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CINCUENTA LECCIONES DE EXÍLIO Y DESEXILIO

No documento – PósGraduação em Letras Neolatinas (páginas 57-75)

CINCUENTA LECCIONES DE EXILIO Y DESEXILIO: APROXIMAÇÕES A UMA POÉTICA DO DESLOCAMENTO

3.1. O discurso autobiográfico e a autofiguração autoral

A obra Cincuenta lecciones de exílio y desexilio é constituída por cinquenta partes compostas por digressões, ditos populares, momentos da vida do narrador, trechos de obras literárias da autoria do escritor (cujo nome está na capa do livro) e de outros escritores (que efetivamente existem no mundo real). De modo diferente à obra

El año que viene estamos en Cuba, Cincuenta lecciones de exílio y desexilio não tem o objetivo de contar a história de um personagem, mas parece ter o objetivo de permitir ao leitor conhecer o íntimo do narrador-personagem, e para ser bem sucedido nesse objetivo o narrador é deixado mais livre para dividir suas digressões e opiniões pessoais sem a obrigatoriedade de ater-se a uma história que precise ser contada cronologicamente. Por não ser construída como um romance linear, essa obra não está tão sujeita a passar ao leitor a impressão de reproduzir um simulacro de realidade. Além disso, em Cincuenta lecciones de exílio y desexilio o personagem narrador não se apresenta, é possível presumir que se trate de um personagem-autor através de características da personalidade e da leitura que apresenta inúmeras correspondências com a história que nos é contada em El año que viene estamos en Cuba, mas em nenhum momento o narrador conta ao leitor qual o seu nome.

Como dito anteriormente, Lejeune (2014) definiu a autobiografia como uma “Narrativa retrospectiva em prosa que uma pessoa real faz de sua própria existência, quando focaliza sua história individual, em particular a história de sua personalidade.” (LEJEUNE, 2014, p.16). Lejeune afirma também, mais adiante em seu estudo, que a premissa principal para uma autobiografia é que narrador, personagem e autor compartilhem do mesmo nome e de história de vida semelhante, que deve ser o objeto principal da obra contada em texto narrativo.

Retomando a teoria de Lejeune podemos considerar que Cincuenta lecciones de exílio y desexilio é um caso peculiar de autobiografia- o narrador não afirma explicitamente que se chama ‘Gustavo Pérez Firmat’, no entanto somos apresentados a diversos indícios que nos possibilitam confirmar isso: semelhanças na história de vida do personagem narrador desta obra e de El año que viene estamos en Cuba como personagem narrador sofre a falta de seu lar e dialoga sobre viver no entre-lugar; características da família do narrador de Cincuenta lecciones de exílio y desexilio que são semelhantes às características da família do narrador-personagem de El año que

viene estamos em Cuba como pais e tio cubanos e filhos e esposa que não falam espanhol; o narrador personagem afirma ser o autor da obra Equivocaciones, obra real de autoria de Gustavo Pérez Firmat, além de fazer referência a “[...] en mis libros y mis poemas [...]” 32 – sendo o autor desta obra autor de diversas obras que tem sua terra natal como um dos temas principais, o leitor é levado naturalmente a inferir que o narrador em primeira pessoa se trata da pessoa real cujo nome estampa a capa do livro, como também pode ser visto em:

Sin llegar a ser libro, estas lecciones mías,[…] este diario externo de un viaje interior, compuesto durante unas semanas antes y después de cumplir los cincuenta mal llamados anos […] Pese a que he escrito varios libros- no me atrevo a decir que soy escritor –me considero un hombre de silencios. […] el ejemplo de escritores poliglotas no me alienta, me deprime.[…] Aunque comparte ese destino, no me resigno a vivir en el hyphen, en el ‘entre’, en ese vaivén que he tratado de reivindicar en algunos libros. 33 (PÉREZ FIRMAT, 2000, p.117-8)

