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3.3- CICLO DE WILSON E A DANÇA DOS CONTINENTES

No documento Módulo 1: unidades 1, 2 e 3 (páginas 57-62)

O ciclo completo da movimentação das placas tectônicas, desde a abertura de uma bacia oceânica até seu fechamento, é denominado ciclo de Wilson (Fig. 3.27), em homenagem J. T. Wilson, um dos idealizadores da teoria da expansão do assoalho oceânico. Esse ciclo inicia-se com a ruptura de uma massa continental, através de um sistema de rifteamento, seguido pela abertura de uma pequena bacia oceânica, como o mar Vermelho atualmente. Esse proto-oceano expande-se até uma extensão indeterminada como, por exemplo, a do atual oceano Atlântico, limitado por duas

Figura 3.26- Mosaico atual das placas litosféricas relacionadas com o continente americano,

mostrando os tipos de limites em cada placa: convergente (azul), divergente (vermelho) e transformante (amarelo). As setas mostram as direções de movimento das placas e os números as velocidades relativas em mm/ano.

margens continentais passivas. Em seguida, os movimentos se invertem, iniciando uma convergência com subducção de crosta oceânica em uma ou ambas as margens continentais, que passam a ser ativas, até a colisão das duas margens continentais, com fechamento total ou parcial do oceano por meio de um processo orogenético com subducção do continente com margem passiva e geração de uma cadeia de montanha, formando um supercontinente. Os registros geológicos existentes indicam que o ciclo de Wilson ocorreu várias vezes na história geológica da Terra, com uma movimentação contínua dos continentes em diversas direções, ora se aglutinando ora se fragmentando, como se fosse uma verdadeira dança dos continentes.

Figura 3.27- Ciclo de Wilson: Inicia com o rifteamento de um continente . À medida que os esforços distensivos progridem e o oceano se abre, as margens passivas resfriam-se com acumulação de sedimentos . Inversão dos esforços e início de uma convergência, tornando uma das margens continentais (ou ambas) ativas com subducção e arco magmático . Acreção de sedimentos da placa subductada ao continente e fim da expansão da crosta oceânica . Colisão continental, com subducção do continente com margem passiva, orogenia e formação de cadeia de montanha que espessa a crosta, formando um novo supercontinente . Erosão do novo continente, adelgaçando e enfraquecendo a crosta continental que pode ser rompida novamente, começando um novo ciclo .

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Os dados geológicos disponíveis, sobretudo geocronológicos, paleomagnéticos e geotectônicos, indicam que a fragmentação da Pangeia, há 200 milhões de anos atrás, um processo da grande importância na história geológica de nosso planeta, corresponde apenas a fragmentação do último supercontinente importante que se formou na Terra e que resultou na configuração atual dos continentes. Antes da Pangeia, as massas continentais formavam blocos de dimensões e formatos diferentes dos atuais. Os primeiros blocos continentais formaram-se em torno de 3,96 bilhões de anos (Ga) atrás e foram crescendo, por meio de orogêneses, com formação de nova crosta continental, até as dimensões atuais. Há 550 milhões de anos, cerca de 95% das áreas continentais atuais já estavam formadas.

Há 2,0 Ga (Paleoproterozoico), as massas continentais estavam reunidas em três microcontinentes, Ártica, Antártica e Ur, com partes do que seria a futura América do Sul fazendo parte da Antártica. Entre 2,0 e 1,3 Ga, estes três microcontinentes se fragmentaram, por meio de rifteamento, com os fragmentos colidindo entre si para gerar blocos continentais maiores. Entre 1,3 e 1,1 Ga atrás (Mesoproterozoico), os principais blocos continentais se juntaram para formar o primeiro supercontinente, denominado Rodínia, envolvido pelo oceano Miróvia, palavras de origem russa que significam, respectivamente, mãe-pátria e paz (Fig. 3.28 a). A América do Sul fazia parte dos blocos Amazônia, Rio da Prata e São Francisco do supercontinente Rodínia. A partir de 750 Ma atrás, o continente Rodínia começou a se fragmentar (Fig. 3.28 b), formando a Gondwana (que inclui a América do Sul e África) e outros três continentes menores, Laurêntia, Báltica e Sibéria, em torno de 458 Ma, no Ordoviciano Médio (Fig. 3.28 c). A partir de 390 Ma (Devoniano Inferior), começa um processo de aglutinação das massas continentais (Fig. 3.28 d) que se completa com a formação do supercontinente Pangeia há 237 Ma (Triássico Inferior).

