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3.3.1 Evolução do patrimônio líqüido

O setor de fundos mútuos no Chile em novembro de 2004 era composto por 18 administradores, que juntos administravam US$ 12,150 milhões, distribuídos em 531 fundos.

Nos últimos sete anos, observou-se uma evolução contínua no crescimento do setor de fundos no Chile. Desde 1997, o total dos recursos administrados elevou-se de 1.542.010 milhões de pesos para 7.251.254 milhões de pesos no final de 2004, o que representou um crescimento médio anual superior a 30%. No mesmo período, o número de fundos administrados cresceu mais de 40%, passando de 92 para de 531 fundos em novembro de 2004.

Tabela 16: Evolução do patrimônio líqüido (em milhões de dólares)

Data Chile Dez-95 2.711,25 Dez-96 3.030,78 Dez-97 4.306,22 Dez-98 3.809,96 Dez-99 3.575,87 Dez-00 4.453,15 Dez-01 4.754,38 Dez-02 6.347,44 Dez-03 8.342,96 Jun-04 9.153,08

Desde sua criação, os fundos mútuos no Chile mobilizaram uma quantidade crescente de recursos, com um efeito positivo sobre o mercado de capitais. De 3,80% do PIB em 1995, os fundos mútuos passaram a administrar recursos que representaram 10,77% do PIB em 2004.

De forma geral, todos os investidores institucionais no Chile apresentaram significativo crescimento nos últimos dez anos. Apesar dos fundos mútuos serem os investidores institucionais com menor volume financeiro, foram os que apresentaram a maior evolução patrimonial nos últimos anos, como pode ser observado na tabela a seguir.

Tabela 17: Taxa de crescimento dos investidores institucionais

Tipo de Investidor Dez 94 (milhões US$) Jun 02 (milhões US$) Variação

Fundos de Pensão 22.267 39.672 78%

Seguros de Vida 5.433 13.497 148%

Fundos Mútuos 1.771 5611 217%

Fonte: AAMF Chile. Disponível em http://www.aafm.cl/estudios/fr_estudios.html Contenidos De La

Primera Convención Anual de la Industria de Fondos Mutuos de Chile – Agosto 2003. Acesso em 27

nov. 2004.

3.3.2 Distribuição dos investimentos por tipo de fundo

Em junho de 2004, a distribuição dos fundos por tipo apresentava a seguinte relação ao patrimônio líqüido:

• Fundos Mútuos de Investimento em instrumentos de dívida de curto prazo menor de 90 dias: 38,18%;

• Fundos Mútuos de Investimento em instrumentos de dívida de curto prazo menor de 365 dias: 9,88%;

• Fundos Mútuos de Investimento em instrumentos de dívida de médio e longo prazo: 41,36%;

• Fundos Mútuos de Investimento em instrumentos de capitalização: 4,65%; • Fundos Mútuos Mistos: 2,69%;

• Fundos Mútuos de Livre Investimento: 1,67%; • Fundos Mútuos Estruturados: 1,48%.

3.3.3 Composição das carteiras

Assim como no Brasil e na Argentina, as carteiras dos fundos mútuos chilenos também são compostas predominantemente por títulos de renda fixa. Vale destacar o crescimento da participação dos títulos de renda fixa de prazo superior a trezentos e sessenta e cinco dias na composição das carteiras. A tabela abaixo, mostra a composição das carteiras dos fundos mútuos no Chile.

Tabela 18: Ativos totais dos fundos mútuos (em milhões de pesos)

Ativos Dez 99 Dez 00 Dez 01 Dez 02 Dez 03 Jun 04

Dinheiro 18.792 14.114 17.587 17.859 17.823 29.873

Instrumentos de Capitalização

225.999 222.990 203.095 140.138 353.929 394.723

Renda Fixa (prazo inferior a 365 dias) Títulos de Renda Fixa (prazo superior a 365 dias) 305.151 582.419 935.689 1.448.168 1.407.061 2.101.903 Outros Instrumentos e Investimentos 0 0 0 0 634 0 Dividendos 5.699 13.419 16.425 7.571 17.804 10.235 Outros Ativos 497 3.455 889 2.146 5.849 1.229 Total de Ativos 2.193.013 2.787.256 3.378.486 4.637.965 5.119.841 6.525.298

Fonte: SVS – Superintendencia de Valores y Seguros – Chile - Fondos mutuos: evolución histórica de activos totales del sistema. Disponível em http://www.svs.cl/sitio/html/merc_valores/f_valores.html. Acesso em 17 nov. 2004.

Posição em 31 de dezembro de cada ano, exceto 2004, cuja posição é do dia do mês de junho.

Para os períodos entre janeiro de 1998 a novembro de 2002, os valores correspondem a investimentos em títulos de dívida com vencimento inferior a 120 dias.