Como o conceito de pacto biográfico de Lejeune afirma que o contrato de leitura deve ser firmado tanto pelo leitor quanto pelo escritor, essas pistas que levam o leitor a acreditar tratar-se de uma autobiografia são o que caracterizam o discurso biográfico dessa obra. A autobiografia pode assumir muitas formas o que torna necessário que se analise caso a caso – só porque o narrador não diz seu próprio nome não se pode descartar que se trate de uma autobiografia, pois o caráter anônimo do narrador- personagem pode estar relacionado ao fazer estético como uma estratégia narrativa da obra que deseja que o leitor construa pouco a pouco a relação entre personagem e autor. Em uma obra de estrutura fragmentária, nada mais natural que os traços da escrita autobiográfica também estejam fragmentados e dispersos ao longo da obra, sendo necessária maior atenção do leitor para captar esses sinais. Essa fragmentação da obra vem de encontro à fragmentação sentida pelo narrador-personagem, que a um momento se orgulha e enaltece seu pertencimento a duas culturas e dois idiomas, para

32 Em meus livros e meus poemas. (PÉREZ FIRMAT, 2000, p.11)

33 Sem chegar a ser livro, essas lições minhas [...], esse diário externo de uma viagem interior, composto

durante umas semanas antes e depois de completar os cinquenta mal chamados anos […] considerando que escrevi vários livros – não me atrevo a dizer que seja um escritor – me considero um homem de silêncios. […] o exemplo de escritores poliglotas não me consola, me deprime […] Ainda que compartilhe esse destino, não me conformo a viver no hífen, no ‘entre’, nesse vai e vem que reivindiquei em alguns livros.

posteriormente contradizer a si mesmo e relatar diversos sentimentos negativos em relação ao seu entre-lugar:

escribo a solas, sabiendo que lo que escribo no lo podrán leer ni mi esposa ni mis hijos, y no obstante me siento acompañado, mucho más que cuando escribo en ingles. Se dice que recordar es volver a vivir; recordar también es

volver a escribir.[…] Escribir en español es un acto de reconciliación – con

mi patria, con mis padres, conmigo mismo.[…]34 (PÉREZ FIRMAT, 2000, p.53)

Apesar de estar escrevendo sozinho o personagem se sente acompanhado pois ao escrever em espanhol está evocando toda a bagagem cultural de seus familiares, o que o ajuda a encontrar o seu lugar no meio do exílio.

3.2. O discurso da memória

A memória é utilizada pelo personagem para preservar o passado para que o presente e o futuro estejam conectados a uma história. O personagem narrador se utiliza do idioma espanhol porque isso dá a ele o sentimento de pertencer a esse grupo de cubanos exilados, que como ele viveu o que ele chama de “tragédia” do exílio. Sua esposa e seus filhos, seu presente, nunca passaram por isso. A rememoração do exílio e dos primeiros anos nos Estados Unidos faz parte da personalidade desse indivíduo.

Por tratar-se de uma obra que constituída basicamente de digressões do personagem a respeito do que aprendeu em seus cinquenta anos de vida, a narrativa se utiliza da rememoração para justificar pontos de vista do narrador. O narrador relembra e nos conta do tio para ilustrar seu ponto de vista sobre um raro ripo de exilado que não sofreu tanto com o exílio: “[...] sin duda uno de los aspirantes a esta distinción ha sido mi tío Miguel, quien juraba que había salido de Cuba como exiliado pero que había llegado a los Estados Unidos como inmigrante.” (PÉREZ FIRMAT, 2000, p.121)

Retomando a discussão da memória do capítulo anterior, nos pautamos na afirmação de Le Goff (1996) sobre não ser possível falar da história do indivíduo

34 Escrevo sozinho, sabendo que o que escrevo não poderá ser lido nem pela minha esposa e nem pelos

meus filhos, e apesar disso me sinto acompanhado, muito mais do que quando escrevo em inglês. Dizem que recordar é voltar a viver; recordar também é voltar a escrever. (…) Escrever em espanhol é um ato de reconciliação – com minha pátria, com meus pais, comigo mesmo.(…)

destacado da sociedade, falar da história do indivíduo é falar da história da sociedade na qual ele está inserido. Para ilustrar seu ponto de vista, para dividir com o leitor seus sentimentos e suas lembranças sobre sua vida e o exílio da família, o personagem tem que, necessariamente, interar o leitor do contexto que causou tais sentimentos.

