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REVISÃO DA LITERATURA

RESULTADOS E DISCUSSÕES

4.1 Resultados experimentais

4.1.2 Secagem das amostras em estufa

4.1.2.3 Cilindro vazado com barra transversal

A fim de observar a perda do teor de umidade e aquecimento das amostras em função do tempo de secagem e analisar os efeitos da cinética de secagem foram feitos experimentos com diferentes temperaturas do ar de secagem. Os resultados são apresentados nas Figuras 4.28 a 4.32 que ilustram o comportamento da temperatura e do teor de umidade, com o teor de umidade sendo apresentado na forma adimensional ao longo do processo de secagem.

126  Teor de umidade

a. b.

c.

Figura 4.28 – Variação do teor de umidade do cilindro vazado com barra transversal

nas diferentes temperaturas (60ºC, 70ºC e 80ºC) em função do tempo de secagem.

a. b.

Figura 4.29 – Variação do teor de umidade do cilindro vazado com barra transversal

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Analisando os resultados, percebe-se que a influencia da temperatura sobre a taxa de variação de umidade mantem uma relação diretamente proporcional, ou seja, a variação de umidade é diretamente proporcional com a variação de temperatura e inversamente proporcional com o tempo até as amostras atingirem a condição de umidade de equilíbrio durante o processo de secagem.

 Temperatura

a. b.

Figura 4.30 – Variação da temperatura superficial do cilindro vazado com barra

128

a. b.

c.

Figura 4.31 – Variação da temperatura superficial do cilindro vazado com barra

transversal nas diferentes temperaturas (80ºC, 90ºC e 100ºC) em função do tempo de secagem.

Analisando os resultados, pode-se ver que a temperatura do ar de secagem tem uma forte influência na taxa de variação de umidade. No entanto, por apresentar uma menor relação área/volume a perda de umidade ocorreu num menor intervalo de tempo e as temperaturas elevadas não apresentaram tantos efeitos negativos na secagem e não causou tensões no interior da amostra, dando espaço a aparição de trincas, rachaduras e deformações, ou seja, a forma da amostra influenciou na cinética de secagem e favoreceu a migração de água do interior para a superfície de maneira mais rápida.

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Figura 4.32 – Variação do teor de umidade e do aquecimento em todas as temperaturas

pesquisadas acoplados para o cilindro vazado com barra transversal.

As Figura 4.33 e 4.34 ilustram a retração volumétrica sofrida pelas amostras em relação ao seu volume inicial, por conta da perda de umidade e o aquecimento no processo de secagem. Pode-se observar uma maior uniformidade na retração volumétrica, por conta do processo de dilatação e contração nas peças. Por desconsiderar as modificações apresentadas na barra transversal por ser muito frágil observa-se uma maior quantidade de picos nos gráficos.

 Variação volumétrica

a. b.

Figura 4.33 – Variação do volume do cilindro vazado com barra transversal durante a

130

a. b.

c.

Figura 4.34 – Variação do volume do cilindro vazado com barra transversal durante a

secagem para diferentes temperaturas (80ºC, 90ºC e 100ºC) em função do tempo de secagem.

As Tabelas 4.7 e 4.8 apresentam as dimensões dos parâmetros das amostras antes da secagem para t0 = 0 s e após a secagem em tf.

Nas Tabelas C1, C2 e C3, do Apêndice, encontram-se todos os dados obtidos experimentalmente. A diferença entre a temperatura ajustada na estufa e a temperatura final das amostras é devido a sua posição dentro da estufa.

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Tabela 4.7 – Parâmetros experimentais do ar e do cilindro vazado com barra transversal

antes da secagem em t0 = 0 s. Ar Parâmetros T (°C) UR (%) Dint. (mm) Dext. (mm) h (mm) V (mm³) S (mm²) (kg/kg, b.s.) 60 9,96 22,75 29,19 48,98 16097,63 37390,92 0,19283 70 6,99 23,14 27,26 46,64 10749,93 35415,43 0,109763 80 4,15 21,74 28,46 49,3 16133,85 37266,26 0,170522 90 3,02 23,59 27,17 47 9952,46 35784,22 0,126369 100 2,26 22,75 28,43 49,25 14493,34 37479,51 0,221096

Tabela 4.8 – Parâmetros experimentais do ar e do cilindro vazado com barra transversal

após a secagem em tf. Ar Parâmetros t (min) T (°C) UR (%) Dint. (mm) Dext. (mm) h (mm) V (mm³) S (mm²) (kg/kg, b.s.) 60 9,96 22,98 27,34 47,7 11406,64 36193,08 0,013792 180 70 6,99 22,93 26,87 45,99 10152,48 34815,90 0,015048 90 80 4,15 20,71 27,24 46,59 14188,04 34792,62 0,003412 150 90 3,02 23,26 26,76 46,18 9482,86 35022,12 0,012994 80 100 2,26 23,24 27,52 46,51 11087,39 35378,59 0,018195 120

Analisando e comparando as Figuras 4.35 e 4.39, percebe-se que por apresentar uma menor relação área/volume os cilindros vazados com barra transversal apresentaram um menor índice de danos estruturais (trincas, deformações e empenamentos) mesmo quando a secagem foi feita de forma muito rápida com altas temperaturas. Situação vista na Figura 4.39 (t = 30 min e tf).