Atualmente, o Banco Central do Chile (BCC) é o maior emissor de renda fixa do país com uma participação de cerca de 40% do total do estoque ao final de 2003. As emissões do BCC são utilizadas como instrumento de política monetária para estabelecer uma curva a termo de taxas de juro para o mercado doméstico de títulos. (NOVAES, 2004)

Em relação ao PIB, a capitalização do mercado de títulos de renda fixa era equivalente a 67% ao final de 2003, em comparação com apenas 8% em 1980 e 35% em 1990. Para o desenvolvimento do mercado de renda fixa, três elementos foram importantes:

a) o uso da indexação através da Unidade de Fomento (UF)8, criada em 1967 e largamente utilizada nos contratos financeiros nos anos 80;

b) a reforma do sistema de fundos de pensão em 1981 e; c) um sistema de classificação de risco das emissões.

Em 2000, o governo tomou várias medidas para ajudar o desenvolvimento do mercado de capitais. Há um forte crescimento da emissão de debêntures por parte das empresas, bem como do volume transacionado na Bolsa de Comércio. Poucos países em desenvolvimento têm um mercado privado de bônus com valor acima de 13% do PIB: a média para os países emergentes era de 5% do PIB em 2001. (NOVAES, 2004)

Em termos de liquidez no mercado secundário, a negociação com títulos privados de renda fixa na Bolsa de Santiago não chegava a 10% do volume transacionado de títulos públicos do BC do Chile na primeira metade da década de 90. Os últimos 10 anos mostraram uma melhora contínua e, em 2003, as transações de letras hipotecárias e de debêntures chegaram a 21% e 23% do total do valor das transações com títulos públicos, respectivamente. A maturidade das colocações privadas também aumentou no mesmo período, passando de 10-15 anos na primeira metade dos anos 90 para 15-20 anos a partir de 2000. Em 1996, foi lançado o primeiro papel privado com maturidade de 30 anos. Um fator que tem favorecido o mercado doméstico é o custo de uma emissão local ser 1/7 das colocações no exterior, além dos mercados estarem abertos o ano todo.

8 Ana NOVAES. Mercado de capitais: lições da experiência internacional, 2004, p. A UF é uma unidade

de conta cujo valor em Pesos varia diariamente segundo as flutuações do índice de preços ao consumidor do mês anterior. Ao final de julho de 2004, a unidade de fomento valia 17.088,77 pesos ou US$ 27. A UF é usada amplamente: as pensões são denominadas em UF e todos os créditos e operações imobiliárias eram, até recentemente, contratadas apenas em UF sendo, portanto, um importante elemento para o estabelecimento de instrumentos de longo prazo no mercado de capitais no Chile.

Um elemento importante para que o desenvolvimento do mercado de crédito possa ocorrer é a existência de um sistema de classificação de risco. No Chile, as agências de risco foram criadas como conseqüência da reforma dos fundos de pensão de 1981, da qual falaremos mais adiante. Todas as colocações de renda fixa exigem pelo menos duas classificações de risco por agência independente. No começo, as classificações eram revistas pela Comissão de Classificação de Risco. Atualmente, as classificações de risco privadas não são revistas, mas a agência pode pedir uma terceira classificação caso as duas primeiras sejam muito divergentes. (NOVAES 2004)

Um conjunto de leis aprovado em 2000 e 2001 afetou tanto os mercados de renda variável quanto os de renda fixa. No que diz respeito a este último, as medidas incluíram:

a) flexibilização das restrições de investimento para fundos de pensão, companhias seguradoras e fundos mútuos;

b) eliminação do imposto sobre ganhos de capital para operações a descoberto de ações e bônus;

c) regulamentação das emissões primárias por empresas nas quais apenas investidores qualificados (incluindo investidores institucionais) podem participar e;

d) a eliminação da taxa de 4% incidente sobre os juros dos créditos externos.

A governança corporativa também foi reforçada com as reformas de 2000, aumentando a proteção do acionista minoritário e a transparência das ações das

estabelecimento de ações coletivas (class action), transações com partes relacionadas, comitê de auditoria e direito de retirada. Uma nova legislação relacionada ao papel do auditor está em exame.

O mercado de renda variável era inexistente no Chile no início dos anos 70, tendo crescido lentamente até a primeira metade dos anos 80. A partir daí, o mercado apresentou um crescimento acelerado, tendo culminado com uma capitalização equivalente a 108% do PIB em 1995 (US$ 73 bilhões). Nesse período, a economia chilena beneficiou-se dos termos de troca e das condições econômico-financeiras internacionais favoráveis. A capitalização do mercado chileno era, ao final de 2003, de US$ 85 bilhões (103% do PIB). O número de companhias listadas subiu de 216 em 1990 para atingir o máximo de 294 em 1997, caindo para 241 em 2003. Observa-se uma redução na liquidez do mercado acionário e uma queda na sua capitalização em relação ao PIB antes mesmo da crise da Ásia em 1997. As explicações possíveis para esta queda incluem:

a) a taxação na emissão de ADRs no mercado secundário entre 1995 e 1998, reduzindo significativamente a arbitragem entre os mercados doméstico e externo e, portanto, a liquidez doméstica;

b) o tamanho elevado dos fundos de pensão em relação a outros investidores institucionais, o que aumentou a concentração do mercado;

c) uma série de fusões e aquisições no mercado que reduziram o número de empresas, aumentando a concentração do mercado;

e) um mercado ainda muito regulado. Estes entraves regulatórios foram ou estão sendo removidos o que pode favorecer a retomada do mercado (NOVAES, 2004).

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