Na lição 35 o personagem narrador se utiliza da ambientação de um momento da noite que traz as lembranças do espanhol. A noite tem sido frequentemente associada ao momento de recordar, pois ao parar os afazeres diários o sujeito pode descansar e deixar a mente divagar livremente. Nesse momento o personagem principal da obra recorda músicas de sua infância, além dos momentos de sua infância em que estava doente e sua mãe cuidava dele e dos irmãos, o que o leva a questionar-se o motivo de nunca ter tomado as mesmas atitudes. Há uma ruptura entre as duas culturas que o compõe porque não passou para seus filhos as canções em espanhol que ouvia em sua infância.

Nesta obra a memória e o processo de rememoração são utilizados com carga mais negativa do que em El año que viene estamos en Cuba – aqui o discurso da

memória é utilizado com o intuito de enfatizar as (poucas) exceções, como seu tio Miguel, de exilados que não sofrem o exílio, sendo utilizado na maior parte do tempo para contra trechos da vida do narrador que corroboram seus sentimentos em relação ao exílio. A memória do personagem é manipulada no momento da escritura de acordo com o enfoque que o autor deseja passar ao leitor.

3.3. O bilinguismo como estética

A obra Cincuenta lecciones de exílio y desexilio tem como sua temática central os diversos questionamentos e contradições do personagem, no entanto a maior parte das cinquenta lições girarem em torno da temática do entre-lugar e do bilinguismo, o que torna esse tema central na obra e de extrema importância para o desenrolar de sua narrativa fragmentária que é atravessada frequentemente pelos dois idiomas, retratando o que é chamado por Steiner de o momento de “emergência de pluralismo linguístico ou "desabrigo" em certos grandes escritores”. (1990, p.10)

O personagem narrador dessa obra, à semelhança do que ocorre em El año que viene estamos em Cuba, narra sua vida a partir dessa ótica, questionando, contando e, por muitas vezes, se contradizendo quando o assunto é o seu biculturalismo e seu

bilinguismo. Pelo fato do personagem ter saído de Cuba na infância e vivido nos Estados Unidos desde então, se torna tarefa impossível separar os dois idiomas, assim como separar as duas culturas dentro de um sujeito que é múltiplo, como vemos no trecho:

A los cincuenta años el destierro se convierte en destiempo. Por eso no creo en el regreso, porque se ha transformado en una intransitable regresión. Me rodeo de libros escritos por autores cubanos, me dedico a leer sólo en español (lo cual quiere decir, además, leer solo en español), y al cabo de unos días o semana me entra la asfixia. (....) Entonces extraño el inglés como el ahogado añora el oxígeno.35 (PÉREZ FIRMAT, 2000, p.13)

Seu ‘projeto’ de viver durante alguns dias em um dos idiomas sempre acaba em fracasso, como nos conta no trecho acima em que se sentiu asfixiado por não falar inglês. Partindo da inferência de tratar-se do mesmo narrador personagem da obra El año que viene estamos en Cuba, é reforçado aqui a impossibilidade do sujeito bilíngue decidir por si mesmo ‘separar-se’ de um dos seus idiomas.

O personagem narrador demonstra estar mais livre e mais a vontade para dividir com o leitor seus profundos sentimentos em relação às duas línguas que utiliza simultaneamente. O narrador-personagem expõe um temor que julgamos ser frequente em sujeitos bilíngues:

Escribir ‘mi país’. La frase me causa resquemor porque me pregunto si tengo

derecho a usar el posesivo. Me preocupa que alguien me desdiga, o que me

desdiga yo mismo, inadvertidamente. (…) en mis libros y mis poemas

nombro a Cuba obsesivamente, y sin embargo me cuesta trabajo, me da

miedo, escribir ‘mi país’. Cuba se ha convertido en otra cosa: un espacio sin

dimensiones, un lugar sin lindes que pueblo con imágenes, obsesiones, fantasmas, mentiras.36 (PÉREZ FIRMAT, 2000, p.11)

35

Aos cinquenta anos o desterro se transforma em destempo. Por isso não acredito no regresso, porque se transformou em uma intransitável regressão. Rodeio-me de livros escritos por autores cubanos, me dedico a ler só em espanhol (o que significa, além disso, ler sozinho em espanhol), e após alguns dias ou semana me sinto sufocado. (...) Então sinto falta do inglês como um afogado necessita do oxigênio.