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(a).t0 (b).t = 30min (c).tf

Figura 4.35 – Imagem do cilindro vazado com barra transversal no processo de

secagem a 60°C.

(a).t0 (b).t = 30min (c).tf

Figura 4.36 – Imagem do cilindro vazado com barra transversal no processo de

secagem a 70°C.

(a).t0 (b).t = 30min (c).tf

Figura 4.37 – Imagem do cilindro vazado com barra transversal no processo de

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(a).t0 (b).t = 30min (c).tf

Figura 4.38 – Imagem do cilindro vazado com barra transversal no processo de

secagem a 90°C.

(a).t0 (b).t = 30min (c).tf

Figura 4.39 – Imagem do cilindro vazado com barra transversal no processo de

secagem a 100°C.

De modo geral, nas Figuras 4.35 e 4.39 – observa-se os valores da temperatura superficial das amostras em função do tempo de secagem. Verificando os valores do tempo e temperatura de secagem, percebe-se que as temperaturas das amostras são influenciadas pela temperatura do ar dentro da estufa, principalmente nos instantes iniciais do processo de secagem. Tal fenômeno juntamente, com uma umidade relativa baixa faz com que a temperatura do produto aumente de forma significativa no início do processo, atingindo, de forma rápida, uma temperatura de equilíbrio próxima a de bulbo seco do ar de secagem, estabilizando-se em seguida. No entanto, percebe-se que a temperatura sofre um decréscimo nas fases finais do processo de secagem, chegando a oscilar bastante, enquanto a umidade se estabiliza.

Analisando as amostras, durante o processo, percebe-se que o produto que apresenta menor teor de umidade inicial, e maiores relações área/volume, tem uma secagem mais rápida. O aumento da temperatura e a diminuição da umidade relativa do

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ar de secagem aumenta a taxa de secagem e a amostra alcança mais depressa a temperatura e sua umidade de equilíbrio. Tal situação pode causar danos ao produto final, interferindo na sua qualidade comercial. A elevação dos gradientes térmicos ao longo do produto pode causar uma secagem não uniforme, grandes tensões térmica, hídrica e mecânica, em alguns casos ocasionando rachaduras, fissuras, deformação no sólido, comprometendo sua qualidade no fim do processo de secagem. Uma secagem prévia, controlada, é de grande importância. Se a secagem não for uniforme, aparecerão distorções nas peças, mas, se for muito lenta, a produção tornar-se-á inviável economicamente.

Durante a secagem geram-se, tensões de sentido contrário entre a camada externa e a interna do sólido, e quanto maior a perda de água, maior também será a tensão resultante, fazendo o material deformar-se e inclusive com possibilidade de trincar. Alguns parâmetros têm uma importância significativa no fenômeno de tração e retração volumétrica como a composição estrutural da argila, a porosidade, a densidade, entre outros (Silva, 2009).

De modo geral, pode-se analisar a relação entre a temperatura e a umidade relativa dentro da estufa, pois a medida que a temperatura aumenta, a umidade relativa diminui. Outra relação observada é a relação entre a temperatura e o tempo de secagem, conforme alguns exemplos de secagem encontrados na literatura, à medida que a temperatura aumenta o tempo de secagem diminui, no entanto esse fato é relativo, pois depende da umidade inicial presente no produto. Razão essa que justifica a oscilação entre a temperatura e o tempo de secagem nas tabelas apresentadas.

Outro aspecto que pode ser observado foi a presença das umidades relativas equivalentes para as mesmas temperaturas pesquisadas em todas as amostras, porém, o tempo de secagem apresentou uma grande variação devido a relação área/volume apresentadas pelas amostras. Observou-se ainda que a alta temperatura com a baixa umidade relativa permitiu um aquecimento mais imediato nas amostras pesquisadas.

Sendo assim, para se ter uma secagem uniforme (gradientes de temperatura e umidade minimizados) é importante moderar adequadamente a intensidade da secagem, pelo controle da velocidade, umidade relativa e temperatura do ar de secagem, forma do

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corpo, particularmente a relação área/volume e a porosidade do material. Isto conduz a um produto industrial de qualidade aceitável comercialmente.