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Ciclos de Vida de Uma Comunidade de Prática

5 COMUNIDADE DE PRÁTICA

5.3 Ciclos de Vida de Uma Comunidade de Prática

Uma comunidade de prática pode ser idealizada, planificada e colocada em funcionamento, mas o seu tempo de vida é imprevisível, só o tempo é que poderá ditar até quando a comunidade vai existir.

As comunidades de prática são criadas para que seus membros desenvolvam e aprimorem as suas competências profissionais pela construção do conhecimento, na troca de experiências individuais e coletivas. O seu compromisso é em identificar as competências e habilidades desenvolvidas pelo grupo. Os seus ciclos de vida se assemelham aos organismos vivos: “nascem” no momento em que são criadas as condições para o seu funcionamento, idealizadas as suas regras e filosofia de trabalho, forma de atuar, criar e compartilhar o conhecimento; depois “crescem”, na medida em que começam a se adicionar novos membros, até o número desejado; “reproduzem” e dão “frutos”, quando elas fazem as discussões dos assuntos de interesse da comunidade, onde o conhecimento é gerado, partindo dos saberes iniciais dos membros e suas experiências profissionais, seguindo as publicações do que se produziu, em fóruns privilegiados; e depois “morrem”. A sua morte é natural, manifestando- se pelo processo de regressão na participação dos membros, pelo fato de os assuntos para discussão terem se esgotado ou por ter se atingido um grau elevado de satisfação, nesse estágio param as discussões e os membros vão se distanciando à procura de novas aventuras grupais. Algumas comunidades duram pouco tempo, outras perduram por um longo período.

Para Wenger; Mcdermott e Snyder (2002), uma comunidade de prática apresenta cinco fases típicas do seu ciclo de vida, a saber: potencial ou inicial, de crescimento, de maturidade, de sustentação e de transformação.

Na fase potencial ou inicial, a comunidade é formada, ela “nasce”. Nessa fase, são convidados novos membros, a organização orienta-os, mostrando os ganhos pessoais e coletivos de fazer parte da comunidade, estabelece-se o domínio do conhecimento de interesse comum e a filosofia de trabalho. O domínio deve ser do interesse da maioria, para trazer novos membros com ideias “brilhantes”, e bem explicitado, de forma a despertar o interesse nos tópicos discutidos.

Nessa primeira fase, o mediador tem um papel importante, porque a comunidade fica dependendo dele para iniciar as discussões, ele deve direcionar a construção dos valores da

comunidade, criando formas de estimular a participação, a troca de experiências, colaboração e disseminação do conhecimento. Ele deve criar uma coesão entre os membros, criar condições para que prevaleça a confiança, que haja uma interação livre e destemida de críticas e correções. Essa fase é crucial para a manutenção da comunidade, muitas não passam dela, perdendo muitos dos seus membros, se essas questões não forem salvaguardadas.

Na fase de crescimento, é onde as atividades começam a ganhar significado, de acordo com os interesses comuns do grupo, onde as pessoas começam a identificar o valor, os ganhos individuais e coletivos e se engajam mais nas atividades, se configurando como pertencentes. São definidas as fronteiras de atuação da comunidade, os conteúdos que fazem sentido serem tratados e para que fins se destinarão, uma vez que a comunidade ambiciona produzir conhecimentos para o uso na sociedade, reclamando a sua existência. Nessa fase, a participação deve ser reconhecida, com o intuito de criar mais motivação nos membros.

O mediador tem a tarefa de fazer o mapeamento do fluxo da produção do conhecimento gerado, para que novos membros, interessados na sua adesão, tenham de forma organizada, uma visualização de todas as suas possibilidades dentro da comunidade, decidindo dessa forma participar ou não.

A fase de maturidade é atingida logo em seguida, onde a comunidade ganha um reconhecimento externo como um todo, com um número de membros já crescente e evoluído cognitivamente. Isso poderia ser o suficiente para que a comunidade pensasse ter atingido uma estabilidade no seu nível de produção, o que faz, muitas vezes, com que as comunidades, nessa fase, entrem em queda no volume da sua discussão e produção de conhecimento. Nesse período, faz se necessária uma organização das discussões, fazendo um repositório estruturado, organizado, de forma que não haja repetição das discussões e que, com a entrada de novos membros, sejam capazes de identificar as produções finalizadas.

Na fase seguinte, de sustentação, o grande desafio é manter o ritmo de produção. Seus membros, aparentemente cansados, já não mantêm um engajamento intenso, mas a comunidade continua viva, como produtora de conhecimento, pela organização do material produzido e pelas atividades não tão crescentes e fervorosas. Nesse estágio, é necessário criar situações para motivar os seus membros de “volta à vida”, para continuar a participar ativamente. É preciso adotar novas estratégias de trabalho.

Uma das formas seria acrescentar uma nova identidade à comunidade, fazendo uma pesquisa coletiva de um novo tópico de interesse comum e promover a entrada de novos membros, claro que isso implicaria a saída de alguns dos antigos, mas revitalizaria a

comunidade nas suas discussões. A outra, seria fazer uma conexão entre os saberes já assimilados e os do novo interesse de aprendizagem, para isso, o novo interesse deve ter uma ligação com o anterior, para garantir uma continuidade.

Nessa fase, o engajamento inicial dos seus membros, naturalmente poderá não ser o mesmo, uma vez que as identidades foram transformadas pelo aprendizado, sendo que o conhecimento é dinâmico, surge uma necessidade da sua renovação e continuidade.

Na última fase, a de transformação, a comunidade é reconhecida como parte da identidade de seus membros, por meio das histórias vividas, saberes produzidos, material produzido, tudo que conte a sua existência.

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