36Escrever ‘meu país’. A frase me causa ressentimento porque me pergunto se tenho o direito de usar o

possessivo. Preocupo-me que alguém me desdiga, ou que eu mesmo me desdiga, inadvertidamente. (…) em meus livros e poemas nomeio Cuba obsessivamente e, contudo tenho muita dificuldade, me dá medo,

escrever ‘meu país’. Cuba se transformou em outra coisa: um espaço sem dimensões, um lugar sem

O personagem ainda apresenta dificuldade em compreender-se como pertencente às duas nações, por isso esse medo de referir-se a Cuba utilizando o possessivo. Como dito no capítulo anterior dessa dissertação, a nacionalidade está relacionada à afetividade e a ligação emocional de uma pessoa a cultura que provém de um país, não estando necessariamente ligada ao tempo que essa pessoa viveu dentro dos limites geográficos deste país.

Sendo o personagem bicultural de família cubana, vivendo nos Estados Unidos, casado com uma norte-americana e tendo filhos que assim como sua esposa, não falam espanhol, o personagem acaba sendo obrigado a selecionar a cultura norte-americana e o idioma inglês para se comunicar com sua família direta, mesmo não se sentindo totalmente confortável emocionalmente com isso:

(…) Siempre me pregunto qué pensarían mis hijos de mí – y yo de ellos – si

nos conociéramos en mi lengua materna. Nos querríamos en distinto en castellano? Pero ellos y yo nos conocemos exclusivamente en inglés, y esa exclusividad lo que excluye es un temperamento, cierto acorde de entusiasmos y reticencias, una manera de ver el mundo y de tratar la gente,

todo un conjunto de costumbres (…) Cuando les digo, a ella o a él, I love

you, queda sin expresar mitad de lo mucho que los quiero. Cuando me dicen, ella o él, I love you too, no sé si lo creo. Y es que para mis hijos no soy su padre, sino su padre – así, en cursivas, como si yo fuera una palabra extranjera en el discurso de sus vidas. Antes de conocerme, tienen que interpretarme. 37 (PÉREZ FIRMAT, 2000, p.55)

Para o personagem comunicar-se em inglês com sua família é uma situação problemática, por criar inúmeras duvidas se sua relação com os filhos seria diferentes em outro idioma, se refere ao fato que língua e cultura moldam nossas maneiras de ver e nos relacionarmos com o mundo. O personagem possui grande dificuldade em aceitar-se como sujeito bilíngue :

37(…) Sempre me pergunto o que meus filhos pensariam de mim – e eu deles- se nos conhecêssemos em

minha língua materna. Nos amaríamos de outra forma em castelhano? Mas eles e eu nos conhecemos exclusivamente em inglês, e essa exclusividade exclui também um temperamento, certo acorde de entusiasmos e reticências, uma maneira de ver o mundo e de lidar com as pessoas, todo um conjunto de

costumes (…) Quando lhes digo, a ela ou a ele, I love you, não representa metade do muito que eu os

amo. Quando me dizem, ela ou ele, I love you too, não sei se acredito. É que para meu filhos não sou padre (pai), sou seu padre – assim, em itálico, como se eu fosse uma palavra estrangeira no discurso de suas vidas. Antes de me conhecerem, eles têm que me interpretar.

