consultaram-se 19 matérias que citavam a Samarco Minerações S.A., entre os anos de 2010 e 2020.

Uma vez definidas as abordagens – qualitativa de natureza aplicada e descritiva – , as estratégias – pesquisa bibliográfica e estudo de caso –, e o método – pesquisa documental –, as informações acessadas foram analisadas a partir das narrativas.