A fragmentação da Pangeia começou há 200 Ma, no Jurássico Inferior (Fig. 3.29 a). Em torno de 150 Ma atrás (Jurássico Superior), o oceano Atlântico começou a se formar, o oceano Tethys contraiu-se e os continentes do norte (Laurásia) já estavam separados e, no sul, a Gondwana começava a se dividir entre Índia + Austrália + Antártida e África + América do Sul (Fig. 3.29 b). Há cerca de 66 Ma (Cretáceo Superior/Paleoceno Inferior), o Atlântico sul abriu-se, a contração do oceano Tethys progrediu de modo a transformá-lo em um mar intracontinental (Mediterrâneo), a Índia começou a derivar para norte em direção a Ásia e, após 135 Ma de deriva, os continentes começam a adquirir a configuração atual (Fig. 3.29 c). O ponto vermelho marca o local do impacto do asteroide que teria causado a extinção dos dinossauros e muitas formas de vida na Terra. A configuração atual dos continentes ocorreu nos últimos 65 Ma: a Índia colidiu com a Ásia para formar a cordilheira do Himalaia e a Austrália separou-se da Antártida (Fig. 3.29 d). Nos próximos 50 Ma, o oceano Atlântico deve ampliar-se e o mar Mediterrâneo deve fechar-se, por ação de uma convergência com subducção da placa Eurasiática sob a placa Africana, formando uma cadeia de montanha (Fig. 3.29 e).

Figura 3.28- Formação da Pangeia: resultado da fragmentação de um supercontinente

denominado Rodínia, formado há 1,1 Ga (a) que começou a se fragmentar há 750 Ma, no Proterozoico Superior (b), formando a Gondwana, Laurêntia, Báltica e Sibéria, há 458 Ma, no Ordoviciano Médio (c). A partir de 390 Ma (Devoniano Inferior) começa um processo de aglutinação das massas continentais (d) que se completa com a formação do supercontinente Pangeia há 237 Ma, no Triássico Inferior (e).

a

b

c

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a

b

c

e

d

Figura 3.29- Fragmentação da Pangeia: Iniciou-se com rifteamento do supercontinente e

vulcanismo basáltico, no Jurássico Inferior, cerca de 200 Ma atrás (a). O oceano Atlântico começou a se formar em torno de 150 Ma atrás, no Jurássico Superior, o oceano Tethys contraiu-se, os continentes do norte (Laurásia) se separaram e, no sul, a Gondwana começou a se dividir, com Índia, Antártida e Austrália se separando da África (b). Há 66 Ma (Cretáceo Superior/Paleoceno Inferior), o Atlântico Sul abriu-se, a contração do Tethys progride, formando um mar intracontinental (Mediterrâneo) e a Índia começou a derivar para norte, em direção à Ásia (c). A configuração atual dos continentes ocorreu nos últimos 65 Ma: a Índia colidiu com a Ásia para forma os Himalaias, e a Austrália se separou da Antártida (d). Nos próximos 50 Ma, o oceano Atlântico deve ampliar-se e o mar Mediterrâneo deve fechar-se, por ação da subducção da placa Eurasiática sob a placa Africana (e).

No documento Módulo 1: unidades 1, 2 e 3 (páginas 57-62)

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