Creyendo que no puedo servir a dos gramáticas a la vez, siento la obligación de escoger entre el inglés y el español. Quisiera anclarme en un idioma como

si fuese un cuerpo o un puerto. (…) pero ahora empiezo a darme cuenta de

que la madurez quizás consiste en no sentirse obligado a escoger, en aceptar que cuando uno se reparte entre lenguas cada una se volatiliza un poco, se

convierte en ancla leve. (…) lo que si me parece inmaduro, por inútil, es intentar aunar los dos idiomas como pretendí alguna vez. (…) en los poemas

Spanglish, - en los míos, por ejemplo – los dos idiomas no se acompañan: se maltratan, se golpean, se agravian. No se juntan, se pegan; no se adhieren, se hieren. Entablan una lucha a muerte que acaba matando la poesía. (Es mi opinión.) 38 (PÉREZ FIRMAT, 2000, p. 21-2)

Na obra Cincuenta lecciones de exilio y desexilio são frequentes as comparações entre os idiomas inglês e espanhol, como verdadeiras metáforas para comparar as duas culturas A todo o tempo o personagem relata rancor e vergonha por utilizar-se de dois idiomas, entrando em um estado quase paranoico em que tenta criar um simulacro de cubanidade para satisfazer seu desejo da língua espanhola:

[...] He creído que los objetos, igual que las personas, igual que los lugares, tienen una nacionalidad. Las cosas que conforman mi entorno llevan sus nombres a cuestas, y esos nombres las arraigan en un idioma. Ese roble a diez metros de mi ventana, es un oak; ese empinado tronco que le hace pareja, es un pine. Tendré que arrancárselo, Adán de nuevo, para bautizarlos en español. De ahora en adelante al entrar en mi despacho, que ya no es my study, al sentarme en el butacón, que ha dejado de ser my reading chair, y al contemplar el bosque, que nunca más llamaré the woods , tendré que mirar

en español.(…) ‘el lenguaje es un lugar’ me suena mejor en ingles, aunque tal

vez sea solo por la costumbre. La verdadera dificultad estribará en convencerme de que la formula inversa es falsa: un lugar no tiene lenguaje; puedo imponerle cualquier idioma a cualquier lugar, a cualquier hogar. (PÉREZ FIRMAT, 2000, p. 17-8) 39

38

Acreditando que não posso servir a duas gramáticas ao mesmo tempo, sinto a obrigação de escolher entre o inglês e o espanhol. Gostaria de ancorar-me em um idioma como se fosse um corpo ou um porto.

(…) mas agora começo a me dar conta de que a maturidade talvez consista em não se sentir obrigado a

escolher, em aceitar que quando alguém se divide entre línguas cada uma se vaporiza um pouco, ancora leve (…) o que sim me parece imaturo, e inútil, é tentar unir os dois idiomas como pretendi alguma vez.

(…) nos poemas Spanglish, - nos meus, por exemplo – os dois idiomas não se acompanham: se

maltratam, se golpeiam, se ofendem. No se juntam, brigam; no se colam, se ferem. Travam uma luta até a morte que acaba matando a poesia. (É a minha opinião).

39 [...] Acredito que os objetos, assim como as pessoas, assim como os lugares, tem uma nacionalidade.

As coisas que estão ao meu redor carregam seus nomes, e esses nomes as situam em um idioma. Esse carvalho a dez metros da minha janela é um oak; esse empinado tronco que lhe faz par é um pine. Terei que arrancá-los, Adão de novo, para batizá-los em espanhol. De agora em diante ao entrar no meu escritório, que já não é my study, ao me sentar em miha poltrona, que deixou de ser my reading chair, e ao contemplar o bosque, que nunca mais chamarei de the woods , terei que olhar em espanhol.(…) ‘a língua é um lugar’ soa melhor para mim em inglês, ainda que talvez seja só pelo costume. A verdadeira

O personagem narrador assume a todo o tempo a postura de alguém que conhece plenamente os idiomas inglês e espanhol e a todo momento joga com as possibilidades para inscrever o seu fazer literário utilizando-se livremente dos dois idiomas para criar um efeito estético.

Desprovisto de ancla o sostén, el cubano con rayita, el cubano rayado, se torna agrio, angry. (…) vil en el vilo, mordaz en el remordimiento, el cubano-americano se lanza a triturar el español en la osterizer del inglés y a despedazar el inglés en la batidora del español. Todo por rayar, todo por rayarse.40 (PÉREZ FIRMAT, 2000, p. 23)

O narrador conhece profundamente os idiomas e as obras clássicas escritas em cada um dos idiomas, (além de obras escritas em outros idiomas – como vemos nas

No documento – PósGraduação em Letras Neolatinas (páginas 57-75)

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